AuroraQuando chegamos a sala de “tortura”, ela me colocou em uma grande cadeira de metal, fui presa com as barras de ferro nos pulsos e tornozelos. Na cabeça, uma tira de couro me deixava imovel. Havia uma parte envidraçada na frente onde um homem estava desacordado enquanto um assistente de Carmem injetava algo em sua veia. O assistente saiu da sala e as portas travaram. — Hoje usei uma variante diferente, mas agressiva. — Carmem pegou uma prancheta de uma de suas assistentes e olhou brevemente. — Consegui isolar um componente do seu sangue, mas ainda não se mostrou eficaz.Desviei a atenção dela para o homem que começou a se contorcer. Seu corpo se debateu por algum tempo e ele cresceu um pouco, as características apareceram aos poucos, sua pele suada adquiriu pelos escuros, os dentes e as garras cresceram. Ele se levantou e se jogou contra o vidro como uma fera faminta. O vidro era resistente, mas ele não parecia ter nenhuma racionalidade, mesmo assim, Carmem observava atentamen
Thales“A floresta estava fria, havia uma neblina que não me deixava ver mais longe, meus pés descalços afundavam na neve misturada com folhas úmidas, aquele frio não me incomodava, nem mesmo o vento que batia em meu corpo nu.Não havia uma direção definida, não tinha trilha, mas meu peito estava cheio de uma estranha ansiedade, meu corpo parecia saber o caminho pois mesmo por dentro da mata fechada, algo me puxava para uma determinada direção.Após uma longa caminhada, vi o lobo. Ele estava sentado na borda da floresta, de costa para mim. Sua atenção estava à frente. Caminhei sem receios, o lobo negro me olhou com seus olhos dourados e depois voltou sua atenção para frente.Ao parar ao seu lado, entendi porque ele estava tão concentrado. Havia um acampamento em ruínas. Senti sua dor, olhando melhor para ele, seus olhos estavam tristes. O acampamento estava destruído, parecia que o fogo tinha consumido quase tudo.Esse era nosso lar, Thales.A voz forte e animalesca ecoou em minha me
ThalesDepois de um rápido banho, vesti um conjunto de calça e camisa. O tecido de algodão azul era leve e confortável, quase suspirei de alívio por ter tomado um banho e vestido roupas limpas. Calcei as sandálias simples e esperei ser algemado de novo. O homem foi até um canto e trouxe outras algemas, dessa vez, ele passou uma coleira de ferro no meu pescoço e nas mãos, algemas grossas ligadas por uma corrente maior.Fui puxado novamente e guiado por aquele longo corredor. Olhei com atenção, tinham câmeras e algumas portas, talvez tivesse muitas pessoas presas ali, não me interessava na verdade, mas eu precisava decorar certas coisas para quando fosse escapar.Nós entramos em um elevador e percebi que estávamos abaixo do nível da superfície. Seria mais trabalhoso assim, mas não impossível. Quando as portas se abriram de novo, vi ela. Senti alegria e aquela agitação. Eu queria abraçá-la, beijá-la. Minha ansiedade era grande a ponto de me desnortear. Depois de tanto tempo sem vê-la, e
AuroraEstava ansiosa. Thales estava passando por tudo sozinho em lugar desses, não devia ser assim. O processo dele é diferente do meu, é mais rápido, porém, tão agressivo quanto. Não seria sempre assim, acontece que tem um peso por ser meu companheiro. E, eu simplesmente sei, assim como muitas outras coisas que a loba me deu como conhecimento.Durante aquele breve encontro, não foi possível conversar, muito menos abraçá-lo e minha saudade é imensa, mas fiquei feliz mesmo assim. Ele mudou bastante, sua personalidade acentuou-se e ele continua sendo um macho atrevido, isso é perigoso.O lobo é forte e precisa de energia, mas Thales está fraco, ele precisa mais que alimento, precisa ser exposto à lua, diferente de mim que fui preparada aos poucos ao longo dos anos, ele tem alguns dias. Isso o fará sentir mais dor e ele pode perder o controle assim como aconteceu comigo. O lobo é exigente, impaciente e vai forçá-lo a todo custo.Ele está na superfície, eu o chamei e seus olhos mudaram
