— Catarina, você já ouviu falar do concurso de design de joias deste ano em Cidade J?A professora Ferreira comentou casualmente enquanto comia frutas após o jantar.Catarina assentiu:— Vi algo quando estava organizando a exposição. Parece que os designers já contratados por empresas não podem participar, então a maioria dos participantes é composta por novatos ou freelancers recém-formados.— Me convidaram para ser jurada. — A professora a olhou com seriedade. — Eu ia aceitar... mas agora estou pensando em recusar.— Por quê? — Catarina se surpreendeu. — Com a sua posição, é claro que deveria participar. Assim poderia incentivar novos talentos.— O talento que eu quero incentivar é você. — A professora sorriu. — Quero que você entre nesse concurso. E, como sua mentora, preciso me manter imparcial, por isso não posso fazer parte do júri.Ao ouvir isso, Catarina ficou visivelmente surpresa e largou a fruta.— Professora... Mesmo que eu entre, não é certo que eu consiga algum resultado.
Catarina Vasconcelos havia feito uma reserva em um restaurante de culinária ocidental. Chegou com antecedência e já tinha feito os pedidos, tudo conforme a etiqueta de quem convida. Especialmente porque Leonardo Cortez chegou pontualmente.— Boa noite, Sr. Cortez.— Boa noite, Srta. Vasconcelos.Leonardo a olhou com uma gentileza cativante.Ela usava um vestido de veludo vermelho, os cabelos pretos levemente ondulados caíam pelos ombros, ressaltando o tom alvíssimo da pele. A maquiagem suave deixava seu sorriso ainda mais radiante. Coincidentemente, a gravata dele também era em tom vermelho escuro.Os dois se sentaram em um salão privativo com uma bela vista.— O Sr. tem alguma restrição alimentar?— Nenhuma. Como de tudo.Leonardo apoiou o braço com leveza na mesa e olhou diretamente para ela, sem pressa.Nesse momento, Catarina confirmou o cardápio com o garçom:— Nada de kiwi nos pratos, por favor. Fora isso, está tudo bem.— Você é alérgica a kiwi?— Sim, tenho reação alérgica.Le
Assim que se sentou, Thiago Ribeiro notou um contrato ao lado de Ricardo. — O que é isso?— Algo que preparei para a Catarina. — Respondeu Ricardo, olhando para ele. — Ela me bloqueou em tudo, não tenho como entrar em contato. Mas sei que, depois que saiu do trabalho, a vida não tem sido fácil. Não quero que ela continue sofrendo por aí.— Mas tudo isso só por isso? Depois te ajudo a falar com ela, mas tem certeza de que esse contrato vai resolver?Thiago tinha acabado de sair do trabalho, estava com fome, mas mantinha a elegância enquanto jantava.Ricardo, por outro lado, mal tocava na comida. Apenas bebia vinho.— Ela só pediu demissão por birra. Esse é um novo contrato. Quero que volte como secretária Catarina. É ao meu lado que ela fica protegida.Ele havia passado o dia inteiro elaborando aquele documento. Era a sua prova de boa fé.— Tenho certeza de que ela não vai te recusar.Thiago largou os talheres, tomou um gole de vinho, e pegou o celular. Ligou para Catarina e ativou o vi
A reação de Ricardo Albuquerque foi, de fato, inesperada.— Então o Sr. Albuquerque não sabia... Fui eu quem acabou contando demais. — Eduardo Souza soltou uma risada irônica, e sem dizer mais nada, se afastou.Ricardo trocou um olhar com Thiago Ribeiro.Durante todo esse tempo, eles tentavam se aproximar da família Cortez, mas só conseguiam tratar com o vice-presidente Hugo Leal.A única vez que haviam o visto pessoalmente foi no ano anterior, durante uma conferência internacional no exterior.Recentemente, havia rumores de que Leonardo Cortez estava de volta à Cidade J, mas encontrar um espaço na agenda dele era quase impossível, todos queriam marcar reunião, sem sucesso.— A família Souza é concorrente direta da nossa. Seja o que for que Eduardo planeje esta noite, eu não posso ficar para trás.Ricardo se levantou imediatamente, e Thiago o acompanhou.Eduardo Souza, à frente, percebeu os passos atrás de si, mas não se surpreendeu nem um pouco.Ao se aproximarem do corredor que levav
