Phillippo ConstantinovaEu estava sentado na minha mesa, olhando fixamente para o pedaço de papel que Luciana havia deixado em minhas mãos. O endereço escrito ali me incomodava. O que poderia ser tão importante para Luciana a ponto de me fazer ir até aquele lugar? Não conseguia tirar isso da cabeça. Estava tão absorto em meus pensamentos que nem percebi quando Lúcio entrou na minha sala.— Cara, que cara é essa? Parece que viu um fantasma — ele disse, jogando-se em uma das cadeiras em frente à minha mesa.Suspirei, entregando o papel a ele. — Luciana me deu isso e disse que preciso ir até lá para descobrir algo importante.Lúcio leu o endereço e ergueu uma sobrancelha. — Eu sei onde fica isso. É um clube de striptease.Olhei para ele, surpreso. — Clube de striptease?Ele assentiu, um sorriso malicioso se formando em seus lábios. — Sim, e tem uma gata que dança lá que é de tirar o fôlego. O nome dela é Violet. Você vai gostar dela.Balancei a cabeça, um tanto incrédulo. — Eu não posso
Sophia MartinsEstava em lágrimas, soluçando nos braços de Leticia. A descoberta de Phillippo havia destruído tudo. Entre lágrimas e suspiros, expliquei tudo para minha amiga.— Ele descobriu, Leticia. Ele sabe de tudo — disse, a voz embargada pela emoção.Leticia me abraçou mais forte, tentando me consolar. — Você não pode voltar lá, Sophia. Eles vão te prender.— Eu preciso pegar minhas coisas e me despedir das meninas — insisti. — Eu preciso pagar por tudo que fiz. Não vou dizer que você e o João me ajudaram. Vou ficar quieta.Leticia olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas, mas sabia que não poderia me impedir. — Eu te acompanho até a mansão, então.Entramos no carro e seguimos em silêncio. Meu coração estava pesado, sabendo que esta seria a última vez que veria as meninas. Quando chegamos à mansão, Leticia ficou no carro enquanto eu entrava.Beatriz e Lara estavam na sala, brincando com suas bonecas. Quando me viram, correram até mim, sorrindo.— Maria Laura, você voltou!
Leticia AlvesEstava ansiosa e determinada. Sophia precisava de mim, e eu faria o que fosse necessário para ajudá-la. Depois da ligação, soube que tinha que agir rapidamente. Pedi a Sebastião que me levasse à mansão Constantinova. Ele, sempre fiel e disposto a ajudar, concordou sem hesitação.Enquanto dirigíamos, a tensão no carro era palpável. Eu estava decidida a confrontar Phillippo, contar a ele toda a verdade sobre Sophia. Ele precisava ouvir a história completa antes de julgá-la tão severamente.Quando chegamos à mansão, pedi a Sebastião que esperasse no carro. Subi as escadas e toquei a campainha. Um dos empregados abriu a porta e, ao me ver, hesitou.— Preciso falar com o senhor Constantinova. É urgente.O empregado assentiu e me conduziu até a sala de estar, onde encontrei Phillippo sentado, olhando fixamente para o vazio. Ele levantou os olhos quando entrei, e pude ver a mistura de raiva e dor em seu rosto.— Quem é você? — perguntou, a voz dura.— Eu vim falar sobre Sophia
A raiva e a dor ainda queimavam dentro de mim enquanto dirigia de volta para casa. As palavras de Sophia ecoavam em minha mente. Precisava saber a verdade, a verdade completa. Não podia basear minha decisão apenas no que ela havia me contado. Decidi que a única maneira de fazer isso era contratando um detetive particular.No dia seguinte, acordei cedo e comecei a procurar por um detetive. Após algumas ligações e recomendações, encontrei um que parecia adequado para o trabalho: Ricardo Nogueira, um profissional conhecido por sua discrição e eficiência.Marcamos um encontro em um café discreto no centro da cidade. Cheguei cedo, querendo garantir que tudo fosse tratado com a máxima confidencialidade. Pouco depois, um homem de aparência séria e postura firme entrou no café e se dirigiu à minha mesa.— Senhor Constantinova? — perguntou, estendendo a mão.— Sim, sou eu. Você deve ser Ricardo.Ele assentiu, apertando minha mão com firmeza. Sentou-se e, sem rodeios, foi direto ao ponto.— O s
