- Que banquete no café da manhã.- Espere até ver o almoço que nos aguarda, Bruno.- Consuelo sempre foi assim?- Sempre. Uma mãezona, ótima anfitriã e amiga. - Agora entendo porquê falava dela com tanto carinho, Apollo.- Sim, Jheniffer. Vai vê-la chorando quando a gente for embora. Dá vontade de ficar um mês aqui. Quantas vezes, eu e minha falecida esposa não tinhamos coragem de ir embora. Consuelo não nos deixava e a gente não queria.Consuelo veio até eles.- Falando mal de mim, Apollo?- Sempre. Você era uma péssima sogra.Jheniffer o beliscou.- Que mentiroso.- Deixe-o, Jheniffer. Sei que é mentira. Ele me ama.- É verdade. Manoela tinha ciúmes da mãe. Me proibiu de vir aqui, durante o início do nosso casamento.- Apollo não era genro mas filho. Não é da boca pra fora. Quando ela se foi, Apollo sofreu mais que eu, sentiu mais a falta dela. Ele me consolou no luto, nas semanas posteriores a morte. O translado do corpo, de Caracas a Buenos Aires, tudo cuidado com carinho e amor
- Consuelo deu um perdido, não estou vendo nossa anfitriã.- Espere só, Jheniffer. Ela sempre faz isso.- Isso o que, Apollo? Desaparecer e deixar os convidados na mão?- Não. De jeito nenhum. Consuelo é a estrela, estamos na sua casa e ela é a estrela maior. Daqui a pouco ela reaparece.Um locutor de rádio, amigo de Consuelo, animava a platéia e anunciava a hora do bingo beneficente. Os garçons serviam as mesas. Vinho, champanhe, cerveja, refrigerantes e sucos variados. O churrasco delicioso. As guarnições. Flores e frutas nas mesas. Um carro chegou a mansão. Bianca desceu com sua mãe. Jheniffer cutucou Stefany, por baixo da mesa. Elas repararam no vestido rosa da moça. - Sou a nova presidente da fundação Hermann. Não ganho aplausos?- Sossega seu facho, garota. A sua tia ainda é a presidente. Em Roma, se comporte como um romano. Nunca ouviu esse provérbio?- Não é do meu tempo. Sou jovem.- Conhece bem sua tia. O cerimonialista as recebeu e indicou a mesa que deveriam ocupar.- Ol
Jheniffer foi ao quarto de Daniella.- Nem vem. A Dani já me emprestou esse vestido marsala.Jheniffer fez uma cara triste.- Puxa. Não sobrou nada pra mim? Terei que ir básica ao famoso teatro Cólon?Daniella abriu outra mala.- Por sorte, trouxe dois vestidos pretos. Um liso e outro com strass. Logicamente, o brilhante é o meu. Jheniffer abraçou o outro vestido.- Esse está ótimo, amiga. Me empresta?- É lógico.Elas ouviram batidas na porta.- Quem será?Perguntou Stefany.- Não sei. Os rapazes, talvez. O Bruno estava irritado pois teria trazido um blazer, se soubesse que sairia a noite para o teatro.Jheniffer abriu a porta. Consuelo sorriu.- Meninas. Podemos entrar?Jheniffer respondeu.- Sim, Consuelo. A casa é sua.Seis moças a seguiram, empurrando carrinhos com cabides de vestidos. Dois rapazes carregavam caixas de sapatos.- Acharam que eu as convidariam e não se preocupasse com suas vestimentas? Coloquei o teatro no roteiro do passeio e não as avisei. Não se preocupem, pod
Bianca bateu a porta do quarto de hotel. Velasco fumava enquanto olhava o tablet.- Boa tarde. Já chegou?- Boa tarde pra quem? Um bingo beneficente e a titia brilhando, cercada de bajuladores e aqueles seis brasileiros bestas. Já viu alguma festa ser boa com argentinos e brasileiros juntos e misturados?- Quais brasileiros? - Quais seriam? Apollo, Jheniffer, Stefany e o namorado, a modelo Daniella Santisteban e o namorado, um policial com corpo de lutador de UFC e cara de Leonardo di Caprio.- Ah, bom. Achei que eram o Ronaldo Fenômeno, o Ronaldinho, o Adriano Imperador, Neymar e outros boleiros.- Se fossem esses seria bem legal e melhor. Titia os convidou e vai levar a trupe ao Cólon.- Uau. A velhota abriu a carteira então. - É o que parece. Sempre foi mão de vaca, ao menos comigo. Se tocou que brevemente sairá da fundação e existe vida fora dela. Olha aí, está tudo nas redes. As fotos do evento beneficente, fotos da titia com os brasileiros, fotos disso e daquilo.Velasco entro
