— Não precisa. No momento, não estou considerando isso.Catarina recusou diretamente.Eduardo Souza já havia testemunhado a teimosia de Catarina. Seu olhar agora carregava uma provocação discreta.— Srta. Catarina, você sabe que minha intenção é te ajudar, certo? Em círculos como o de Cidade J, o mais importante é ter alguém com influência por trás. Não feche seu coração só por causa do que aconteceu com o Sr. Albuquerque. Eu, e a família Souza, somos opções que você deveria considerar.O empenho de Eduardo era óbvio.Catarina entendia bem que homens como ele e Ricardo, quando chegam ao topo, não se preocupam em esconder suas intenções, ao contrário, se orgulham delas.Mas ela não queria nenhum tipo de envolvimento com esse perfil de homem.— Obrigada, Sr. Souza.Mesmo assim, recuso.Catarina sempre foi firme, nunca deixou margem para mal-entendidos.O café havia acabado.Ela se levantou e foi embora.Não imaginava, porém, que aquele encontro com Eduardo seria flagrado por Valentina Al
A edição limitada que Ricardo Albuquerque havia encomendado levaria ao menos dois dias para chegar.Nesse meio tempo, ele também estava focado na preparação para uma licitação importante.Assim que as bolsas exclusivas chegaram, foram entregues pessoalmente pela loja de luxo.Na hora da inspeção, Inês Rainha arregalou os olhos, ficou completamente em choque.Mas Ricardo estava prestes a entrar em uma reunião.— Agora não tenho tempo. Hugo, encomende também um buquê de flores e mande entregar na casa da Catarina.Inês entrou em pânico ao ouvir isso.Se Catarina visse todas aquelas bolsas de luxo, com certeza aceitaria e voltaria para a empresa.— Sr. Ricardo, se quiser, posso entregar os presentes para a Catarina.Ricardo virou-se para ela.Inês Rainha disse, fingindo compreensão:— Acho que a Catarina ainda está magoada com o senhor… e talvez por minha causa também. Se eu for pessoalmente e explicar, quem sabe ela não volte atrás?— Está bem. Leve os presentes para ela e diga que o esc
— Secretária Inês, não desperdice seu tempo nem seus esforços comigo. Leve essas coisas de volta. — Eu não me atreveria a tomar decisões no lugar do Sr. Ricardo… Mas minha missão é garantir que você aceite os presentes, mesmo que continue fingindo essa pose de superioridade…Catarina já estava de saco cheio.De repente, ela arrancou a sacola de grife das mãos de Inês, sem aviso.Inês, que estava prestes a soltar algum comentário sarcástico, paralisou.Catarina olhou para a rua, e viu o caminhão de coleta passando.Sem hesitar, jogou todos os pacotes dentro dele.— Você enlouqueceu?! Isso é tudo edição limitada!! — O grito estridente de Inês ecoou atrás dela.— Sua missão está cumprida. Agora, vá embora. — Catarina fechou o portão e voltou calmamente para dentro de casa.Para não ser incomodada novamente, desligou até a campainha.O caminhão, sem saber o que havia recebido, continuou sua rota a uma velocidade constante.— Parem! Esperem! — Inês saiu correndo e gritando. — Aquilo é vali
Assim que Catarina abriu a porta, Leonardo Cortez entrou com naturalidade, como se já estivesse acostumado.Ao vê-la com o avental de proteção contra sujeira, ele comentou com um leve sorriso:— A Srta. Catarina ainda está fazendo hora extra?— Idem, Sr. Cortez. Terminou os compromissos sociais e passou por aqui no caminho?Leonardo, como sempre, estava impecável em seu terno, exalando elegância e sobriedade a qualquer hora do dia.Seus olhos repousaram na xícara que ela segurava.— Café... Que aroma bom.A sugestão estava clara.Catarina entendeu a deixa e assentiu:— Por favor, sente-se. Vou preparar um café fresco pra você.Pouco depois, Leonardo pegava a xícara de café preto recém-passado, e o saboreava com calma.— Já provei muitos cafés por aí... mas esse ponto de torra está perfeito. Não vi você adicionar chá, mas sinto um leve aroma. Foi usado no processo de torra?— Sr. Cortez realmente entende do assunto. Adicionei um pouco de chá no final da torra. Dá um toque sem roubar a c
