De repente, Ricardo saiu andando sem pensar duas vezes.— Sr. Albuquerque, está tudo bem entre o senhor e a Srta. Catarina?O vice-reitor ouviu o barulho e saiu do escritório para perguntar.Ricardo foi obrigado a parar.Ao se virar, algo lhe veio à mente:— Catarina estava indo para a secretaria agora há pouco? Quase me esqueci, ela foi secretária minha por três anos. Está bem familiarizada com nossas ações filantrópicas. Deve ter vindo aqui sabendo que eu participaria da cerimônia, e ficou esperando para me ver.— Hã?O vice-reitor ficou sem reação, tentando explicar:— A Srta. Catarina veio perguntar sobre...— Eu sei que ela veio perguntar por mim. — Ricardo o interrompeu.Já tinha sua própria versão na cabeça, e disse generosamente:— Não tem problema. Não vou responsabilizar a escola por vazar informações sobre a minha agenda.O vice-reitor hesitou. Devia contar ou não?A Srta. Catarina claramente veio por causa do evento cultural.— Sr. Albuquerque, por que não terminou a visita
No dia seguinte.Catarina Vasconcelos chegou dirigindo a uma cafeteria.Os funcionários a reconheceram e a cumprimentaram com familiaridade.Catarina colocou o avental e entrou, começando a torrar grãos de café por conta própria.O aroma denso de café no ar deixava o humor mais leve."Catarina, podemos nos ver?""Sou o Thiago Ribeiro."Catarina já imaginava o motivo pelo qual ele queria encontrá-la.A diferença era que Thiago também era seu amigo.Pouco depois, Thiago chegou à cafeteria.Catarina estava segurando uma xícara, experimentando o sabor do café.Quando ele a viu...Ela usava o cabelo preso num rabo de cavalo, moletom e jeans. Sem maquiagem, sem acessórios.— Catarina, faz tempo que não nos vemos... você está diferente.Ela sorriu e respondeu com outra pergunta:— Mudança boa ou ruim?Diante disso, Thiago não conseguiu mentir.Catarina estava ainda mais radiante, com um ar de leveza que vinha de dentro.— Está usando o avental da casa? É sua a cafeteria?— Não, só estou cuida
— Gerente, posso pedir um café feito com os grãos torrados pela Catarina? Pago a mais, se for preciso.O gerente deu uma olhada. Ainda restava um pouco dos grãos que não haviam sido embalados.— Que tipo de café deseja?— Um americano gelado.Pouco depois, Thiago Ribeiro saiu com o café em mãos e dirigiu seu carro esportivo até o Grupo Albuquerque.…Grupo AlbuquerqueQuando Thiago chegou, Ricardo não estava no escritório.— Sr. Ribeiro, deseja algo? O Sr. Ricardo está numa reunião e deve demorar um pouco.— Nada demais. Este café é pra ele.Esse era o jeito despreocupado de Thiago demonstrar seu apoio.Momentos depois, quem chegou primeiro foi Inês Rainha.Ela carregava várias xícaras de café compradas fora.— Srta. Inês, este café foi entregue agora há pouco pelo Sr. Ribeiro. É para o Sr. Ricardo.— Ah, eu sei. — Inês pegou a xícara e deu uma olhada.Na verdade, ela não entendia. Nunca tinha ouvido falar do nome daquela cafeteria. Como poderia ser melhor do que os cafés caros que ela
Catarina dirigiu direto para o estacionamento subterrâneo.Gabriel Nunes já a aguardava, e liberou o acesso ao elevador VIP.— Srta. Catarina, o Sr. Cortez pediu que eu a recebesse.— Obrigada.Catarina segurava uma sacola de papel e, de repente, pensou que talvez estivesse fazendo um gesto exagerado para um presente tão simples.Do outro lado…Grupo Cortez, saguão do térreo.Ricardo Albuquerque esperava o elevador.Naquele momento, o elevador usado por Catarina chegou ao primeiro andar.Houve um bip, as portas se abriram lentamente.Ricardo olhou, mas o elevador estava vazio.O elevador VIP não parou no térreo. Subiu direto até o escritório presidencial.Catarina e Ricardo não se encontraram naquele momento.Quando Ricardo entrou no elevador, viu Eduardo Souza se aproximando.— O Sr. Souza chegou rápido.— Fazer o quê? A família Souza não tem muitas vantagens. E hoje o Sr. Albuquerque não trouxe a Srta. Inês?Eduardo não economizava nas alfinetadas.Dentro do elevador, os dois já troc
