Os dias foram passando, eu já estava entediado preso na casa da vovó, após a cirurgia ficou mais fácil me locomover, porém ainda dependia da cadeira de rodas e de ajuda para a maioria das coisas. Eu sentia falta do meu apartamento, de ter o meu espaço, minha liberdade, e haviam outras coisas que eu sentia muita falta e que definitivamente não teria como resolver ali. A última mulher em que eu havia encostado foi a minha secretária, Jéssica, depois de terminar definitivamente com a Jhenny, ainda saí com a loira algumas vezes, até que sofri o acidente e desde então fiquei na seca, já estava subindo pelas paredes.
Algumas vezes pensei em ligar pra Jéssica, eu teria a desculpa que estaríamos trabalhando e a vovó não precisava saber em quê, mas eu não tinha privacidade, e acredito que ainda que tivesse 40 anos, de baixo do teto da dona Carmen, se uma mulher entrasse em meu quarto a porta teria que ficar
Os dias foram passando, eu seguia na fisioterapia e fui liberado para começar a andar com muletas, a princípio foi um pouco complicado me acostumar, mas sem dúvidas era muito melhor do que depender de uma cadeira de rodas, sendo assim passei a pensar na possibilidade de voltar para o meu apartamento e quem sabe voltar até mesmo ao trabalho. Naquela semana, Manuela foi até mim na casa da vovó levando uns documentos para que eu analisasse e assinasse. — Aqui, chefe, esses são os últimos projetos que fizemos que já foram aprovados pelos clientes, e tem esse aqui que solicitaram alterações… — Ela me mostrou no computador, fiquei admirado com a forma que já manipulava facilmente o programa que utilizávamos nos esboços. — Tomei a liberdade de fazer algumas alterações de acordo com o que os clientes disseram, trouxe para você ver o que acha.<
Faltando poucos dias para o natal, minha irmã me chamou para conversar. — Maninho, tem algo que eu gostaria de dizer. Olhei para ela apreensivo, meu coração palpitou. — O que foi, princesa? — Conheci um garoto na escola, nós ficamos e ele me pediu em namoro. Suspirei. — Na escola? Da sua idade? — Sim, dois anos mais velho na verdade. — Então ele já tem 18. — Sim… — E o que está fazendo ainda na escola? Ainda naquele início de ano comecei a construção da casa do Cris. Eu me locomovia com dificuldade, mas fazia questão de acompanhar tudo pessoalmente, então pedia que Manuela me buscasse, foi aí que tive a ideia de voltar ao trabalho. Eu não ia todos os dias para não sobrecarregá-la, porém quando era necessário ela me buscava e íamos juntos para a empresa, e no final do expediente me deixava na casa da vovó. Vendo que eu já tinha condições de fazer tudo sozinho, decidi que voltaria para o meu apartamento, dessa forma ficaria mais perto do trabalho e diminuiria o desgaste da Manu. — Maninho, posso ficar com você? — Fernanda pediu, acabando com minhas esperanças de voltar a ter privacidade. — Morar comigo? — Sim, assim eu posso te ajudar, você ainda não está47. Tempos difíceis
Liberei a Manuela do trabalho e consequentemente também não fui, ela sequer saiu da cama na manhã seguinte, preparei um café da manhã e pedi que minha irmã levasse, eu não faria isso pessoalmente pois não tinha tanta intimidade, mas ela sequer encostou na comida. Os meninos chegaram todos juntos apenas no início da tarde, quando olhei pro meu primo percebi porque Jhenny quis poupá-lo, seus olhos estavam fundos, sua pele pálida, era inevitável não lembrar da minha mãe. — Achei que vocês não viriam nunca! Ela está no quarto com a Fê, não levantou e não comeu nada até agora! — Contei preocupado. — Meu Deus, que merda… — Cristiano disse com uma expressão angustiada. — Minha vontade é de esfolar o João Paulo! — Ai gente, vamos logo falar com ela, tadinha! — Dani disse e os quatro foram até o
Um mês se passou, estávamos em julho, os meninos entraram de férias da faculdade e foram para o haras. — Você pode tirar uns dias de folga se quiser, Manu, eu me viro por aqui. — Ofereci. — Não chefe, prefiro ficar, ir para o haras não é meu tipo de passeio favorito e o clima por lá está muito pesado. — Pensei que você gostasse. — Não fede e nem cheira. Sorri e continuei com os meus afazeres. — Chefe, quer sair pra fazer algo depois do trabalho? Hoje é sexta, que tal um chopp? Ergui a cabeça para olhá-la, surpreso. Manuela estava me chamando para sair? Fiquei absolutamente sem reação por um momento
Na semana seguinte, saí com a morena tagarela diversas vezes para ajudar a escolher um carro, rodamos por diversas concessionárias e ela não se decidia, nada a agradava. Já estávamos entrando no mês de agosto, entendi que a ausência dos outros fazia com que Manuela se sentisse sozinha e então buscou em mim um refúgio, uma companhia. Talvez eu não precisasse ser tão ríspido, então tentei ser amigável. — Como pode ser tão indecisa? Estamos a dias procurando um e nada te agrada! — Às vezes b**e um desespero, me pergunto se vou dar conta! — Já disse que vou te ajudar, não disse? — Não, você já ajudou aumentando o meu salário, não precisa mais que isso, até porque sou uma inútil na empresa agora! — Se você fosse i
Quando voltei para a sala, Manuela estava na cozinha, me sentei no sofá esticando minha perna que estava dolorida, sentindo um imenso alívio. Aproveitei para colocar uma almofada sobre o meu corpo, caso o meu amigo resolvesse virar super sayajin novamente. — Manu, tem cerveja na geladeira! — Falei de olhos fechados, buscando pensamentos aleatórios. — Oba! — Ela respondeu empolgada e eu sorri sozinho. Logo Manuela voltou com a pipoca e duas cervejas. — Um brinde ao carro novo, chefe! — Novo é muita bondade sua! — Brinquei. Nós rimos e brindamos, em seguida Manuela escolheu um filme de ação, me surpreendendo, e assistimos em silêncio por um tempo.
Na manhã seguinte, levantei bem cedo como de costume, após passar a noite pensando em tudo que tinha acontecido, eu não sabia exatamente como olharia nos olhos da Manuela, logo vi que havia cometido uma tremenda idiotice, agora o clima entre nós ficaria tenso e eu não sabia até onde seria possível tudo isso não prejudicar o nosso trabalho. Manuela não foi me buscar, passou por cima das minhas ordens e tive que dirigir até a empresa. Eu estava absolutamente estressado com toda a situação, passei o dia sem procurá-la e creio que ela se sentia da mesma forma pois também não apareceu para me alugar como de costume, então decidi que para o nosso bem, deveríamos conversar. — Bom dia, Manuela! — Bom dia. — Respondeu de forma seca. — Em primeiro lugar, gostaria de ente