Eu estava agora no último ano da escola, no que dizia respeito aos estudos, nunca dei trabalho para a minha avó, era considerado do tipo nerd, sempre fui estudioso, como era muito fechado não tinha tantos amigos e os poucos que tinha eram como eu. Nós éramos quietos e nunca me envolvi nas bagunças, já o Rafael era diferente, mesmo sendo mais novo era do tipo mais descolado, e mesmo namorando a Melissa não tinha dificuldade nenhuma em se desenrolar com as garotas, e depois da Bruna, a maioria das meninas com quem eu fiquei foi ele quem apresentou para mim.
Porém as coisas eram diferentes, quando eu ficava com uma garota não levava nada adiante como levei com a Bruna, e buscava explicar sempre de forma sútil que não queria compromisso. Não queria compromisso, mas queria sexo, queria experimentar na verdade, principalmente após saber que o Rafael também já tinha dado esse passo com a Melissa, e mais uma vez os detalhes me encheram de curiosidade. Eu só não sabia como conseguiria isso sem me relacionar com alguém, principalmente sendo tão tímido.
— Ei Felipe, vai rolar uma festa hoje na casa do Augusto, os pais dele viajaram e nós vamos pra lá, vamos?
Rafael fez o convite e confesso que a princípio não tive o menor interesse, eu nunca ia em nenhuma das festinhas que os garotos organizavam.
— Não sei… — Respondi dessa forma para não dizer não imediatamente.
— Ah, vamos, senão minha mãe vai me encher o saco pra eu não ir, se você for ela fica mais de boa! Vai ser legal, eles chamaram um monte de garotas e o Gustavo ainda descolou as bebidas.
"Bebidas?" Pensei, o Rafael tinha 15 anos e já bebia? Eu nunca tinha sequer colocado álcool na boca.
Minha irmã ainda dormia comigo todas as noites, desde que nos mudamos para Brasília, e então a levava para a cama no seu próprio quartinho, contava histórias para ela dormir, brincava de bonecas e ia em todas as festinhas da escola. No dia dos pais o nosso avô ganhava o presente e surpreendentemente eu também. Eu ficava feliz por ela me ver dessa forma, afinal, sempre estaria ao seu lado e Fernanda nunca teria que se preocupar em me perder. — Filho, seu pai ligou perguntando se você já decidiu algo sobre a faculdade. — Minha avó comentou, ainda hesitante. Ela sabia que eu odiava falar do meu pai, e odiava mais ainda quando ele tentava se meter na minha vida. — O que ele tem a ver com isso? — Perguntei irritado. — Ele quer arcar com os gastos.&
Tranquei meu coração a sete chaves, o mais próximo que me aproximei de me envolver com alguém foi com a Bruna, mas éramos duas crianças ainda e não vivemos nada tão intenso. Rafael por outro lado, ainda namorava a Melissa, para mim ele já era um caso perdido, eu só não imaginava que se casariam, porque não entrava na minha cabeça que alguém que levava a vida como se fosse solteiro quando estava longe da namorada, teria interesse em se prender e ainda iludir alguém dessa forma. No dia que ela descobriu uma das traições, meu primo se desesperou, Melissa acabou o namoro e ele ficou arrasado, eu o via chorando e se arrastando para tê-la de volta, para ter o seu perdão e nada daquilo fazia sentido para mim, pois se ele a amava tanto como dizia, por que precisava magoá-la daquela forma? Era difícil não lembrar da atitude do meu pai, mas Melissa ainda teria a oportunidade de seguir em frente, era apenas um
Um ano se passou desde a morte da minha prima e durante esse período o Cristiano nunca mais foi o mesmo, eu nunca mais o vi se aproximar de uma mulher, e quando aconteceu ele chorou e se flagelou como se tivesse cometido o erro mais grave do mundo. Rafael também vivia feito zumbi, a morte da irmã mexeu com ele de tal forma que seu comportamento também mudou, meu primo vivia triste pelos cantos, se não fosse Melissa sempre ao seu lado o apoiando, acredito que ele não suportaria, pois além de carregar a própria dor tinha que suportar a dor dos seus pais. Eu estava com 20 anos, estava indo bem na faculdade e comecei a fazer estágios remunerados que pagavam até bem. Me afastei um pouco da rotina de farras, não tinha mais tanto tempo para isso. Notei que minha avó passou a ficar mais tranquila ao meu respeito, antes tia Adelina pegava muito no meu pé a pedido dela, porque ela própria tinha um medo terrív
