Aurora“Ele sempre teve a capacidade de me enfrontar, assim como hoje.”Senti sua alegria e orgulho.— Por que ele não é um lobo? Por que não nasceu como eu?“Porque não era seu destino. Apenas a alma das fêmeas dominantes permaneceram, essa foi a profecia. A cada geração uma alma era escolhida para voltar, as outras se perderam. Foi assim com nosso companheiro. A alma dele foi dividida, ele é apenas um humano agora.”— Entendo.“Não. Você ainda não entende. Nós não podemos perder essa chance. Se eu não sair agora, não sei quando haverá outra oportunidade. Pode demorar séculos ou pode nunca acontecer. Essa pode ser a única chance para nosso povo nascer de novo.”— Eu não sei como fazer isso.“Basta que pare de resistir. Você tem medo de não ser a mesma, de perder sua consciência e racionalidade. Medo de mim.”— Desculpe, mas realmente tenho medo de não voltar, de perder a razão. Como será quando virar um lobo? Como eu irei agir? Isso me causa medo.“Você está esquecendo que eu faço pa
ThalesEu podia sentir sua fúria e selvageria. Janete e Adelya se encolheram, mas Aurora passou direto. As tochas espalhadas não iluminavam o suficiente, mesmo assim, tentei ser rápido em segui-la, mas a neve fofa não ajudava. Ela não estava longe, os sons que saíam de sua garganta eram altos. Puxei uma pequena lanterna que tinha no casaco e cheguei perto, ela estava acuando algo, mas era quem menos esperei que estivesse ali.— Rubens! O que está fazendo aqui? Rubens mantinha uma arma apontada para Aurora. Ele estava nervoso, mas mantinha a mira firme.— Que porra está acontecendo aqui, Thales? Eu vi. Ela… ela virou um animal. — Eu disse para ir para casa, Rubens. O que está fazendo aqui?— Como eu poderia ir quando você estava todo estranho? — Rubens, abaixe sua arma.— Não!! Esse lobo ou… Céus, ela virou um lobo! Aurora continuava rosnando e o rodeando, ela queria apenas uma brecha para atacar. Eu sentia sua impaciência e raiva, mas também hesitação. E pensando bem, se fosse u
Thales Não contive um suspiro ao parar em frente de casa.Estava cansado e, sinceramente, não queria falar com Rubens agora, no entanto, não era algo que pudesse deixar para depois.Deixei Aurora dormindo sob a responsabilidade de Janete, ela queria pessoalmente implorar para Rubens não revelar o segredo de Aurora, mas isso não cabia a ela.Ao entrar, achei Rubens onde imaginei. Ele estava sentado no pequeno sofá em frente a lareira e olhava cegamente para o fogo. Na mão, um copo de bebida, ainda estava de farda. Fechei a porta e tirei o casaco antes de sentar na poltrona ao lado. Foi um acidente infeliz que Rubens tenha visto. Não era para ele estar lá. Passei a mão nos cabelos e olhei para aquele fogo, não sabia bem por onde começar.— Existe alguma explicação lógica para aquilo? — Rubens não me olhou, sua atenção desviou do fogo para o copo.— Não.— É o que parece. — Rubens encostou o copo na testa e riu, ele já devia estar bêbado.— Não conte a ninguém, Rubens, por favor — pedi
AuroraFoi surpreendente, não estava só azul, havia rajadas de amarelo ao redor das pupilas. Achei bonito e acabei sorrindo. Era apenas um detalhe, meu rosto não tinha mudado, até minhas sardas continuavam lá.— Eu gostei da cor — disse quando sentei novamente. — Ainda tem muito do azul.— Como está se sentindo? — Adelya perguntou.— Bem.— E a loba? Sente ela?— Sinto, mas não como antes. Parece misturado, não sei explicar.— Isso é porque vocês estão unidas agora. — Adelya explicou naquela sua gentileza de sempre.— Ontem eu vi alguém estranho, a loba tentou atacar, mas não consigo lembrar com nitidez.— Era o irmão do Thales. — Mamãe disse após provar a comida de uma das panelas.— O que?— Ele nos seguiu e viu tudo. — E agora? Ele é o xerife da cidade. — Só faltava isso acontecer.— Thales garantiu que o irmão vai manter esse segredo. — Mamãe disse, mas não parecia acreditar. — Não sei…— Só podemos esperar, mas se ele oferecer algum risco, vamos ter que tomar providências.— Pr
