Sophia Martins Já estou aqui há duas semanas e não sei se aguento mais. Cada dia parece uma eternidade, e a solidão e o desespero estão me consumindo. As paredes frias da cela são uma prisão não apenas para meu corpo, mas para minha mente e alma. O tempo passa devagar, e a esperança que eu tentava manter viva está se apagando a cada dia que passa.Estava sentada no canto da minha cela, abraçando meus joelhos, quando uma senhora de meia-idade se aproximou. Ela tinha um olhar gentil, mas seus olhos revelavam anos de sofrimento e experiência dentro daquelas paredes. Sentou-se ao meu lado sem dizer uma palavra, apenas oferecendo sua presença como um conforto silencioso.— Oi — disse ela finalmente, a voz suave. — Meu nome é Teresa.Levantei os olhos para encontrá-la, tentando forçar um sorriso, mas falhando miseravelmente.— Sophia.Ela assentiu, como se já soubesse disso.— Posso ver que você está tendo dificuldades para se adaptar aqui. É compreensível. A prisão não é um lugar fácil, e
Philippo Constantinova— Papai, cadê a Dadá? — Lara perguntou mais uma vez.Ultimamente minhas filhas estavam me perguntando com frequência onde estava Maria Laura, quer dizer, Sophia, e eu não tinha mais o que inventar para elas. Maria Alice também a chamava com muita frequência, não estava dormindo direito e quase sempre chorava.— Alguém cale a boca desse bebê. — Luciana pediu irritada.— Se está incomodada, a porta da rua é serventia da casa.Tem dois dias que ela se mudou para cá devido à gravidez e ao nosso casamento que está se aproximando. Acho que não estou tomando a atitude mais acertada; na verdade, já não sei de mais nada.— Calma, só estava expressando a minha opinião, afinal eu serei a dona dessa casa.— Você irá morar nesta casa, porém minhas filhas sempre estarão em primeiro lugar.Ela disse algo infindável e eu revirei os olhos.— Vamos para o trabalho?— Mozinho, eu estou com um pouco de dor, vou trabalhar em home office.Apenas concordei e, antes de sair, dona Helen
MauroEstava sentado na minha poltrona de couro, revisando alguns documentos, quando o telefone tocou. Atendi sem muita pressa, achando que seria mais uma ligação de negócios rotineira.— Alô?— Mauro, é o Kiki. Preciso te contar uma coisa sobre uma de suas dançarinas.— Qual dançarina e o que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma.— Ela atende pelo o nome de Violet, mas o nome dela é Sophia. Ela foi presa. A notícia me pegou como um soco no estômago. Como isso pôde acontecer? Sophia não é o tipo de pessoa que se envolve em merda. — Me dê os detalhes, eu te pago um bom dinheiro pra isso — ordenei já sentindo a raiva crescer dentro de mim.— Uma outra dançarina sua a…Letícia. Ela veio vê-la.Claro, Leticia. Sempre a Letícia. Ela me disse que Sophia estava doente, mas pelo visto era mentira. Desliguei o telefone sem mais palavras e saí de casa com pressa. Precisava de respostas e sabia exatamente onde encontrá-las.Cheguei à casa de Leticia e bati na porta com força. Ela a
Sophia MartinsEstava sentada na cama dura da cela, abraçando meus joelhos contra o peito, quando Leticia aumentou ao meu lado. Seus olhos estavam cansados e ela me abraçou. Teresa, estava do outro lado lançando olhares curiosos para nós.— O que vocês duas tanto sussurram? — Teresa perguntou, se aproximando e sentando-se ao nosso lado. — Estou curiosa sobre a vida de vocês.Suspirei, sabendo que, em um lugar como aquele, segredos não duravam muito. Olhei para Leticia, que assentiu levemente, sinalizando que estava pronta para contar nossa história.— Tudo bem, Teresa. Acho que você merece saber a verdade — disse Leticia, começando a falar.Ela contou sobre como nos conhecemos, como a vida nos levou a tomar decisões difíceis. Teresa ouvia atentamente, absorvendo cada palavra. Leticia explicou como cada uma de nós tínhamos acabado no clube.— Não foi fácil — Leticia continuou. — Trabalhar naquele clube era um inferno. Estávamos constantemente sob pressão, com medo do que poderia aconte
