Wellington chegou a fundação.- Boa tarde. Pra casa, senhor Apollo?- Boa tarde, Wellington. Sim, vou pra casa agora.Durante o trajeto, Apollo estava mais calado que o normal.- Alguma coisa errada, Apollo?Ele saiu de seu devaneio. Apollo estava atento a paisagem da cidade.- Tudo bem, Wellington. Renata é a nova líder da fundação Hermann, no Brasil. Humberto é o coordenador geral agora. Eles foram alçados aos cargos maiores pela Bianca, a nova presidente.- E o senhor ficou de fora?- Sim. Basicamente é isso. Fizemos um acordo. Eu entrei com o bumbum e eles com o pé.- O senhor não perde o bom humor. Isso é bom. Quando se está no fundo do poço, só podemos olhar pra cima.- Verdade. Olhar pra cima é reconhecer nossa pequenez. Somos vaso nas mãos do oleiro, que é Deus. Ele ainda está nos modelando. Estamos sempre aprendendo.- Fato. Vai continuar na fundação?- Talvez, como voluntário. Consuelo me garantiu um bom salário e uma fonte de renda pra sempre. Não preciso me preocupar com a
Jheniffer pegou o celular.- Eu já aceitei seu pedido de casamento mas você ainda não pediu a minha mão ao meu pai.- É verdade. A tradição manda que o noivo deve pedir a mão da moça aos seus pais.- Vou ligar pra eles. Você fará o pedido por vídeo chamada.- Estou nervoso. E se eles não derem sua mão?- Aí ferrou tudo, Apollo. Não terá casamento.- Não?! Mesmo estando morando juntos?- Sim. É a palavra deles que importa.- Vou até tomar mais vinho.- Eu também quero, amor.Apollo a serviu. Jheniffer tomou um pouco de vinho, enquanto aguardava o pai atender a ligação.- Seu Roberto. Atende, pai. É urgente.Jheniffer foi para o sofá.- Alô. Pai? A sua bênção.- Boa noite, filha. Deus a abençoe. Te amo.- Também te amo. A mamãe?- Está lavando a louça da janta. O tio Tonho estava aqui, trouxe uma sacolada de mangas e abacates da chácara.- Que delícia.Apollo sentou-se ao lado dela.- Apollo. Boa noite.- Boa noite, seu Roberto. Abraço.- Abraço. Saudades de vocês.Jheniffer riu.- Pai.
Renata recebeu a ligação de Lucas.- Olá, Renata. Estou aqui na recepção do seu prédio.- Bom dia, querido. Vou liberar sua entrada. Décimo terceiro andar, 403.Ela ligou para a portaria. Lucas entrou no elevador. Em minutos, estava no andar correto. Renata abriu a porta do apartamento.- Uau. Bom dia.- Ótimo dia. Entre, querido.Eles se beijaram. Lucas entrou no apartamento, com lonas no chão e móveis nas caixas.- Não repare na bagunça. Nos mudamos anteontem e os móveis estão encaixotados. Tenho que instalar o chuveiro ainda.- Mudança é assim mesmo. Com o tempo, tudo se ajeita. Posso colocar seu chuveiro, se quiser.- Ai, eu adoraria. Você poderia instalar os móveis, o sofá e a tevê?- Posso sim. Até uma faxina, se quiser.- Que amor. Vou deixar as chaves do apê com você.- Tudo bem. Será um prazer ajudá-la. Onde está o Humberto?- Aonde? Imagina. Se trocando igual uma noiva para o casamento. Eu mereço.- Eu escutei, Renatinha.Gritou o rapaz, do seu quarto.- Lucas chegou, pra
- Parece feliz, Apollo?- Ah, sim. Acabei de vender a casa de Buenos Aires, por um bom preço. Quatro milhões e oitocentos mil reais.- Que bênção. É um valor alto.- Sim e não. A casa ocupa três terrenos, tem várias obras de arte e móveis bem feitos, tudo planejado. Uma piscina num quintal enorme. O rapaz que a comprou é um ótimo amigo, quase um irmão. Certamente, vai revender o imóvel para uma construtora de prédios comerciais, pelo dobro que comprou.- Entendi. Por isso me pediu para perguntar a Jheniffer quantas parcelas faltam do financiamento desse apartamento?- Sim. Ela nunca falou disso comigo. Viu como ela quase fugiu do assunto.- Puxa. Vai aliviar muito o fardo dela, se quitar o apartamento.- É o que eu pretendo. O dinheiro já está na minha conta.- Queria ver a carinha dela. Espero que aceite essa ajuda.- Eu também. Fique para o almoço.- Não posso. Tenho que pagar uns boletos e me encontrar com meu filho, na faculdade.- Está bem. Tenha uma ótima tarde.Celeste se foi.