Aurora— Aurora… — Gemeu. — Não estamos… — O beijei interrompendo suas palavras.Nossos corpos se encaixavam tão bem, era incrível ser preenchida por ele. Nossos gemidos foram abafados pelo breve beijo afoito.— Aurora… hmm… — Gemeu mais uma vez quando forcei meu quadril e rebolei. — Você me enlouquece… Estávamos sozinhos e não precisávamos nos conter. Havia uma satisfação estranha em mim, estava satisfeita em ver seu prazer, em lhe tirar a razão e saber que seria somente eu a ouvir seu gemidos e murmúrios baixos. Era uma necessidade quase sufocante, eu queria compreender, mas sentir meu interior cheio… sentir seus apertos mesmo que por cima da camisa grossa, me deixava quase sem controle.— Aurora… pare…— Parar? Por que eu deveria parar? — Lambi sua orelha.— Nós… — Apertou meu quadril depois da minha investida. — Nós não estamos usando proteção.O encarei, mas não parei, eu sabia que não estava usando, mas não queria usar.“Não use” As palavras formadas em minha cabeça foram firm
Aurora— Sua mãe não precisava ter ido falar com ele. Eu já tinha resolvido. Terminei de colocar a comida em nossos pratos. Parecia boa, mas, mesmo que não estivesse, minha fome me faria comer qualquer coisa.— Ela achou necessário. Ainda levou comida para ele.— Não tenho dúvidas de que ele vai gostar da visita, mas não se preocupem com isso. Com Rubens eu me entendo.— Mamãe sempre foi muito protetora. Ela não vai parar até que sinta que estou em segurança. — Coloquei nossos pratos em cima da mesa e me sentei na sua frente.— Tudo bem. Ela está em seu direito. Mas ninguém consegue controlar tudo, Aurora.— Eu sei, acho que não existe outra pessoa no mundo que não tenha sentido na pele como eu.Sorri tentando dispersar um pequeno clima de tensão e me concentrei na comida. Estava muito boa e realmente tinha fome. — Você vai trabalhar hoje? — perguntei na esperança que ele dissesse não.— Sim, não posso faltar mais.— Desculpe por isso.— Está se desculpando por quê?— Eu estou atrap
ThalesEstava nevando e tudo indicava que iria piorar. O carro ainda corria bem, a neve compactada não atrapalhava os pneus adaptados.Aurora não me ligou nenhuma vez, mas antes do final do dia, eu soube a razão. Janete avisou que ela não estava em casa e que só encontrou as roupas jogadas junto aos rastros da loba. Ela estava sumida até agora, só torcia para que fosse cautelosa para que ninguém a visse, contudo, a loba me parece inteligente demais para deixar isso acontecer.Ao estacionar na frente de casa, vi que Rubens não estava. Bem, não era tão tarde, eu saí um pouco mais cedo, mesmo sob as lamúrias de Diego. Ele vinha trabalhando dobrado devido a minha ausência, eu deveria recompensá-lo.Assim que coloquei a chave na porta, olhei para trás com uma estranha ansiedade e não me surpreendi ao vê-la. Aurora estava parada atrás de mim, na verdade, a loba. Sorri. Era algo que fazia com facilidade perto dela.A loba veio até mim e se esfregou, eu acariciei sua cabeça e me apressei par
Thales— Posso entrar na minha casa?— Pode, só não faça nenhum movimento brusco ou ela pode estranhar.— Movimento brusco? — Sorriu, ironizando minha fala. — Acho que nem isso evitaria que ela me atacasse. — A culpa disso é sua! Agora precisa conquistar a confiança dela.— E como se faz isso? Ela não é um cachorro doméstico e sim um lobo! Ela rosnou alto e deu mais um passo. Suspirei. A loba ainda via Rubens como ameaça, isso só confirmava o pouco controle de Aurora sobre ela.— Só entre, Rubens. Ela não vai atacar sem motivos.Rubens tirou o casaco de forma cautelosa, a arma foi depositada no aparador perto da porta, assim como o chapéu e outros itens menores. Ele não tirou os olhos dela e ela também não, mas pelo menos não rosnou mais.— Venha comer enquanto está quente.— Você quer que eu coma aí? Com vocês dois?— Qual é o problema, Rubens? Anda, pega um prato e se sente aqui.— Ok, mas mantenha ela controlada. — disse ao seguir para a cozinha.Alisei mais uma vez seus pelos e