Enquanto pensava sobre aquilo, Catarina ficou com uma leve dúvida no coração.Nesse momento, recebeu uma mensagem de Leonardo Cortez:"Srta. Catarina, quanto à autoria da escultura em jade, redigi um termo de autorização para evitar qualquer disputa de direitos autorais quando você for participar da competição. Hoje à noite firmamos apenas um acordo verbal, é melhor oficializarmos por escrito."A versão enviada por Leonardo já vinha com sua assinatura em letra cursiva, impecável.Catarina ficou surpresa. De seguida respondeu:"Obrigada, Sr. Cortez."Ele havia pensado em tudo, como era de se esperar da etiqueta da família Cortez.Ela também não deveria tirar conclusões precipitadas.No dia seguinte, Catarina ficou em casa finalizando a inscrição na competição.Entre a campanha de divulgação das técnicas tradicionais e o prazo final da competição, ela organizou tudo.Programou lembretes no celular.Aquela era sua carreira, com metas definidas e um caminho claro pelo qual se dedicava.Apó
Ela já havia sido eliminado por Catarina há muito tempo!…Catarina não fazia ideia do que estava acontecendo no Grupo Albuquerque.Ao receber a ligação da professora Lorena, saiu para buscar os materiais da campanha de preservação cultural.Aproveitou a ocasião para contar à professora que planejava participar da competição com uma escultura em jade. No fundo, ainda se sentia insegura.A professora segurou suas mãos e disse com firmeza:— Catarina, o melhor mestre de escultura em jade de Cidade J foi seu pai. Com a sua habilidade, eu não tenho mais o que te ensinar. Se você conseguir aprender com as memórias que tem do Sr. Vasconcelos, isso já será uma forma de continuar o legado da sua família.— Obrigada, professora. Eu entendo.De repente, Catarina sentiu uma vontade forte de ver novamente as obras do pai.Na época em que a família Vasconcelos faliu, todos os pertences foram parar nas mãos do tio Sérgio, que cuidou da liquidação.Era a primeira vez que Catarina decidia procurá-lo p
Catarina permaneceu firme, sem medo dos olhares de desprezo à sua volta.— O senhor vive dizendo que as obras do meu pai não têm valor…Mas continua ganhando dinheiro às custas delas, revendendo e até plagiando. Não consegue nem contratar um designer de verdade? Está claro que não tem competência para administrar a empresa!— Insolente! — Sérgio Vasconcelos bateu na mesa, vermelho de raiva.Ser humilhado diante de tanta gente o deixou fora de si.— Catarina Vasconcelos, se não fosse eu para limpar a bagunça, a família de vocês teria acabado na miséria! Sou o benfeitor da sua família!Todos os presentes acompanhavam o drama familiar com atenção.— Catarina, quem te criou assim tão ingrata e sem noção? Quer comprar as relíquias do seu pai? Vai usar dinheiro de homem pra isso? — Ainda bem que meu irmão morreu. Se estivesse vivo e visse você, depois de anos se jogando pra cima de um homem rico e sendo descartada sem nem casar... Seria uma desonra pro nome da família Vasconcelos!Sérgio er
— Não precisa. No momento, não estou considerando isso.Catarina recusou diretamente.Eduardo Souza já havia testemunhado a teimosia de Catarina. Seu olhar agora carregava uma provocação discreta.— Srta. Catarina, você sabe que minha intenção é te ajudar, certo? Em círculos como o de Cidade J, o mais importante é ter alguém com influência por trás. Não feche seu coração só por causa do que aconteceu com o Sr. Albuquerque. Eu, e a família Souza, somos opções que você deveria considerar.O empenho de Eduardo era óbvio.Catarina entendia bem que homens como ele e Ricardo, quando chegam ao topo, não se preocupam em esconder suas intenções, ao contrário, se orgulham delas.Mas ela não queria nenhum tipo de envolvimento com esse perfil de homem.— Obrigada, Sr. Souza.Mesmo assim, recuso.Catarina sempre foi firme, nunca deixou margem para mal-entendidos.O café havia acabado.Ela se levantou e foi embora.Não imaginava, porém, que aquele encontro com Eduardo seria flagrado por Valentina Al
