Estava tentando me concentrar no meu trabalho.
Copiava, minha mente voava em descontração e acabava errando. Usava o corretor e continuava tentando me concentrar, mas sem muito sucesso.
A culpa da minha desconcentração não era minha. Ele, ao meu lado, não parecia estar copiando o trabalho, embora escrevesse em seu caderno com bastante afinco. Minha curiosidade me corroía, porém eu não estava com coragem de perguntar o que era, não com o professor mais rígido da escola em sala. Ele sorria se divertindo enquanto rabiscava em seu caderno e eu não conseguia descobrir o que era nem esticando o meu pescoço para tentar averiguar. Ao perceber minha atenção, Nate abraçou o caderno para dificultar meu intento.
Só consegui suspirar aliviada e relaxar quando a secretária da diretora pediu para o professor dar uma saída rapidinho. Arrumei-me na cadeira e virei a cabeça em direção a Nate.
— O que você tá fazendo aí?
Ele riu pela minha curiosidade descontrolada, mas apenas deu de ombros, jogando seu charme com uma pequena piscadela em minha direção.
— Espera mais um pouco que eu já tô acabando — respondeu.
Sem opção, bufei de frustração e concordei com a cabeça, mas realmente não demorou muito até que o papel passasse da sua mesa para a minha. Ele sorriu para me encorajar a matar minha curiosidade e sua mão caiu entre a divisória de nossas mesas, passando de leve pela minha coxa, quase sem querer, me arrepiando por inteira.
Engoli a seco e prometi me controlar.
Nate era lindo? Sim.
Era gostoso? Com certeza.
Tinha o sorriso mais lindo do mundo? Por todos os céus, sim.
Mas ele era meu melhor amigo e tudo o que eu menos queria era interpretar as coisas de forma errada e complicar aquela relação.
Suspirei, sacudindo a cabeça para afastar meus pensamentos impuros e olhei para o papel.
Vamos combinar as pessoas? O que você acha dos casais aí?
Li as palavras escritas franzindo minha testa e comecei a reparar no desenho da sala, com os nomes dos nossos colegas, juntos a cada um par de cadeiras. Apertei meus olhos para identificar quem ele tinha juntado com quem.
Beth Liwer e James Hanz.
O quê? O que o Nataniel estava pensando? Pobre Beth, James era um imbecil e Beth era uma das garotas mais fofas que conhecia! Escrevi minhas considerações no papel, continuando seguindo as carteiras até que cheguei na minha própria. Meu coração foi a mil quando entendi o que ele estava pretendendo.
Nataniel e Clarisse era o que estava escrito ali. Nós realmente estávamos sentados juntos e sempre nos sentávamos assim, mas... Será que ele queria dizer o que achava que queria dizer?
Olhei para ele, tentando entender suas intenções. Ele sorria, despreocupado, mexendo na mochila, e evitando virar o rosto em minha direção, como se não quisesse demonstrar seu interesse em descobrir o que eu tinha achado.
Com um suspiro confuso, olhei pra frente, buscando inspiração. Puts, nem tinha percebido que o professor já estava de volta em sala.
Nós tínhamos um grupo bem peculiar de professores. O professor César, por exemplo, era bem rígido. Não gostava de conversas paralelas, eletrônicos, mensagens de papel — nada que tirasse a atenção do aluno do que escrevia no quadro. Fora das salas de aula, sobretudo, era um amor de pessoa, gentil, simpático e não escondia nem por um segundo sua orientação sexual e sua preferência por parceiros do mesmo sexo. Por algum motivo, sentia que o professor César cismava com Nate, embora parte do meu achismo fosse provocado por ciúmes.
Sacudi a cabeça e voltei ao papel, certa de que o professor jamais pensaria que estava lendo algo diferendo do que a matéria que havia acabado de copiar. Encarei nossos nomes juntos em nossas carteiras e senti meu coração acelerar, tal como antes. Não sabia o que escrever sobre a gente. Suspirei, quase rendida.