Renata e Humberto saíram da área interna do aeroporto de Buenos Aires.- Chegamos, Humberto. Estamos na capital da Argentina.- Chegamos ao topo, ao alto escalão, amiga.Um motorista erguia um cartaz, com os nomes deles e o símbolo da fundação Hermann.- Olha, mandaram um carro pra nos pegar.- Ai, que chique. Aquele motorista poderia me pegar também, depois.- Sossega, Humberto. Não vai investir no Guilherme?- Vou sim. Estava brincando, Renatinha.Eles foram até o carro e cumprimentaram o motorista.- Senhorita Renata, senhor Humberto?- Isso. Bom dia.- Bom dia. A senhorita Bianca me enviou. O almoço festivo será na sede da fundação Hermann. Entrem, por favor.- Muito obrigada.Renata e Humberto entraram no carro. O motorista colocou as malas no compartilhamento traseiro.- Renata, estou me sentindo o máximo.- Eu também, Humberto. É uma sensação incrível.Humberto ficou encantado com os prédios e a beleza do centro da cidade. Eles chegaram a fundação. Bianca os recebeu.- Olá. Só
- O que pensa em fazer?- Sinceramente, não sei. Alguma sugestão, você que a conhece bem? Bem melhor que eu.- Não sei. Stefany está diferente. Ela gostava de lasanha, massas. Agridoce! Ela ama comida agridoce, Apollo.- Oh. Já é uma superdica, amor. - Strogonoff?- Hum. Talvez não. Strogonoff já tem entrado no cardápio do brasileiro, já está batido. Strogonoff de frango, de carne. Outra receita, sei lá.- Moqueca? - É uma boa mas teríamos que comprar uma panela de barro, que dá o sabor a essa receita. Não temos peixe em casa, Jheniffer.Apollo falava ao celular, andando pelo mercadão de São Paulo.- Estou aqui me lembrando de seus pais, aqui no mercadão. Foi muito legal.- Ah, eles também amaram, sabia? Estou saindo fórum agora. Deu tudo certo na audiência. A juíza Marcela está lhe mandando um abraço.- Outro. Adoro ela e o Nascimento. Gente boa demais da conta.- Agora você falou como um autêntico mineiro, uai.- Falando nisso, temos que resolver logo esse trem. São quase duas da
- Foi bom enquanto durou.- É, hora de voltar pra casa, Humberto. Adeus, Argentina.- Adeus, hotel e mordomia.- Que perfume da nossa presidente. Se foi há meia hora e o perfume ficou.- Perfume bom, Humberto. Coisa cara.- Estranho, não achou? Ela e o Velasco vieram, tomaram champanhe, falaram amenidades, agradeceram e tchau.- Vieram fazer um social. Falar que deram atenção a nós e tal. Nada mais que isso. Eu não reconheci o Velasco.- Nem eu. Chapadão como estava, não ia reconhecer o bofe nem com reza brava. Só conhecia por fotos. Tem cara de gangster.- Ah, isso pode contar que ele é. Um tremendo canalha e fora da lei. Estava certa a Consuelo de não o querer como namorado da Bianca. Ele pede, não manda pois não é mãe. Dá pra ver que o sujeito não presta.- Pra mim, ela come na mão dele.- A presidente acha que é o contrário. Me deu uns arrepios quando ele se aproximou. Esse cara anda acompanhado de espíritos do mal.- Ainda acha que foi ele quem mandou apagar o Júlio?- Certeza qu
- Apollo, o vinho acabou.- Vou pegar outra garrafa, Jheniffer. Vocês podem beber mais, estão de carro?- Não. Tranquilo, Apollo. Viemos de carro de aplicativo por isso, pra beber e aproveitar. Foi idéia da Stefany. Ela disse que teria cerveja e vinho. Seria um pecado não acompanhar vocês.- Isso é verdade, Wellington.Stefany e Jheniffer foram até a cozinha.- Fomos pegar mais frango. Está delicioso. Top, eu diria.Disse Stefany. - Casou muito bem com vinho tinto, amiga. Wellington se serviu novamente.- Eu estava com vergonha de repetir. Amei esse prato. É o meu favorito daqui pra frente.Stefany riu.- Cada nova receita do Apollo logo vira a favorita do Wellington. Nunca vi um sujeito mais puxa saco que esse meu noivo.- E não é pra ser, com todas essas coisas boas que ele faz? Quando me lembro daquela torta holandesa!- Ah, cairia bem mas não deu tempo de fazera a torta. Brownie e sorvete, é o que tem pra hoje, Wellington.- Não falei? O homem tem mão abençoada pra cozinhar. Olh