Foi aí que cometi o maior erro da minha vida. Era sábado e toda a família decidiu ir para o haras. A única coisa que nunca mudou na minha vida era o gosto que eu tinha por aquele tipo de lugar, eu detestava, mas ia por insistência da minha irmã que adorava aquilo tanto quanto os outros. Ingrid também foi com Cristiano, e ela não parava de deixar claro que odiava estar ali tanto quanto eu. Não me sentia à vontade perto dela, e pude notar que meu primo também se incomodava quando eu estava por perto. Ingrid não disfarçava os olhares para mim, e se ele não percebia é porque realmente era tolo e gostava de viver na cegueira. Decidi então me afastar e subi para um dos quartos, me deitei para tirar um cochilo e fui surpreendido algum tempo depois quando a porta do quarto se abriu bruscamente. Me virei para olhar e mal acreditei no que est
Por um tempo eu imaginei que as coisas não teriam como piorar. Até que um dia, após muita insistência da Fernanda, eu fui para a casa da vovó, mesmo sabendo que o Cris estaria lá. Minha irmã veio me recepcionar alegremente e saiu me arrastando empolgada. Foi quando eu a vi pela primeira vez, a mulher que viria a ser a razão da minha perdição. Ela era morena clara, dona de uma pele naturalmente bronzeada, cabelos lisos e volumosos que chegavam ao quadril, possuía um corpo exuberante e cheio de curvas, daqueles que deixariam qualquer marmanjo de queixo caído. Estava sentada na beira da piscina com uma outra garota, eu nunca tinha visto nenhuma das duas antes e logo deduzi que fossem casos novos dos meninos. Só de imaginar que uma delas pertencia ao Cristiano eu sequer me aproximei, mas minha irmã era uma criançona inconsequente e me puxou na direção das duas. Imaginei que nunca mais veria a tal Jhenny novamente, a não ser que ela realmente fosse para a festa da minha irmã. Mas para a minha infeliz surpresa, Fernanda inventou de convidar o nosso pai e ele havia prometido que iria, porém faltando duas semanas, Roberto ligou dizendo que não poderia viajar. — O papai disse que não vem, teve um imprevisto no trabalho. — Fernanda contou de cabeça baixa, seus olhos estavam repletos de lágrimas. — Surpreendeu um total de zero pessoas! Nem sei por que você chamou… — Ele prometeu que viria! — Se o Roberto fosse o tipo de homem que honra com suas promessas, talvez a nossa mãe estivesse viva! Minha irmã ficou arrasada, e eu me arrependi imediatamente por ter sido tão ríspido.13. Conhecendo o perigo
Na semana seguinte, minha família ia para o haras passar a páscoa, eu já estava acostumado a passar as datas comemorativas longe deles e fiquei no meu apartamento sozinho, até que minha irmã me ligou. — Lipe, vem ficar com a gente, por favor? — Não gatinha, você sabe que as coisas entre o Cris e eu são complicadas, e definitivamente aí é o último lugar que eu devo ir. — Mas eu pedi pra ele e a Jhenny conseguiu convencê-lo, o Cris concordou que você viesse! Me choquei duplamente, primeiro por meu primo ter deixado e segundo por Jhenny ter ajudado, fiquei me perguntando que poder era esse que ela tinha sobre ele para conseguir tal coisa. Depois de tudo que havia acontecido eu nunca mais havia voltado a pisar no haras e no fundo eu sabia que não deveria ir,
Jhenny era uma garota legal e gostava das mesmas coisas que o Cris, gostava de cavalos e do haras, era completamente o oposto da Ingrid. Pude ver no olhar dele que realmente gostava dela, e que era recíproco, ela estava sofrendo por ele. Desejei de coração que os dois se entendessem, não queria carregar mais esse peso comigo, eu só queria voltar a ter a minha família novamente, mas percebi que isso seria impossível. No sábado seguinte, seria a festa de aniversário da minha irmã, eu me perguntava se o Cristiano deixaria de ir por minha causa, e a Jhenny da mesma forma. Eu sabia que a ausência do nosso primo deixaria Fernanda sentida, e ela estava extremamente apegada a nova amiga, se ambos não fossem, com certeza ficaria triste. Mas para o meu alívio os dois apareceram, eles não pareciam estar juntos, mas percebi que era questão de tempo. Por isso me mantive o mais distante possível, para dar o espaço que