AuroraConfesso que paciência nunca foi uma característica forte em mim, sendo honesta, nas vezes que tive, foi por obrigação, contudo, agora eu estava aqui, olhando aquele caçador.Ele não estava muito longe, eu estava sentada sobre as patas quase por trás de uma árvore, meus olhos captavam com clareza seus movimentos. Ele era um péssimo caçador, afinal, eu estava muito perto.A loba parecia se divertir e esse sentimento transbordava em mim, eu me sentia alegre por desafiar aquele perigo. Se aquele caçador nos visse, estaríamos em apuros.“Não estaríamos, eu o mataria facilmente.”Sua frase não me deixava surpresa, mas ainda assim, isso seria muito errado. A loba tinha um jeito único de pensar, alguns valores eram até mesmo egoístas, mas analisando bem, era de sua natureza. Havia um sentimento de posse sobre aquele lugar, ela escolheu para ser seu lar e recomeçar, então, se alguém atravessasse o caminho iria ser retirado, querendo ou não.“Apenas os mais fortes sobrevivem, nós devem
Aurora— Amélia é mais velha que você apenas alguns anos, Aurora. — Mamãe disse assim que sentamos à mesa, dentro da lanchonete. — Vocês podiam conversar outras vezes, tenho certeza que têm assuntos em comum.— Eu não tenho tantos assuntos assim para conversar — Amélia disse, descontraída. — Na verdade, minha vida é bem tranquila, não faço muitas coisas.Amélia tirou a touca e ajeitou os cabelos loiros. Os olhos azuis escuros combinavam com ela, seu rosto era delicado.— Não ligue para a minha mãe, Amélia. Eu não saio muito de casa, então ela cria expectativas.A atendente veio até nós e anotou nossos pedidos. A lanchonete em estilo rústico era aconchegante, o ambiente estava quente e não tinha muitas pessoas, mas as poucas que estavam lá, me observavam com curiosidade. Alguns eram discretos e outros, nem tanto. Eu podia ouvir comentários nada saudáveis vindo de alguns. Eles não imaginavam que eu podia ouvir tudo. De certa forma, era divertido. — Não me refiro a isso, me refiro a faz
AuroraAo entrar no bar, todos no salão se calaram. Eu podia ficar constrangida, mas não sentia nada referente a aquela atmosfera. Thales estava do outro lado do balcão, ele não deixou de fazer seu trabalho, mas seu olhar acompanhou com atenção quando tirei o sobretudo e o acomodei no braço. Ele me fez sentir despida. O calor cresceu em mim à medida que me aproximava.— Oi — O cumprimentei confiante quando encostei no balcão.— Oi — ele respondeu com um pequeno sorriso.Foi um sorriso que ao meu ver, dizia muitas coisas. — Me serve uma bebida? — Sorri com atrevimento.— O que gostaria de beber?— Não sei. O que você acha que combina comigo?Thales sorriu de canto de uma forma muito sexy. Eu não queria uma bebida, na verdade, eu queria um beijo, mas não podia atacá-lo ali naquele balcão. Ele virou as costas e buscou uma taça na prateleira, depois pegou duas garrafas. A roupa grossa simples escondia bem o seu corpo, mas eu sabia de cada detalhe, sabia qual era o gosto e o cheiro. Pass
Aurora— Então, Aurora, está gostando da cidade? — Hana puxou assunto enquanto esperava.— Sim, nós fomos bem acolhidas.— As pessoas daqui são bem acolhedoras mesmo. Sua mãe também está fazendo um ótimo trabalho na escola. Amélia disse que os pais têm elogiado o trabalho dela.— Ela gosta muito do que faz, está bem satisfeita. Agora a pouco estava com ela e Amélia, conversamos um pouco.— Amélia é uma ótima pessoa. Nós poderíamos marcar qualquer dia desses. O que acha?— Pode ser.— Ah, que ótimo! — Bateu palmas, animada. — Tenho certeza que vamos nos dar muito bem, mas não pôde levar o Thales. Será apenas para mulheres.— Por mim tudo bem.— Maravilha. Eu vou falar com Amélia e então marcamos o dia. Você pode anotar seu número? — Entregou-me o bloquinho de notas e uma caneta. Thales retornou com alguns petiscos e dois copos com uma bebida quente. Quando devolvi o bloco para Hana ela me deu um sorriso e pegou a bandeja cheia. A animação dela era contagiante. Esse foi um dos dons que