— Oh, Nataniel! — o professor exclamou ao nosso lado, me fazendo pular de susto e esconder o papel embaixo do meu caderno. — Que bom gosto você tem, querido. Sempre soube que você ia conseguir se assumir cedo. Vou enviar seu nome para o centro de apoio para você poder ir na nossa próxima reunião!
Ahn? Olhei pro lado para ver o senhor César quase pulando de animação ao lado de Nate, que o encarava desacreditado. Em cima da mesa do meu melhor amigo estava a prova que César precisava para se convencer que Nataniel tinha preferências parecidas com as dele: uma caixa bem feminina, felpuda, rosa, com laços vermelhos que eu havia emprestado para a irmã dele para uma festa temática que ela fez em seu aniversário, no mês anterior.
— Não, não, não — Nate insistiu, acenando firmemente. — Isso é da Lisse!
— Oh, claro. Meus sapatos são da minha irmã — o professor pontuou, como se quisesse acalmá-lo.
E eram lindos. Será que ele me emprestaria um dia desses?
— Professor, não... Sério mesmo — Nate arregalou os olhos e me encarou, assustado. O que ele queria? Que eu pensasse com os seus olhos castanhos maravilhosos em mim?
O sinal do recreio bateu e antes que pudesse piscar, Nate estava sendo carregado pelo professor César para fora da sala, sob as risadinhas baixas de nossos colegas, que já começavam a fazer piadinhas.
Juntei meu material em uma pilha e coloquei a caixa bem embaixo. Saí correndo da sala pelos corredores e parei em frente à uma sala onde aconteciam as reuniões que o professor César tinha mencionado: o Centro de Apoio a Homossexualidade. Iniciativa legal, até, exceto quando o professor responsável exagerava e achava que alguém era homossexual só por encostar em uma caixa rosa.
— Eu vou te mostrar uma coisa muito... Ah! Você vai adorar! — O professor César saiu da sala rebolando, enquanto eu me escondia atrás de uma pilastra para não ser pega bisbilhotando.
Assim que ele sumiu na curva do corredor, entrei na sala.
— Nate? — chamei.
— Lisse — alivou-se ao meu ver. Estava subindo em cima de um armário, tentando escapar pela janela. — Não deixa a porta fechar! — gritou. Olhei pra trás. Ops, fechada. Ele pulou do armário pra uma carteira próxima e de lá pro chão, coçando a cabeça. — A merda da porta tá quebrada e não tá abrindo por dentro sem a chave.
— Uhm... — fui até a porta e girei o trinco. — Agora também não abre por fora.
Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.
— Genial! — exclamou. — Como eu não pensei nisso antes? Mais tempo pra escapar.
Ele voltou a subir na carteira, avaliando o tamanho da janela para saber se daria para passar ou não. Como que pretendia fazer com que nós dois passássemos por ali, não fazia ideia — eu não estava nem um pouco animada em tentar.
— Nate? — chamei, segurando o riso. — Você é gay?
Não achava que Nate fosse gay; se fosse, iria me decepcionar um pouquinho porque... Bom, ele era meu amigo, mas eu estava interessada. Talvez facilitasse um pouco as coisas entre nós, na verdade.
Ele revirou os olhos, mas não pareceu irritado.
— Claro que não! — respondeu.
A indignação estava presente em suas atitudes; tinha parado de tentar abrir a janela para cruzar os braços e olhar para mim.
— Eu não estou convencida — coloquei minhas mãos na cintura, tentando controlar meu riso.
Ele pulou da cadeira ao chão e foi caminhando em minha direção. Senti meu corpo inteiro retesar ao observar seu caminhar como um leão para cima de sua presa, então não pude evitar dar alguns passos para trás até sentir-me encostar as costas em uma parede. Meus olhos quase saltaram de suas órbitas e Lucas parou à apenas um passo de mim, encostando a mão na parede ao lado da minha cabeça.
