A padaria, no bairro Lá Recoleta. Velasco se aproximou de Bianca. - Bom dia, Bianca. Que surpresa boa. - Bom dia. Infelizmente, não posso dizer o mesmo. - Posso sentar com você? - Sim. Embora não me agrade tanto a sua presença. - Obrigado. Por quê tanta rejeição a minha pessoa? Temos uma história linda. - Não posso negar que temos uma história, não posso afirmar que seja linda. - Estava com saudades. Da Argentina, de Lá Recoleta, essas casas ricas e palacetes. Enfim, conseguiu trazer sua família ao bairro mais valioso da capital. - Sim. Eles mereciam. - Também acho. Seu pai está bem até, o encontrei no treino do Boca Jrs, auxiliar de roupeiro. Acertei? Precisa pagar uma faculdade ao teu irmão. Já passou da hora. - Pelo jeito está muito bem informado. - Você sabe que, apesar de uma breve estadia na cadeia, tenho contatos, minha linda. Esteve no Brasil, a pouco. Que foi xeretar lá? Ela se ajeitou na cadeira e mordeu um alfajor. Limpou a boca, deixando um rastro de batom ver
Três da tarde em Buenos Aires. Bianca ligou para Velasco. - Estou em frente ao seu hotel. - Ok. Já vou descer até a recepção. Bianca olhou para o porteiro. Estava de peruca ruiva e óculos escuros. Um longo casaco vermelho. Ela riu quando Velasco saiu e ficou a procurando. - Que procuras, senhor? Ele reconheceu a voz dela. - Me enganou. Por quê o disfarce? - Para evitar que sejamos vistos juntos. - Certo. Vamos subir pelas escadas. O elevador está quebrado. - Não acredito nisso. - São só três andares. Minutos depois, ele abriu a porta do quarto. - Comprei um whisky pra nós. - Parece que adivinhou que eu estava a fim de beber. - Ainda me lembro do que você gosta. Ele trancou a porta. Bianca deixou um rastro de perfume, antes de sentar-se na cama. - Você já se hospedou em hotéis melhores. O que aconteceu? Ele abriu a janela. - Está acabando o dinheiro. Estou sossegando. A polícia argentina é rígida, talvez eu mude de ares. - Colômbia, Honduras? - Espanha. Um pri
- Que honra receber um jantar antes da minha viagem a Nova York.- Você merece, Stefany.As duas amigas se abraçaram.- Os méritos são todos de Apollo. Eu só fiz a salada e montei a mesa.- Está tudo lindo, Jheniffer. Parabéns.- Melhor dizer isso após o jantar, juíza Marcela.- Por quê, Jheniffer. Sei que fizeram com muito amor e carinho, os ingredientes principais. Cada um ocupou seu lugar na mesa. Eles deram as mãos para orar.- Apollo fará a oração. Ninguém melhor que ele. Por favor, querido.- Tudo bem. Senhor, abençoe esse alimento, as mãos que o cultivaram e as que o prepararam. Abençoe a cada um aqui, que tenhamos alegria e prazer nesse jantar entre amigos. Abençoe a viagem da Jheniffer e da Daniella. Que dê tudo certo em Nova York. Amém. Vamos comer.Todos responderam amém.- Amor, como é aquela frase engraçada, uma que fez antes da refeição?- Qual, Jheniffer? Ah, me lembrei. Senhor, dê pão a quem tem fome e muita fome a nós, que graças a Ti, temos pão.João Carlos e Simone
Daniella, antes da viagem, deu ordens a sua governanta.- Alguma dúvida, minha querida?- Tudo certo, senhorita Daniella. Vou cuidar bem de seus pais.- Muito obrigada. Não deixe que minha mãe mude o cardápio. Me ligue se eles derem trabalho.- Pode deixar. Como vai ao aeroporto?- Com o meu novo empresário, Franco. Ele virá me pegar, daqui a quinze minutos. - Certo. Pedirei ao Tomás para ajudá-la com as malas.Jheniffer ligou para Apollo.- Bom dia, querido. Estou chegando ao seu prédio.- Bom dia, Jheniffer. Já estou descendo.Apollo chegou a portaria do prédio. Ele atravessou a calçada e foi até o carro de Jheniffer.- Olá. Linda como sempre.- Oi. São seus olhos, Apollo. Vamos?Ele deu a volta no veículo e entrou pelo outro lado. Apollo e Jheniffer se beijaram.- Próxima parada, casa da Stefany e aeroporto.- Vamos lá. Você falou com a Daniella?- Não falei. Conversei com a Stefany, que me disse que o novo empresário de Daniella a levará ao aeroporto.- Então, tudo resolvido. Não
