Catarina dirigiu direto para o estacionamento subterrâneo.Gabriel Nunes já a aguardava, e liberou o acesso ao elevador VIP.— Srta. Catarina, o Sr. Cortez pediu que eu a recebesse.— Obrigada.Catarina segurava uma sacola de papel e, de repente, pensou que talvez estivesse fazendo um gesto exagerado para um presente tão simples.Do outro lado…Grupo Cortez, saguão do térreo.Ricardo Albuquerque esperava o elevador.Naquele momento, o elevador usado por Catarina chegou ao primeiro andar.Houve um bip, as portas se abriram lentamente.Ricardo olhou, mas o elevador estava vazio.O elevador VIP não parou no térreo. Subiu direto até o escritório presidencial.Catarina e Ricardo não se encontraram naquele momento.Quando Ricardo entrou no elevador, viu Eduardo Souza se aproximando.— O Sr. Souza chegou rápido.— Fazer o quê? A família Souza não tem muitas vantagens. E hoje o Sr. Albuquerque não trouxe a Srta. Inês?Eduardo não economizava nas alfinetadas.Dentro do elevador, os dois já troc
— Está bem, eu te levo.Leonardo se levantou para acompanhar Catarina.Nesse momento, Ricardo saiu para atender uma ligação.Ao ouvir uma voz ao longe, seu olhar periférico captou a porta do elevador VIP se fechando.Primeiro viu a silhueta de Leonardo, depois…Num instante, lhe pareceu ver Catarina?Mas quando Ricardo se aproximou, o elevador já estava descendo.Deve ter se enganado.Catarina… como poderia estar na casa da família Cortez?— Sr. Albuquerque, desculpe a demora. — Leonardo, ao vê-lo, estreitou os olhos de leve.— Sobre o projeto da licitação, vamos conversar na sala de reuniões.Mencionando o assunto principal, Ricardo se recompôs e não pensou mais nisso.Agora, Ricardo e Eduardo estavam sentados na sala de reuniões.As pastas haviam sido entregues, e Hugo Leal já estava adiantando a conversa.Leonardo, por sua vez, foi até a copa.Lá encontrou a sua secretária preparando café.Entregou a ela um pacote com grãos de café e fez uma observação:— A partir de agora, quero qu
A mente de Ricardo, antes calculista e paciente, agora estava inquieta. Precisava pensar com seriedade: o que, afinal, Catarina queria?Se ela ainda não havia voltado, o erro só podia estar na abordagem dele.No dia seguinte, o Grupo Albuquerque recebeu uma visita inesperada. Assim que Ricardo viu Sérgio Vasconcelos, teve a intuição de que aquilo tinha a ver com Catarina.— Sr. Albuquerque! Que honra poder encontrá-lo pessoalmente. — Sérgio apareceu com uma postura extremamente respeitosa, bem diferente do tom arrogante que costumava ter diante de Catarina.Ele estava tentando vender sua empresa, mas enfrentava desvalorização constante. Se aceitasse os preços atuais, teria grande prejuízo.Sem saída, pensou em procurar a família Albuquerque, na esperança de que uma possível parceria valorizasse seu negócio.Trouxe um projeto de investimento em joias, com intenções bem óbvias.Ricardo soltou um sorriso frio e superior:— Se sua empresa consegue esconder a real situação da família Albuqu
Catarina entrou no posto de combustível. Não havia outros carros por ali.O local funcionava totalmente no modo self-service, inclusive a lojinha.Ela pensou em comprar algo, depois verificar a rota pela estrada nacional.Nesse momento, seu celular tocou, era Leonardo Cortez.Do lado de fora, o vento estava forte e o frio aumentava. Catarina deu as costas para a porta e entrou mais na loja.— Sr. Cortez? — Atendeu com calma.Pelo canto do olho, percebeu que um carro preto entrava no posto, mas não conseguiu ver direito e nem deu atenção.— Srta. Catarina, as pedras preciosas chegaram. Você teria tempo para dar uma olhada hoje? — Hoje não vai dar, estou na estrada, resolvendo uma coisa.Enquanto ela falava, a campainha da porta tocou:— Bem-vindo ao posto automático do monte P.Catarina ouviu o som e percebeu que alguém havia entrado, mas não se virou imediatamente.Só que, de repente, sentiu uma presença muito próxima, e se assustou.Ao virar-se, viu Ricardo. Seus olhos se arregalaram