— Eu posso te mostrar — sugeriu em sussurro, arqueando as sobrancelhas. E antes que eu pudesse responder sim, por favor, seus lábios grudaram nos meus e sua mão livre puxou-me pela cintura para me grudar ao seu corpo. Não saberia dizer quanto tempo durou o beijo, mas cada segundo mais, entre o corpo dele e a parede, o ar parecia menos importante para meus pulmões.
Eu mordi o lábio dele inferior dele na esperança de poder respirar. Senti seu riso ao perceber minha respiração entrecortada e, para me dar um pouco de espaço, desceu seus beijos, traçando um caminho de chamas ardentes até meu pescoço. Uma de suas mãos ainda estava me puxando pela cintura e a outra começou a correr pelo meu corpo, fazendo a batida do meu coração acelerar e todos os pelos do meu corpo se arrepiarem com suas carícias.
Minhas mãos, que antes se entranhavam em seus cabelos, embolando e puxando os fios, desceram sem meu comando para sua blusa. Um, dois, três botões foram abertos sem que eu sequer notasse o que estava fazendo. Seus lábios subiram de volta aos meus quando cheguei ao quarto botão, mas apenas sugou meu lábio inferior e encostou a testa na minha, respirando pesadamente.
— Nossa — foi tudo o que consegui proferir após aquela experimentação, fazendo-o rir.
— Já acredita em mim? — continuou a rir. Eu mantinha meus olhos fechados e minhas mãos no quarto botão. E não estava pronta para parar!
— Eu não tenho certeza... — murmurei, com o fôlego em baixa. Ele sorriu e me deu um selinho.
— Sabe, prefiro continuar com isso com você acreditando na minha masculinidade — Oh, ele ia continuar? Ótimo! — Você acredita? — mordiscou meus lábios de leve.
— Ahan... — e isso foi o que eu me capacitei a dizer. Qualquer coisa além disso teria saído confusa e sem sentido.
Ele me deu mais um selinho e traçou um caminho de beijos até a minha orelha e mordiscou.
Oh, céus, esses botões não acabam?
BAM BAM BAM
— Nataniel? — o professor César chamou, do lado de fora, parecendo preocupado. — O que houve com a porta?
— Merda — Nate sussurrou, ainda perto do meu ouvido, e estremeci. Ele se afastou e fechou a camisa. Não pude esconder meu bico; tinha dado tanto trabalho para abrir!
Nate deu um sorriso de lado para mim e levantou meu queixo, se aproximando de novo apenas para depositar um selinho rápido em meus lábios.
— Se esconde ali — apontou para o armário. Corri para dentro e me admirei com a quantidade de figurino feminino, com poás e perucas poderiam caber naquele pequeno armário. Acabei conseguindo me encolher entre uma pilha de blusas de cetim cuidadosamente dobradas e uma série de poás pendurados que ficavam pinicando minhas bochechas. — desculpe, professor — o ouvi dizendo.
— Está tu... — o sinal bateu, terminando o recreio. Sobressaltei-me e acabei escorregando dentro do armário e caindo sentada. Torci que não fosse notada. — ...do bem?
— Acho que sim... — Nate tossiu, tentando disfarçar. — Uhm... O senhor se importa de me liberar das próximas aulas? Eu acho que vou ficar por aqui... Foi um pouco... Constrangedor, entende?
Fez-se um minuto de silêncio, então eu ouvi um tapa.
— Claro, querido, tudo que você quiser — e a porta se fechou.
Eu sai do armário, cautelosa, para encontrar um Nataniel parado de olhos arregalados e com uma das mãos no ombro direito. Ele levou o olhar pra minha direção, ainda arregalado.
— Ele deu em cima de mim — afirmou, em choque.
Eu ri.
— Ele acha que você é gay — dei de ombros.
— Mas ele é velho! — reclamou. — E é nosso professor.
