Faltando poucos dias para o natal, minha irmã me chamou para conversar.
— Maninho, tem algo que eu gostaria de dizer.
Olhei para ela apreensivo, meu coração palpitou.
— O que foi, princesa?
— Conheci um garoto na escola, nós ficamos e ele me pediu em namoro.
Suspirei.
— Na escola? Da sua idade?
— Sim, dois anos mais velho na verdade.
— Então ele já tem 18.
— Sim…
— E o que está fazendo ainda na escola?
Ainda naquele início de ano comecei a construção da casa do Cris. Eu me locomovia com dificuldade, mas fazia questão de acompanhar tudo pessoalmente, então pedia que Manuela me buscasse, foi aí que tive a ideia de voltar ao trabalho. Eu não ia todos os dias para não sobrecarregá-la, porém quando era necessário ela me buscava e íamos juntos para a empresa, e no final do expediente me deixava na casa da vovó. Vendo que eu já tinha condições de fazer tudo sozinho, decidi que voltaria para o meu apartamento, dessa forma ficaria mais perto do trabalho e diminuiria o desgaste da Manu. — Maninho, posso ficar com você? — Fernanda pediu, acabando com minhas esperanças de voltar a ter privacidade. — Morar comigo? — Sim, assim eu posso te ajudar, você ainda não está
Liberei a Manuela do trabalho e consequentemente também não fui, ela sequer saiu da cama na manhã seguinte, preparei um café da manhã e pedi que minha irmã levasse, eu não faria isso pessoalmente pois não tinha tanta intimidade, mas ela sequer encostou na comida. Os meninos chegaram todos juntos apenas no início da tarde, quando olhei pro meu primo percebi porque Jhenny quis poupá-lo, seus olhos estavam fundos, sua pele pálida, era inevitável não lembrar da minha mãe. — Achei que vocês não viriam nunca! Ela está no quarto com a Fê, não levantou e não comeu nada até agora! — Contei preocupado. — Meu Deus, que merda… — Cristiano disse com uma expressão angustiada. — Minha vontade é de esfolar o João Paulo! — Ai gente, vamos logo falar com ela, tadinha! — Dani disse e os quatro foram até o
Um mês se passou, estávamos em julho, os meninos entraram de férias da faculdade e foram para o haras. — Você pode tirar uns dias de folga se quiser, Manu, eu me viro por aqui. — Ofereci. — Não chefe, prefiro ficar, ir para o haras não é meu tipo de passeio favorito e o clima por lá está muito pesado. — Pensei que você gostasse. — Não fede e nem cheira. Sorri e continuei com os meus afazeres. — Chefe, quer sair pra fazer algo depois do trabalho? Hoje é sexta, que tal um chopp? Ergui a cabeça para olhá-la, surpreso. Manuela estava me chamando para sair? Fiquei absolutamente sem reação por um momento
Na semana seguinte, saí com a morena tagarela diversas vezes para ajudar a escolher um carro, rodamos por diversas concessionárias e ela não se decidia, nada a agradava. Já estávamos entrando no mês de agosto, entendi que a ausência dos outros fazia com que Manuela se sentisse sozinha e então buscou em mim um refúgio, uma companhia. Talvez eu não precisasse ser tão ríspido, então tentei ser amigável. — Como pode ser tão indecisa? Estamos a dias procurando um e nada te agrada! — Às vezes b**e um desespero, me pergunto se vou dar conta! — Já disse que vou te ajudar, não disse? — Não, você já ajudou aumentando o meu salário, não precisa mais que isso, até porque sou uma inútil na empresa agora! — Se você fosse i
Quando voltei para a sala, Manuela estava na cozinha, me sentei no sofá esticando minha perna que estava dolorida, sentindo um imenso alívio. Aproveitei para colocar uma almofada sobre o meu corpo, caso o meu amigo resolvesse virar super sayajin novamente. — Manu, tem cerveja na geladeira! — Falei de olhos fechados, buscando pensamentos aleatórios. — Oba! — Ela respondeu empolgada e eu sorri sozinho. Logo Manuela voltou com a pipoca e duas cervejas. — Um brinde ao carro novo, chefe! — Novo é muita bondade sua! — Brinquei. Nós rimos e brindamos, em seguida Manuela escolheu um filme de ação, me surpreendendo, e assistimos em silêncio por um tempo.
Na manhã seguinte, levantei bem cedo como de costume, após passar a noite pensando em tudo que tinha acontecido, eu não sabia exatamente como olharia nos olhos da Manuela, logo vi que havia cometido uma tremenda idiotice, agora o clima entre nós ficaria tenso e eu não sabia até onde seria possível tudo isso não prejudicar o nosso trabalho. Manuela não foi me buscar, passou por cima das minhas ordens e tive que dirigir até a empresa. Eu estava absolutamente estressado com toda a situação, passei o dia sem procurá-la e creio que ela se sentia da mesma forma pois também não apareceu para me alugar como de costume, então decidi que para o nosso bem, deveríamos conversar. — Bom dia, Manuela! — Bom dia. — Respondeu de forma seca. — Em primeiro lugar, gostaria de ente
Amanheci animado para ir ao trabalho, talvez tanta empolgação tivesse um motivo ou um nome, porém eu tinha a intenção de manter os pés no chão, eu precisava pensar, precisava entender o que estava sentindo de fato e não tomar atitudes que pudessem me trazer consequências ruins depois. Por isso eu não faria absolutamente nada antes de ter certeza. Manuela chegou para me buscar como eu havia pedido, entrei no carro cumprimentando-a normalmente, de forma tranquila, tentando não demonstrar minha ansiedade. — Bom dia, chefe, está melhor? A perna parou de doer? — Bom dia, estou sim, só estou evitando esforço, por isso pedi que você viesse. Manuela apenas sorriu e seguimos sem muito assunto, senti que ela ainda estava magoada, mas decidi que daria um tempo
Segui durante todo o caminho com o coração a mil, com medo de estar me iludindo novamente, e não apenas isso, estava preocupado com o que minha família pensaria, afinal, estava indo buscá-la na casa da minha tia e seria um tanto quanto deselegante da minha parte não entrar para cumprimenta-la. Me senti como aquele menino de 15 anos, inseguro e tímido quando parei o carro na frente da casa da tia Anelise. Levei um tempo para descer, imaginando que talvez eu devesse apenas m****r uma mensagem para que Manuela viesse, mas seria bobagem, ela falava pelos cotovelos e com certeza todos já sabiam que íamos nos encontrar. Respirei fundo e toquei o interfone, entrando feito um rato amedrontado. — Não perdeu tempo, em? — Cristiano me recepcionou com um abraço, para minha surpresa. — Digamos que não é do meu feitio!