Ao ouvir aquela frase, Ricardo e Eduardo trocaram olhares incômodos.A competição entre os dois não era apenas nos negócios, nos bastidores, também usavam todos os recursos possíveis.— Mas hoje à noite, trata-se de um encontro pessoal. Não é um bom momento para falar de trabalho. — Leonardo Cortez manteve o tom calmo e gentil.Encontro pessoal?Ricardo e Eduardo se entreolharam, cheios de desconfiança. Afinal, todos sabiam que aquele herdeiro da família Cortez jamais havia tornado público qualquer relacionamento.Se ele estivesse prestes a se casar, isso impactaria diretamente a família Cortez, e todo o alto círculo social de Cidade J.Naquele momento, Leonardo avistou o garçom trazendo a sobremesa. Virou-se para voltar ao salão, mas, como se algo lhe ocorresse, parou e encarou o olhar investigativo de Ricardo.— Sr. Albuquerque, soube que os documentos enviados pela sua família da última vez tinham problema... estavam incorretos?A frase, dita com suavidade, parecia carregar um duplo
Catarina parou de repente.Não esperava que Ricardo ainda estivesse a vigiá-la.Por um instante, a cena pareceu até um pouco assustadora.Mesmo com ela parada, os passos dele continuavam a se aproximar.— Catarina, onde você esteve hoje à noite?A voz dele soava rouca, e o olhar, na penumbra, estava ainda mais afiado.Ricardo a observava atentamente. Vestida com um vestido vermelho, estava deslumbrante, mas não havia ninguém ao seu lado.Era estranho.Se ela estava sofrendo com o término, como ainda tinha ânimo para se arrumar e sair?Mas pensando bem, talvez fosse compreensível, o apartamento agora parecia vazio sem ele. Talvez ela quisesse espairecer.Sem se dar conta, Ricardo estava apenas expressando o que vinha sentindo nos últimos dias.Catarina ergueu os olhos e, mesmo relutante, enfrentou a presença dele.Manteve a distância, e seu olhar era gelado como a brisa noturna.— O que você está fazendo aqui?Ela finalmente havia desfrutado de alguns dias de paz. Achava que ele tinha d
— Dá uma olhada nas condições do contrato. Assim você vai entender o quanto estou sendo sincero ao te chamar de volta para o setor de secretariado.— Eu já disse que não quero!Catarina Vasconcelos se desvencilhou bruscamente da mão de Ricardo Albuquerque.Ela rejeitava qualquer aproximação dele.Mas sua reação só serviu para provocar ainda mais Ricardo.— Catarina, você pode ser um pouco mais racional? Eu não estou falando de sentimentos agora, estou falando da sua carreira. Do seu futuro!Ele ainda se lembrava do último conflito entre os dois, da bofetada que levou, e de como chorou arrependido a noite toda.Estava se forçando a não ser tão autoritário.— Você saiu do setor de secretariado e agora está aí fora, passando por dificuldades. Só de ouvir isso, me parte o coração. Você nem imagina as condições que coloquei nesse contrato. Se tiver algo que não goste, podemos negociar. Essa é a sua chance de fazer exigências.— Minha exigência é simples, quero que volte para me ajudar no pr
Enquanto pensava sobre aquilo, Catarina ficou com uma leve dúvida no coração.Nesse momento, recebeu uma mensagem de Leonardo Cortez:"Srta. Catarina, quanto à autoria da escultura em jade, redigi um termo de autorização para evitar qualquer disputa de direitos autorais quando você for participar da competição. Hoje à noite firmamos apenas um acordo verbal, é melhor oficializarmos por escrito."A versão enviada por Leonardo já vinha com sua assinatura em letra cursiva, impecável.Catarina ficou surpresa. De seguida respondeu:"Obrigada, Sr. Cortez."Ele havia pensado em tudo, como era de se esperar da etiqueta da família Cortez.Ela também não deveria tirar conclusões precipitadas.No dia seguinte, Catarina ficou em casa finalizando a inscrição na competição.Entre a campanha de divulgação das técnicas tradicionais e o prazo final da competição, ela organizou tudo.Programou lembretes no celular.Aquela era sua carreira, com metas definidas e um caminho claro pelo qual se dedicava.Apó