POV: LAUREN
Demorei para começar a me sentir um pouco melhor. Respirar sem chorar, dormir sem pesadelos. Mas ainda não me sentia segura. A ideia de sair de casa me paralisava. A qualquer momento, Ethan poderia estar por perto. E mesmo com Henry fazendo de tudo para me proteger, o medo ainda me consumia.
Ele quase não parava em casa. Dizia que eram problemas urgentes da empresa, mas eu sabia que não era só isso. Eu via nos olhos dele quando voltava. Aquela raiva silenciosa, os punhos cerrados, os olhos vermelhos de exaustão. Estava claro que ele estava lidando com Ethan de alguma forma.
Ouvi uma discussão pesada entre Carter e seus advogados outro dia, no escritório ao lado. Algo sobre rescisão de contrato e rompimento de financiamento com a PharmaCare Industries. Era sério. Nos jornais, nas conversas abafadas da elite, eu ouvia meu nome ser sussurrado com desprezo o
POV: LAURENFiquei sem ar quando ele se afastou. Minhas mãos ainda seguravam sua cintura, minha testa encostada no peito dele. Eu não queria que ele fosse.— Não pode se atrasar nem meia horinha? — Eu pedi, fazendo um bico manhoso. Eu sabia que estava sendo infantil, mas não me importava. Só queria mais alguns minutos.Ele soltou uma risada baixa, divertida, e acariciou meu rosto com a palma quente da mão, passando o polegar devagar pela minha bochecha.— Não se pode negar um pedido de uma grávida, ou corre o risco de ficar com terçol. — Eu completei, meio rindo, meio implorando.— Terei que correr o risco. — ele suspirou pesado e me puxou para um abraço forte, apertado, como se quisesse guardar meu corpo na memória antes de ir. Seu cheiro, sua presença, tudo nele me fazia qu
POV: LAURENEngoli em seco, meu corpo reagindo ao calor reconfortante de sua mão contra meu rosto. Eu me agarrei àquele toque, buscando coragem para seguir com meu plano.— Eu espero que seja... — Eu confessei, fechando os olhos por um instante, tentando controlar o aperto em meu peito. Apertei sua mão contra meu rosto, como se precisasse dele para não desmoronar. — Espero que compreenda...Ao abrir os olhos lentamente, encontrei seu cenho franzido. Henry não disse nada de imediato. Apenas me observou, pensativo, seus olhos avaliando cada detalhe da minha expressão, cada resquício de hesitação. Então, um sorriso fraco surgiu em seus lábios. Mas não era um sorriso comum. Era como se ele já soubesse que havia algo a ser descoberto, algo que eu ainda não estava pronta para dizer.Sem mais uma palavra, e
POV: HENRYNos últimos dias, o trabalho estava caótico. A desculpa esfarrapada de Ethan sobre um ataque e roubo de dados financeiros não me convencia nem por um segundo. A mesma coisa havia acontecido na empresa do pai da Lauren. Coincidência? Duvido. Eu conhecia esse jogo sujo, e ele não ia me enganar.Além disso, sem a denúncia formal da Becker contra o assédio que ele cometeu, não podíamos usar isso como parte do processo contra ele. E agora, o desgraçado simplesmente evaporou. Sua ausência na PharmaCare Industries já estava sendo sentida. Ninguém sabia onde ele estava, nem mesmo em sua própria casa. Como uma praga, ele havia sumido sem deixar rastros.— Maldito rato sorrateiro! — Eu praguejei, socando a mesa com tanta força que os papéis sobre ela tremeram. O sangue latejava em minhas têmporas, a mandíbula travada de pura frustração. — Sabem onde está a esposa dele?— Igualmente sumida, meu amigo. — Lucian respondeu, me observando atentamente, sua expressão carregada de um misto d
POV: HENRYRevirei os olhos, mas não insisti. Adentrei a boate diretamente para a área VIP, sentindo o incômodo crescer em meu peito. O som alto reverberava em meu peito, o cheiro de álcool misturado a perfume barato impregnava o ar, e as luzes piscantes tornavam o ambiente ainda mais sufocante. Mulheres seminuas deslizavam entre os clientes, oferecendo sorrisos ensaiados e toques oportunistas, tentando chamar atenção.Os clientes já estavam à nossa espera, cercados por bebidas caras e acompanhantes que se esfregavam neles como se fossem parte da mobília. Não perdi tempo com distrações, indo direto ao ponto. Algumas rodadas de conversa e o acordo foi fechado sem complicações. Estava reunindo os documentos quando o celular de Lucian vibrou sobre a mesa. Ele hesitou por um segundo antes de atender. Assim que ouviu a voz do outro lado da linha, sua expressão mudou. A preocupação estampou seu rosto como se tivesse levado um soco.— Henry, eu preciso ir… — Sua voz saiu abrupta, carregada d
