Eles desembarcaram no aeroporto de Guarulhos. A garoa fina.- Eh, São Paulo. São Paulo da garoa, São Paulo, terra boa.Cantarolou Stefany, na pista.- Tem gente feliz ao pisar o chão brasileiro.- Ah, Daniella. Não há lugar melhor no mundo que a nossa terrinha. O Brasil tem muitos problemas mas também muita coisa boa.- Eu concordo com ela. A gente só dá valor quando saímos do país. É diferente. Não sei o que mas o brasileiro é diferente.Disse Apollo. Eles saíram do aeroporto.- Cadê a dona Celeste, com seu fusquinha turbinado?- Stefany. Não vamos caber todos no fuscão da sua mãe.- Eu sei, Jheniffer. Mandei mensagem mas ela não visualizou. Vamos pegar dois carros de aplicativos, mais em conta que táxis.Apollo apontou os táxis parados.- Embora saibamos disso, Stefany, os taxistas precisam ganhar e sustentar a família. Pode ser mais salgado mas é o preço da rapidez e praticidade. Estão logo alí. - Você tem razão. Vamos de táxi.- Olha, eu prefiro táxi. São mais limpos, os motorista
Jheniffer abriu a porta do apartamento. Apollo entrou atrás, com as malas.- Lar, doce lar. Nada melhor que chegar em casa.- Ah, isso é verdade. Concordo em número e degrau, como diz meu primo Lupércio.- Número e degrau. Essa é boa.- A professora de português dele ficava pistola quando ele falava isso. Ela ficava irritada e o corrijia, então ele falava sempre. É como apelido, se ficar bravo aí é que o apelido cola de vez. Jheniffer viu um vaso de girassóis sobre a mesa.- Oba. Girassóis. Foi você que comprou?- Você merece mas não fui eu.Jheniffer pegou um cartão.- Olá, patrõezinhos queridos. Tomei a liberdade de vir limpar o apê. Vocês deveriam viajar mais pois limpei tranquilamente, escutando minhas músicas preferidas dos anos 60, 70 e 80. Afastei as messas, geladeira, fogão, máquina de lavar, a cama, está tudo limpinho. Tirei todas as roupas dos guardas roupas e closet. Passei lustra móveis, brilhando. Ventiladores, plafons, luminárias, porta de vidro da sacada, janelas e por
- Estava na cara que Consuelo faria isso.Bianca colocou a maleta sobre a mesa.- Essa cláusula garante a boa vida, dela e de Apollo, por toda a vida. - Não tem como você tirar do estatuto?- Não tem jeito, Olivares. Temos que aceitar. Ela já intuiu que não darei nenhum cargo de alto escalão ao queridinho dela.- Não vai dar?- Não mesmo. Apollo não será nem coordenador de casas, da fundação Hermann. Na semana que vem, irei assumir a presidência e dar início ao projeto. O dinheiro deve cair também. Esteja atento.- Certamente, querida. Quero ver a cara do Apollo, quando não receber nenhum cargo.- Não seja tão cruel, Olivares.Bianca deixou a fundação e foi para o hotel, onde Velasco estava hospedado.- Minha presidente favorita.Eles se beijaram. Bianca jogou as sandálias pra longe e se jogou na cama.- Estou morta.Velasco sentou-se aos pés dela e começou a massagear suas pernas.- Aí, que delícia. Tenho que ligar para a Renata, no Brasil. Humberto também.- Aqueles dois que nos a
Guilherme olhou sério para Humberto. O instrutor de academia empurrou o coordenador da fundação Hermann.- O que pensa que está fazendo?Humberto ficou constrangido, pálido.- Me perdoe. Você tem uma boca bem desenhada e carnuda. Quer dizer, é linda. - Que ousadia. Eu não gostei.- Mais uma vez, me perdoe.- Eu amei.Humberto mudou de expressão. O nervosismo deu lugar ao riso. Guilherme dava gargalhadas.- Quero um beijo demorado. Dizem que o segundo é melhor que o primeiro.Guilherme o abraçou e o encarou. A mão dele na nuca de Humberto. Os narizes se tocando. Um selinho, um beijinho e o beijasso aconteceu. Alheios ao movimento da pista, eles se deixaram levar pela atração. As línguas duelando, corpos colados e mãos dadas.- Guilherme, preciso de ar.- Sério? Vamos pra mesa.Lucas e Renata tinham ido ao mezanino. Guilherme pediu duas caipirinhas ao garçom.- Eles pediram duas cervejas e saíram. As garrafas estão cheias.- Vou tomar uma gelada. O beijo deu calor.- Está muito fraco,
