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3 ª RAZÃO: QUANDO ESTOU COM VOCÊ, PARECE QUE ESTOU VIVENDO UM SONHO

Sacudi a gilete no pequeno pote de água e admirei minhas pernas sem pelos. Depois do dia de ontem, era a única coisa que tinha povoado minha mente e eu mal via a hora de poder me livrar daquilo. Suspirei aliviada, olhando o relógio apenas para verificar que estava atrasada para o colégio, mas era proposital.

Minha esperança era que Nate pudesse ter resolvido o problema com o professor César, desfazendo o mal-entendido e que não precisássemos bolar um plano B, que incluía fazer piadas sobre nossas sexualidades e nos agarrar na frente de toda a escola, o que eu achava que seria um pouco constrangedor.

Com um suspiro cansado, peguei minha mochila e saí para minha caminhada de quinze minutos até a escola; sabia que era uma pessoa sortuda por morar assim tão perto, tinham colegas meus que demoravam meia hora de ônibus pra chegar. Entrei no portão da instituição com uma desculpa qualquer para que permitissem minha entrada. Parei à porta da sala de aula, esperando o sinal do intervalo bater para conseguir conversar com Nate.

Mal tirei meu celular do bolso para avisá-lo que tinha chegado e a caixa de som acima da minha cabeça entoou o aviso do intervalo, deixando-me parcialmente surda. Os alunos começaram a sair da sala em conversas animadas e alguns até acenaram para mim, mas nada do meu namorado gostoso.

Entrei na sala pra garantir se ele não estava ali escondido e só encontrei a mochila dele ao lado de um lugar vazio, onde acabei por largar a minha. Franzindo as sobrancelhas, caminhei até o pátio para tentar encontrá-lo.

Comprei um biscoito de isopor e um suco de caixinha e me sentei embaixo de uma árvore, sem nenhum sinal de Nate. Peguei meu celular mais uma vez e comecei a digitar uma nova mensagem para ele quando fui surpreendida com beijinhos gelados em meu pescoço. Virei-me com um sorriso para encarar os olhos castanhos maravilhosos que me deixavam embasbacada.

— Bom dia — ele riu da minha cara de surpresa.

— Dia — não consegui disfarçar o meu sorriso. — E aí?

Engraçado foi que ele entendeu exatamente o que eu quis dizer.

— Ná, o professor amalucado não acreditou em mim — parecia meio chateado. — Ligou pra minha mãe, disse que eu tinha problemas pra me assumir e mandou a diretora m****r a minha mãe me levar em sessões com uma psicóloga especialista em homossexualidade — revirou os olhos. — Eles estão todos loucos.

— Isso é um pouco pior do que a gente pensava — eu disse, mordendo o lábio. Ele sorriu, dando-me um selinho. — Posso ligar para sua mãe, se quiser — levei a mão ao bolso da calça dele e tirei o celular antes que ele dissesse não. Nate ficou me olhando com cara de merda e resolveu roubar meu biscoito.

“Nate?” ouvi logo após o primeiro toque. Ela estava com a voz anasalada e me informava que talvez estivesse chorando.

— Oi, tia, é a Lisse.

“Ah, oi, querida, como vai?” ela tentou ser simpática apesar do seu humor e encarei meu namorado lambendo os dedos sujos com farelo de biscoito.

— Bem, mas na verdade estou um pouco preocupada com esse mal-entendido que tá rolando...

“Mal-entendido?”

— Sim, escuta, tia. O que aconteceu é que eu emprestei pra sua filha uma caixa rosa felpuda e com um laço pra festa dela, sabe? Então, ontem, o Nate veio me devolver. Só que o nosso professor gay viu e acha que a caixa é dele e que ele é gay, mas ele não é!

“Hum... Isso faz muita lógica porque eu tinha certeza que meu filho não é gay” ouvi sua risada através do telefone. “Quero dize, querida, não teria nenhum problema se ele fosse, mas nunca achei que ele fosse e essa história bagunçou minha cabeça.”

— Eu imagino — tentei ser compreensiva e mordi meu lábio. — Bom, então acho que você vai gostar de saber que a gente começou a namorar, eu acho.

Houve um pequeno momento de silêncio antes da explosão de felicidade dela:

“Sério?” sorri, vendo sua animação, com a certeza que minha sogra gostava de mim. “Deus sabe o quanto torci pra isso, minha querida. Estou muito feliz por vocês dois, você é a garota certa pro meu Nate. Já consigo até ver os meus netinhos.”

