(PONTO DE VISTA DE SOFIA)Depois de sair do quarto furiosa, peguei as chaves do carro que estavam sobre a mesa de centro na sala e saí dirigindo, com um destino claro em mente – a casa dos meus pais.Eu precisava de alguém para conversar, e minha mãe era essa pessoa. A discussão com Jared havia me abalado profundamente. A emoção nos olhos dele parecia ódio, e eu não conseguia suportar isso.Nos últimos anos, meu relacionamento com Jared havia se deteriorado, e a situação piorou nos últimos meses, com ele se afastando cada vez mais. Mas nunca antes ele havia me pedido para sair de sua vida.Para mim, aquilo era um sinal de alerta, e eu não iria ignorá-lo.Minha mão apertou com mais força o volante. Eu não podia perder Jared. Não agora, nem nunca.Quando cheguei à casa dos meus pais, o rosto surpreso da minha mãe foi a primeira coisa que vi.— Sofia, querida, não sabia que você vinha.— Foi algo de última hora. — Respondi.Então, olhei ao redor antes de voltar minha atenção para ela. — O
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Nos dias seguintes, as coisas continuaram a se encaixar. Minha nova vida estava tomando forma, e eu não poderia estar mais empolgada. A casa, o restaurante, tudo estava se alinhando perfeitamente.Enquanto Maverick e eu construíamos torres com os blocos dele, meu celular vibrou.— Amiga! Adivinha o quê? — a voz de Ashley gritou pelo alto-falante.Eu ri. — O que foi agora?— Adivinha! — ela insistiu.— Você recebeu uma promoção? — provoquei.— Quem me dera! Não, é maior. Você vai adorar isso. — Ela riu. — Sua casa está pronta!— Meu Deus! Sério? — Eu gritei.Ela continuou descrevendo os lustres recém-instalados, os móveis luxuosos e a cozinha que ela sabia que eu adoraria. Por mais que eu quisesse brincar sobre o drama dela, a empolgação dela refletia a minha.— Você vai amar. Confia em mim. — Ela garantiu. Mas o tom dela mudou de repente. — Mas, olha, acho mesmo que é uma boa hora para você voltar. Tem outra coisa...— O que foi?— Ouvi umas coisas estranhas
(NARRATIVA DE ARIELLE)O dia do nosso retorno finalmente havia chegado. Eu estava no meu quarto, dando uma última olhada ao redor. Já tinha terminado de arrumar tudo, organizando minhas coisas e as de Maverick nas malas que Dwayne havia providenciado.— Está pronta? — Perguntou ele, parado na porta.— Acho que sim. — Respondi, respirando fundo.— Tudo bem, eu levo as malas. — Disse ele, já levantando uma do chão. — O Maverick já está no carro.— Deixe-me ajudar com uma dessas. — Ofereci.— Não, pode ir na frente. — Ele insistiu, mas eu o ignorei e carreguei uma das malas.— Você não desiste, não é?— Não, não mesmo. Aprendi com você.Levamos as malas até o carro, e Dwayne as colocou no porta-malas. Ele faria questão de nos levar ao aeroporto, apesar das minhas reclamações.Entramos no carro, com Dwayne assumindo o volante.— E então, está tudo bem, campeãozinho? — Ele perguntou, virando-se para Maverick, que estava no banco de trás.Maverick balançou a cabeça, os olhos lacrimejando. —
(PONTO DE VISTA DE JARED)Enquanto atravessava o aeroporto, desviando da multidão de viajantes apressados para abraçar seus entes queridos, algo chamou minha atenção. Uma mulher, andando logo à minha frente, sua silhueta incrivelmente familiar.Meu coração vacilou, como se o tempo tivesse parado.— Arielle?Não, não podia ser. Minha mente lógica entrou em ação, instigando-me a descartar o pensamento absurdo. Mas algo na maneira como ela se movia... era tão familiar. Meu olhar se fixou nela, desesperado por uma visão mais clara, mas tão rapidamente quanto a notei, ela virou a cabeça e se misturou à multidão de estranhos.Esforcei-me para captar outra imagem, com o pulso pulsando em meus ouvidos. Seu cabelo — na altura dos ombros, não os longos e loiros que eu me lembrava. E ela estava com uma criança. Um menino, agarrado à sua mão. Minha Arielle não tinha um filho.Ainda assim, meu peito se apertou, e fiquei paralisado por um momento, enquanto o resto do mundo passava por mim. Poderia r
