- Estava na cara que Consuelo faria isso.Bianca colocou a maleta sobre a mesa.- Essa cláusula garante a boa vida, dela e de Apollo, por toda a vida. - Não tem como você tirar do estatuto?- Não tem jeito, Olivares. Temos que aceitar. Ela já intuiu que não darei nenhum cargo de alto escalão ao queridinho dela.- Não vai dar?- Não mesmo. Apollo não será nem coordenador de casas, da fundação Hermann. Na semana que vem, irei assumir a presidência e dar início ao projeto. O dinheiro deve cair também. Esteja atento.- Certamente, querida. Quero ver a cara do Apollo, quando não receber nenhum cargo.- Não seja tão cruel, Olivares.Bianca deixou a fundação e foi para o hotel, onde Velasco estava hospedado.- Minha presidente favorita.Eles se beijaram. Bianca jogou as sandálias pra longe e se jogou na cama.- Estou morta.Velasco sentou-se aos pés dela e começou a massagear suas pernas.- Aí, que delícia. Tenho que ligar para a Renata, no Brasil. Humberto também.- Aqueles dois que nos a
Guilherme olhou sério para Humberto. O instrutor de academia empurrou o coordenador da fundação Hermann.- O que pensa que está fazendo?Humberto ficou constrangido, pálido.- Me perdoe. Você tem uma boca bem desenhada e carnuda. Quer dizer, é linda. - Que ousadia. Eu não gostei.- Mais uma vez, me perdoe.- Eu amei.Humberto mudou de expressão. O nervosismo deu lugar ao riso. Guilherme dava gargalhadas.- Quero um beijo demorado. Dizem que o segundo é melhor que o primeiro.Guilherme o abraçou e o encarou. A mão dele na nuca de Humberto. Os narizes se tocando. Um selinho, um beijinho e o beijasso aconteceu. Alheios ao movimento da pista, eles se deixaram levar pela atração. As línguas duelando, corpos colados e mãos dadas.- Guilherme, preciso de ar.- Sério? Vamos pra mesa.Lucas e Renata tinham ido ao mezanino. Guilherme pediu duas caipirinhas ao garçom.- Eles pediram duas cervejas e saíram. As garrafas estão cheias.- Vou tomar uma gelada. O beijo deu calor.- Está muito fraco,
O celular de Guilherme tocou.- Allan? Bom dia.- Bom dia, flor do dia. Não veio abrir a academia?- Puxa. Estou com uma enxaqueca enorme. Aliás, gigantesca. Parece que passou uma carreta cheia de tijolos sobre a minha santa cabecinha. Abre pra mim, eu te rendo três horas mais cedo.- Está bem, Gui. Vou quebrar seu galho.- Quem quebra galho é macaco obeso, amor. Fico lhe devendo essa. Passe meus alunos para o Rodney.- Farei isso, Gui. Se cuida.- Obrigado, querido.Guilherme mexeu com o braço de Humberto.- Acorda, princeso. Tenho que ir trabalhar.Humberto despertou.- Bom dia. Que cama deliciosa.- Acorda pra cuspir. A vida não é só glamour. Tenho que abrir a academia.- E eu tenho que ir a fundação Hermann. Renata também.- Verdade? Vai acordar aquele casal depravado enquanto eu preparo o café da manhã.- Certo. Vou tomar uma ducha pra acordar.Em Buenos Aires, Consuelo chegou a sede da fundação Hermann. Dezenas de repórteres a aguardavam no anfiteatro. A mesa da diretoria arrumad
Renata e Humberto se abraçaram. A sala deles foi invadida por refugiados, funcionários e voluntários da fundação Hermann.- Parabéns a nossa presidente.Renata abraçou Ramiro, o cozinheiro.- Pessoal, obrigada pelo carinho. A partir de hoje, teremos uma nova fase na fundação.Renata foi aplaudida.- Quem vai colocar de coordenador na casa, Humberto? Já pensou nisso?- Me ajuda, deusa do Egito?- Eu? Se vira pra descascar esse abacaxi, Humberto. Bianca não quer Apollo, de jeito nenhum. Nem pense no Guilherme. Não misture paixão e trabalho. - Juro que pensei nele.- Escolha outra pessoa.- Lucas?- Está aí, é um bom nome. É de confiança e meu gato. Fará tudo que mandarmos.- Então tá. Lucas será o coordenador. Vou estar ao lado dele, auxiliando-o.Renata e Humberto conversaram com Bianca, por vídeo chamada.- Minha assessoria vai enviar os documentos por email, para a posse de seus cargos. Assinem e façam cópias, por favor. Já podem se considerar empossados, ok. Parabéns aos dois.- M