Não sabia o que dizer, então dei de ombros mais uma vez. Mordi meus lábios, segurando o comentário sobre como estava satisfeita que ele não pensasse em me trocar por aquele professor doido, rígido, mas amável e que tinha um ótimo gosto para sapatos, assim como sua irmã.
Nate foi até a porta e fechou o trinco novamente. Já conseguia sentir o arrepio em minhas costas, mas ele fez o caminho contrário a mim, se encaminhando para a mesa do professor daquela sala que era mistura de teatro com reunião de grupo. Sentou-se na mesa com um sorriso arteiro e os olhos brilhando enquanto eu o encarava, os lábios ainda entre meus dentes. Por fim, ele levantou uma das mãos na altura de seu ombro e me chamou com o indicador.
Tentei disfarçar minha tremedeira quando comecei a andar em sua direção.
Parei à sua frente, encostando meus joelhos nos dele. Ele riu, me olhando de baixo à cima e mordeu os lábios ainda com os olhos brilhando em desejo, provocando arrepios em todo meu corpo.
Não sei bem explicar como as coisas ocorreram a seguir, mas em um momento estávamos apenas nos encarando e, no seguinte, eu já estava sentada em seu colo, com uma perna em cada lado do seu corpo e nossas bocas se movimentando em um beijo frenético.
Então eu me concentrei no fato de que botões eram meus inimigos mortais e que deviam ser todos neutralizados.
Eu, a garota que tentava se controlar em todas as aulas e com um sucesso considerável, acabei me agarrando com o meu melhor amigo, possivelmente o cara mais gostoso do universo, no Centro de Apoio à Homossexualidade, arrancando sua blusa com o máximo força que conseguia.
Sorri, vendo os botões pularem desencontrados no chão da sala.
O efeito não foi bem o que esperava porque Nate parou de me beijar, arrancando um suspiro resignado meu enquanto ele me encarava com uma expressão assustada.
Congelei-me, questionando se tinha ido um pouco além no meu desespero e Nate tivesse começado a achar que eu era louca. Talvez ele não quisesse ir tão longe quanto eu estava disposta? Talvez ele achasse que eu era sádica e não quisesse mais falar comigo? E se ele tivesse se tocado da merda que estávamos fazendo, estragando nossa amizade daquela fora? Nós nunca mais nos falaríamos e eu teria que me mudar de escola por vergonha.
Contrariando todas as perspectivas que eu tinha no momento, Nate riu.
Minhas teorias todas caíram e ele ficou lá... Rindo.
Estava encarando-o com indignação e surpresa quando ele me puxou de novo, me girou sem nenhuma dificuldade e me colocou sentada na mesa, com ele em pé entre minhas pernas.
Foi mais ou menos aí que me esqueci que estávamos em nossa escola.
A mão dele, que antes estava posicionada na mesa, para que ele não desequilibrasse, passou para minha cintura e apertou, puxando-se para mais perto de mim, apertando sua ereção contra o meu corpo.
Gemi, mordiscando os lábios dele e arranhando as costas dele com as minhas unhas e ele gemeu, arrepiando os cabelos em minha nuca.
Seus beijos desceram para meu pescoço em chupões que provavelmente deixariam marcas. Eu já não conseguia respirar direito e tudo o que fazia era puxar seu cabelo e escorregar minhas mãos pelo seu peito magro e com poucos pelos.
Perfeito. Nate era perfeito e eu sentia que ia desmaiar.
Enquanto tomava conclusões precipitadas acerca das sensações em meu corpo, Nate multiplicou tudo quando colocou suas mãos por debaixo de minha blusa, puxando-a até tirá-la por cima da minha cabeça.
Arrepios seguidos de arrepios e mais arrepios. Quase lhe arranquei o couro cabeludo ao sentir seu olhar desejoso em meus seios.
— Hmmm — murmurou enquanto tirava a alça do sutiã do caminho dos beijos que ele dava no meu ombro esquerdo. — Eu gosto dessa cor.
— Gay — provoquei, quase sem ar.