— Está bem, eu te levo.Leonardo se levantou para acompanhar Catarina.Nesse momento, Ricardo saiu para atender uma ligação.Ao ouvir uma voz ao longe, seu olhar periférico captou a porta do elevador VIP se fechando.Primeiro viu a silhueta de Leonardo, depois…Num instante, lhe pareceu ver Catarina?Mas quando Ricardo se aproximou, o elevador já estava descendo.Deve ter se enganado.Catarina… como poderia estar na casa da família Cortez?— Sr. Albuquerque, desculpe a demora. — Leonardo, ao vê-lo, estreitou os olhos de leve.— Sobre o projeto da licitação, vamos conversar na sala de reuniões.Mencionando o assunto principal, Ricardo se recompôs e não pensou mais nisso.Agora, Ricardo e Eduardo estavam sentados na sala de reuniões.As pastas haviam sido entregues, e Hugo Leal já estava adiantando a conversa.Leonardo, por sua vez, foi até a copa.Lá encontrou a sua secretária preparando café.Entregou a ela um pacote com grãos de café e fez uma observação:— A partir de agora, quero qu
A mente de Ricardo, antes calculista e paciente, agora estava inquieta. Precisava pensar com seriedade: o que, afinal, Catarina queria?Se ela ainda não havia voltado, o erro só podia estar na abordagem dele.No dia seguinte, o Grupo Albuquerque recebeu uma visita inesperada. Assim que Ricardo viu Sérgio Vasconcelos, teve a intuição de que aquilo tinha a ver com Catarina.— Sr. Albuquerque! Que honra poder encontrá-lo pessoalmente. — Sérgio apareceu com uma postura extremamente respeitosa, bem diferente do tom arrogante que costumava ter diante de Catarina.Ele estava tentando vender sua empresa, mas enfrentava desvalorização constante. Se aceitasse os preços atuais, teria grande prejuízo.Sem saída, pensou em procurar a família Albuquerque, na esperança de que uma possível parceria valorizasse seu negócio.Trouxe um projeto de investimento em joias, com intenções bem óbvias.Ricardo soltou um sorriso frio e superior:— Se sua empresa consegue esconder a real situação da família Albuqu
Catarina entrou no posto de combustível. Não havia outros carros por ali.O local funcionava totalmente no modo self-service, inclusive a lojinha.Ela pensou em comprar algo, depois verificar a rota pela estrada nacional.Nesse momento, seu celular tocou, era Leonardo Cortez.Do lado de fora, o vento estava forte e o frio aumentava. Catarina deu as costas para a porta e entrou mais na loja.— Sr. Cortez? — Atendeu com calma.Pelo canto do olho, percebeu que um carro preto entrava no posto, mas não conseguiu ver direito e nem deu atenção.— Srta. Catarina, as pedras preciosas chegaram. Você teria tempo para dar uma olhada hoje? — Hoje não vai dar, estou na estrada, resolvendo uma coisa.Enquanto ela falava, a campainha da porta tocou:— Bem-vindo ao posto automático do monte P.Catarina ouviu o som e percebeu que alguém havia entrado, mas não se virou imediatamente.Só que, de repente, sentiu uma presença muito próxima, e se assustou.Ao virar-se, viu Ricardo. Seus olhos se arregalaram
Catarina arregalou os olhos, em puro desespero.O posto de gasolina onde estava ficava numa área rebaixada. Ainda havia árvores bloqueando a visão da encosta, mas, se o deslizamento acontecesse, aquele lugar seria engolido em segundos.A chuva não dava trégua, e o risco aumentava a cada minuto.Ela respirou fundo e forçou-se a manter a calma.Quebrou o vidro do carro e pegou seus documentos, se algo acontecesse, não queria desaparecer sem deixar rastro.Com o guarda-chuva na mão, saiu correndo sob a chuva, sentindo o peso iminente de uma tragédia.Ao alcançar um ponto mais alto à beira da estrada, viu que o posto estava em uma depressão perigosa — aquele caminho estava fora de cogitação.Então, se virou e começou a correr de volta na direção da Cidade J.— Nenhum carro... por que não passa nenhum carro?!A força da chuva abafava até sua própria voz.Sozinha naquela estrada isolada, Catarina sentia um medo e um desespero como nunca antes.Corria e olhava para trás, ouvindo sons que pare