Uns dias depois, Jhenny apareceu com o Cristiano para me visitar, fiquei extremamente aliviado quando a vi, era possível notar em seu olhar a tristeza, ela ainda não estava bem, mas ainda assim logo abriu um sorriso ao olhar para mim.
— Oi, Felipe! Podemos?
— Hum, Fe-lipe, gostei! — Cristiano disse sorrindo, ele fazia de propósito para irritar ela, com certeza.
— Bobo! — Ela deu uma risadinha.
— Jhenny!!! Oi Cris! Podem entrar, claro! — Falei animado com a visita dela, talvez com a do meu primo também, mas só talvez.
— Você parece bem melhor, estou feliz por você! — Jhenny se aproximou me abraçando, Cristiano odiava, mas ela pouco se importava.
— Me sinto b
Ainda naquela semana eu recebi alta, dependia de cadeira de rodas pois levaria um tempo para que todos aqueles pinos fossem removidos da minha perna e eu voltasse a andar, além do mais um dos meus braços permanecia engessado. Devido a isso, não pude voltar para o meu apartamento, tive que ficar na casa da minha avó, pois dependia dos outros para praticamente tudo, até mesmo para tomar banho. Tia Adelina estava morando a um tempo nos Estados Unidos e veio me ver logo que soube que eu estava em casa, sendo assim, ela passou um tempo conosco para ajudar nos cuidados que eu precisava, vovó já não aguentava fazer tanto esforço, minha irmã parecia uma bonequinha delicada e eu com 1,80 metros beirava os 100 kg, não era nada fácil para elas. Rafael aparecia com frequência para ajudar, nesses momentos eu podia tomar banhos decentes, pois na frente dele eu
Acabei indo pro tal noivado, os esforços que eu estava fazendo para evitar a dor na minha perna, talvez fossem muito menores do que os que eu fazia para suportar a dor do coração. Joguei um jogo perigoso, ciente dos riscos desde o início, foi game over para mim e agora eu precisava recomeçar a partida. Recomeçar significava aceitar o amor dos dois, aceitar que se casariam, teriam lindos filhos e eu voltaria ser o Felipe de antes, alguém convicto de que a solidão me acompanharia e que essa realidade não era para mim. Não posso negar que o meu primo foi incrível no pedido, ele cantou uma música conhecida da dupla sertaneja Bruno & Marrone, “Quer casar comigo”, e por sinal cantava muito bem. Jhenny ficou muito emocionada, ela olhava para ele de uma forma que eu jamais havia visto, quanto amor cabia naquele sorriso, quanta entrega, como fui bobo p
Marquei para segunda-feira a entrevista da tal Manuela com a Vanuza, confesso que a minha intenção todo tempo foi ajudar de alguma forma e estava decidido a contratá-la, porém não sabia nada sobre a moça, só tinha visto ela no dia em que soube da traição e no dia do noivado, e por sinal estava aos beijos com o melhor amigo do Cristiano, muito provavelmente o fim do relacionamento com o meu primo não havia sido um problema para ela. Mas eu não podia arriscar, a morena poderia ser apenas mais um rostinho bonito de corpo escultural daqueles que meu primo era acostumado, não posso negar que o traste sempre teve um ótimo gosto, porém eu precisava de alguém para ser o meu braço direito e se ela não fosse capaz, não haveria beleza no mundo que me fizesse perder tempo contratando-a, por isso deixei claro para Vanuza que fosse extremamente exigente e avaliasse se a moça teria o perfil necessário para o que e
A princípio eu estava muito estressado no que se referia ao meu trabalho, preocupado com a forma que conduziria tudo, mas depois de ter contratado a Manuela, pra minha surpresa as coisas deslancharam. Creio que justamente por ser tão conversadora, passei a receber muitos elogios de clientes que diziam ter gostado muito do atendimento, segundo eles, Manuela era capaz de ouvir o que eles precisavam e dar vida àquilo. Ela sempre chegava até mim cheia de ideias para os projetos, coisas que muitas vezes sequer passariam pela minha cabeça, detalhes que faziam toda a diferença no final e me fizeram conquistar cada vez mais clientes, principalmente do público feminino, sendo assim ela não só provou ser capaz, como muito competente e excelente no que fazia. — Acabamos, finalmente! — Eu suspirei satisfeito após finalizarmos juntos o projeto importante de um
Os dias foram passando, eu já estava entediado preso na casa da vovó, após a cirurgia ficou mais fácil me locomover, porém ainda dependia da cadeira de rodas e de ajuda para a maioria das coisas. Eu sentia falta do meu apartamento, de ter o meu espaço, minha liberdade, e haviam outras coisas que eu sentia muita falta e que definitivamente não teria como resolver ali. A última mulher em que eu havia encostado foi a minha secretária, Jéssica, depois de terminar definitivamente com a Jhenny, ainda saí com a loira algumas vezes, até que sofri o acidente e desde então fiquei na seca, já estava subindo pelas paredes. Algumas vezes pensei em ligar pra Jéssica, eu teria a desculpa que estaríamos trabalhando e a vovó não precisava saber em quê, mas eu não tinha privacidade, e acredito que ainda que tivesse 40 anos, de baixo do teto da dona Carmen, se uma mulher entrasse em meu quarto a porta teria que ficar
Os dias foram passando, eu seguia na fisioterapia e fui liberado para começar a andar com muletas, a princípio foi um pouco complicado me acostumar, mas sem dúvidas era muito melhor do que depender de uma cadeira de rodas, sendo assim passei a pensar na possibilidade de voltar para o meu apartamento e quem sabe voltar até mesmo ao trabalho. Naquela semana, Manuela foi até mim na casa da vovó levando uns documentos para que eu analisasse e assinasse. — Aqui, chefe, esses são os últimos projetos que fizemos que já foram aprovados pelos clientes, e tem esse aqui que solicitaram alterações… — Ela me mostrou no computador, fiquei admirado com a forma que já manipulava facilmente o programa que utilizávamos nos esboços. — Tomei a liberdade de fazer algumas alterações de acordo com o que os clientes disseram, trouxe para você ver o que acha.<
Faltando poucos dias para o natal, minha irmã me chamou para conversar. — Maninho, tem algo que eu gostaria de dizer. Olhei para ela apreensivo, meu coração palpitou. — O que foi, princesa? — Conheci um garoto na escola, nós ficamos e ele me pediu em namoro. Suspirei. — Na escola? Da sua idade? — Sim, dois anos mais velho na verdade. — Então ele já tem 18. — Sim… — E o que está fazendo ainda na escola? Ainda naquele início de ano comecei a construção da casa do Cris. Eu me locomovia com dificuldade, mas fazia questão de acompanhar tudo pessoalmente, então pedia que Manuela me buscasse, foi aí que tive a ideia de voltar ao trabalho. Eu não ia todos os dias para não sobrecarregá-la, porém quando era necessário ela me buscava e íamos juntos para a empresa, e no final do expediente me deixava na casa da vovó. Vendo que eu já tinha condições de fazer tudo sozinho, decidi que voltaria para o meu apartamento, dessa forma ficaria mais perto do trabalho e diminuiria o desgaste da Manu. — Maninho, posso ficar com você? — Fernanda pediu, acabando com minhas esperanças de voltar a ter privacidade. — Morar comigo? — Sim, assim eu posso te ajudar, você ainda não está47. Tempos difíceis