Senti sua risada debochada e ele foi um pouco bruto quando se jogou contra mim, me forçando a deitar na mesa, espalhando o conteúdo do porta lápis no chão.
— Certo — declarou. — Vamos ver quem é que é fracote aqui.
Minha barriga deu três voltas de ansiedade e uma leve volta de susto, mas logo voltei a me arrepiar quando senti seus dentes em meu pescoço, me fazendo gemer enquanto ele arranhava o caminho até meu ombro e continuava a morder, as vezes com um pouco mais de força do que o necessário. Cravei minhas unhas em sua pele porque se ele queria me machucar ou deixar marcas, também faria isso.
Meu sutiã começou a atrapalhá-lo e ele se embolou ao tentar removê-lo do seu caminho, fazendo-me rir. Cogitei a hipótese de provocá-lo mais uma vez, mas preferi manter como estávamos e tirar a peça eu mesma.
Tive que sufocar um gemido bem mais alto quando ele começou a beijar, sugar e massagear meus seios. Joguei a frustração do meu gemido nos cabelos dele, puxando-os com força e fazendo-o reclamar de dor, antes de sorrir para mim e descer os beijos pela minha barriga. Contorci-me, vendo-o puxar minha saia e minha calcinha pelas minhas pernas com um extremo olhar de admiração.
Um leve medo se revirou em minha barriga, mas estava tão compenetrada em todas aquelas sensações novas que não notei quando ele removeu as suas últimas peças de roupa e me penetrou.
No primeiro momento, só retesei meu corpo, sentindo a dor me rasgar por dentro e gemi, desconfortável. Não conseguia entender muito bem o que estava acontecendo porque ao mesmo tempo que doía, também era gostoso. Nate procurou meus lábios, alheio ao meu conflito interno e começou a acelerar a velocidade de suas movimentações. Instintivamente, dobrei minhas pernas e cravei meus dentes em seu ombro, com o desconforto aumentando junto com a sensação gostosa que crescia abaixo do meu umbigo.
Antes que o desconforto cessasse e o prazer explodisse, Nate desabou sobre mim, sua respiração quente e ruidosa próxima da minha orelha me distraiu da minha própria respiração, que buscava tentar se acalmar com a movimentação exagerada dos meus pulmões.
— Lisse... — sussurrou com a voz fraca, mordiscando minha pele na altura do queixo. — Isso foi... incrível.
Do que estava falando? Eu não havia feito nada incrível. Eu só tinha ficado lá, deitada, gemendo, confusa demais com as sensações para fazer qualquer coisa interessante.
— Você é pesado. — reclamei, rindo. Ele rapidamente se jogou para o lado, quase na beirada da mesa, e me puxou mais pra perto dele, encaixando-nos. — Hmm, agora tá bom.
Ele riu.
— Isso foi realmente incrível — declarou. — Nunca me senti assim antes, com nenhuma outra garota.
— E quantas foram essas garotas? — não consegui segurar a pergunta. Ele olhou pra mim, estreitando os olhos.
— Sete — acabou respondendo, avaliando minha reação. Pisquei, apenas para absorver. — E você?
Hein?
— Eu o quê? — fiz-me desentendida.
Nate revirou os olhos e empurrou-me com o ombro em uma brincadeira juvenil.
— Quantos antes de mim, Lisse? — foi direto. Mordi o lábio, sentindo minhas bochechas corarem. — Sério, manda bala, eu não vou reclamar...
O que ele estava pensando?
— Bom... Nenhum — confessei.
Ele se sobressaltou, sentando-se para olhar para mim. Envergonhada, deixei-me escorregar da mesa para o chão, vendo-o me seguir e não me deixando ter escapatória; ajudou-me a levantar, nós dois completamente nus e seu pênis ainda um pouco ereto. Apoiou-me de volta na mesa e sentou-se ao meu lado, sem tirar os olhos de mim. Abaixei meu olhar, com minhas bochechas coradas de vergonha.
