Capítulo 5: Novas Amizades
“Espera, você realmente me trouxe até o paraíso?” Agnes disse, os olhos brilhando como estrelas.
“Bem, isso depende. Se seu conceito de paraíso for várias pessoas suadas e pintadas em uma sala fechada cheia de adereços quase carnavalescos... então, se considere morta!” Jorge revirou os olhos para o homem ofegante de olhos estreitos e claramente mal-humorado. Enquanto se aproximava do grupo de artistas, notou-se que ensaiavam uma peça natalina e improvisavam piadas questionáveis sobre como ‘não se deve confiar em renas com problemas de autoestima’. “E então? Achou o Benny?”
“Achei sim! Ele está bem detonado e ficará de atestado por uns dias.” O homem de olhos astutos revirou os olhos e suspirou aborrecido. “Pessoal! Essa é a Agnes, nossa mais nova artista! É dela que sempre lhes falo e cujo talento é de embasbacar.” anunciou Jorge exageradamente, como se ela fosse uma celebridade famosa.
“Dela, ouvi falar!” exclamou Mariana, que se levantou de uma vez. “Ela é a nova sensação! Alguém deveria me avisar quando ela começar a fazer sua estreia nas telonas, porque vou querer uma foto autografada!”
Agnes riu enquanto tomava seu lugar no círculo, sentindo-se mais acolhida do que jamais imaginou por ser o centro do recém-iniciado exercício em grupo. E foi quando começou a se apresentar que percebeu que tinha encontrado um novo lar.
“O que você faz, Agnes? Mágica? Dança? Stand-up? De tudo um pouco? Fala que você faz um pouco de nada!” Matheus, o provocador, perguntou, quase deixando Agnes sem palavras.
“Eu atuo... e também improviso. Na verdade, eu já fiz algumas peças... um pouco de tudo! Também espero fazer daqui um novo lar!” ela respondeu, e os artistas começaram a aplaudir animadamente como se ela tivesse acabado de lançar um novo álbum.
O clima estava leve, como uma brisa de verão, enquanto as brincadeiras e risadas ressoavam pela sala. O grupo começou a bolar um novo espetáculo que combinaria elementos de teatro e comédia, e a influência de Agnes logo se fez notar.
“E se a gente colocasse uma dança do ‘tudo ou nada’ no meio da peça, com a parte da canoa, em que a gente finge achar que estamos afundando?” sugeriu Jorge, e todos começaram a rir.
“Estou dentro! E você, Agnes? Consegue fazer a coreografia?" perguntou Jorge entusiasmado.
“Assim, já de cara?” Ela o olhou nervosa, mas pegou coragem em seu olhar. “É claro! Por que não?” ela respondeu, levantando os braços como se ainda estivesse em uma audiência após o final do espetáculo. O riso deles se intensificou, fazendo-a sentir-se ainda mais confiante.
“Isso é ótimo! Mas antes, que tal uma roda de apresentações? Afinal, somos todos novatos para nossos novatos!” Ofereceu, e todos concordaram.
“Sou Matheus Novais, criado por vó. Sou a perfeita definição de extroversão, mas também um perfeito suspeito para quem abriu a caixa de Pandora caso estivessem procurando. Só um pouquinho curioso. Fora isso, sou um amorzinho...” O judeu de estreitos olhos astutos, sardas e de animação questionável, olhou em volta confuso com algumas reações. “Ué, gente! Não entendi a gargalhada. Sou uma ótima pessoa sim, tá?!” Respondeu ofendido.
“Meu nome é Mariana Dionísio da Silva, criada pelo meu pai, que é padeiro viúvo. Levo tudo ao pé da letra. Então, sorry! Porque nunca fui a criança de se deixar levar pelo ‘na volta a gente compra’, até porque eu sempre fazia meu pai voltar de verdade.” A garota de negros fios franjados em chanel fez todos rirem. Agnes demonstrou um ótimo interesse por aquela que seria a única outra mulher no fim.
“Bom, acho que agora é minha vez!” Todos riram depois que viram o homem olhar por todo o círculo procurando o próximo e lembrando que ele era o único. “Como todos já sabem – e se não sabem, estão descobrindo – sou Jorge Cruz Neto, filho de dentista e neto de farmacêutico. Então, sim! Sou burguês safado, sim, senhor!” Todos caíram em gargalhada por lembrarem que volta e meia o chamam assim. “Curso biologia, mas não tenho certeza de absolutamente nada. Nem se continuarei no mesmo curso até o final do ano. Mas, faço o possível para ser o melhor chefe possível para vocês.” O homem de cabelos encaracolados e olhos brilhantes concluiu em seguida. “E eu também adoro um docinho! Então, se estiver precisando me subornar... já sabe, hein!” Agora sim a sorridente novata não se aguentou de rir.
