Marcela desceu para o café da manhã, no restaurante do hotel, onde reencontrou Endrigo.- Bom dia, juíza. Dormiu bem?Ele se levantou e a beijou na face. Em seguida, afastou a cadeira para que ela sentasse.- Muito bem, graças a você, meu caro. Tenha um ótimo dia.Ele sorriu.- Então, merecemos esse café lindo, com tantas delícias. Eu já provei as empanadas e estão divinas.- Sim, merecemos. Formamos uma bela equipe. Você me salvou, resgatando a caneta. Como fez isso tão rápido?- Devido a experiência de décadas viajando de hotel em hotel. Assistir a séries policiais também ajuda.- Eu amo séries policiais. Algumas aumentam e exageram nos enredos mas tudo bem.- Descrevem os juízes como super heróis?- Nem todas. Somos humanos e sujeitos a falhas. - Fato. Joguei meu charme para uma camareira mas não funcionou. Apelei para os dólares e bingo. Ganhou duzentos dólares só pra abrir o quarto e pegar a caneta. Não levou um minuto. O que há na caneta?- Uma micro câmera e gravador. A Jhenif
Apollo enviou mensagens a Marcela e Estela. Elas deveriam se dirigir ao hotel Galaxy, ao chegarem em Caracas, na Venezuela. Jheniffer se preparou para deixarem o avião.- Chegamos a Caracas, Apollo.- Sim. Uma parte da galera está reunida. Humberto e Nascimento decidiram adiantar as coisas em Bogotá.- Eles estão com vontade de trabalhar. - Verdade. Ou Nascimento não vê a hora de terminar a etapa e voltar pra casa, junta a juíza.- Também.Eles deixaram o aeroporto, tomando um táxi para o hotel. Apollo olhava os prédios da cidade, um pouco aéreo.- Ficou calado, de repente.- É a segunda vez que volto aqui, Jheniffer. Impossível não lembrar que aqui faleceu a Manoela. Foi um dia muito triste.Ela o beijou e o abraçou.- Meus sentimentos, querido. Faz parte de sua história e respeito seus sentimentos. Pode chorar, se quiser. Não posso ficar com raiva, mágoa ou ciúmes pois ela já não está aqui. Se estivesse, vocês estariam juntos pois se amavam demais. Ela faz parte de sua história, do
Jheniffer e Apollo entraram no quarto de hotel, em Caracas. Ele colocou asalas no quarto. Ela se jogou no sofá.- Enfim, um quarto espaçoso e uma tevê grande.- Sim. Espero que sejamos breves aqui. Já estou com saudades da nossa mansão.- Eu não? Só você, bobinho. Falou com a Celeste?- Hoje, ainda não. Bom ter lembrado, vou mandar mensagem aí Fernando.- Achei que já tinham se acertado.- Com toda essa preocupação com o projeto, esqueci legal. Wellington será o nosso motorista. Alaor não quer ficar, já o Hélio vai ficar como o jardineiro.Fernando visualizou a mensagem.- Olá, Apollo. Aceito sim, com todo prazer. Estou a procura de um trabalho fixo. Muito obrigado, amigo.- Certo. Vou-lhe passar o endereço da mansão. Se quiser, passe lá e peça pra falar com a Celeste. Ela é a nossa governanta.- Sério? A mãe da Stefany?- Ela mesmo. A antiga governanta ainda está na casa e lhe explicará a função, o que tem de fazer e o salário. Se aceitar, fale a elas.- Legal. Celeste é uma grande p
São Paulo, inverno brasileiro.- Hora de voltar a realidade, bebê.Jheniffer saiu da cama, dando as costas para Bruno, o rapaz de ombros largos e abdômen trincado, esparramado na cama. Ele admirou o corpo dela. Uma perfeição. Uma grande tatuagem se destacava nas costas da moça. - Linda essa tattoo. O que significa?Ela se virou.- É um nó celta, um amuleto. Significa trindade, unidade e eternidade.- Que profundo.Ele abraçou o travesseiro.- Quero fazer um mantra no braço direito, Bruninho.Jheniffer esvaziou a taça de champanhe. Em seguida, vestiu a lingerie preta.-Seria capaz de ficar a vida inteira aqui, Jheniffer.Ela sorriu.- A vida não é só prazer e glamour.- Seus treinos têm dado resultado. Você está com um corpo incrível.- Sei disso. Você não é o único que repara. Tenho que voltar ao trabalho. Vou passar no fórum pra recolher uns documentos.Ela sentou-se na cama pra calçar as sandálias. Bruno a abraçou.- Foi mara. Teremos um replay?Ela colocou o relógio, a pulseira e
