Jade Smith
Regina me abrigou em seu apartamento no dia do incêndio. Sendo divorciada, ela e o filho dividiam o lugar e tinham um quarto sobrando, eu não pretendia ficar por muito tempo, apenas o suficiente para me restabelecer e eu esperava não demorar muito.Quando meu pai se opôs ao meu casamento com David, eu jurava que ele estava errado e nós brigamos feio. Mesmo assim, ele me presenteou com uma boa quantia em dinheiro e pediu que eu guardasse para uma emergência. Bom, tive muitas emergências e já não tinha mais a mesma quantia, mas junto com o dinheiro do seguro do carro, em breve conseguiria alugar um apartamento novo e comprar o que precisasse.David foi preso em flagrante colocando fogo no apartamento. Por ter colocado a vida de outras pessoas em perigo, ele seguiria preso. Sinceramente, para mim era pouco. Ele merecia sofrer mais que alguns dias na prisão, mas eu acreditava que o carma o faria pagar todo o prejuízo que me causou, tanto monetário quanto emocional.No sábado à tarde, eu e Regina aproveitamos que estava um belo dia, para comprar roupas novas. Afinal, todas as minhas roupas queimaram no incêndio, para minha sorte eu sempre carregava os documentos na bolsa e nisso eu não prejudicada.— Ah meu Deus, Jade! Esse vestido é a sua cara e a cor combina com seu nome. — Regina disse quando passamos por uma vitrine e um vestido verde era exibido. O modelo midi era todo plissado, com gola canoa, uma fenda que vinha bem acima do joelho, mas um tecido fluído circundava toda a barra e escondia um pouco a abertura da fenda. — Você precisa experimentar.Regina me arrastou para dentro da loja e enquanto eu provava o vestido, foi trazendo outras peças que segundo ela combinavam comigo. Eu não imaginei que gostaria tanto do vestido, principalmente por ele ser verde, mas ela estava certa, ficou ótimo, valorizou as curvas do meu corpo que eu nem me lembrava que tinha.Saí para mostrar a Re e sua reação confirmou minha percepção.— Onde você estava escondendo essas curvas, Jade? Você realmente precisava de um banho de loja. Agora vai, experimenta o restante.Ela escolheu peças elegantes que eu nunca pensei que usaria, mas que ficaram lindas em mim. Alguns eram um pouco ousados, com seda, transparência ou renda. Fugia totalmente da minha tradicional calça social preta e camisa social branca. Re me fez comprar vestidos, saias, sandálias e acessórios, tudo que eu não costumava usar, por não achar necessário me arrumar tanto.Quase estourei o cartão de crédito naquela loja, mas pelo menos comprei o necessário para ter o que vestir no trabalho.— Bom, acho que terminamos. — falei saindo da loja cheia de sacolas e relembrando a adolescência, quando eu costumava fazer compras sem me preocupar com dinheiro.— Tem mais um lugar que eu gostaria de ir, ou melhor, te levar. — pegamos um táxi e ela disse o endereço, não consegui ter uma ideia de onde poderia ser, mas confiei na mulher mais velha que estava sendo um anjo na minha vida. Minutos depois, paramos em frente a um salão de beleza. — Esse é um presente meu, para renovar sua autoestima e você se sentir mais confiante nesse recomeço.— Nossa Re, não tenho nem palavras. — a abracei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas, pois de fato eu já não tinha autoestima e me sentia falta de um autocuidado. — Obrigada.No salão eu fiz as unhas, as sobrancelhas e um tratamento capilar com corte, que deu outra vida ao meu cabelo. Além disso, conversei muito com as meninas do salão e fiz um lanchinho, elas foram muito atenciosas e me deram de brinde um kit para continuar cuidando do cabelo em casa. Foi realmente um dia incrível e eu me senti em dívida com a Regina, mas um dia eu teria a oportunidade de retribuir tudo que ela estava fazendo por mim. Graças a ela, eu nem tive tempo de chorar pela tragédia no meu apartamento.— Agora eu quero te ver mais vezes com esse cabelo solto e esse sorriso no rosto. Você é jovem, não tem filhos e se livrou de um traste, tem mais é que ser livre.