Alguém Realmente Valiosa

Capítulo 7: Alguém Realmente Valiosa Para Esse Lugar

A mão de Agnes hesitou na maçaneta prateada de sua porta enquanto seus pensamentos giravam desordenadamente. Choque e ansiedade não eram tudo em sua confusão mental. A balança entre a animação acumulada ao longo do dia e a revelação sufocante de Mariana parecia um jogo de palavras cruzadas inacabado. O hotel estava em crise? Que tipo de emergência poderia colocar todos sob pressão? Ela já havia sentido um leve desespero naquela varanda, mas agora as palavras da colega ecoavam em sua mente, criando um eco de preocupação que ela não queria admitir.

Com um suspiro profundo e a determinação de alguém que estava prestes a decidir o futuro de todo um reino prestes a derreter, Agnes empurrou a porta e entrou. O quarto era pequeno, quase compacto, com um toque de desorganização. Suas paredes brancas e camas simples não eram capazes de tirar a magia que era a única parede de vidro daquela acomodação, mas aquilo só deixou Agnes ainda mais confusa, principalmente com quem estava bem à vontade na cama de sua companheira de quarto. Então, depois de se jogar em sua cama acompanhada de um suspiro frustrado, a garota se sentou de pernas cruzadas encarando sua companheira de quarto com afinco.

“Tire uma foto e pendure para ver se fica igual!” Isso fez seu crânio e pescoço esquentarem. Mas, com muito esforço, a recreadora engoliu seu desgosto e, junto a um suspiro profundo, recuperou um pouco de sua paciência.

Cristina estava sentada à mesa, digitando furiosamente em seu celular, enquanto a luz alaranjada começava a se pôr, lançando uma sombra suave sobre a parede.

“Você é minha colega de quarto?” Agnes questionou já entre dentes e forçando um sorriso. Mas a recepcionista ruiva apenas respondeu com um olhar monótono, como se estivesse mais interessada nos dramas virtuais do que no mundo ao seu redor.

“E daí?! Acha mesmo que eu queria essa tragédia, queridinha? Que queria dividir o quarto com uma camareirinha como você?” A morena simplesmente respirou fundo, lutando para recuperar sua paciência, mas mesmo assim se ajeitou novamente na cama, ainda mais inquieta, fazendo a mulher ruiva bufar sem paciência. “O que você quer?” Ela disparou, sem olhar para Agnes.

“Ah, só… você já ouviu a respeito dos problemas do hotel?” Agnes tentou quebrar o gelo, sua voz soando um pouco ansiosa.

Cristina virou a cabeça, franzindo a testa. “Ouvi. Mas isso não é problema seu, é camareira? Você é apenas uma estagiária. Foque nos seus ensaios e deixe o resto para quem importa. Diferente de você, sou alguém realmente valiosa para esse lugar! E como um membro de extrema importância, tenho todas as minhas ideias acatadas pela nossa gerente. Sendo assim, não se intrometa onde não lhe cabe!” E com isso, voltou a atenção ao celular.

Agnes cerrou os lábios, optando por não se deixar abater pela frieza ofensiva da recepcionista. Em vez disso, decidiu que dormir com o cérebro fervilhando possibilidades. Através da janela, viu a lua amarga se erguendo sobre a escultura da flor de lótus, com a certeza de que o amanhã traria mais novas surpresas e brilhantes respostas.

À luz lunar, a jovem pensou em seu lar que deixou para trás. Na mãe preocupada, mas orgulhosa demais para demonstrar sua tristeza. No irmão mais velho ansioso, mas com suas defesas levantadas para que suas emoções não sejam usadas contra ele. No pai que nunca teve escrúpulos algum para extorquir o sangue e suor de seus filhos. Ela sabe que tem que ajudar e se sente mais que disposta a isso. Na verdade, esse é um dos motivos pelo qual se inscreveu no programa em primeiro lugar, mas o problema sempre foi e sempre será a cobiça de seu velho pai. E agora ela sabe que sua lista de problemas só cresce, porque, agora o que a perturba é a incerteza de sua permanência. Afinal, ninguém sabe o desespero que a ronda.

A lágrima solitária não se atreveu a ter preocupação em manchar sua pele iluminada pelo céu estrelado de seu quarto temporário.

No dia seguinte, ela decidiu não passar sua manhã em casa. Havia algo no ritmo do hotel que a atraía, uma energia palpável que exigia a sua presença. Conforme se dirigia à área dos artistas, suas preocupações começaram a se dissipar. Envolver-se nas coreografias e ensaios parecia ser o remédio ideal para suas ansiedades em vez de navegar por rumores de algo fora de seu controle. Porém, antes mesmo de chegar ao seu setor, um vulto avermelhado “brotou” em seu caminho.

“O que foi agora?” No mesmo momento, seu humor caiu já prevendo as provocações.

“Acordou virada, foi?” O pequeno rosnado não passou despercebido pela ruiva. “Uuh... A ratinha camareira se irritou!” Sorriu perversa.

“Arg, Cristina! Não tem trabalho pra fazer não? Achei que um membro tão valioso estaria ocupada demais para me atazanar!” Agnes não se esforçou em impedir a doce ironia de escapar em sua voz.

“Se doeu foi, queridinha?” Após ouvir outro suspiro, ela revirou os olhos e prosseguiu. “Não que eu deva satisfação para alguém tão quinta categoria como você, mas, já estou fazendo meu trabalho.” Deixando a jovem artista confusa, entregou o cronograma e, antes de ir embora, ela continuou. “Já que estava tão interessada em ajudar, arrumei extras que farão jus a você.”

Confusa e de testa enrugada, a morena leu sem acreditar.

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