A edição limitada que Ricardo Albuquerque havia encomendado levaria ao menos dois dias para chegar.Nesse meio tempo, ele também estava focado na preparação para uma licitação importante.Assim que as bolsas exclusivas chegaram, foram entregues pessoalmente pela loja de luxo.Na hora da inspeção, Inês Rainha arregalou os olhos, ficou completamente em choque.Mas Ricardo estava prestes a entrar em uma reunião.— Agora não tenho tempo. Hugo, encomende também um buquê de flores e mande entregar na casa da Catarina.Inês entrou em pânico ao ouvir isso.Se Catarina visse todas aquelas bolsas de luxo, com certeza aceitaria e voltaria para a empresa.— Sr. Ricardo, se quiser, posso entregar os presentes para a Catarina.Ricardo virou-se para ela.Inês Rainha disse, fingindo compreensão:— Acho que a Catarina ainda está magoada com o senhor… e talvez por minha causa também. Se eu for pessoalmente e explicar, quem sabe ela não volte atrás?— Está bem. Leve os presentes para ela e diga que o esc
— Secretária Inês, não desperdice seu tempo nem seus esforços comigo. Leve essas coisas de volta. — Eu não me atreveria a tomar decisões no lugar do Sr. Ricardo… Mas minha missão é garantir que você aceite os presentes, mesmo que continue fingindo essa pose de superioridade…Catarina já estava de saco cheio.De repente, ela arrancou a sacola de grife das mãos de Inês, sem aviso.Inês, que estava prestes a soltar algum comentário sarcástico, paralisou.Catarina olhou para a rua, e viu o caminhão de coleta passando.Sem hesitar, jogou todos os pacotes dentro dele.— Você enlouqueceu?! Isso é tudo edição limitada!! — O grito estridente de Inês ecoou atrás dela.— Sua missão está cumprida. Agora, vá embora. — Catarina fechou o portão e voltou calmamente para dentro de casa.Para não ser incomodada novamente, desligou até a campainha.O caminhão, sem saber o que havia recebido, continuou sua rota a uma velocidade constante.— Parem! Esperem! — Inês saiu correndo e gritando. — Aquilo é vali
Assim que Catarina abriu a porta, Leonardo Cortez entrou com naturalidade, como se já estivesse acostumado.Ao vê-la com o avental de proteção contra sujeira, ele comentou com um leve sorriso:— A Srta. Catarina ainda está fazendo hora extra?— Idem, Sr. Cortez. Terminou os compromissos sociais e passou por aqui no caminho?Leonardo, como sempre, estava impecável em seu terno, exalando elegância e sobriedade a qualquer hora do dia.Seus olhos repousaram na xícara que ela segurava.— Café... Que aroma bom.A sugestão estava clara.Catarina entendeu a deixa e assentiu:— Por favor, sente-se. Vou preparar um café fresco pra você.Pouco depois, Leonardo pegava a xícara de café preto recém-passado, e o saboreava com calma.— Já provei muitos cafés por aí... mas esse ponto de torra está perfeito. Não vi você adicionar chá, mas sinto um leve aroma. Foi usado no processo de torra?— Sr. Cortez realmente entende do assunto. Adicionei um pouco de chá no final da torra. Dá um toque sem roubar a c
Catarina não parecia nem um pouco constrangida.Já Leonardo demorou um segundo para reagir.— Srta. Catarina, então eu vou indo. — Ele levantou o olhar lentamente, e em seus olhos profundos refletia a luz tênue do ambiente, como uma estrela luminosa em meio à escuridão.De volta ao carro, Leonardo se recostou no banco e respirou fundo, ainda segurando o pacote de café em mãos.O motorista dirigia com suavidade, a temperatura do ar-condicionado estava no ponto certo.Leonardo baixou o vidro, deixando o vento fresco da noite entrar.A luz dos postes passava intermitente pela janela, iluminando de relance suas orelhas levemente avermelhadas.Num gesto quase inconsciente, ele afrouxou a gravata, tentando acalmar o calor residual no peito.O motorista, intrigado, perguntou:— Sr. Leonardo, a temperatura do carro está muito alta?— Não, está tudo bem. — Ele sorriu de leve.Era um calorzinho no peito, difícil de conter, que começava a crescer devagar.…Catarina continuava envolvida com a org