(NARRATIVA DE ARIELLE)O dia do nosso retorno finalmente havia chegado. Eu estava no meu quarto, dando uma última olhada ao redor. Já tinha terminado de arrumar tudo, organizando minhas coisas e as de Maverick nas malas que Dwayne havia providenciado.— Está pronta? — Perguntou ele, parado na porta.— Acho que sim. — Respondi, respirando fundo.— Tudo bem, eu levo as malas. — Disse ele, já levantando uma do chão. — O Maverick já está no carro.— Deixe-me ajudar com uma dessas. — Ofereci.— Não, pode ir na frente. — Ele insistiu, mas eu o ignorei e carreguei uma das malas.— Você não desiste, não é?— Não, não mesmo. Aprendi com você.Levamos as malas até o carro, e Dwayne as colocou no porta-malas. Ele faria questão de nos levar ao aeroporto, apesar das minhas reclamações.Entramos no carro, com Dwayne assumindo o volante.— E então, está tudo bem, campeãozinho? — Ele perguntou, virando-se para Maverick, que estava no banco de trás.Maverick balançou a cabeça, os olhos lacrimejando. —
(PONTO DE VISTA DE JARED)Enquanto atravessava o aeroporto, desviando da multidão de viajantes apressados para abraçar seus entes queridos, algo chamou minha atenção. Uma mulher, andando logo à minha frente, sua silhueta incrivelmente familiar.Meu coração vacilou, como se o tempo tivesse parado.— Arielle?Não, não podia ser. Minha mente lógica entrou em ação, instigando-me a descartar o pensamento absurdo. Mas algo na maneira como ela se movia... era tão familiar. Meu olhar se fixou nela, desesperado por uma visão mais clara, mas tão rapidamente quanto a notei, ela virou a cabeça e se misturou à multidão de estranhos.Esforcei-me para captar outra imagem, com o pulso pulsando em meus ouvidos. Seu cabelo — na altura dos ombros, não os longos e loiros que eu me lembrava. E ela estava com uma criança. Um menino, agarrado à sua mão. Minha Arielle não tinha um filho.Ainda assim, meu peito se apertou, e fiquei paralisado por um momento, enquanto o resto do mundo passava por mim. Poderia r
(NARRATIVA DE JARED)Enquanto eu lutava para permanecer acordado e afastar Sofia, minha mente começou a vagar para um estado onírico.Então, como se uma porta em minha mente se abrisse, me vi em um lugar diferente… um cômodo acolhedor e convidativo, banhado por uma luz suave. Era familiar, seguro, como algo que eu havia perdido há muito tempo, mas nunca parei de procurar.Arielle estava lá, ao meu lado, seus olhos brilhando, seus lábios curvados no mais suave dos sorrisos. Meu coração disparou ao vê-la. Ela era real. Aqui. Comigo.— Amor — Sussurrei, minha voz tremendo com uma mistura avassaladora de alegria e descrença.— Sim, Jared. — Ela respondeu, sua voz tão quente e reconfortante quanto uma canção de ninar esquecida. O som me envolveu, e por um momento, a dor em meu peito desapareceu.Eu podia sentir meu coração batendo em meus ouvidos, as emoções girando – uma felicidade tão imensa que quase me esmagava. Ela estava aqui. Ela ainda me amava. E tudo o que eu havia arruinado, tudo
(PONTO DE VISTA DE SOFIA)Cheguei à "Elegância", uma loja de roupas unissex famosa frequentada apenas pelos ricos. Sendo uma cliente regular, fui bem tratada enquanto me dirigia à seção feminina para conferir as novidades.— Bem-vinda de volta, Sofia. — Disse Jenna, a gerente de vendas, aproximando-se com um sorriso.— Olá, Jenna. Só estou dando uma olhada nos novos modelos. — Respondi, examinando as araras.— Temos peças maravilhosas das coleções mais recentes. — Ela comentou, conduzindo-me à seção de estilistas.Depois de escolher e experimentar alguns vestidos, finalizei minhas compras. No caixa, Jenna fez a soma final.— O total dá 50 mil reais. — Anunciou ela.Entreguei meu cartão preto, e ela fez a cobrança. Em seguida, tirei maços de dinheiro da bolsa e os entreguei a ela.— Aqui, por ser tão atenciosa.— Obrigada. Até logo. — Ela respondeu.Assenti e saí, carregando as sacolas de compras. Ao entrar no Bentley, senti uma onda de excitação e, de repente, desejei acelerar.A adren
