A noite caiu em Salvador. Jheniffer abraçou Apollo por trás, na sacada do quarto, no décimo andar do hotel.- Ah, a Bahia. Terra da magia e da sedução.Ele se virou e a admirou.- É verdade. Você está diferente, mais bela e sensual, desde que pisamos aqui.- É o clima, o calor. Estou com vontade de sair, comprar um vestido florido e curto, comer um acarajé com bastante pimenta, dançar.- Só se for agora. Temos que aproveitar a noite.Ela pegou a bolsa. Apollo colocou o celular no bolso. Na recepção, pediram ajuda ao porteiro, que foi gentil e solícito, chamando um táxi para eles. Em meia hora, eles chegaram ao Pelourinho.- Salvador têm igrejas lindas, algumas totalmente decoradas com ouro.- Não vai dar tempo de visitar todas, querido.- Com certeza. As escadarias são grandes, haja pernas pra subir até lá em cima.Um grupo de percussionistas passou por eles. Jheniffer tirou fotos. O casal entrou em várias lojas.- Gostei do berimbau. Pena que não cabe na mala.- É lindo. Ficaria lind
Stefany ficou imóvel, perante o grande retrato de Minaj no painel de fotos da parede. Realmente, Humberto tinha razão. Tirando os olhos de traços orientais e o cabelo liso e com franja, Minaj era uma cópia perfeita dela.- Lembra um pouco, realmente.Disse, contrariando o que era evidente. Agora estava explicado o motivo da fascinação de Kim por ela. Stefany lembrava a sua ex esposa. Humberto estava mais preocupado com a ampla mesa de delícias. O pessoal do buffet a postos.- Não é muita comida, apenas para nós três?- Pode ser, Humberto. A política do hotel é a do não desperdício. Colocamos os alimentos em vasilhas específicas, a fim de alimentar os moradores de rua. Tudo na mais absoluta higiene.- Louvável, senhor Kim.- É o que podemos fazer por eles. Além disso, temos dez quartos reservados a viajantes, pessoas que não tem aonde ficar. São acomodações simples mas gratuitas. Logicamente, não podem ficar por muito tempo, no máximo uma semana.- Se todos fizessem isso, seria ótimo.
Johansson apertou a mão de Apollo. Jheniffer estava com a prancheta do projeto, no canteiro de obras de Salvador.- Em uma semana, tudo estará pronto pra receber a parte hidráulica e elétrica.- O que o pré moldado não faz? Ganhamos um tempo precioso, Johansson.- Sem dúvida, Apollo. Essa cara de isopor entre as paredes será um diferencial. Refresca no verão, aquece no inverno.- Excelente. Quero ar condicionado nas casas da fundação. Tonta especial também.- Pode deixar comigo.- Muito obrigado, amigo.Jheniffer e Apollo voaram até São Luís. A capital maranhense receberia duas casas da fundação Hermann.- Uma esticada até os Lençóis?- Os maranhenses ou os da nossa cama só hotel?- Os maranhenses. Seria um sonho conhecer aquele paraíso.- Também queria, Jheniffer. Porém, estamos com o projeto atrasado. Sinto mas ficará pra outra ocasião. Tudo bem?- Tudo. O que faremos?- Vamos direto ao canteiro, após o almoço no hotel.- Você é quem manda.Dias horas após chegará a São Luís, eles c
Hermes ligou para Apollo.- Amigo. Kaleo está disposto a reassumir as obras e colaborar conosco, nessa nova fase do projeto. Está bem animado.- Excelente, Hermes. Pode pedir pra que ele traga as máquinas e os homens. Jheniffer, a vice presidente no Brasil, irá redigir um novo contrato.- Que bom. Logo chegarei aí.- Quanto mais gente boa de trabalho melhor. Vou lhe pagar um almoço.- Oba. Quero reescrever a minha história com a sua fundação. Corrigir o que fiz. - Isso é importante, amigo. Não podemos passar uma borracha no passado mas podemos melhorar e escrever um novo final.- Essa frase é do Chico Xavier.- Não sei mas ele disse algo parecido.Pouco depois, Jheniffer e Apollo chegaram ao canteiro de obras. Eles reuniram os trabalhadores. - Johansson chegará em breve. Sua equipe vai adiantar bem as obras, a toque de caixa. Hermes e Kaleo também se juntarão a vocês, a fim de acelerar e deixar tudo pronto para as etapas finais. Os três turnos serão essenciais. Terão acréscimo nos s