— O que você... O que disse, Clarisse? — perguntou, inseguro. Senti que ele engolia a seco.
Corei ainda mais, o desconforto entre minhas pernas acentuando minha vergonha. Olhei para o lado contrário a ele. Nate, confuso e ansioso, me pegou pelo queixo, puxando-me para olhá-lo e não ser mais capaz de evitar de lhe dar a resposta.
— Eu não tive ninguém. Você foi o primeiro.
O silêncio que se seguiu foi quase desesperador.
— Puts — gemeu. — Que merda, que merda — era agora que acontecia todas as coisas bizarras que me levariam a mudar de escola? — Por que você não me falou, Lisse?
— Você nunca perguntou —dei de ombros.
— Merda! — xingou.
Sua reação aumentou minha insegurança e me encolhi, tentando cobrir as partes que gostaria que estivessem vestidas. Estava prestes a começar a recolher minhas roupas para sumir dali quando comecei a entender os resmungos de Nate.
— Que mancada. Eu vou ter que consertar isso. Mas como eu sou idiota!
— Nate? — Eu chamei, confusa.
— Ahn? — olhou pra mim meio aéreo. — Ah! Ah, Clarisse, me desculpa, desculpa, desculpa.
Cada pedido de desculpa era um beijinho em alguma região que conseguia alcançar.
— Desculpa? — perguntei, ainda sem entender, achando que a culpa do problema era toda minha.
— Eu fiz tudo errado, devia ter te levado pra um lugar legal, mas me descontrolei e... Eu nem percebi. Como não percebi isso? Ah, a gente não devia ter feito isso agora, eu devia ter te mimado por algum tempo, sei lá, ter esperado você se sentir segura, olha só você, toda envergonhada — Eu me abracei, sem saber o que pensar ou dizer. — Eu não devia ter feito isso com você — sussurrou.
— Certo — murmurei. — Você quer que eu vá embora agora?
— Ahn? — Ele me olhou confuso, paralisando o seu discurso.
— Foi um erro, certo? — estava controlando as minhas lágrimas. — Então é melhor eu ir logo.
Nate meneou a cabeça como se não entendesse minhas palavras e, quando o fez, começou a rir.
De novo.
— Clarisse, o que você tá pensando? — perguntou, ainda rindo. Eu continuava sem entender. — Cara, você entendeu tudo errado! — passou o braço pela minha cintura, me abraçando e eu levei um susto.
— Mas... Você disse...
— Eu disse que foi um erro porque foi cedo. Porque eu fui um imbecil e porque foi no pior lugar possível. E não porque eu não queria — mordiscou minha orelha e eu tremi. — E eu ainda quero, muitas outras vezes — Meu estômago revirou. — Eu devia ter dado a você uma primeira vez mais legal...
— Bom — tentei colocar meus pensamentos em ordem, mas estava muito difícil. — Quantas garotas vão poder dizer que perderam a virgindade numa mesa no centro de apoio a homossexualidade?
Ele enrijeceu.
— Nenhuma, porque nenhum cara é idiota o suficiente pra fazer isso.
— Ah, Nate — encarei-o com um sorriso. — Não foi ruim.
— Não? — debochou. — E por acaso foi bom?
— Foi sim — respondi, sem pensar, e corei logo em seguida. Ele sorriu com minha bobeira e grudou os lábios nos meus.
— Foi bom, é? — provocou, fazendo meu estômago se revirar com as borboletas que queriam sair dele.
— Foi — disse, fracamente, fechando os olhos.
— Quer repetir? — questionou. Eu quase caí da mesa de novo.
— Quero — respondi, ainda mais baixo.
Ele mordiscou meu lábio inferior.
— Num lugar decente, então? Vai, se veste. Minha casa está vazia.
Eu ri com isso. Minha mãe certamente não ia ligar se eu falasse que estava estudando com Nate, ela o adorava (E quem não adorava?). Eu só não precisava dizer que estava estudando reprodução dos seres humanos.