- Sou Alfredo Nascimento, advogado e fiscal do concurso. Que Deus lhe dê em dobro o que fez por mim.Jheniffer estendeu a mão.- Amém. Prazer, sou Jheniffer Stuart, estudante de Direito e, se passar nessa prova, talvez uma funcionária do INSS.Nascimento riu. Ela bateu no ombro dele com a palma da mão, uma de suas manias.- Pode rir. Sei que meu nome remete a personagens de livros de romance americano ou daquelas séries policiais. Acho que foi de onde meus pais tiraram meu nome.- É um nome forte, diferente. Você se expressa muito bem. Já comprovei que é uma pessoa gentil e bondosa. Trabalha onde?-Era garçonete mas fiz um acordo. Forneci o traseiro, a empresa forneceu o pé. Fui despedida por me atrasar. Estou desempregada. Preciso de um emprego pra ajudar meus pais a pagarem minha facul.Nascimento tirou um cartão do bolso.- Nascimento e Gomes Advocacia. Passe lá, na segunda feira. Temos uma vaga de secretária, se quiser. Poderá também me auxiliar nos processos. Ela tremia ao pegar
- Terminei minha rotina, Stefany. Faria uma aula de pilates, se não tivesse que pousar no hospital, como acompanhante do Nascimento.Como de praxe, o movimento da academia aumentou no fim da tarde. Jheniffer e Stefany foram até a área das bicicletas ergométricas.- Vamos pedalar um pouco. Apreciar o movimento e a música.- Você quer dizer paquerar.- Isso, Stefany. Ver se tem carne nova no açougue. Um boy magia ou um novinho.- Esse é o horário dos bombados. Disfarça, Stefany. Tem três deles nos secando, na prancha abdominal. Melhor olhar para a recepção. O próximo que entrar, é seu. Se for um gato, é meu.Stefany lidava bem com o fato dos rapazes terem mais olhos pra Jheniffer, que realmente era linda e chamava muito a atenção.- Jheniffer, você é terrível. Passa o rodo geral. Tirando os instrutores, que são gays por imposição do Michel, todos pagam pau pra você.- Esqueceu das mulheres. Não é minha praia mas respeito. Por enquanto, não.- Olha. Novidade isso. Ficaria com outra mul
Tempo depois, após um banho e um lanche rápido, Jheniffer chegou ao hospital Redenção. Preferiu ir num carro de aplicativo, pra não ter que deixar o seu veículo na rua. Estava de tênis, calça jeans e camiseta. Tinha uma sacola com cobertor e toalha de rosto. Levou um livro, maçãs, uma caixa de bombons e duas tupperwares. Numa delas, torradas com geléia de mirtilo. Noutra, frango grelhado com batata doce e quinoa.- Marcela. Cheguei.Ela abraçou a esposa de Nascimento, na recepção do hospital.- Que bom que veio, Jheniffer. Fred, meu sobrinho, ficou com ele um pouco. Nascimento ainda está dormindo. Já está no quarto, o que é ótimo. Eu entrei pra vê-lo, rapidinho.- Está bem. Que boa notícia. Ele vai se recuperar. Vim de máscara contra o Covid19, ainda que as medidas de proteção tenham diminuído, estamos num hospital. Trouxe até meu álcool gel. Eu assumo o turno da noite. Precisarei de carona, amanhã cedo.- Sem problemas. Eu virei, às seis da manhã, na troca de turno. Eu a levarei, c
Jheniffer devolvia os halteres aos seus lugares quando Apollo se aproximou.- Boa tarde. Vou ajudá-la.Ela sorriu.- Enfim um cavaleiro. Muito obrigada. Sou Jheniffer.- Prazer. Sou Apollo Hermann. O instrutor Maurício me mandou para o Full Body.Jheniffer o mediu da cabeça aos pés. - Full Body é para iniciantes. Você tem um corpo perfeito. Com todo respeito.- Acha mesmo? Deve ser porquê sou novato aqui, que me colocaram na iniciação. Estava afastado dos treinos.Ela mordiscou o lábio inferior. Apollo tinha dois olhos verdes, incrustados como jóias naquele rosto másculo. A barba por fazer. Ele guardou o último peso, erguendo os braços e evidenciando as veias saltadas deles. O olhar dela passeou, das coxas grossas e torneadas ao peitoral, sua parte preferida na anatomia masculina. - Terei que dobrar minha carga de exercícios para que meu coração suporte sua beleza.- Essa cantada de academia é velha, Apollo. Vou encarar como elogio.- Me desculpa. Sua beleza é desconcertante. Ele e