Sophia Martins Já estou aqui há duas semanas e não sei se aguento mais. Cada dia parece uma eternidade, e a solidão e o desespero estão me consumindo. As paredes frias da cela são uma prisão não apenas para meu corpo, mas para minha mente e alma. O tempo passa devagar, e a esperança que eu tentava manter viva está se apagando a cada dia que passa.Estava sentada no canto da minha cela, abraçando meus joelhos, quando uma senhora de meia-idade se aproximou. Ela tinha um olhar gentil, mas seus olhos revelavam anos de sofrimento e experiência dentro daquelas paredes. Sentou-se ao meu lado sem dizer uma palavra, apenas oferecendo sua presença como um conforto silencioso.— Oi — disse ela finalmente, a voz suave. — Meu nome é Teresa.Levantei os olhos para encontrá-la, tentando forçar um sorriso, mas falhando miseravelmente.— Sophia.Ela assentiu, como se já soubesse disso.— Posso ver que você está tendo dificuldades para se adaptar aqui. É compreensível. A prisão não é um lugar fácil, e
Philippo Constantinova— Papai, cadê a Dadá? — Lara perguntou mais uma vez.Ultimamente minhas filhas estavam me perguntando com frequência onde estava Maria Laura, quer dizer, Sophia, e eu não tinha mais o que inventar para elas. Maria Alice também a chamava com muita frequência, não estava dormindo direito e quase sempre chorava.— Alguém cale a boca desse bebê. — Luciana pediu irritada.— Se está incomodada, a porta da rua é serventia da casa.Tem dois dias que ela se mudou para cá devido à gravidez e ao nosso casamento que está se aproximando. Acho que não estou tomando a atitude mais acertada; na verdade, já não sei de mais nada.— Calma, só estava expressando a minha opinião, afinal eu serei a dona dessa casa.— Você irá morar nesta casa, porém minhas filhas sempre estarão em primeiro lugar.Ela disse algo infindável e eu revirei os olhos.— Vamos para o trabalho?— Mozinho, eu estou com um pouco de dor, vou trabalhar em home office.Apenas concordei e, antes de sair, dona Helen
MauroEstava sentado na minha poltrona de couro, revisando alguns documentos, quando o telefone tocou. Atendi sem muita pressa, achando que seria mais uma ligação de negócios rotineira.— Alô?— Mauro, é o Kiki. Preciso te contar uma coisa sobre uma de suas dançarinas.— Qual dançarina e o que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma.— Ela atende pelo o nome de Violet, mas o nome dela é Sophia. Ela foi presa. A notícia me pegou como um soco no estômago. Como isso pôde acontecer? Sophia não é o tipo de pessoa que se envolve em merda. — Me dê os detalhes, eu te pago um bom dinheiro pra isso — ordenei já sentindo a raiva crescer dentro de mim.— Uma outra dançarina sua a…Letícia. Ela veio vê-la.Claro, Leticia. Sempre a Letícia. Ela me disse que Sophia estava doente, mas pelo visto era mentira. Desliguei o telefone sem mais palavras e saí de casa com pressa. Precisava de respostas e sabia exatamente onde encontrá-las.Cheguei à casa de Leticia e bati na porta com força. Ela a
Sophia MartinsEstava sentada na cama dura da cela, abraçando meus joelhos contra o peito, quando Leticia aumentou ao meu lado. Seus olhos estavam cansados e ela me abraçou. Teresa, estava do outro lado lançando olhares curiosos para nós.— O que vocês duas tanto sussurram? — Teresa perguntou, se aproximando e sentando-se ao nosso lado. — Estou curiosa sobre a vida de vocês.Suspirei, sabendo que, em um lugar como aquele, segredos não duravam muito. Olhei para Leticia, que assentiu levemente, sinalizando que estava pronta para contar nossa história.— Tudo bem, Teresa. Acho que você merece saber a verdade — disse Leticia, começando a falar.Ela contou sobre como nos conhecemos, como a vida nos levou a tomar decisões difíceis. Teresa ouvia atentamente, absorvendo cada palavra. Leticia explicou como cada uma de nós tínhamos acabado no clube.— Não foi fácil — Leticia continuou. — Trabalhar naquele clube era um inferno. Estávamos constantemente sob pressão, com medo do que poderia aconte