Catarina entrou no posto de combustível. Não havia outros carros por ali.O local funcionava totalmente no modo self-service, inclusive a lojinha.Ela pensou em comprar algo, depois verificar a rota pela estrada nacional.Nesse momento, seu celular tocou, era Leonardo Cortez.Do lado de fora, o vento estava forte e o frio aumentava. Catarina deu as costas para a porta e entrou mais na loja.— Sr. Cortez? — Atendeu com calma.Pelo canto do olho, percebeu que um carro preto entrava no posto, mas não conseguiu ver direito e nem deu atenção.— Srta. Catarina, as pedras preciosas chegaram. Você teria tempo para dar uma olhada hoje? — Hoje não vai dar, estou na estrada, resolvendo uma coisa.Enquanto ela falava, a campainha da porta tocou:— Bem-vindo ao posto automático do monte P.Catarina ouviu o som e percebeu que alguém havia entrado, mas não se virou imediatamente.Só que, de repente, sentiu uma presença muito próxima, e se assustou.Ao virar-se, viu Ricardo. Seus olhos se arregalaram
Catarina arregalou os olhos, em puro desespero.O posto de gasolina onde estava ficava numa área rebaixada. Ainda havia árvores bloqueando a visão da encosta, mas, se o deslizamento acontecesse, aquele lugar seria engolido em segundos.A chuva não dava trégua, e o risco aumentava a cada minuto.Ela respirou fundo e forçou-se a manter a calma.Quebrou o vidro do carro e pegou seus documentos, se algo acontecesse, não queria desaparecer sem deixar rastro.Com o guarda-chuva na mão, saiu correndo sob a chuva, sentindo o peso iminente de uma tragédia.Ao alcançar um ponto mais alto à beira da estrada, viu que o posto estava em uma depressão perigosa — aquele caminho estava fora de cogitação.Então, se virou e começou a correr de volta na direção da Cidade J.— Nenhum carro... por que não passa nenhum carro?!A força da chuva abafava até sua própria voz.Sozinha naquela estrada isolada, Catarina sentia um medo e um desespero como nunca antes.Corria e olhava para trás, ouvindo sons que pare
— Está bem…Apesar de ainda assustada, Catarina reagiu rápido e desceu do carro sem hesitar.Mas como já estava encharcada antes. Mesmo tendo aquecido um pouco no carro, sua roupa ainda não havia secado, e a nova chuva a fez tremer de frio.De repente, um paletó quente foi colocado sobre seus ombros.Ela levantou os olhos e viu Leonardo se aproximando, segurando um guarda-chuva.— Não pode ficar doente. Precisamos agir rápido. Venha comigo.Ele segurava o guarda-chuva e alguns itens nas mãos. O guarda-chuva estava completamente inclinado para protegê-la, enquanto sua própria camisa branca já estava toda molhada.No instante seguinte, ele segurou a mão de Catarina e a puxou, conduzindo-a por um caminho mais alto, lateral à estrada.Naquele momento de desespero, a mão de Leonardo era o único ponto de apoio, a única esperança.Ela apertou firme, seguindo seus passos, os dois começaram a correr.A respiração acelerada causava uma dor no peito. Catarina precisava inspirar fundo para não de
A voz de Leonardo era suave, mas firme, e estranhamente convincente.Catarina respirou fundo e foi se acalmando aos poucos.— É mesmo… você é o Sr. Cortez, o herdeiro mais influente da cidade J. Nem os desastres naturais ousam te contrariar.Ela nem sabia se estava falando sério ou se ainda estava atordoada, mas conseguiu fazer uma piada no meio do caos.Leonardo lhe entregou uma garrafa d’água, enquanto analisava com olhar sério o ambiente ao redor.— Justamente por eu ser Leonardo Cortez, se eu desaparecer, muita gente vai me procurar. Se eu morrer, vão cavar até me encontrar.— Por isso, enquanto estivermos vivos, vamos ser resgatados.— Pela primeira vez, acho que ser um “Cortez” tem alguma utilidade.— Em momentos como esse, meu nome pode salvar você também.Catarina ficou paralisada.Naquela fala calma, havia um leve tom de desprezo por si mesmo.Ela jamais imaginou que um homem como Leonardo falaria da própria morte com tanta naturalidade.Aquilo não era orgulho, era uma prisão.