“Isso é verdade! Já perdi as contas de quantas confraternizações terminaram em confusão porque um certo alguém comeu todos os cannolis!” Comentou Matheus, todos concordaram e seu próprio supervisor riu divertido.
Mas toda essa felicidade foi interrompida por um som ensurdecedor de um sino que ecoou pelo hotel, como se alguém estivesse chamando os artistas de volta à realidade. Jorge, que estava mais concentrado em um lanche do que em saber quem estava ligando, puxou Agnes para o lado.
Capítulo 6: Você É Incrível “Essa é a nossa sirene! Hora do trabalho, galera!” Ele gritou, como um chefe animado. “Mas antes, quem quer me ajudar a preparar uma surpresa incrível para a próxima apresentação?” Todos começaram a se animar ao redor de Jorge, mas, para Agnes, algo parecia fora do lugar. Ela observou Marcos se aproximar do grupo, sua presença densificando o ar à sua volta. Seu brilho intenso a entorpecia, mas isso também criava um clima tenso para os outros no ambiente de uma forma que, inicialmente, ela não parecia notar. “Ei, pessoal!” Marcos cumprimentou, sua voz grave fazendo Agnes estremecer até a carne. “O que está rolando?” Um brilho curioso em seu olhar estava ali apenas para enervá-la. Era como se ele soubesse que estava em um jogo — e Agnes não poderia deixar sua guarda baixa. De repente, uma rivalidade estava se formando. Cristina, a recepcionista intrometida, apareceu como uma presença negativa, com seu olhar ameaçador. “O que vocês estão fazendo? Este es
Capítulo 7: Alguém Realmente Valiosa Para Esse Lugar A mão de Agnes hesitou na maçaneta prateada de sua porta enquanto seus pensamentos giravam desordenadamente. Choque e ansiedade não eram tudo em sua confusão mental. A balança entre a animação acumulada ao longo do dia e a revelação sufocante de Mariana parecia um jogo de palavras cruzadas inacabado. O hotel estava em crise? Que tipo de emergência poderia colocar todos sob pressão? Ela já havia sentido um leve desespero naquela varanda, mas agora as palavras da colega ecoavam em sua mente, criando um eco de preocupação que ela não queria admitir. Com um suspiro profundo e a determinação de alguém que estava prestes a decidir o futuro de todo um reino prestes a derreter, Agnes empurrou a porta e entrou. O quarto era pequeno, quase compacto, com um toque de desorganização. Suas paredes brancas e camas simples não eram capazes de tirar a magia que era a única parede de vidro daquela acomodação, mas aquilo só deixou Agnes ainda mais
Capítulo 8: Entre Intrigas e EstardalhaçosCronograma de Serviços das Camareiras - É o que estava escrito no topo da primeira folha no fino conjunto em suas mãos. Por mais que fosse algo que ela já devia ter esperado, isso ainda a frustrou. Porém, sua frustração não durou muitos passos.“Bom dia, flor do dia! O que ela queria agora?” Mariana a cumprimentou com um sorriso caloroso e descontraído. Agnes percebeu que Mariana era um pequeno sol em meio a nuvens escuras, sua positividade parecia contagiante.“Não é óbvio? Me enlouquecer!” Suspirou cansada. “Vamos? Temos muito trabalho a fazer hoje!” Sorriu, recuperando seu gás matinal.“Claro! E você não vai acreditar, eu praticamente sonhei com a coreografia da dança do &lsqu
Capítulo 9: Deixe-Se Levar Pela IdeiaÀ medida que os ensaios se seguiram, o clima começou a mudar novamente. A tensão não era mais uma preocupação para o grupo, pelo menos não depois daquele dia. Matheus prosseguiu os ensaios seguintes o mais calmo que poderia estar, afinal, não houve mais nenhuma visita do charmoso salva-vidas até aquele momento. O que não fez com que o artista diminuísse a frequência com a qual olhava a jovem de rabo de olho ou soltava ocasionalmente suas indiretas, algo que Agnes optou por ignorar.Ao fim de cada ensaio, alguém era sorteado para ficar e organizar o local antes de sair. Sendo hoje a jovem Agnes a sortuda da vez, a garota usou a oportunidade para testar algumas novas ideias e adaptações. Ela estava tão envolvida em seu trabalho que não notou o homem, poucos centímetros mais alto, se aproximar dela tão silenciosamente com um brilho curioso no olhar.“Você realmente sabe mexer com a plat