— Obrigada, Re, você é uma mulher incrível.E de fato era. Regina se separou do marido pouco tempo após dar a luz ao primeiro filho deles. Ela abriu mão de sua vida para criar o filho sozinha, hoje aos 45 anos e com o filho já adulto e terminando a faculdade, ela diz que nunca esteve tão bem com a vida e que não se arrepende de nada, principalmente de sua separação. Ela se tornou uma grande inspiração de mulher forte para mim.Ao voltar para casa, seu filho Andrew, estava na sala assistindo o jogo. Eu ainda não o tinha conhecido, pois ele ficou no quarto estudando na noite passado, Regina explicou que ele estava fazendo os exames finais da faculdade e que por isso quase não saía do quarto.— Andrew, essa é minha amiga Jade, é ela que vai passar alguns dias com a gente. — ele se levantou e veio até nós.— Muito prazer, querem ajuda com as sacolas? — ele era um rapaz muito bonito, tinha belos olhos azuis iguais aos da mãe o cabelo preto cacheado. Devia ser muito paquerado na faculdade.— Ah, por favor, estamos realmente cansadas. — Re respondeu e levamos as sacolas para o meu quarto.O apartamento dela era incrivelmente amplo e arejado, eu tive certeza que o senhor Rutenford a pagava muito bem e não estava errado, ela dedicou muitos anos de sua vida naquela empresa e merecia o reconhecimento.Os dois me deixaram sozinha para organizar tudo, por mais que eu não ficaria muito tempo, era bom ter tudo em ordem, além disso, segunda-feira eu tinha audiência e depois trabalho, não gostava de me atrasar então definitivamente era bom ter tudo em ordem.Mais tarde ajudei Regina com o jantar, mas não sabia preparar muita coisa, sempre foi David quem cozinhava. E depois de tudo pronto, comemos nós três na mesa de jantar, mas uma ligação interrompeu nossa conversa. Era um número desconhecido, desliguei, mas voltou a chamar, poderia ser algo importante, então decidi me levantar e atender.— Jade… me desculpe eu… — era a voz de David do outro lado da linha. — Não sei onde eu estava com a cabeça, destruí nossa vida juntos, tudo que construímos. Por favor me perdoe… — não respondi, não havia palavra para expressar o ódio que eu sentia daquele indivíduo. — Eu-eu prometo que vou mudar, que vai ser diferente, vamos recomeçar nossas vidas juntos…Desliguei a ligação e bloqueei o número, para mim David estava morto. Por sorte, com as novas leis eu só precisava de uma assinatura dele para por fim definitivo no casamento. Se ele se arrependeu, talvez não seria tão fácil, mas eu não ia mudar de ideia.— Aconteceu alguma coisa? — Regina perguntou preocupada quando retornei à sala de jantar.— Não… era só o indivíduo me ligando da cadeia pra dizer que se arrependeu. — respondi suspirando e me sentando à mesa.— E você não acreditou, não é? — Andrew perguntou e neguei com a cabeça.— Não tem perdão o que ele fez e honestamente eu me sinto uma idiota por ter acreditado que nosso relacionamento tinha salvação. Eu estava sendo muito cega.— Quem sou eu para discordar. — Andrew falou baixando a cabeça e sua mãe lhe deu um tapa no braço.— Não liga para ele, Andy nunca teve um relacionamento, não sabe como é estar nessa situação.— E sou muito feliz sendo solteiro, relacionamentos são complicados demais. Se você quiser Jade, eu posso te levar numas festas universitárias.— Acho que já estou velha para essas festas. — respondi, mas no fundo me senti tentada com a ideia. Passei quase todos os anos da faculdade namorando o David, mal aproveitei.— Eu não acho, quantos anos tem? 24, 25?— 26.— Então, na flor da idade e solteira, deveria afogar às mágoas com um novinho universitário. Eu estou aqui quiser um caminho fácil. — Regina levou a mão ao rosto ao ouvir as insinuações do filho e eu soltei uma leve risada com sua reação.— Obrigada Andrew, certamente irei pensar na sua proposta sobre as festas, mas definitivamente não quero o caminho fácil. — Re começou a rir.