Senti minhas bochechas queimarem e Nate, que estava segurando o riso, tirou o telefone da minha mão.

— Mãe, dá pra parar de fazer minha namorada corar? — reclamou. — Tá, tá. Aham. Beijos — desligou o celular com um estalito. — Ela quer processar a escola, me mandou te levar em casa, mas que eu não posso demorar muito e mais um monte de coisa chata. — virou os olhos. Eu o soquei. Ele pegou meus braços e passou pelo pescoço dele, fazendo-me sentar em seu colo. — Peguei.

Corei mais ainda, vendo a intensidade que ele me olhava. Sorrindo, ele beijou o canto do meu lábio, antes que eu encostasse a cabeça em seu ombro.

— Tão cheiroso... — sussurrei com voz de criança, apertando-o no abraço. Ele riu, abafado.

— Como foi a noite sem mim? — perguntou.

— Nem senti falta, dormi feito pedra — contei, me afastando pra ver a cara de indignação que ele fez. — Sinceridade, ué! A base de um relacionamento.

— Você é muito, muito, muito chata — riu, olhando pro nada. Suspirou. — Você ia ficar muito desconfortável se eu te dissesse que metade da nossa turma está olhando pra gente agora? — olhei pra trás, pra conferir e corei. — É, vamos pra sala, o sinal já vai bater.

Não deu outra, assim que entramos na sala, o sinal tocou e logo estava lotada com nossos colegas, curiosos com nosso enlace. Para que não restasse dúvidas — e para meu total embaraçamento, Nate passou o resto do dia com o braço esquerdo ao redor da minha cintura enquanto assistíamos as aulas.

Assim que as aulas acabaram, Nate carregou minha mochila e a dele até seu carro. Ele tinha feito dezoito anos há alguns meses e como seus avós tinham uma condição financeira um pouco melhor, tinha presenteado ele com um carro velho e com a autoescola. Ele tinha passado em sua segunda tentativa e, apesar de ser um motorista pífio, ainda era o único da turma a saber dirigir;

— Cara, que merda de escola! — reclamou, entrando do lado do motorista, depois de abrir a porta para mim e me acomodar no banco. Ele se curvou pra mim, me puxando pelo pescoço e colando nossos lábios com urgência. A gente se beijou com vontade até demais, ainda estacionados na porta da escola. Quando nos separamos, me deparei com um garoto da quinta série encarando a gente e escorreguei pelo banco, fazendo Nate gargalhar. — Deixa o moleque aprender, amor! — riu.

— E ele lá tem que aprender olhando pra mim? — resmunguei, colocando a cabeça para fora da janela. — Vaza, moleque! — Nate riu ainda mais.

Minha casa era perto demais da escola e Nate estacionou lá dois minutos depois, puxou minha mão e beijou.

— A gente se vê amanhã, tá?

Apesar de ser sábado, estava me garantindo que nos veríamos, então arrisquei um sorriso.

— Você não vai entrar? — fiz bico.

Ele riu e se aproximou, mordendo meu lábio inferior, desmanchando o meu bico.

— Esqueceu da bomba que aquele professor maluco explodiu? — revirou os olhos. Você convenceu minha mãe, mas ainda tenho que ver se vamos precisar ir no psicólogo. E conversar com a minha mãe porque ela falou de fazer queixa na polícia e tudo mais — Fiz bico de novo, ele me deu um selinho. — Vai lá, prometo que venho aqui amanhã bem cedo.

Concordei com a cabeça e lhe dei um beijo de despedida, sabendo que minha tarde seria muito mais tediosa do que tinha planejado quando me dispus a raspar minhas pernas.

O tempo se arrastou após o meu almoço; minha mãe estava no trabalho e eu não tinha nada para fazer a não ser me jogar na cama e ficar passando os canais com o maior índice de tédio já visto. O sono não demorou a bater.

Era um dia de verão, eu caminhava por uma plantação de morangos tão bonita que não podia ser real. Distante de mim, reconheci Nate, tão ou mais lindo que nunca. Nós fomos correndo um em direção ao outro, até que nos encontramos, ele enlaçou minha cintura e...

PLOC.

Acordei assustada, olhando pros lados.

PLOC.