Vinte e uma horas. As pessoas saíam do teatro Cólon. Os sorrisos nos rostos, a alegria no ar. Duas peças tradicionais e belas, ainda que vistas por várias vezes, não perdem o encanto. Do outro lado da rua movimentada, Bianca e Velasco observavam Consuelo e seus convidados entrarem na limusine. O carro grande e luxuoso chamava a atenção. - Titia está se sentindo a rainha do Egito.- Vamos embora, Bianca. Essas peças me deram sono. A limusine fez um tour pela cidade.- Quando for ao Brasil, ficará hospedada em minha casa, Consuelo.- Será um prazer, Daniella. Irei ao seu casamento, que será um acontecimento.- Faço questão de colocar seu nome na primeira lista de convidados. - A primeira lista é das madrinhas.- Por isso mesmo. Já está convidada pra ser a minha madrinha.- Sério? Estou arrepiada.Bruno interferiu.- Mas, nem a pedi em casamento. Ainda não.- Nem pediu e já aceitei. Não tem volta, amor.Stefany puxou Wellington pelo braço.- O primeiro casamento é o meu. Já estamos ve
Apollo e Jheniffer chegaram a mansão. Consuelo dava ordens a alguns funcionários.- Bom dia, queridos. Como foi o passeio matinal?- Bom dia, Consuelo. Agradável e cheio de emoções. Diferente, com a Jheniffer ao meu lado.Consuelo sorriu.- Tenho a certeza que minha Manoela permitiu o enlace de vocês dois.- Eu senti isso também, Consuelo.- Isso me alegra, Jheniffer. Ela sabe, ainda que noutra esfera espiritual, que você está o fazendo feliz, cuidando bem desse ser especial.- Até rimou, Consuelo. Vamos tomar um banho e já desceremos para o café.- Ótimo, Apollo. Hoje o dia será de vocês.- Iremos a Mendoza.- Ótima idéia. Vai levar os amigos para conhecer a vinícola?- Exato. A Finca Sophenia, um lugar espetacular.- O bom mesmo é ir pra lá de trem, demorado mas romântico e agradável.- Não temos tanto tempo. Iremos de jatinho. Estaremos lá perto das treze horas, ideal para o almoço na pousada de Darlan.- Isso. São quatro horas e meia de vôo. Se seus amigos continuarem dormindo, ch
- Uau. Que paisagem deslumbrante.Exclamou Jheniffer, ao ver a vinícola com a montanha gelada ao fundo.- Realmente, é um lugar lindo, a mil e duzentos metros acima do nível do mar. Isso torna o solo especial e o clima perfeito para a produção de uvas.- Exatamente, senhor Apollo. A água é puríssima, uma dádiva de Deus, por isso vinhos maravilhosos da Finca Sophenia, os Malbec.- Com certeza, meu amigo.Eles chegaram a vinícola. Jheniffer, Stefany e Daniella colocaram os casacos. Bruno e Wellington colocaram gorros. - Está frio.- Pois é, Wellington. Verão no Brasil e nós aqui, pertinho da cordilheira. Disse Stefany, maravilhada pela paisagem. Poli desceu do carro e gritou.- Hendrigo. Eles chegaram.Hendrigo e sua mãe saíram.- Apollo. Enfim apareceu por esses lados.Apollo abraçou Hendrigo.- Estou sumido mas nunca os esqueci.- Não esqueceu pois levou umas duzentas garrafas daqui.- Por isso voltei, já acabou o meu vinho.- Exportamos para o Brasil. Há Malbec nos supermercados de
- É uma inveja do bem.- Entendi, Jheniffer. Podem ir.Damiana pediu a uma funcionária da vinícola que preparasse o local. Jheniffer e Stefany também queriam ter a sensação de pisar uvas. Pouco depois, as duas advogadas puderam satisfazer a vontade, pisando os cachos de uva.Wellington tirava fotos e Apollo se divertia. Bruno voltou a casa pois queria tomar água. O policial andou até a residência. Ele viu um bebedouro, na entrada do restaurante.- Perfeito. Bruno ouviu vozes.- Eu a quero, mamãe.- Tem a Jheniffer, Hendrigo. Ela é linda.- Pode ser mas a Daniella é profissional.- Tenho dinheiro. Quero ela aqui.- Tudo bem, a vinícola é sua, o restaurante, as empresas e a marca. Tudo é seu, filho.- Mas a sua opinião importa. Muito. O que achou da idéia?- De trazer a Daniella pra cá, em março?- Poderia ser hoje, se o Ramirez não estivesse na Alemanha.- Vai precisar dele?- Sim. Ramirez poderá convencer a moça. Ele tem mais jeito. Quero a Daniella, de qualquer jeito. Vou dar um cam