ThalesSentia que poderia desmaiar a qualquer momento. Meus braços estavam esticados e presos por aquelas correntes, eu mal conseguia abaixar a cabeça devido a coleira de metal no meu pescoço.O lugar era úmido, insalubre e na minha frente, uma câmera registrava tudo como se eu fosse um experimento valioso, mas eu sabia que isso era apenas mais um recurso para controlar Aurora. Detestava ser um fardo, mas estava paciente para o que viria a seguir, eu tinha estímulo o suficiente para resistir a aquilo tudo.Sentia-me fraco fisicamente, faminto, às vezes parecia que iria morrer de febre, eu chegava a delirar com a dor grande demais para alguém comum suportar. Mas esse era um preço pequeno a se pagar.A porta de ferro foi aberta e eles entraram, antes que me soltasse, algo foi injetado na minha veia, isso já tinha sido feito antes e o efeito era a minha letargia. Era um calmante para me deixar com os reflexos lentos, mas não o suficiente para me apagar.Senti alívio quando meus braços e
ThalesOs dias passavam lentamente e era quase enlouquecedor. Eles me alimentavam diariamente, sempre nos mesmos horários, na maioria das vezes com carne crua. As porções viam generosas e eu não desperdiçava, eu sabia suas intenções, me manter forte para que eu cumprisse o objetivo, mas esse também era o meu.Hoje, a comida estava atrasada.Também me levavam para uma jaula na superfície todas as noites, eu ficava lá por um longo tempo, parecia ser o único momento que respirava direito. As notícias de Aurora eram dadas vagamente, mas sempre me mostravam ela acorrentada ou presa naquela cela, nós éramos experimentos difíceis de controlar, então eles usam a única coisa que nos param, a vida do outro.Levantei quando ouvi passos, era mais de um, então não se tratava apenas de comida. As batidas na porta foram altas.— Mãos para fora. — A ordem veio após a pequena abertura ser aberta. Obedeci. Essa era uma forma deles de assegurar suas vidas, agora que eu estava próximo do dia, não havia
ThalesGrunhi. Meus sentidos ficaram confusos. O cheiro quente invadiu meu corpo, não dava para descrevê-lo, era apenas uma mistura de aromas incompreendidos que fazia meu corpo reagir, fez meu sangue correr mais rápido. Salivei, senti exatamente quando a ereção vigorosa e cheia se formou, o sangue bobeou fortemente naquela região.“Monte-a, tome-a… morda-a… marque-a…”Engoli o excesso de saliva e arrastei as garras na mesa, causando um ruído fino no metal. Algumas características surgiram sem que eu percebesse.Aurora tinha um pequeno sorriso, seu rosto com um leve rubor mostrava segurança e controle. Eu não desviei os olhos dela nem por um momento.— O que… — Fechei os olhos com força ao sentir uma onda de calor. Apertei as mãos, sentindo as unhas fortes perfurarem minha palma.— Você quer caçar, lobo? — ela disse, havia uma doçura em sua voz e provocação.O rosnado vibrou pela minha garganta, eu levantei. Mesmo que ouvisse a agitação ao redor, não olhei para ninguém, apenas para a
ThalesQuando voltei a realidade, estava ofegante e de joelhos, aquele cheiro imediatamente voltou para meu olfato, era enlouquecedor. Eu a quero agora…Quero montá-la…Minha…Minha…Com esses pensamentos obsessivos senti meus músculos tensos, eu sentia cada parte do meu corpo vibrar em antecipação, ia me transformar a qualquer momento. Sentia a agressividade, mas principalmente o desejo de tocá-la, abraçar seu corpo de forma possessiva. Eu precisava dela, estar dentro dela. Eu queria caçá-la e deixá-la submissa, choramingando e implorando para ser minha.“Minha… monte-a… marque-a”Ouvi sua voz gutural e sorri em resposta, um sorriso predatório, louco. Havia algo profundamente erótico naquele cheiro que vinha dela. Era um cheiro de desejo, de necessidade, eu precisava tocá-la, abrandar o calor, estava faminto por seu corpo.— Quando eu te pegar, fêmea… — afirmei para mim mesmo, estava sedento, excitado.Fêmea… já estava chamando uma mulher de fêmea. Isso era loucura.— Parece doloro