Uma pedra bateu na janela e sumiu. Olhei pro relógio, uma da manhã. Que porra era aquela?

Levantei cambaleando e abri a janela. Nate estava lá embaixo, com o carro estacionado ali perto, já em posição de jogar mais uma pedra. Limpou a garganta quando coloquei a cabeça para fora da janela.

— Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças! — Gritou. Levei um dedo aos lábios, pedindo silêncio. Pelo céu escuro e o tempo que achava ter dormido, deveria ter passado da meia noite e talvez minha mãe estivesse acordada ainda. — Eu disse que vinha cedo!

— Cedo? — reclamei. — Isso é tarde!

Ele gargalhou.

— Desce aí, quero te levar em um lugar!

Apesar de não achar a melhor das ideias, acabei por concordar com a cabeça. Arrumei meus travesseiros de modo que parecesse que eu estava dormindo se minha mãe fosse me checar e, pare reforçar, coloquei um aviso de Não perturbe na porta. Parei. Voltei para a janela, um pouco amedrontada.

Ok, não era tão alto.

— Se eu cair — Eu disse, à janela. — Você me segura?

— Claro! — sorriu.

Suspirei e pulei a janela, me agarrando ao escorredor de água, caindo mais lento que o normal.

Nate me pegou antes que meus pés tocassem o chão e logo percebi que as intenções dele eram bem mais sérias que as minhas e que tinham muitos significados para lugar.

Ele beijou meu pescoço com vontade, subindo em direção ao lóbulo da minha orelha. Revirei os olhos e soltei o ar pesadamente.

— Eu tava louco pra te ver de novo — disse, me colocando no chão. — Camisola bonita. —  Desci o olhar paras meu corpo e fechei os olhos, indignada. Ótimo. Muito esperta. Saí de camisola pela rua sem a chave de casa. — Não começa — disse, ao reparar que minhas bochechas estavam ficando mais vermelhas. — tá linda nela.

Rindo, ele me puxou pela mão para o carro, com as mesmas mordomias que me deu em nossa saída da escola, com o adendo de um beijo antes que eu entrasse no carro e um outro muito mais voraz enquanto eu ainda me acomodava. E também com o fato de que a mão dele não largou da minha coxa o caminho inteiro.

Nós estávamos quase saindo da cidade, quando ele entrou por uma estradinha de terra e estacionou à alguns metros de um lago.

— Vem — disse, saindo do carro. Enquanto eu saía, ele correu até a mala e tirou algumas coisas de lá.

Logo vi que tinha corrido na minha frente, forrado uma toalha no chão e colocado travesseiros. O que ele pretendia? Sexo ao ar livre?

— Nate? — caminhei até ele, meio incerta, enquanto ele se deitava.

— Vem logo, mulher! — reclamou. Andei, meio que confusa e sentei ao lado dele. Vi quando ele revirou os olhos, antes de se sentar e me puxar para um abraço. — Dá pra relaxar? — perguntou.

— Você me trouxe aqui pra gente... Uhn... Aqui?

Ele riu.

— Foi, mas... — ele colocou uma mecha do meu cabelo pra trás, me encarando com aqueles olhos magníficos, brilhando ainda mais na luz da lua. — A gente tá no sítio da minha avó, se era isso que te preocupava e acho que o Ted é a única pessoa que acharia a gente aqui à essa hora.

— Ted?

— É — riu. — O cachorro dela, mas ele é meio surdinho, então não vai ouvir muita coisa — e riu da cara que eu fiz.

— Idiota.

— Posso ser. — deu de ombros, deitando e me puxando junto. — Mas você me adora, pode falar.

— Irritante — reclamei, mordendo na sua linha da mandíbula.

— Hm, continua — pediu, gostando do carinho.

— Convencido — Três botões tinham ido embora.

Eu adorava acabar com os botões da blusa dele.

— Continue — sussurrou. Eu já começava a sentir o volume nas calças dele, o que não me deixava muito sã, já que estava sentada bem em cima.

— Petulante — escorreguei e lambi sua barriga.

— Ok, chega.

Ele me puxou de volta para cima, grudou nossos lábios e girou, ficando por cima de mim, grudando nossos lábios de novo. E mais uma vez.

A gente não cansava de se beijar e daí?

Os beijos dele desceram para o meu pescoço, que já havia descoberto ser meu ponto fraco. Suspirei, gemendo baixinho, enquanto ele puxava minhas pernas de modo que ele ficasse entre elas.