- Esse hotel parece bem confortável.- Se tiver uma cama e servir refeições, está ótimo.Apollo riu. Jheniffer colocou os óculos. Os dois em frente ao notebook.- Você viaja muito mais que eu. Está acostumado a escolher os bons hotéis. Confio em você.- Sei mas é gostoso analisar juntos. Sempre viajei só, como casal é diferente.- Somos um casal?- Sim. Desse modo nos apresentaremos. - Você ainda usa o sobrenome de sua ex esposa.- É uma coisa que quero mudar. Creio que não há mais razão para continuar a carregar esse sobrenome.- E qual usaria?- Bonifácio, o sobrenome de meu pai. Senhor Apollo Bonifácio e senhorita Jheniffer Stuart.- Apollo Bonifácio?- Isso. A partir de hoje, assinarei Apollo Bonifácio. Adotei o Hermann por causa da fundação, Manoela achou que ajudaria nas doações e tal. Nos documentos sou Apollo Bonifácio, sem o Hermann.- Menos mal. E nos documentos da fundação?- Assino como Apollo Bonifácio. Olha, esse hotel três estrelas está com uma promoção interessante. T
Apollo olhou para Jheniffer, de olho no notebook. - Ótima notícia, Jheniffer. Caíque vai assumir a coordenação das casas da fundação Hermann, na Europa e África. O emprego dele em Portugal não deu certo. O amigo, que o empregaria, o deixou a ver navios. Ofereci o cargo na fundação e ele aceitou, prontamente. - Que ótimo. Gosto muito dele, apesar do nosso pouco tempo de convívio. - Eu também. Caíque surgiu como você, de voluntário no início e foi crescendo, se envolvendo e trabalhando muito bem. Seu carinho e zelo para com os refugiados é algo raro. - Isso é muito bom. Conhecimento, ter aptidão para um cargo não é tudo. Existe a parte humana, o jeito de lidar com as pessoas. É o que diferencia um chefe de um líder. Ser chefe é uma coisa, ser líder é completamente diferente. - Concordo em número e grau. - Quantas casas terá que liderar? - Temos duas casas na Europa, em Portugal e Espanha. Quatro na África, sendo três em Angola. As outras duas ficam em Moçambique. - Quatro países
Jheniffer abraçou Apollo. Um abraço forte e aconchegante. Ele passou a mão nos cabelos dela.- Tanta coisa, querida. Será que tudo isso é real? Eu queria crer que estou fantasiando.- Pode ser uma grande coincidência, Apollo. Os tiros na sua casa, o sequestro do Humberto não foram fantasia.Ele pegou o celular. Abriu a galeria de fotos.- Há outra coisa que não foi fantasia. Ninguém viu essa foto, Jheniffer.Ela olhou para a foto.- Não identificou? Vou dar um zoom na imagem.Jheniffer arregalou os olhos e abriu a boca.- É a Bianca! Quem é o rapaz?- Adivinha. O nome começa com jota e o segundo nome é César. - Estou sem palavras. Como conseguiu a foto dos dois?- Era um dia de chuva. Meu compromisso tinha sido cancelado, um almoço de negócios. O Júlio tinha levado a Estela a outro lugar. Por coincidência , ela estava comigo antes. Fui ao restaurante Lá Boca, a fim de agradecer pelo excelentíssimo serviço na live, aquele churrasco maravilhoso.- Disso me lembro bem. Uma carne dos deu
Jheniffer se despediu de Marcela.- Se o Théo não se comportar, me liga. Eu o mandarei para o asilo dos gatos chatos e endiabrados, juíza.O gato miou, como se despedisse dela.- O Théo será um bom menino, nesses quatro dias, Jheniffer. Boa viagem, pra você e o Apollo.- Muito obrigada, juíza. - Floripa é linda. Um dos lugares mais visitados do Brasil. Ainda quero conhecer esse paraíso.- Convença o Nascimento e façam uma segunda lua de mel.- É uma ótima idéia.Jheniffer entrou no carro, após fazer um cafuné no gatinho.- Agora, vou pegar o Apollo. No bom sentido. No mau também. Não creio. Passei um natal mara, voando de jatinho pra Ribeirão. Agora o réveillon na companhia do Apollo. Ele não é humano, é um semideus. Lindo, maravilhoso, um tesão e é só meu.Falando sozinha, ela ergueu o volume da música.- Será que é bom comprar mais dois biquínis? Quatro dias na praia. Preciso de uma saída de banho nova. Uma toalha grande. Tênis para trilhas eu tenho. Protetor solar, o meu está n