- Apollo? É a Bianca.- Bom dia, presidente. Já ia te ligar.- Fui pega de surpresa pois Lélia Gusman me ligou, logo cedo, revoltada pelo seu afastamento.- Certo. Tive que fazer isso, devido a situação na África. A juíza Marcela e o Nascimento não gostaram do que viram. Um caos.- É o que justifiquei a ela. Que você tinha total autoridade pra fazer e desfazer, sem importar com o cargo pelo bem do projeto.- Exato. Ela que procure seus direitos, se é que tem algum. Ora bolas, a pessoa é um zero a esquerda e ainda quer ter razão. A incompetência era o verbo, o verbo se encarnou e chamou-se Lélia.- Se acalme. Já falei com ela.- Estou tranquilo. Decepcionada está você, que a indicou para um cargo tão importante.- Exato, Apollo.- Quero também deixá-la a par de outras mudanças. Champagnat estava acumulando a Europa e a África. Quem quer fazer várias coisas ao mesmo tempo, acaba por não fazer nenhuma delas direito. Por isso, após conversas com a juíza Marcela e o Nascimento, que estã
Bastian entrou no quarto. Consuelo, ou Diva como ela se autodenominava, estava de pé com o andador próximo a janela aberta.- Olá, meu amigo. O sol da manhã é tão bom. A doutora Angelita me permitiu tomar sol, agora que está fraquinho.- De fato, senhorita Diva. A vitamina D é encontrada apenas no sol. Eu fico muito feliz em ver os seus avanços.- Trouxe o espelho?- Sim. Espero que não se assuste.- Sou linda de qualquer forma, Leopoldo. Crua já era um petisco, queimadinha então.- Ah, não perdeste o bom humor.- Sou uma estrela. O Fred me ligou?- Fred?- O Astaire. Aquele rapazote tinha uma queda por mim. Queria porquê queria me levar pra Hollywood. Vivia dançando e sapateando pra lá e pra cá. Esteve em Buenos Aires por duas vezes, na casa de papai.- Oh, sim. Me lembro dele.Bastian segurou o riso pois Fred Astaire havia falecido há décadas. Diva sentou-se na cama. Bastian posicionou o espelho. A mulher fechou os olhos. Foi abrindo aos poucos e se olhando.- Melhor não passar a mã
O celular de Jheniffer tocou.- É a minha prima Jéssica, Apollo.- Aquela que mora em Campo Grande?- Ela mesmo.Apollo riu ao ver a noiva sussurrando, antes de atender a ligação.- Alô, Jéssica. Há quanto tempo.- Prima. Quando vai cumprir a sua promessa e visitar os pobres de Mato Grosso? A parte ralé da família trapo.- Não fale assim. Vocês têm tanta importância como qualquer um da família. Gosto muito de você.- Vou fingir que acredito. Se gostasse mesmo, viria pra cá, passar uns dias com a gente. O Evandro comprou uma chácara, tem piscina e coqueiros onde as araras pousam e fazem barulho. Você vai amar.- Que bom. Fico feliz com o sucesso de vocês dois.- Você já não vinha antes, quando estava solteira. Agora que está noiva é que não vem mesmo. - Engano seu, cara pálida. Eu e Apollo estamos em Rio Branco, no Acre. Ele é o CEO da fundação Hermann. Não sei se viu nas minhas redes mas sou a nova vice presidente no Brasil.- Sério? Você é a vice do Lula?- Está me tirando? Sou a vi
Jheniffer e Apollo encerraram a reunião com Hermes, Kaleo e Johansson, no barracão de madeira do canteiro de obras.- Em duas semanas não teremos mais esse barro mas sim, grama verdinha e as casas praticamente prontas.- Está me deixando ansioso, Hermes.Apollo apertou a mão do empreiteiro.- Tem a minha palavra. Com a ajuda de Johansson e seus homens, vamos terminar rápido.- Não há tanta pressa, contanto que seja bem feito e com carinho que os refugiados merecem. Quero que me enviem as conquistas e as etapas alcançadas.- Pode deixar. Apollo se despediu de Johansson.- E a equipe do Rio?- Adiantadas, meu amigo. Creio que serão as primeiras a serem entregues. Scott e vinte homens estão lá, curtindo a cidade maravilhosa.- Excelente, Johansson. Vamos comemorar depois.- Com certeza. Você já está me devendo uns dez almoços.- Só isso? Estou lhe devendo almoço pelo resto da minha vida. Só Deus pra lhe pagar por tanta generosidade e desprendimento.Apollo o abraçou.- Você já pagou, lá