Ao chegarmos, Vera sorriu para mim e avisou que Philippo já nos atenderia, então sentei e fiquei aguardando até que recebi a permissão para entrar, Heitor e eu entramos, Philippo me mandou sentar e ficou olhando para a minha cara por um tempo o que estava me deixando meio estranha. — Obrigada! — Respondi apenas para quebrar o silêncio.— Não agradeça somente a mim. Sua amiga me fez repensar algumas coisas. — Ele disse e o encarei, surpresa. Leticia não havia me contado que tinha conversado com ele.— Quando ela conversou com você?— Assim que você foi presa. Eu quase demiti Sebastião, pois ele me revelou que sabia de tudo, mas também intercedeu por você. Até dona Helena, que é uma mulher fechada, intercedeu por você. Parece que você tem pessoas que gostam de você de verdade.Quanto mais ele falava, mais eu me sentia feliz por saber que tenho pessoas em quem posso confiar e que realmente se importam comigo. Ao me lembrar da situação de Leticia, uma tristeza profunda me abateu.— Não
Estava no jardim com Maria Alice, Beatriz e Lara. As meninas estavam animadas, me contando sobre a escola, e eu estava feliz por estar de volta. Maria Alice brincava no meu colo, sorrindo como nunca. Foi então que ouvi passos decididos vindo em nossa direção. Levantei os olhos e vi Luciana se aproximando com uma expressão furiosa no rosto.— O que você está fazendo aqui? — Luciana perguntou, a voz fria e cheia de desprezo.As meninas se calaram imediatamente, sentindo a tensão no ar. Respirei fundo, tentando manter a calma.— Phillippo me recontratou. — Respondi, tentando soar confiante.Luciana soltou uma risada sarcástica.— Se você pensa que ganhou alguma coisa, está muito enganada. — Ela levantou a mão esquerda, exibindo um anel brilhante. — Eu vou me casar com Phillippo. Quem vai ganhar sou eu.Olhei para o anel por um momento e depois voltei meus olhos para ela. O brilho do anel não conseguia ofuscar a realidade de sua arrogância e insegurança.— Faça bom proveito, Luciana. Dese
Sophia Martins— Sophia? — Ele me chamou, e não sei por quanto tempo fiquei parada olhando sei lá o quê.— Claro. — Respondi, abrindo mais a porta para que ele entrasse.Phillippo entrou e se sentou em uma cadeira próxima à cama. Ficamos em silêncio por mais um momento, cada um imerso em seus próprios pensamentos.— Desculpe pela cena de hoje mais cedo. — Ele começou, olhando diretamente para mim. — Luciana pode ser... difícil.— Eu entendo, Phillippo. — Respondi, sentindo um peso no peito.Ele assentiu, parecendo considerar minhas palavras.— Não estou aqui para causar problemas, acho melhor eu ir.— Não vá! As meninas precisam de você, e... eu também.Ele me pegou completamente de surpresa ao dizer isso e fiquei muda sem saber o que dizer. Phillippo colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e depois sorriu.— É estranho ter sentido a sua falta?— Não, porque eu também senti.— Senti falta das nossas sessões de cinema. Você é divertida e consegue me tirar do limbo.— Fico feliz
Sophia Martins Depois que deixamos as crianças na escola, pedi a Sebastião que me levasse até o presídio onde minha amiga estava. Eu precisava conversar com ela. Como eu iria vir aqui, pedi a dona Helena que ficasse com Maria Alice. Quando consegui entrar, uma das carcereiras olhou para mim.— Está com saudades, Sophia? — Ela perguntou, e eu neguei.— Vim apenas visitar minha amiga e já estou indo, obrigada.— A que matou o cara no clube de stripper, né? Olha, manda sua amiga ter cuidado, porque tem gente querendo se vingar.Meu coração apertou. Minha amiga não está segura, ela precisa sair daqui o mais rápido possível. Encontrei Letícia na sala de visitas, o rosto dela iluminou-se ao me ver. Ela estava mais magra e com olheiras profundas, sinais claros de que a vida ali dentro não estava sendo nada fácil.— Sophia! — Ela exclamou, levantando-se e me abraçando.— Letícia, como você está? — Perguntei, tentando não deixar transparecer minha preocupação.— Sobrevivendo — respondeu ela,