A luz filtrava-se pelas frestas das cortinas pesadas quando o abrir de porta me despertou. Ainda tonta pelo sono entrecortado e pelos sonhos confusos que me assombraram durante a madrugada, sentei-me lentamente na cama. O calor da lareira já não aquecia o quarto como antes, e meus pés tocaram o chão frio com um leve arrepio. Diante da cama estava a mulher de meia-idade de antes, carregando uma bandeja de prata com café da manhã. Usava um vestido preto simples, avental branco e um coque firme no alto da cabeça. Mantinha as feições sérias, mas olhos gentis. A governanta.— Bom dia, senhorita Ribeiro — disse ela, com um leve aceno de cabeça. — O senhor Morelli pediu que lhe fosse servido o desjejum.Eu pisquei, surpresa. Sentia-me ainda enredada nas memórias da noite anterior — a tensão do jantar, o piano, o calor da presença dele. Meu coração ainda carregava ecos dos sussurros perigosos de Dante. Mas, no presente, era apenas a mulher diante de mim, oferecendo croissants quentes, ge
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