A alça da minha camisola escorregou para o lado quando ele resolveu descer os beijos pelo meu ombro. E desceu mais ainda quando ele resolveu dar atenção para os meus seios.

Minhas mãos agarraram com força e puxaram a toalha enquanto eu tentava não perder a sanidade.

Ele era rápido demais. Não a velocidade do ato em sim, mas o fato de que minhas roupas desapareciam antes que me desse conta. Minha calcinha por exemplo, sumiu de mim e, em um piscar dos olhos, afundou no lago.

Algo me dizia que precisaria de uma nova coleção de calcinhas.

Então, eu estava ainda admirada, olhando minha calcinha sumir nas águas quando Nate levou os lábios até minha orelha e sussurrou com a voz rouca e a respiração falha, quase me matando de tesão:

— Sem muitas brincadeiras hoje, está bem? — Nate sussurrou ao meu ouvido, a voz arranhada de tesão quase me explodindo por dentro. Concordei com a cabeça porque a ideia de ficar brincando ao ar livre não era muito confortável para mim, apesar de estar animada pela experiência nova.

Minhas mãos arrancaram sua calça no segundo seguinte sem que eu me desse conta do que estava fazendo. Ops.

Ele mordiscou meu lábio inferior bem de leve, sorrindo e abaixou a boxer dele apenas o suficiente para me penetrar. E ele fez isso bem devagar pra me torturar, enquanto mordia meus lábios pra abafar os gemidos.

Mordi a orelha dele, o que o deixou desconcertado por alguns segundos. Tempo o suficiente pra jogá-lo contra a toalha.

— Opa — murmurei, com um sorriso. Ele arregalou os olhos por um segundo, mas logo depois sorriu de lado, de forma perversa.

As duas mãos dele foram direto pra minha cintura, me ajudando a continuar com os movimentos. Não demorou muito pra que eu estivesse totalmente descontrolada com os gemidos dele, mais altos que das últimas vezes. Apoiei meus braços um de cada lado dele, tremendo, e cai sobre ele. Com um sorriso imenso, ele virou novamente e deu algumas estocadas finais. Nós dois ficamos deitados de lado, esperando a respiração e os movimentos cardíacos voltarem ao normal.

— Você está ficando cada vez melhor — riu. — Eu não vou conseguir lidar com você daqui a pouco. —

— Ridículo — revirei os olhos. Ele sorriu e me deu um beijo de canto de boca.

— Tenho que te levar pra casa... — sussurrou, fechando os olhos. Eu sorri, quase triste, e rolei de modo que encaixasse minha cabeça no peitoral dele.

— Nate — chamei, ele sorriu, preguiçoso, abrindo um dos olhos. — Eu gosto muito de você — confessei, corando.

— Também gosto muito de você, minha pequena.

Então a gente ficou deitado ali mais uns cinco minutos, até Nate me apressar para me levar pra casa. Para o meu desagrado, a viagem de volta pareceu ser bem mais rápida e logo estávamos parados à porta da minha casa.

Fiz bico quando ele abriu a porta pra que eu saísse. Ele estava apenas de boxers, porque aparentemente eu tinha uma tara por vestir blusas de homem.

— Eu prometo que venho te buscar mais tarde — sorriu. — Vai ter show da minha banda hoje, eu quero muito que você vá.

— Sua banda? — pisquei. — Vocês realmente estão levando a sério aquilo? — ri. Achei que eles estivessem brincando de fazer música. Onde já se viu inventar uma garota com cabelo colorido só para colocar isso numa música?

— Ahan . Nosso primeiro show é amanhã... Hoje.

— Mal vejo a hora das tietes quererem me matar por estar com você — rolei os olhos, fazendo-o rir. Ele se levantou, oferecendo a mão pra que eu saísse do carro. Eu, malandramente, passei os braços pelo pescoço dele, beijando-o.

— Vai logo, princesa. Antes que alguém te pegue aqui comigo — esfregou o nariz no meu, assim que o beijo findou. Eu corri em direção à casa, enquanto ele ficava me assistindo, encostado no carro. Acenei, enquanto pegava a chave extra debaixo do carpete.

Corri escada acima. O relógio do meu quarto marcava três e dezessete quando eu me joguei na cama.

Para quê dormir e sonhar quando a gente vive um sonho?

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