Gabriel estava estranhamente quieto quando chegamos ao parque. Ele parecia absorver cada detalhe ao redor, talvez em um esforço para manter sua postura de líder, ainda que tudo ao seu redor fosse uma lembrança de sua vulnerabilidade. Quando ele desceu do carro, saindo diretamente do ambiente climatizado, o calor abafado do verão o atingiu com força, como uma onda pesada. Ele levou um momento para ajustar os ombros, mas logo foi possível vê-lo começar a suar sob aquele terno preto, o tecido pesado, que de alguma forma parecia intensificar o desconforto. Ah, sim, querido, o mundo não é feito com ar condicionado, pensei, com uma pontada de satisfação silenciosa. Bem-vindo ao mundo dos mortais, pensei. Ele ergueu os olhos para o céu, como se tentasse desafiar o sol que o observava lá de cima, uma esfera inclemente e implacável. O calor parecia zombar dele, um lembrete irônico de que até os mais poderosos não podem escapar de algumas forças. Gabriel, no entanto, não se de
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