(PONTO DE VISTA DE JARED)Estava imerso no trabalho quando o telefonema de Sofia quebrou o silêncio, tirando-me da concentração.O que poderia ter acontecido desta vez? Quando ela finalmente pararia de causar problemas? Soltei um suspiro profundo, reprimindo a raiva que começava a crescer, enquanto ouvia os soluços dela do outro lado da linha. Ela vivia sob meu teto, e sua segurança era algo que eu simplesmente não podia ignorar, por mais difícil que fosse. Era meu carma, eu sabia disso agora. Fechei o laptop, peguei as chaves e saí sem hesitar.Enquanto dirigia, rezei silenciosamente para que o acidente não fosse tão grave quanto ela havia descrito ao telefone.No meio do caminho, parei em um sinal vermelho. A frustração tomou conta de mim enquanto eu tamborilava o volante, esperando que mudasse. Foi então que meu olhar vagou, examinando os carros ao redor. Notei um Audi cinza ao meu lado.Esse modelo não era raro, mas parecia particularmente familiar de alguma forma.Algo despertou d
(PONTO DE VISTA DE JARED)Pisquei e reli o título da manchete, na esperança de estar enganado. Mas não, as palavras permaneciam ali, afiadas e inabaláveis como uma verdade gravada em pedra.Engoli em seco, sentindo o peso do momento me esmagar, enquanto meu olhar caía para a foto logo abaixo. Minha respiração vacilou. Era ela. Arielle.A mesma mulher do aeroporto.A mesma mulher no carro da Ashley. Não é de se admirar que eu tenha me sentido atraído por ela mais cedo, no trânsito.Como pude ser tão cego?Duas vezes, em poucos dias. No aeroporto, onde senti aquela estranha atração, mas ignorei. No carro, onde tentei vê-la melhor, mas ela desapareceu antes que eu pudesse realmente enxergá-la. Em ambas as ocasiões, deixei-a escapar.A realização me atingiu como um choque quente e pesado, despedaçando meu coração. Como o destino poderia me provocar dessa forma?Eu pensei que nunca mais a veria. Mas lá estava ela.Fitei sua foto, com o coração disparado. Arielle. De volta à cidade. Bem-suce
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Era meu primeiro dia de volta ao Brasil, e uma mistura de empolgação e nervosismo me acompanhava. Hoje, eu visitaria o local do meu restaurante e participaria de uma reunião crucial com representantes da renomada Academia Culinária Paradiso, onde me formei, para consolidar o endosso como embaixadora, algo que eu havia batalhado muito para conquistar.Essa era a minha oportunidade de transformar o cenário da gastronomia exatamente como eu havia imaginado durante os intensos e desafiadores anos vividos na Itália.Uma empolgação vibrava em minhas veias ao imaginar os benefícios da posição: um carro corporativo de luxo, seguro integral e um salário robusto que traria estabilidade e conforto. Eram vantagens difíceis de ignorar.No entanto, meu verdadeiro anseio era imprimir uma marca inesquecível no cardápio, na identidade e na experiência dos clientes do Paradiso. Esse era o meu palco, e eu estava determinada a brilhar nele.Escolhi um vestido preto sob medida,
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Cheguei em casa finalmente, exausta, mas com uma sensação de realização. Assim que entrei, minha mãe e meu filho, que estavam na sala de estar, vieram correndo ao meu encontro, cheios de alegria.— Vimos as notícias! — Exclamou Maverick, pulando em mim. — Você é famosa agora, mamãe.— Parabéns, minha querida. Estou tão orgulhosa de você. — Disse minha mãe.Sorri, compartilhando da felicidade deles. — Obrigada, meus amores.Fui até o sofá, onde nos acomodamos juntos. Comecei a contar, em detalhes, como tinha sido o meu dia, mas, naturalmente, omiti o acidente e o encontro com Sofia para evitar preocupá-los.Depois de narrar os acontecimentos, senti a necessidade de tirar o vestido e os acessórios que ainda usava. — Com licença, vocês dois. — Disse, levantando-me com um sorriso. — Preciso de um banho e um pouco de descanso.— O jantar estará pronto em breve. — Lembrou minha mãe.Assenti com gratidão pela pausa. Entrei no quarto e tirei o vestido, almejando um