Wellington chegou a fundação.- Boa tarde. Pra casa, senhor Apollo?- Boa tarde, Wellington. Sim, vou pra casa agora.Durante o trajeto, Apollo estava mais calado que o normal.- Alguma coisa errada, Apollo?Ele saiu de seu devaneio. Apollo estava atento a paisagem da cidade.- Tudo bem, Wellington. Renata é a nova líder da fundação Hermann, no Brasil. Humberto é o coordenador geral agora. Eles foram alçados aos cargos maiores pela Bianca, a nova presidente.- E o senhor ficou de fora?- Sim. Basicamente é isso. Fizemos um acordo. Eu entrei com o bumbum e eles com o pé.- O senhor não perde o bom humor. Isso é bom. Quando se está no fundo do poço, só podemos olhar pra cima.- Verdade. Olhar pra cima é reconhecer nossa pequenez. Somos vaso nas mãos do oleiro, que é Deus. Ele ainda está nos modelando. Estamos sempre aprendendo.- Fato. Vai continuar na fundação?- Talvez, como voluntário. Consuelo me garantiu um bom salário e uma fonte de renda pra sempre. Não preciso me preocupar com a
Jheniffer pegou o celular.- Eu já aceitei seu pedido de casamento mas você ainda não pediu a minha mão ao meu pai.- É verdade. A tradição manda que o noivo deve pedir a mão da moça aos seus pais.- Vou ligar pra eles. Você fará o pedido por vídeo chamada.- Estou nervoso. E se eles não derem sua mão?- Aí ferrou tudo, Apollo. Não terá casamento.- Não?! Mesmo estando morando juntos?- Sim. É a palavra deles que importa.- Vou até tomar mais vinho.- Eu também quero, amor.Apollo a serviu. Jheniffer tomou um pouco de vinho, enquanto aguardava o pai atender a ligação.- Seu Roberto. Atende, pai. É urgente.Jheniffer foi para o sofá.- Alô. Pai? A sua bênção.- Boa noite, filha. Deus a abençoe. Te amo.- Também te amo. A mamãe?- Está lavando a louça da janta. O tio Tonho estava aqui, trouxe uma sacolada de mangas e abacates da chácara.- Que delícia.Apollo sentou-se ao lado dela.- Apollo. Boa noite.- Boa noite, seu Roberto. Abraço.- Abraço. Saudades de vocês.Jheniffer riu.- Pai.
Renata recebeu a ligação de Lucas.- Olá, Renata. Estou aqui na recepção do seu prédio.- Bom dia, querido. Vou liberar sua entrada. Décimo terceiro andar, 403.Ela ligou para a portaria. Lucas entrou no elevador. Em minutos, estava no andar correto. Renata abriu a porta do apartamento.- Uau. Bom dia.- Ótimo dia. Entre, querido.Eles se beijaram. Lucas entrou no apartamento, com lonas no chão e móveis nas caixas.- Não repare na bagunça. Nos mudamos anteontem e os móveis estão encaixotados. Tenho que instalar o chuveiro ainda.- Mudança é assim mesmo. Com o tempo, tudo se ajeita. Posso colocar seu chuveiro, se quiser.- Ai, eu adoraria. Você poderia instalar os móveis, o sofá e a tevê?- Posso sim. Até uma faxina, se quiser.- Que amor. Vou deixar as chaves do apê com você.- Tudo bem. Será um prazer ajudá-la. Onde está o Humberto?- Aonde? Imagina. Se trocando igual uma noiva para o casamento. Eu mereço.- Eu escutei, Renatinha.Gritou o rapaz, do seu quarto.- Lucas chegou, pra
- Parece feliz, Apollo?- Ah, sim. Acabei de vender a casa de Buenos Aires, por um bom preço. Quatro milhões e oitocentos mil reais.- Que bênção. É um valor alto.- Sim e não. A casa ocupa três terrenos, tem várias obras de arte e móveis bem feitos, tudo planejado. Uma piscina num quintal enorme. O rapaz que a comprou é um ótimo amigo, quase um irmão. Certamente, vai revender o imóvel para uma construtora de prédios comerciais, pelo dobro que comprou.- Entendi. Por isso me pediu para perguntar a Jheniffer quantas parcelas faltam do financiamento desse apartamento?- Sim. Ela nunca falou disso comigo. Viu como ela quase fugiu do assunto.- Puxa. Vai aliviar muito o fardo dela, se quitar o apartamento.- É o que eu pretendo. O dinheiro já está na minha conta.- Queria ver a carinha dela. Espero que aceite essa ajuda.- Eu também. Fique para o almoço.- Não posso. Tenho que pagar uns boletos e me encontrar com meu filho, na faculdade.- Está bem. Tenha uma ótima tarde.Celeste se foi.