Capitulo 10: A Camareira Acidental O sol mal havia despontado no horizonte quando um estrondo do lado de fora da porta despertou Agnes de um sono profundo. Ela se virou na cama, atordoada, e tentou juntar o restante de sono que lhe faltavam, porém, não muito depois despertador tocou estridente, um grito metálico que violava a paz da manhã de Agnes. "Cinco e meia? Mas nem o galo cantou ainda!" resmungou, enterrando o rosto no travesseiro. De repente, a porta explodiu em um festival de pancadas. Cristina, com a delicadeza de um rinoceronte, dava o show matinal. "Acorda, Cinderela de faxina! O castelo não se limpa sozinho!" A voz estridente de Cristina invadiu seus ouvidos, seguida por mais batidas impacientes na porta. "O quê? Mas o que está acontecendo?" Agnes murmurou, sentando-se na cama e esfregando os olhos. "Você esqueceu? Hoje é seu primeiro dia como camareira temporária. O gerente já está te esperando. Anda, levanta!" Cristina resmungou, claramente irritada por ter que aco
Capítulo 11: Almoço em Família, Tempestade à Vista O fim de semana para Marcos começou com a mesma premissa de todos os outros: caos disfarçado de rotina. O sol ainda hesitava em romper as nuvens quando o telefone tocou, anunciando o inevitável. Era sua mãe. “Marcos, querido, já está a caminho? Estamos te esperando para o almoço. Sabe como seu pai fica quando você se atrasa.” A voz de Cláudia era um misto de doçura e ameaça velada. Marcos suspirou. Almoço de domingo com os pais era um ritual obrigatório, uma performance familiar onde todos vestiam suas melhores máscaras e fingiam que tudo estava perfeito. A verdade, porém, era um turbilhão de expectativas, cobranças e segredos mal guardados. "Já estou saindo, mãe. Chego em meia hora", respondeu, tentando injetar um tom de leveza na voz. Enquanto dirigia em direção à mansão da família, Marcos sentia um nó se formar no estômago. Revivia mentalmente a conversa que se repetia a cada domingo: seu futuro, os negócios da família, a nec
Capítulo 12: Apenas Um Sinal de Ajuda A segunda-feira amanheceu cinzenta, espelhando a confusão que tomava conta do coração de Agnes. O "fim de semana de arrumar camas" havia deixado mais do que dores musculares; havia plantado uma semente de preocupação e, para ser honesta, um pouco de mágoa pelo comportamento de Marcos. Ela passou o dia inteiro esperando esbarrar com ele. Nos corredores do hotel, na piscina, até mesmo no refeitório, onde suas visitas eram tão frequentes quanto os cardápios repetidos. Mas Marcos parecia ter evaporado. "Será que ele tirou folga?" pensou Agnes, enquanto ensaiava uma coreografia improvisada com Matheus. "Não sei, não o vi por aí hoje", Jorge respondeu, com a despreocupação característica. "Mas relaxa, Agnes. O Marcos sempre aparece." Mas Agnes não conseguia relaxar. As palavras duras de Marcos ecoavam em sua mente, misturadas com a imagem do sorriso gentil que ele lhe dirigira antes. Parecia que havia duas pessoas diferentes habitando o mesmo corp
Capítulo 13: Segredos na Noite de Luau O Lótus Supreme se transformava em um paraíso tropical naquela noite de luau. Tochas crepitavam ao longo da praia, banhando a areia com uma luz dourada e dançante. O aroma doce das flores de hibisco se misturava ao sal do mar, criando uma atmosfera embriagante e convidativa. Agnes, vestida com um vestido de algodão leve e colorido, sentia a areia morna entre os dedos dos pés enquanto caminhava em direção ao palco improvisado. A música suave de um ukulelê preenchia o ar, envolvendo-a em uma melodia relaxante e nostálgica de um pagode dos anos 90. Só a voz e o ukulelê. A noite parecia perfeita, quase mágica. E, no fundo de seu coração, Agnes esperava que ela trouxesse respostas para as perguntas que a atormentavam desde o fim de semana. Ela avistou Marcos perto do bar, conversando com alguns hóspedes. Ele usava uma camisa de linho branca e bermuda laranja, um visual casual que realçava sua beleza natural. Seus olhos brilhavam à luz das tochas, e