(NARRATIVA DE JARED)Enquanto eu lutava para permanecer acordado e afastar Sofia, minha mente começou a vagar para um estado onírico.Então, como se uma porta em minha mente se abrisse, me vi em um lugar diferente… um cômodo acolhedor e convidativo, banhado por uma luz suave. Era familiar, seguro, como algo que eu havia perdido há muito tempo, mas nunca parei de procurar.Arielle estava lá, ao meu lado, seus olhos brilhando, seus lábios curvados no mais suave dos sorrisos. Meu coração disparou ao vê-la. Ela era real. Aqui. Comigo.— Amor — Sussurrei, minha voz tremendo com uma mistura avassaladora de alegria e descrença.— Sim, Jared. — Ela respondeu, sua voz tão quente e reconfortante quanto uma canção de ninar esquecida. O som me envolveu, e por um momento, a dor em meu peito desapareceu.Eu podia sentir meu coração batendo em meus ouvidos, as emoções girando – uma felicidade tão imensa que quase me esmagava. Ela estava aqui. Ela ainda me amava. E tudo o que eu havia arruinado, tudo
(PONTO DE VISTA DE SOFIA)Cheguei à "Elegância", uma loja de roupas unissex famosa frequentada apenas pelos ricos. Sendo uma cliente regular, fui bem tratada enquanto me dirigia à seção feminina para conferir as novidades.— Bem-vinda de volta, Sofia. — Disse Jenna, a gerente de vendas, aproximando-se com um sorriso.— Olá, Jenna. Só estou dando uma olhada nos novos modelos. — Respondi, examinando as araras.— Temos peças maravilhosas das coleções mais recentes. — Ela comentou, conduzindo-me à seção de estilistas.Depois de escolher e experimentar alguns vestidos, finalizei minhas compras. No caixa, Jenna fez a soma final.— O total dá 50 mil reais. — Anunciou ela.Entreguei meu cartão preto, e ela fez a cobrança. Em seguida, tirei maços de dinheiro da bolsa e os entreguei a ela.— Aqui, por ser tão atenciosa.— Obrigada. Até logo. — Ela respondeu.Assenti e saí, carregando as sacolas de compras. Ao entrar no Bentley, senti uma onda de excitação e, de repente, desejei acelerar.A adren
(PONTO DE VISTA DE JARED)Estava imerso no trabalho quando o telefonema de Sofia quebrou o silêncio, tirando-me da concentração.O que poderia ter acontecido desta vez? Quando ela finalmente pararia de causar problemas? Soltei um suspiro profundo, reprimindo a raiva que começava a crescer, enquanto ouvia os soluços dela do outro lado da linha. Ela vivia sob meu teto, e sua segurança era algo que eu simplesmente não podia ignorar, por mais difícil que fosse. Era meu carma, eu sabia disso agora. Fechei o laptop, peguei as chaves e saí sem hesitar.Enquanto dirigia, rezei silenciosamente para que o acidente não fosse tão grave quanto ela havia descrito ao telefone.No meio do caminho, parei em um sinal vermelho. A frustração tomou conta de mim enquanto eu tamborilava o volante, esperando que mudasse. Foi então que meu olhar vagou, examinando os carros ao redor. Notei um Audi cinza ao meu lado.Esse modelo não era raro, mas parecia particularmente familiar de alguma forma.Algo despertou d
(PONTO DE VISTA DE JARED)Pisquei e reli o título da manchete, na esperança de estar enganado. Mas não, as palavras permaneciam ali, afiadas e inabaláveis como uma verdade gravada em pedra.Engoli em seco, sentindo o peso do momento me esmagar, enquanto meu olhar caía para a foto logo abaixo. Minha respiração vacilou. Era ela. Arielle.A mesma mulher do aeroporto.A mesma mulher no carro da Ashley. Não é de se admirar que eu tenha me sentido atraído por ela mais cedo, no trânsito.Como pude ser tão cego?Duas vezes, em poucos dias. No aeroporto, onde senti aquela estranha atração, mas ignorei. No carro, onde tentei vê-la melhor, mas ela desapareceu antes que eu pudesse realmente enxergá-la. Em ambas as ocasiões, deixei-a escapar.A realização me atingiu como um choque quente e pesado, despedaçando meu coração. Como o destino poderia me provocar dessa forma?Eu pensei que nunca mais a veria. Mas lá estava ela.Fitei sua foto, com o coração disparado. Arielle. De volta à cidade. Bem-suce