Enquanto Catarina falava, não percebeu o olhar de preocupação que passou rapidamente pelos olhos de Leonardo.Eles já haviam caminhado bastante, e o viaduto finalmente estava perto.O caminho à frente, no entanto, passava por uma área tomada por lama.Catarina andava com cuidado, mas não esperava que uma pedra escorregadia cedesse sob seus pés. Ela perdeu o equilíbrio, e, por sorte, Leonardo segurou seu braço a tempo, mas o pé dela torceu.— Me desculpa. Era pra eu ter te avisado. Você se machucou?— Foi distração minha. Acho que torci um pouco o tornozelo. Mas dá pra continuar.O terreno ao redor era especialmente difícil.Ela tentou seguir, apertando os dentes, mas a dor no tornozelo só aumentava e a impedia de pisar com firmeza.Leonardo franziu o cenho e a impediu:— Não force. Por enquanto é só uma torção, mas se insistir pode piorar. Estamos perto. Eu te levo nas costas.Ao ver a hesitação dela, ele sorriu levemente:— Você também quer sair logo daqui, certo?— Tá bom… obrigada.
Ricardo ficou tomado pelo pânico.Imediatamente, avançou com o carro, cortando os outros veículos, tentando retornar pela rodovia em direção ao posto de gasolina.Mas nem conseguiu se aproximar do trecho afetado. A estrada já estava bloqueada, com dezenas de carros parados.Sem alternativa, desceu do carro e correu até onde estavam os policiais e bombeiros.— Senhor, houve um deslizamento. A área está interditada, não é mais possível entrar com veículos.— O carro da minha namorada está naquele trecho! Eu preciso entrar e tirar ela de lá! Deixem eu passar!Os olhos de Ricardo estavam vermelhos, o desespero transbordando. Tentou forçar a entrada, mas foi imediatamente contido.— Senhor, se sua namorada está lá, já estamos cuidando disso. As câmeras detectaram dois veículos presos, e as equipes de resgate estão a caminho. Entrar agora seria perigoso demais.A barreira policial impedia Ricardo de sequer enxergar o trecho onde ela poderia estar.— Foi minha culpa… eu peguei o celular e a c
Catarina sentia-se culpada. Um simples "obrigada" não parecia suficiente para expressar tudo o que estava sentindo.Leonardo sentou-se, e o ferimento na perna tornou-se mais visível.— Vamos direto para um hospital em Cidade J.— Não para Cidade J. Vamos para Cidade T.Ele a olhou nos olhos e explicou:— Já entrei em contato com a organização do leilão. A obra do seu pai não será mais leiloada publicamente. Ainda temos tempo para passar no hotel, você trocar de roupa, e ir buscá-la.— A obra não importa, o senhor está ferido. Precisa tratar isso imediatamente.— Não se preocupe. Enquanto você busca a obra do Sr. Vasconcelos, a equipe médica da minha família já estará cuidando de mim. É só um arranhão.Ela quis insistir, mas Leonardo colocou os fones nela com um leve sorriso, ao mesmo tempo autoritário.O helicóptero sobrevoou a área interditada.Naquele mesmo instante...Catarina não olhou para baixo, com essa altura, não fazia ideia do que estava acontecendo lá embaixo.Mas Ricardo vi
— Fico feliz que a senhorita tenha conseguido realizar seu desejo — Disse Leonardo, com um sorriso gentil.Ele já havia trocado de roupa, e sua perna havia sido tratada pela equipe médica. Mesmo assim, de repente se curvou, apoiando-se no joelho esquerdo, com uma expressão de dor.— Está doendo muito? Deveríamos ir ao hospital, isso é culpa minha por ter feito você esperar. — Disse Catarina, preocupada.Ela própria havia machucado o tornozelo, mas não era nada grave. Com o curativo e andando devagar, já estava bem melhor.Leonardo então viu Ricardo se aproximando rapidamente ao longe.— Nesse caso, pode me acompanhar ao hospital? Está doendo bastante.— Claro.Catarina entrou de volta no carro de Leonardo.Naquele momento, o “ferido” Leonardo fechou a porta com agilidade surpreendente.— Pode ir.— Sim, senhor.O motorista da família Cortez estava extremamente cauteloso. O ferimento do jovem herdeiro não podia ser divulgado, para não afetar a imagem da família.— Senhorita, pode veri