— Eu nem consigo ficar brava com você depois desse fora, filho. — ele também riu da situação e eu também, então rapidamente esqueci da ligação, do apartamento, do David e do chifre.Mas certamente tudo isso ainda iria me atormentar mais tarde.Segunda-feira, logo pela manhã fui ao tribunal resolver minhas pendências com a lei, por ter agredido a amante do meu ex marido. Expliquei a situação ao juíz, garanti que não era uma pessoa violenta, só estava chateada, e com razão, por descobrir uma traição. O juíz ouviu uma testemunha, que para minha sorte ficou do meu lado e contou que eu só estava batendo no David e a loira veio para cima de mim. A loira por sua vez, alegou ser tudo mentira, que eu fui bater nela e outras coisas, mas além da testemunha, tinham câmeras no bar e uma delas filmou a briga. Não havia dúvidas, eu só me defendi, não tive a intenção de machucá-la e não continuei com a briga. Caso encerrado. Perdi metade do dia por causa de dois indivíduos idiotas. Cheguei na empresa após o almoço, meu cabelo estava tão bonito que seria um crime prendê-lo, mas por não ser um costume, todos me olharam estranho. Mas também poderia ser minha escolha de roupa, coloquei a camisa branca de cetim, como tinha uma leve transparên
Entrei no apartamento da Regina ainda sem entender o que aconteceu ou o que ele queria dizer. Filipe nunca agiu daquela maneira antes e o pior, eu nunca me senti assim perto dele antes. No fundo não importava, o que quer que fosse não iria se repetir e eu não deveria me iludir com… nada! Não era nada! — Está tudo bem? Eu já estava preocupada, agora te vendo com essa cara fiquei ainda mais. — ela falou da cozinha, enquanto preparava o jantar. — Tudo bem Re, só estou cansada, o dia foi longo. — respondi tirando a bolsa dos ombros para pegar o celular e verificar as mensagens. — Tem certeza? Será que o chefe bonitão não está mexendo com você? — Re sugeriu acertando em cheio, mas eu não deixar ela saber disso. — Não faz uma semana que me separei, Re. Que tipo de mulher acha que eu sou? — Até onde eu sei, seu casamento já tinha acabado, o que você sentia era apenas medo de ficar sozinha ou uma necessidade de manter o casamento por algum motivo, mas amor já não existia. — ela picava ce
Filipe ChevalierQuando pensei que teria um pouco de paz com a viagem da Ashley, me aparece outro problema. Oliver Rutenford, o filho mimado do dono da empresa, que se importava tão pouco com a Prime que seu pai me nomeou o CEO, claro que eu já era dono de parte da empresa para isso, mas enquanto Oliver se mantesse longe, nunca teríamos problemas.Meu humor já não estava nada bom, Jade conseguiu piorar, mas ela estava certa, não seria louco de demiti-la, era uma peça fundamental na empresa, mas eu me preocupava com ela, estava passando por um momento delicado demais para ter que conviver com um babaca no escritório. Ela estava diferente e não digo somente por suas roupas, parecia mais leve, livre e não era difícil constatar que a separação fez bem a ela. Jade sempre foi bonita, agora estava ainda mais linda e o fato de estar solteira complicava as coisas para mim, ela era proibida por ser casada e já não é mais, porém, depois de quatro anos, não parecia ser fácil convencê-la a ter al
Jade SmithCom a cirurgia de correção de grau, eu me sentia livre, era maravilhoso poder enxergar bem a qualquer momento, sem ajuda de nada e nem ninguém. Parecia que nada podia estragar meu dia, até eu encontrar um babaca no elevador. Oliver Rutenford tinha um charme, olhos azuis cintilantes que contrastava com a pele bronzeada e o cabelo escuro, ele dispensou a gravata e usava uma camisa social com dois botões abertos exibindo a pele bronzeada e os músculos. Não parecia alguém que chegou para trabalhar.Ele me encarou todo o tempo que ficamos no elevador, antes de chegar no último andar, me irritei com seu olhar abusado e o encarei de volta.— Qual o seu problema?! — perguntei irritada, ele abriu um sorriso de lado, gostando da minha atenção.— Problema nenhum, não posso te olhar? — a porta do elevador se abriu e eu sai. — Quer saber? Pode! Admire muito o que você não pode tocar! — respondi sem olhar para trás. — Babaca. — Você sabe quem eu sou?! — sei, um idiota júnior, ainda não
