A Artista E O Herdeiro Salva-Vidas
A Artista E O Herdeiro Salva-Vidas
Por: ELIZABETH ROBERTS
Grandes Noticias

Capítulo 1: Grandes Noticias

Agnes Assis de Mourão estava a poucos passos de um novo capítulo de sua vida. Com apenas 22 anos, sua nova jornada parecia um sonho tornado realidade e, ao mesmo tempo, uma infinidade de desafios a enfrentar. Com a mala nas mãos, cheia de roupas coloridas e canetas variadas para esboçar suas ideias, ela respirou fundo e lembrou de quando recebeu o e-mail de confirmação de sua aprovação no programa de estágios mais famoso do país.

[Flashback ON]

A jovem se jogou sobre sua cama já sem ar. Após um dia inteiro de entrega de currículos, seus músculos estavam em uma situação sólida latejante, mas imploravam para simplesmente deixá-los ir. A respiração cansada vinda de um peito pesado que precisava de mais oxigênio e olhos piscantes cada vez mais lentos. Porém, seu descanso foi interrompido pelo grito da mãe para ir jantar. Com um suspiro pesado, a garota saiu do quarto como um morto-vivo se pendurando nas paredes e foi até a cozinha para se juntar à sua mãe e irmão.

“Cruzes! Oque aconteceu contigo? O lixeiro te esqueceu aqui, foi?” Samuel recebeu um pano de prato como resposta. “Óia, que o saco preto tá bravo!”

“Para, garoto! Vai ver se eu ‘tô na esquina, vai!” Depois de ser imitada silenciosamente pelo irmão, a garota pediu ajuda à figura de maior autoridade alí. “Oh, mãe! Olha o teu filho me incomodando!”

“Ah, o teu irmão?” Ela franziu os lábios tentando não rir.

“É, o teu filho!”

“E ele não é nada teu, não?” A mais nova deu de ombros e ficou em silêncio enquanto o irmão mais velho a vaiava sem som e, ela devolvia com a língua de fora. “Eu vi isso! Agora, fiquem quietos e comam logo!”

“Ué, ou a gente fica quieto...” O homem começou, deixando a irmã concluir.

“Ou a gente come. Os dois não dá!” Pôs o próprio prato sorrindo brincalhona.

“Ahh, agora fizeram as pazes, né!” Sorriu discretamente fazendo os dois rirem. “Mas como foi hoje, Agnes? Acha que vão te chamar?”

“Sei lá, mãe, fui só entregar currículo.” Deu de ombros um pouco caidinha.

“Ah, esses negócios demoram mesmo, mãe!” Samuel tentou ajudar, pois sabia a pressão que sua irmã sentia ao falar sobre o assunto. “E o pessoal das entrevistas, deram as respostas?” Perguntou curioso.

“Dois deram e não parece que foi muito bom...” Arrastou seu purê mais à frente no prato e retornou sempre repetindo os movimentos.

“Como assim não foi bom? O que eles disseram exatamente?” Questionou a mãe já angustiada pela imagem da filha à sua frente.

“Ah! Escreveram que foi um prazer me conhecer, mas que não me encaixo no perfil. E outro que, se abrir alguma vaga com o meu perfil, eles me chamarão novamente.” Sorriu fraco na intenção de acalmar a mãe.

“Hm... Essas coisas acontecem, amore.” A mulher mais velha colocou um pouco mais de espinafre no prato da filha e prosseguiu como se não quisesse nada. “Então, a tua tia Ilda comentou que tem uma colega no trabalho dela precisando de uma diarista pra ir umas duas vezes na semana.” Concluiu, deixando a garota ainda mais retraída. “O quê? O que foi? É tão horrível assim o trabalho? Tem vergonha do sustento da sua mãe agora?” Exclamou Dona Menina já magoada, deixando os filhos mais alertas.

“O quê? De onde a senhora tirou isso, mãe?” Sem resposta. “Desde quando eu sequer demonstrei algo do tipo para a senhora ou qualquer um?” Apenas deu de ombros e um suspiro foi ouvido. Seu irmão, que observava tudo de canto de olho enquanto comia, decidiu dar só mais um empurrãozinho.

“Ela vai fazer o que na casa dos outros se não limpa nem o próprio quarto?” Mais um pano de prato na cara e uma revirada de olhos como devolução. “Tô tentando te ajudar, trouxa!” Riu antes de mais uma garfada de comida.

“É, isso é verdade.” A jovem senhora concordou com o filho rindo da expressão exageradamente ofendida da filha. “Nem me olhe assim! Qualquer dia vou entrar com saco preto naquele quarto e vou mandar tudo embora!” Ameaçou em tom brincalhão.

“Tá, tanto faz! Mas, continuando...” Revirou os olhos ainda no clima leve antes de retornar ao assunto anterior. “Eu realmente não acho uma boa ideia, mãe. Não agora.” Sorriu leve e cheio de sinceridade.

“Tudo bem, faça o que quiser. Mas, vou pedir para segurarem a vaga pra você e se ninguém te chamar... Aí tu vai ligar pra sua tia avisando que vai querer a vaga, estamos entendidas?” Ela disse tentando permanecer séria enquanto via seu sorriso se alargar e sentir os braços na mesma junto com um gritinho de agradecimento. “Estou falando sério, Agnes! Você não nasceu herdeira, viu?” A garota riu uma última vez antes de verificar seus e-mails.

“É? E a culpa é de quem?” Ela provocou enquanto desbloqueava a tela e entrava no aplicativo.

“Sua! Quem mandou escolher o útero errado?” Agnes sorriu revirando os olhos antes de localizar a mensagem que mudaria sua vida e assustou todos à mesa com seu grito eufórico.

[Flashback OFF]

Enquanto se despedia de sua família com uma mistura de euforia e nervosismo, a cena na porta de casa parecia tirada de um filme.

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