Notei que Jhenny jamais dizia que me amava ou chamava de amor, somente eu me referia a ela de tal forma, e ela dizia sentir o mesmo, porém nunca espontaneamente, nunca sem antes que eu dissesse. O sexo nunca deixou de ser algo incrível, porém em dados momentos minha perdição parecia estar em outro mundo quando chegávamos ao fim.
Um dia Jhenny chamou o nome do meu primo enquanto dormia, eu não poderia culpá-la por um sonho, que ela jurou não se lembrar, mas me perguntei até que ponto o sentimento que um dia teve por ele era algo passado.
Entramos no mês de julho, a faculdade logo estaria de férias e eu sabia que o Cristiano estava com viagem marcada para Brasília, seria a primeira vez que nos encontraríamos desde o dia que ele se mudou, e eu já não tinha tanta segurança no que dizia respeito a Jhenny, se seria algo insignificante para ela, então decidi q
Passei a noite me sentindo péssimo, mal consegui pregar os olhos, mais uma vez tudo que eu queria era ir correndo atrás dela e pagar com a língua, creio que nunca engoli tanto o meu orgulho como durante o nosso namoro, mas eu estava decidido a resolver de uma vez por todas a situação. Sem pensar muito segui para a casa da tia Clarisse para encontrá-la, eu já havia mandado mensagens, mas ela ainda sequer tinha visto, provavelmente ainda estava dormindo e eu já não suportava esperar. Rafael me recepcionou com uma expressão preocupada, da mesma forma que eu, ele não era do tipo que levava desentendimentos tolos adiante, e me tratou normalmente mesmo depois do meu chilique no dia anterior. — Como ela está? — Perguntei meio sem jeito. — Passou a noite mal. — Ele disse sem me olhar diretamente n
Durante tantos anos reneguei esse sentimento maldito, tinha jurado para mim mesmo que jamais me submeteria a isso e no entanto não fui capaz de proteger a mim mesmo, eu estava padecendo. Passei a noite em claro, eu tinha umas cervejas na geladeira, mesmo tendo ciência de que precisava de algo muito mais forte para sanar a minha dor, decidi beber, e estava disposto a beber até cair. Fui até a cozinha e de cara me deparei com uma garrafa de vinho, geralmente a Jhenny e eu bebíamos juntos. Quantas lembranças aquela simples garrafa foi capaz de me trazer. Não pensei muito e bebi no gargalo mesmo, todo o conteúdo da garrafa que ainda estava cheia, arremessando-a na parede logo em seguida. Todos aqueles cacos de vidro no chão, com certeza estavam mais intactos que o meu coração naquele momento. Abri a geladeira pegando uma cerveja e me escorei no balcão, come
Me apressei em me vestir e desci correndo, na esperança de encontrá-la, mas Jhenny já havia sumido, subi frustrado, sem saber ao certo o que estava sentindo naquele momento, eu não estava errado, mas mesmo assim me senti mal, fiquei me perguntando o que ela queria, se estava arrependida e descobriu que me amava, que era comigo que queria estar. — Jéssica, preciso dar uma saída, se arruma, vou te deixar em casa. — Disse segurando o choro. — Quem era ela? Sua ex? — Não importa! Faça o que estou te pedindo, por favor! — Você me disse que não tinha mais namorada, por que ela ficou tão chateada? Era mentira? Você estava traindo a sua namorada comigo? — Não, Jéssica, não traí ninguém, depois conversamos, tudo
Já era de se esperar que o Rafael ficaria revoltado ao saber da decisão da vovó, e ela fez questão de avisar para ele que não queria mais a Jhenny na casa dela, e obviamente meu primo a defenderia com unhas e dentes, porém sobrou para mim. Nossa família estava reunida na mesa da área da churrasqueira, eu estava um pouco mais distante com a Fernanda quando ele veio furioso na minha direção. — Veio trazer recado da Jhen? Ela ainda não teve coragem de dirigir a palavra ao meu irmão? — Fernanda disparou assim que ele chegou. — Fernanda! — A repreendi. Minha irmã estava revoltada, da mesma forma que a vovó, ela havia tomado minhas dores e culpava a Jhenny. — Posso falar com você Felipe? A sós! — Rafael disse ignorando-a.
Quando abri meus olhos, estava num local absolutamente desconhecido, eu não conseguia me mover e sentia uma dor terrível em cada parte do meu corpo sempre que tentava. Um aparelho apitava ritmicamente, e movendo apenas os olhos analisei o local, me dando conta de que se tratava de um hospital. Minha perna estava erguida, presa a um ferro que a mantinha para cima, com uma série de pinos fincados em meu osso. Um dos meus braços estava igualmente imobilizado, e meu peito doía de forma aguda pelo simples fato de eu respirar. — Como está se sentindo, rapaz? — Um senhor que acredito ser um médico se aproximou. — Mal. — Respondi com dificuldade. — Tudo dói. — Natural, você sofreu múltiplas fraturas ao sofrer uma acidente de moto, se lembra disso? Acordei mais uma vez confuso, havia um tubo enfiado em minha boca, e uma série de aparelhos conectados em meu corpo, eu não conseguia falar, mas ao menos o ar circulava em meus pulmões. Meu peito ainda doía, porém bem menos do que antes, eu estava relaxado e ainda meio sonolento, provavelmente devido às medicações. — Vocês está bem, meu amor? Estou aqui! Olhei lentamente para o lado, encontrando o olhar preocupado da tia Anelise. Eu queria saber o que estava acontecendo, só lembrava de sentir muita dor e falta de ar, e agora aparentemente haviam aparelhos me oxigenando. — Você passou por uma cirurgia no pulmão, mas logo vão tirar esses tubos de você e tudo vai ficar bem, não se preocupe. Eu só conseguia imaginar que a minha situação estava se 37. Lágrimas de crocodilo
Na sexta-feira Roberto apareceu novamente, tia Clarisse suspirou quando ele pediu para que ela nos deixasse a sós, confesso que eu estava surpreso por ele ainda estar em Brasília, por ter deixado sua vida perfeitinha com a sua família adorada para perder tempo tentando conseguir o meu perdão. — Filho, você vai continuar agindo assim de forma tão infantil? Parece uma criança mimada! — Estou vivo, não estou? Não se preocupe, que pelo visto você não vai carregar a culpa de não estar aqui pro meu enterro! Já pode voltar pra sua família! — Felipe, eu estou pedindo seu perdão! Eu quero fazer diferente! — Eu não preciso da sua falsa paternidade agora! Eu tinha 10 anos, 10 anos quando minha mãe morreu, quando você largou a minha irmã e eu feito dois lixos! Já se
Uns dias depois, Jhenny apareceu com o Cristiano para me visitar, fiquei extremamente aliviado quando a vi, era possível notar em seu olhar a tristeza, ela ainda não estava bem, mas ainda assim logo abriu um sorriso ao olhar para mim. — Oi, Felipe! Podemos? — Hum, Fe-lipe, gostei! — Cristiano disse sorrindo, ele fazia de propósito para irritar ela, com certeza. — Bobo! — Ela deu uma risadinha. — Jhenny!!! Oi Cris! Podem entrar, claro! — Falei animado com a visita dela, talvez com a do meu primo também, mas só talvez. — Você parece bem melhor, estou feliz por você! — Jhenny se aproximou me abraçando, Cristiano odiava, mas ela pouco se importava. — Me sinto b