Aurora— Estou feliz, mas tenho medo que isso seja ameaçado — disse depois de um tempo e brinquei levemente com a taça, o vinho tinto se agitou. — Tenho medo de ser descoberta. — Também tenho medo. — Thales se inclinou e colocou a taça sobre a mesinha baixa. — Mas você tem direito de viver, Aurora. — Já pensei em tantas coisas…— Por que está pensando tanto? Talvez deva apenas deixar o fluxo seguir. O plano inicial não era ter um emprego e tentar levar uma vida mais comum possível?— Eu sei, mas é que até mesmo pensar por mim mesma é novidade. Até agora, minha mãe tomou as decisões e eu achava assim mais fácil. Então, agora que chegou a minha vez e me sinto sobrecarregada pelo fato de ser diferente.— Está se saindo bem até agora. Sobre um trabalho, posso falar com Rubens, ele tem mais influência nisso aqui nessa cidade do que eu.— Será que ele ainda não sente rancor por aquela vez?— Ele não é assim. Depois daquele dia até fez graça. — Mas eu sinto que ele ainda não assimila bem
ThalesCada parte de mim estava entregue a ela, era um desejo insano e terno. Duas coisas opostas que se combinavam perfeitamente. Eu nunca pensei muito nessa ligação, mesmo que procurasse entender, não era realmente importante. Eu me apaixonaria por ela em qualquer circunstância. Aurora foi feita para mim, feita para se encaixar entre meus braços, nas minhas mãos...Recusei-me a parar de beijá-la, apenas deixei que buscasse ar para tomar sua boca novamente. A deitei por cima das cobertas e me aconcheguei em cima do seu corpo. Eu não pensava muito no depois, eu só queria tê-la sempre que possível.E, eu a quero nua agora.Ela gemeu quando puxei seu lábio com os dentes. Afastei-me apenas para tirar sua camisa, ela não usava nada por baixo e salivei ao ver seus seios que estavam mais fartos que antes. Admirei suas curvas sob a luz da lareira, um lado do seu rosto estava nas sombras e me deu um vislumbre do seu olhar perigoso.Suavemente, alisei as laterais dos seios e deslizei meus ded
AuroraDois meses depois…— Seu horário já acabou, Aurora, já devia ter ido pra casa. — Já estou terminando, senhora Su. — Peguei mais um punhado de batatas do caixote e coloquei no tabuleiro. — Falta só essas batatas.— Oh, querida, não se esforce tanto, quando der seu horário, apenas vá para casa. Concordei com Suzan apenas por concordar, ela sempre dizia a mesma coisa. Há pouco mais de um mês, consegui esse trabalho, era no único mercado da cidade, a vaga surgiu depois de um dos filhos dos donos ter se mudado para outra cidade para estudar. Meu trabalho era simples, eu apenas arrumava as prateleiras e ajudava na limpeza quando necessário. O salário era pequeno, mas estava feliz por fazer algo útil. Além disso, era a primeira vez que me mantinha por tanto tempo em um emprego.Suzan e seu esposo eram moradores antigos da cidade, eles tinham por volta de sessenta anos e eram muito atenciosos, porém, fofocavam como ninguém. Bem, aparentemente, se descobre tudo no caixa enquanto se p
Aurora— Não vejo nada — Thales olhou na mesma direção, mas depois voltou pra mim.— Eu sei que está lá. — Dei um passo.— Não é uma boa ideia. — Thales segurou-me. — Vamos embora. — Thales me puxou para o carro.Entrei no veículo e Thales imediatamente o colocou em movimento, mas eu ainda tinha a atenção para aquela direção, só ajeitei a postura quando Thales saiu daquele lugar. Meu coração ficou inquieto. Não foi uma sensação falsa, nós sentimos o perigo. Talvez…Meu coração acelerou, a loba estava transbordando, ela queria sair. Segurei sua força, mas choraminguei de dor.— Aurora, ei, olha pra mim! — Thales parou o carro e me puxou.— Eu… a loba… — Mal consegui falar. Estava confusa.Respirei fundo e me concentrei apenas nele.“Deixe-me sair. Eu preciso ver.”— Não! “Nós estamos em perigo!” Concentrei-me e aos poucos meu corpo foi se acalmando. O ressentimento tomou conta do meu coração, ela estava com raiva e esse sentimento transbordava em mim, mas eu precisava pensar antes de