Todos os meus neurônios paralisaram, esse homem seria capaz de arrancar tudo de mim se quisesse, com um apenas um toque. Seu polegar deslizou no tecido fino da minha camisa, usava a mesma de cetim de outro dia, meu coração disparou e meus olhos se encontraram com os dele. Minha mente logo fantasiou ele me puxando pela cintura para sentar em seu colo enquanto nos beijamos loucamente e minhas mãos deslizam por seu peitoral sarado e delicioso, mas… — Obrigado… pela ajuda. — sua voz me tirou do transe e chacoalhei a cabeça. — Não é nada, eu que agradeço por… me defender. — ele me lançou um sorriso e tirou a mão da minha cintura. Voltei para a minha sala tentando parecer calma, mas cada célula do meu corpo pedia mais um pouco dele. Aquilo era loucura, talvez fosse a carência da separação, apesar que eu e David já não fazíamos amor há tanto tempo que até a carência passou. O que ficou claro, é que como sempre desconfiei, Filipe não se sentia atraído por mim.Toda a confusão significava
O canalha sênior nem mesmo me beijou! Era só nisso que eu conseguia pensar enquanto andava de um lado para o outro no quarto de hóspedes da Regina. Outra coisa na minha vida que eu precisava resolver. Eu fui completamente imatura, irracional e inconsequente. Como eu iria olhar na cara dele no dia seguinte? Onde eu estava com a cabeça? Com certeza faltou sangue no cérebro após aquele aperto no meu pulso, só isso explicaria minha insanidade em transar com meu chefe no elevador do prédio. Regina bateu à porta, sabia que era ela pois também me chamou. Deixei ela entrar, mas não contaria a verdade, estava com muita vergonha de mim mesma pelo o que aconteceu e guardaria isso à sete chaves. — E então? Ficaram presos no elevador, não me diga que nada aconteceu. — Nada aconteceu. Filipe não me vê dessa maneira, trabalho para ele há quatro anos. — me levantei para não ter que olhar para ela enquanto mentia. — O que aconteceu hoje foi mera consideração. E eu realmente acreditava nisso. —
Filipe já estava me esperando na portaria conforme combinamos, encostado em seu carro usando uma camisa social branca com as mangas dobradas e calça azul marinho, como sempre impecável. Eu sabia que em algum momento me arrependeria amargamente dessa escolha, mas naquele momento, eu estava convencida de que era apenas um jantar para por um fim naquela história. Respirei fundo e caminhei até ele. — Sempre me impressiono com sua beleza. — ele estendeu a mão e coloquei a minha sobre ela, ele me fez dar um giro e sorri por não ter percebido sua intenção. — Sempre? Até quando eu prendia o cabelo, usava óculos e roupas largas? — perguntei realmente curiosa, pois me parece que seu interesse começou apenas quando mudei o visual. Filipe deu um sorriso envergonhado e virou o rosto para algum ponto da calçada. Desse jeito, ele parecia ainda mais sexy.— Tenho uma imaginação muito boa. — respondeu voltando a olhar para mim. Dei alguns passos à frente. — Estava tendo fantasias sexuais com uma m
Há quanto tempo eu não tinha um orgasmo assim? E eu já tive?A noite com ele me fez perceber o quanto eu perdi tempo numa relação fria e sem graça. Conheci David com 19 anos e não só me conformei com o sexo capenga, como achava o máximo e briguei com meu pai por ele. Eu fiquei assustada ao pensar nisso, pois poderia tornar minha relação com Filipe viciante. Precisava ir para casa, rápido. Coloquei minhas roupas enquanto ele estava no banheiro, quando saiu, com uma toalha na cintura muito mal amarrada, mostrando metade do V em seu quadril, eu já estava pronta para voltar para casa, mas podia facilmente mudar de ideia, principalmente por saber exatamente o que tinha embaixo. — Já vai? — questionou franzindo a sobrancelha.— Sim, eu… preciso resolver alguns assuntos amanhã cedo e não quero atrasar para o trabalho. — não era exatamente mentira, mas se eu ficasse mais um pouco, voltaria mais vezes. — Bem, eu te levo então. — Não precisa se preocupar, eu já chamei um carro pelo aplicati