Eu fui catando as minhas roupas, Nate só me acompanhava. Por que minhas roupas estavam espalhadas pela sala e as dele em uma pilha ao lado da mesa?
— Ah, antes que eu me esqueça — Ele me chamou. Eu olhei pra ele, já vestido com a camisa estragada por mim. Piscou-me um olho, arteiro e charmoso. — Estamos namorando.
Eu ri, sacudindo a cabeça, e voltei a catar minhas roupas.
Mal conseguia conter meu sorriso.
— Senta aí — Nate ordenou, apontando para o sofá, enquanto fechava a porta de a casa. Foi com lentidão que me encaminhei para o sofá, sentindo a ardência no meio das minhas pernas, mas tentando disfarçar para que Nate não ficasse com mais arrependimento do que já estava. — Eu acho que preciso ir ao banheiro — pedi. Nate estava me observando andar e achei que tinha percebido meu desajeito ao caminhar. Estava de cara amarrada quando me mostrou o caminho até o banheiro e eu entrei, fechando a porta sem encará-lo, um pouco envergonhada. Sentei na privada e verifiquei que estava com uma pequena mancha de sangue na minha calcinha, em um vermelho mais vivo do que se estivesse menstruada; ao fazer xixi, a ardência me fez dar um pulo que quase cheguei no teto. Precisei me lavar com um pedaço de papel higiênico que molhei na pia para aliviar-me. Aproveitei para lavar o rosto antes de sair do banheiro aos tropeços. Nate estava me aguardando encostado na parede e
Sacudi a gilete no pequeno pote de água e admirei minhas pernas sem pelos. Depois do dia de ontem, era a única coisa que tinha povoado minha mente e eu mal via a hora de poder me livrar daquilo. Suspirei aliviada, olhando o relógio apenas para verificar que estava atrasada para o colégio, mas era proposital.Minha esperança era que Nate pudesse ter resolvido o problema com o professor César, desfazendo o mal-entendido e que não precisássemos bolar um plano B, que incluía fazer piadas sobre nossas sexualidades e nos agarrar na frente de toda a escola, o que eu achava que seria um pouco constrangedor.Com um suspiro cansado, peguei minha mochila e saí para minha caminhada de quinze minutos até a escola; sabia que era uma pessoa sortuda por morar assim tão perto, tinham colegas meus que demoravam meia hora de ônibus pra chegar. Entrei no portão da instituição com
Eu não sabia exatamente a hora que ele viria me buscar aqui em casa, então me levantei da cama às oito da manhã, apesar de não ter dormido. E, assim que tomei coragem para sair do quarto, resolvi colocar em prática os pensamentos que povoaram minha mente por toda aquela madrugada: contar para minha mãe sobre os últimos acontecimentos. Meu relacionamento com a minha mãe era bom, sempre fôramos só nós duas desde que meu pai e ela se separaram e ele sumiu no mundo. Enrtão, ela tentava ser próxima e ser minha amiga, buscando compreender minhas confusões; Não era comum que brigássemos, mas acontecia. Quando contei-lhe sobre Nate, ela ficou zangada comigo por ter sido tão irresponsável e ter feito pouco caso de algo tão importante quanto a minha primeira vez, disse que era sorte minha que Nate era um bom garoto, que tinha cuidado de mim e tentado reverter a situação assim que soubera. Ela ficou indignada que eu continuei a dizer que não era nada demais e ficou bem óbvio qu