O celular de Guilherme tocou.- Allan? Bom dia.- Bom dia, flor do dia. Não veio abrir a academia?- Puxa. Estou com uma enxaqueca enorme. Aliás, gigantesca. Parece que passou uma carreta cheia de tijolos sobre a minha santa cabecinha. Abre pra mim, eu te rendo três horas mais cedo.- Está bem, Gui. Vou quebrar seu galho.- Quem quebra galho é macaco obeso, amor. Fico lhe devendo essa. Passe meus alunos para o Rodney.- Farei isso, Gui. Se cuida.- Obrigado, querido.Guilherme mexeu com o braço de Humberto.- Acorda, princeso. Tenho que ir trabalhar.Humberto despertou.- Bom dia. Que cama deliciosa.- Acorda pra cuspir. A vida não é só glamour. Tenho que abrir a academia.- E eu tenho que ir a fundação Hermann. Renata também.- Verdade? Vai acordar aquele casal depravado enquanto eu preparo o café da manhã.- Certo. Vou tomar uma ducha pra acordar.Em Buenos Aires, Consuelo chegou a sede da fundação Hermann. Dezenas de repórteres a aguardavam no anfiteatro. A mesa da diretoria arrumad
Renata e Humberto se abraçaram. A sala deles foi invadida por refugiados, funcionários e voluntários da fundação Hermann.- Parabéns a nossa presidente.Renata abraçou Ramiro, o cozinheiro.- Pessoal, obrigada pelo carinho. A partir de hoje, teremos uma nova fase na fundação.Renata foi aplaudida.- Quem vai colocar de coordenador na casa, Humberto? Já pensou nisso?- Me ajuda, deusa do Egito?- Eu? Se vira pra descascar esse abacaxi, Humberto. Bianca não quer Apollo, de jeito nenhum. Nem pense no Guilherme. Não misture paixão e trabalho. - Juro que pensei nele.- Escolha outra pessoa.- Lucas?- Está aí, é um bom nome. É de confiança e meu gato. Fará tudo que mandarmos.- Então tá. Lucas será o coordenador. Vou estar ao lado dele, auxiliando-o.Renata e Humberto conversaram com Bianca, por vídeo chamada.- Minha assessoria vai enviar os documentos por email, para a posse de seus cargos. Assinem e façam cópias, por favor. Já podem se considerar empossados, ok. Parabéns aos dois.- M
Wellington chegou a fundação.- Boa tarde. Pra casa, senhor Apollo?- Boa tarde, Wellington. Sim, vou pra casa agora.Durante o trajeto, Apollo estava mais calado que o normal.- Alguma coisa errada, Apollo?Ele saiu de seu devaneio. Apollo estava atento a paisagem da cidade.- Tudo bem, Wellington. Renata é a nova líder da fundação Hermann, no Brasil. Humberto é o coordenador geral agora. Eles foram alçados aos cargos maiores pela Bianca, a nova presidente.- E o senhor ficou de fora?- Sim. Basicamente é isso. Fizemos um acordo. Eu entrei com o bumbum e eles com o pé.- O senhor não perde o bom humor. Isso é bom. Quando se está no fundo do poço, só podemos olhar pra cima.- Verdade. Olhar pra cima é reconhecer nossa pequenez. Somos vaso nas mãos do oleiro, que é Deus. Ele ainda está nos modelando. Estamos sempre aprendendo.- Fato. Vai continuar na fundação?- Talvez, como voluntário. Consuelo me garantiu um bom salário e uma fonte de renda pra sempre. Não preciso me preocupar com a
Jheniffer pegou o celular.- Eu já aceitei seu pedido de casamento mas você ainda não pediu a minha mão ao meu pai.- É verdade. A tradição manda que o noivo deve pedir a mão da moça aos seus pais.- Vou ligar pra eles. Você fará o pedido por vídeo chamada.- Estou nervoso. E se eles não derem sua mão?- Aí ferrou tudo, Apollo. Não terá casamento.- Não?! Mesmo estando morando juntos?- Sim. É a palavra deles que importa.- Vou até tomar mais vinho.- Eu também quero, amor.Apollo a serviu. Jheniffer tomou um pouco de vinho, enquanto aguardava o pai atender a ligação.- Seu Roberto. Atende, pai. É urgente.Jheniffer foi para o sofá.- Alô. Pai? A sua bênção.- Boa noite, filha. Deus a abençoe. Te amo.- Também te amo. A mamãe?- Está lavando a louça da janta. O tio Tonho estava aqui, trouxe uma sacolada de mangas e abacates da chácara.- Que delícia.Apollo sentou-se ao lado dela.- Apollo. Boa noite.- Boa noite, seu Roberto. Abraço.- Abraço. Saudades de vocês.Jheniffer riu.- Pai.