POV: LAURENEstava uma noite fria e chuvosa. Eu havia passado o dia inteiro planejando algo especial para Ethan e eu. Depois de tantos dias em que ele parecia distante e indiferente, achei que talvez um jantar feito com carinho pudesse nos reconectar. Preparei seu prato favorito e deixei a mesa impecável, com velas e flores. O cheiro do assado ainda preenchia a casa quando ouvi a porta da frente se abrir.— Ethan? — Eu chamei animada, enquanto saía da cozinha.Ele entrou sem sequer me olhar. Tirou o casaco molhado e o jogou no encosto do sofá, caminhando até a escada. Parecia exausto, mas também alheio, como se estar em casa fosse um fardo.— Você chegou mais cedo hoje. Preparei o jantar. Pensei que poderíamos comer juntos. — Meu tom era esperançoso.Ethan parou no meio da sala, finalmente me encarando com os olhos profundos e o queixo erguido, sua expressão estava carregada de desinteresse enquanto torcia o nariz.— Já comi. Tive uma reunião longa e não estou no clima para nada. Vou
POV: LAURENPeguei as chaves com determinação, pronta para confrontar Ethan. As fotos em meu celular mostravam claramente aquela mulher sentada em seu colo, rindo e bebendo com ele como se fossem um casal. Era por causa dela que ele havia mudado tanto?As palavras cruéis de Ethan não saíam da minha cabeça, cada sílaba um golpe em meu coração:— Você jamais será suficiente para qualquer homem. Seu útero infértil te torna incompleta. É incapaz de fazer alguém feliz.Minha raiva explodiu, e gritei no vazio do carro:— Eu o fiz feliz por três anos, Ethan! Isso não é justo!Desferi golpes no volante, sentindo a dor latejar em meus pulsos, mas era menor que a dor em meu peito. Meus olhos ardiam pelas lágrimas que se acumulavam, mas me recusei a deixá-las cair.Olhei novamente para as fotos no celular, sentindo os lábios tremerem e o coração esmagado pela dor. As palavras saíram em um sussurro desesperado:— Por favor, diga que isso é um mal-entendido. Diga que você não está destruindo o nos
POV: LAURENAntes que o pior acontecesse, senti braços fortes me puxarem com rapidez. Meu corpo girou, e caí sobre algo sólido. Permaneci de olhos fechados, meu corpo tremendo enquanto tentava entender o que havia acontecido.— Você está bem? — Perguntou uma voz masculina rouca e firme, perto do meu ouvido.Abri os olhos lentamente e encontrei um homem lindo à minha frente. Ele tinha cabelos escuros, olhos azuis intensos, e seu olhar sério parecia avaliar cada detalhe do meu rosto. Sua presença era tão imponente quanto a segurança que transmitia.— Leve o tempo que precisar. — disse ele, a expressão séria enquanto me observava.Só então percebi que estava deitada em seu peito firme e musculoso. Meu rosto queimou de vergonha, e me levantei abruptamente, tentando recuperar a compostura.— Me desculpe... obrigada por me salvar. — eu murmurei apressada, mas antes que pudesse dar outro passo, uma tontura intensa tomou conta de mim. Minhas pernas cederam, meu corpo ficou pesado, e a visão c
POV: LAURENAinda mergulhada nos meus pensamentos confusos, fui trazida de volta à realidade pelo som insistente de um celular tocando ao lado da maca. No visor, o nome da minha mãe, Amélia, piscava. Atendi rapidamente, ainda presa às emoções conflitantes.— Mamãe? — minha voz saiu baixa, carregada de incerteza.— Graças a Deus consegui falar com você! Estou te ligando há horas! — Ela exclamou, a urgência em seu tom era impossível de ignorar.— O que aconteceu? A senhora está bem? — perguntei, sentindo um aperto crescente no peito. — E o papai? Ele está bem?— Querida, precisamos que você fale com o seu marido. — Minha mãe foi direto ao ponto, sua voz trêmula com desespero. — A empresa do seu pai sofreu um golpe terrível. Estamos à beira da falência.Meu coração disparou.— O quê? Como assim, um golpe? — exclamei, sentando-me na cama com um movimento brusco, o celular quase escorregando da minha mão. — Mamãe, calma! Me explique exatamente o que está acontecendo!Do outro lado da linha