Ele me chamou com o dedo e eu respirei fundo, caminhando até ele. — Como você consegue? — soltei, sem ar. Ele riu, me puxando pela cintura para um abraço, que consegui ficar sem por mais de dois meses. Eu respirei todo o perfume que podia, o que fez meu corpo todo estremecer por intoxicação com o contato intenso após a escassez extrema. — Eu só me acostumei! — sussurrou com a voz falha. Parecia que alguém estava com tantos problemas quanto eu. A porta se abriu com um estrondo. Achava que Nate a tinha chutou enquanto grudava nossos lábios com extrema urgência. Mesmo assustada com a repentinidade (e eu acho que nunca vou me acostumar com ela) da atitude inesperada, logo agi, passando minhas pernas pela cintura dele. Nate me fez gemer, apertando minhas coxas com força e me imprensando na parede, fechando a porta com a mão que ficara livre. Mas era claro que ela ficar livre momentaneamente não significava que não iria se divertir. — Senti
— Cuidado com isso — cantarolei, vendo Nate carregar uma das caixas da mudança.Caixa que continha meu abajur favorito, que ganhara da minha avó aos cinco anos de idade.Nate parou no batente da porta, encostando a caixa nele para poder olhar o que tinha dentro.— Que buginganga é essa? — perguntou.Meus braços começaram a reclamar demais do peso que estava carregando.— Sai da frente, Nate, está pesado — reclamei.— Vamos trocar — propôs, puxando a minha caixa e tentando fazer a troca em meio à confusão que estava.— Não, Nate, sai da frente! — gargalhei— Mas você disse que o seu tá pesado, eu disse pra você não carregar nada pesado — ele continuava na frente, me impedindo de passar.— Nate — cantarolei, me controlando para não xing&aac
Precisava confessar que acordar foi caótico. Era o que acontecia quando você resolvia comemorar o primeiro lugar nas rtádios da banda do seu namorado com ele e seus três amigos malucos. No meio da comemoração com a banda, o churrasco virou pizza e a pizza virou um vira-vira infinito de vários tipos de bebida alcóolica. Eu nem ao menos sabia aonde estava quando acordei e demorou um pouco até que eu conseguisse juntar os pontos do começo da comemoração, no meio da tarde, até o meu acordar, com um grande buraco no meio da noite, apagado pela quantidade de álcool ingerida. Por Deus, estava vestida, agradeci quando me levantei. Isso significava que eu e Nate havíamos bebido o suficiente para nos ignorarmos e cairmos na cama pra dormir. Isso também significava que minha cabeça, que parecia gritar de tanto que doía nesse momento, me perturbaria pelo resto do dia se não fosse comer e tomar um comprimido para acalmá-la nesse segundo. Prendi meu cabelo com uma
Doze dias.Duzentas e oitenta e oito horas.Dezessete mil e duzentos e oitenta minutos.Um milhão, trinta e seis mil e oitocentos segundos.Sem Nate.Para completar, meu corpo parecia estar estranhando o meu emocional sem Nate e estava recusando comidas que normalmente mataria para poder comer. Estava fraca, enjoada e desfalecendo.Não contei a Nate o que estava acontecendo comigo porque não queria deixá-lo preocupado e fazendo shows ruins em sua primeira turnê por minha causa. Nem devia ser nada demais, podia ser que eu estivesse estressada com o começo da faculdade.Botei na minha cabeça que era tudo culpa das minhas aulas e da minha nova péssima alimentação, além das noites que passava em claro sentindo falta dos braços de Nate ao meu redor. Talvez eu apenas devesse perguntar a ele se sentia-se tão fraco quanto eu, já que estamos dormin
— Ei! — ouvi, da minha janela.Toc.— Lisse, eu tô aqui!Grunhi, me mexendo na cama. Eu mal conseguia dormir e ainda ficavam fazendo escândalo na minha janela? Iria mandar alguém ir à merda se eu acordasse com olheiras e ficasse ouvindo a maquiadora reclamar disso pelo resto da manhã e da tarde.Toc.— Lisse? Por favor, eu tô aqui.Toc.Toc.Crash.CRASH?!?!?!?!Eu me levantei em um salto e, coçando os olhos, encarei os restos mortais do vidro da minha janela no chão, estilhaçado. No meio daqueles cacos, uma pedra.— Mas o quê? — questionei, com a voz uma oitava mais aguda.Calcei meu chinelo e me arrastei até a beira da janela, onde não havia sobrado um nada de vidro. Curvei-