Catarina não parecia nem um pouco constrangida.Já Leonardo demorou um segundo para reagir.— Srta. Catarina, então eu vou indo. — Ele levantou o olhar lentamente, e em seus olhos profundos refletia a luz tênue do ambiente, como uma estrela luminosa em meio à escuridão.De volta ao carro, Leonardo se recostou no banco e respirou fundo, ainda segurando o pacote de café em mãos.O motorista dirigia com suavidade, a temperatura do ar-condicionado estava no ponto certo.Leonardo baixou o vidro, deixando o vento fresco da noite entrar.A luz dos postes passava intermitente pela janela, iluminando de relance suas orelhas levemente avermelhadas.Num gesto quase inconsciente, ele afrouxou a gravata, tentando acalmar o calor residual no peito.O motorista, intrigado, perguntou:— Sr. Leonardo, a temperatura do carro está muito alta?— Não, está tudo bem. — Ele sorriu de leve.Era um calorzinho no peito, difícil de conter, que começava a crescer devagar.…Catarina continuava envolvida com a org
Não era a primeira vez que Catarina aparecia no Grupo Souza.Afinal, as famílias Albuquerque e Souza sempre foram parceiras, e muitos funcionários da empresa a reconheciam.Além disso, Eduardo Souza fez questão de levá-la para dentro da empresa de maneira bem chamativa.— Srta. Catarina, aguarde só um momento, vou acionar o departamento de comunicação para buscar os materiais do evento.— Obrigada, Sr. Souza.Catarina aguardava na sala de recepção, cercada por olhares curiosos.Mas ela se manteve tranquila. Afinal, estava ali apenas para tratar de trabalho.Nesse momento, uma mulher de terninho entrou trazendo uma xícara de café.— Secretária Catarina, quanto tempo! Quem falava era a Sra. Moreira, secretária do Sr. Eduardo, com quem Catarina já havia trabalhado no passado.— Olá, Sra. Moreira. Eu pedi demissão há algum tempo.Catarina não deixou de notar o tom sutil de sondagem nas palavras da outra.— E agora, está em qual empresa? O Sr. Souza sempre teve muita admiração pelo seu tra
O pior humor de Ricardo Albuquerque explodiu no momento em que ouviu a provocação de Eduardo Souza.Diferente de David Costa, que era apenas um pretendente inofensivo, Eduardo representava uma ameaça real, seu status e poder eram equivalentes aos de Ricardo.Na hora, Thiago Ribeiro e Pedro Castro trocaram olhares discretos. Essa era exatamente a cena que eles menos queriam presenciar.— Sr. Albuquerque, agora todo mundo sabe que Catarina está solteira. O senhor não tem mais o direito de mantê-la escondida. Eduardo não escondia seu interesse por Catarina. Sabia que Ricardo não queria deixá-la ir, e justamente por isso, sentia ainda mais prazer na disputa.Thiago olhou sério. Aquela frase era perigosa demais.Mas, de repente, Ricardo se levantou cambaleando, embriagado, e apontou o dedo com raiva:— Eduardo! Mesmo que eu realmente tenha terminado com a Catarina, ela jamais seria sua!Eduardo respondeu com um sorriso provocador:— Já tive muitas secretárias ao meu lado, mas nenhuma tão f
Ricardo sabia que estava mesmo embriagado.Aquelas palavras que sempre escondeu no fundo do coração, que nem a si próprio ousava admitir... agora, todas romperam as barreiras da razão e transbordaram.Ele não conseguia controlar, tampouco reprimir.Um suspiro escapou, como se cedesse à própria fraqueza.Do outro lado da linha, Catarina permanecia em silêncio.Estava esperando por ele?Usar o telefone de Thiago Ribeiro era, no fundo, uma forma de escapar do próprio orgulho, era baixar a cabeça sem precisar admitir.— Catarina, onde você está? — A voz rouca de Ricardo parecia derramar emoções fora de controle.Ele riu de si mesmo com amargura, e lançou a pergunta com raiva:— Por que você se encontrou com Eduardo Souza hoje? Já trocou de homem de novo?Thiago, ao lado, não esperava por essa.— Ricardo, você...Queria interrompê-lo, mas Ricardo desviou o olhar, desleixado, com o terno e a camisa completamente amassados.Encostado na parede fria, o corpo curvado, já não havia mais nada daq