Catarina arregalou os olhos, em puro desespero.O posto de gasolina onde estava ficava numa área rebaixada. Ainda havia árvores bloqueando a visão da encosta, mas, se o deslizamento acontecesse, aquele lugar seria engolido em segundos.A chuva não dava trégua, e o risco aumentava a cada minuto.Ela respirou fundo e forçou-se a manter a calma.Quebrou o vidro do carro e pegou seus documentos, se algo acontecesse, não queria desaparecer sem deixar rastro.Com o guarda-chuva na mão, saiu correndo sob a chuva, sentindo o peso iminente de uma tragédia.Ao alcançar um ponto mais alto à beira da estrada, viu que o posto estava em uma depressão perigosa — aquele caminho estava fora de cogitação.Então, se virou e começou a correr de volta na direção da Cidade J.— Nenhum carro... por que não passa nenhum carro?!A força da chuva abafava até sua própria voz.Sozinha naquela estrada isolada, Catarina sentia um medo e um desespero como nunca antes.Corria e olhava para trás, ouvindo sons que pare
— Está bem…Apesar de ainda assustada, Catarina reagiu rápido e desceu do carro sem hesitar.Mas como já estava encharcada antes. Mesmo tendo aquecido um pouco no carro, sua roupa ainda não havia secado, e a nova chuva a fez tremer de frio.De repente, um paletó quente foi colocado sobre seus ombros.Ela levantou os olhos e viu Leonardo se aproximando, segurando um guarda-chuva.— Não pode ficar doente. Precisamos agir rápido. Venha comigo.Ele segurava o guarda-chuva e alguns itens nas mãos. O guarda-chuva estava completamente inclinado para protegê-la, enquanto sua própria camisa branca já estava toda molhada.No instante seguinte, ele segurou a mão de Catarina e a puxou, conduzindo-a por um caminho mais alto, lateral à estrada.Naquele momento de desespero, a mão de Leonardo era o único ponto de apoio, a única esperança.Ela apertou firme, seguindo seus passos, os dois começaram a correr.A respiração acelerada causava uma dor no peito. Catarina precisava inspirar fundo para não de
A voz de Leonardo era suave, mas firme, e estranhamente convincente.Catarina respirou fundo e foi se acalmando aos poucos.— É mesmo… você é o Sr. Cortez, o herdeiro mais influente da cidade J. Nem os desastres naturais ousam te contrariar.Ela nem sabia se estava falando sério ou se ainda estava atordoada, mas conseguiu fazer uma piada no meio do caos.Leonardo lhe entregou uma garrafa d’água, enquanto analisava com olhar sério o ambiente ao redor.— Justamente por eu ser Leonardo Cortez, se eu desaparecer, muita gente vai me procurar. Se eu morrer, vão cavar até me encontrar.— Por isso, enquanto estivermos vivos, vamos ser resgatados.— Pela primeira vez, acho que ser um “Cortez” tem alguma utilidade.— Em momentos como esse, meu nome pode salvar você também.Catarina ficou paralisada.Naquela fala calma, havia um leve tom de desprezo por si mesmo.Ela jamais imaginou que um homem como Leonardo falaria da própria morte com tanta naturalidade.Aquilo não era orgulho, era uma prisão.
Enquanto Catarina falava, não percebeu o olhar de preocupação que passou rapidamente pelos olhos de Leonardo.Eles já haviam caminhado bastante, e o viaduto finalmente estava perto.O caminho à frente, no entanto, passava por uma área tomada por lama.Catarina andava com cuidado, mas não esperava que uma pedra escorregadia cedesse sob seus pés. Ela perdeu o equilíbrio, e, por sorte, Leonardo segurou seu braço a tempo, mas o pé dela torceu.— Me desculpa. Era pra eu ter te avisado. Você se machucou?— Foi distração minha. Acho que torci um pouco o tornozelo. Mas dá pra continuar.O terreno ao redor era especialmente difícil.Ela tentou seguir, apertando os dentes, mas a dor no tornozelo só aumentava e a impedia de pisar com firmeza.Leonardo franziu o cenho e a impediu:— Não force. Por enquanto é só uma torção, mas se insistir pode piorar. Estamos perto. Eu te levo nas costas.Ao ver a hesitação dela, ele sorriu levemente:— Você também quer sair logo daqui, certo?— Tá bom… obrigada.