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Todos os capítulos do NO CORAÇÃO DA LOBA BRANCA: Capítulo 61 - Capítulo 70
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Capítulo 60
A noite estava densa, pesada com a energia escura que se agitava ao redor da clareira. O feiticeiro se colocou no centro de um círculo de símbolos ancestrais, desenhados com cinzas e sangue seco. Seu corpo vibrava com a energia recém-adquirida, e seus olhos ardiam com um brilho púrpura intenso. Ele respirou fundo, sentindo a força da magia pulsar dentro de si, e ergueu as mãos para o céu. — Chegou a hora… — sussurrou, um sorriso distorcido se formando em seus lábios. O vento se agitou de repente, girando em redemoinho ao redor do círculo. As árvores rangiam, como se a própria floresta rejeitasse a presença daquele poder profano. O feiticeiro começou a entoar palavras em uma língua antiga, uma língua esquecida pelo tempo, que fazia o solo sob seus pés estremecer. A fogueira diante dele explodiu em chamas negras, e do centro da luz escura, três formas começaram a se erguer. Criaturas Ancestrais. Forças esquecidas da era primordial, seladas pelo tempo e pelo medo daqu
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Capítulo 61
A terra tremeu sob meus pés quando o primeiro rugido cortou a noite. O som era gutural, grotesco, como se algo muito antigo e faminto tivesse acabado de despertar. Meu corpo inteiro ficou tenso quando vi a sombra enorme avançando pela floresta, os galhos se partindo sob seu peso. O brilho fraco da lua revelou algo monstruoso—uma criatura de ossos expostos, pele negra e áspera como pedra vulcânica, olhos brilhando como fogo azul. Eu já tinha visto esse monstro antes. A última vez que ele apareceu, meus pais morreram. "Izzy!" Freiren rugiu dentro de mim, sua voz repleta de urgência. "Não congele! Se mova!" O grito dela me arrancou da paralisia. Corri. Saltei para a frente, desviando por instinto quando a criatura avançou com suas garras afiadas. Ela era rápida, muito mais do que seu tamanho sugeria. O vento assobiou ao meu lado quando suas garras passaram a centímetros de onde eu estava um segundo antes. Rolei para o lado, aterrissando sobre os pés com um impulso ágil. O
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Capítulo 62
A luta estava se intensificando. As criaturas estavam se tornando cada vez mais agressivas, e a pressão estava começando a pesar. A cada movimento, a adrenalina disparava, e a batalha parecia um turbilhão sem fim. Eu estava ciente de cada corte, cada ferida, mas nada poderia me deter enquanto minha mente estava focada no único objetivo: derrubar aquela besta e proteger o Clã. Freiren rugia dentro de mim, pronta para atacar, pronta para matar. A criatura diante de mim, com a runa brilhando em seu flanco, recuava com mais frequência, mas nunca o suficiente para me dar uma oportunidade clara de atacar. Suas garras estavam mais afiadas, e sua força mais mortal. O confronto estava se arrastando, mas eu sabia que, se não aproveitássemos aquela chance logo, seria tarde demais. O som das garras arranhando o solo misturava-se com os rugidos das outras criaturas que atacavam os guerreiros do Clã. Mas então, algo mudou no cenário. Lá, de fora do campo de batalha, uma nova onda de lobos sur
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Capítulo 63
A mulher com o diadema dourado se aproximou com passos firmes, mas lentos, como se cada movimento fosse calculado, como se ela estivesse pesando cada palavra e cada gesto. Sua presença, que antes parecia distante e intocável, agora estava mais próxima, e algo em mim se inquietou ainda mais. Ela era como a própria essência da lua: fria, distante, mas ao mesmo tempo, carregada de uma força inabalável.Quando ela finalmente chegou perto o suficiente, seus olhos se fixaram nos meus com uma intensidade quase palpável. A energia ao redor dela parecia pulsar, uma força que eu mal conseguia entender, mas sabia que não poderia ignorar. Seus cabelos brancos, como uma neblina suave, caíam sobre seus ombros e a lua refletia em seus fios, tornando-a quase etérea. Mas não era apenas sua aparência que me chamava a atenção. Era a maneira como ela parecia... integrada ao ambiente ao seu redor. Cada passo que dava era como se estivesse em sintonia com a terra e o vento.Ela estendeu uma mão delicada pa
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Capítulo 64
Caelum se aproximou de nós com passos firmes, a postura imponente de um rei que sabia exatamente como lidar com qualquer situação. Seus olhos estavam fixos em Lis e nos lobos que a acompanhavam, avaliando-os, mas também deixando claro que não estava nem um pouco incomodado com a presença deles.Ele sempre soubera como manter a autoridade, como proteger o seu território sem demonstrar fraqueza. E ali, diante de mim, o vi mais uma vez, assumindo seu papel com a mesma confiança que o fizera ser o líder do Clã Eclipse.— Bem-vindos ao nosso clã — disse ele, sua voz grave, mas convidativa. — Vejo que lutaram ao nosso lado e por isso, merecem nossa hospitalidade. Vamos fazer com que cuidem de seus feridos. Podemos acomodá-los por uma noite. A segurança de todos é nossa prioridade.Lis o observou em silêncio, sua expressão impassível, enquanto seus lobos pareciam relaxar à medida que a tensão na atmosfera começava a diminuir. A ideia de se refugiar no Clã Eclipse parecia ser um alívio para t
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Capítulo 65
A noite envolveu a Matilha Eclipse em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo murmúrio do vento entre as árvores e pelo ocasional uivo distante de um lobo solitário. O ataque das criaturas ancestrais havia deixado cicatrizes não apenas na terra, mas também na alma de todos ali. O cheiro de sangue ainda impregnava o ar, misturado ao aroma das ervas curativas usadas para tratar os feridos. Depois de garantir que todos estavam seguros e que Lis e seus guerreiros haviam sido acomodados, eu finalmente pude voltar para Caelum. Ele estava sentado em um dos bancos de pedra dentro de nossa tenda, sua expressão impassível, mas eu sabia que ele estava cansado. Seu ombro esquerdo estava ferido, um corte profundo atravessando a pele desde a clavícula até o início do peito. — Você deveria ter procurado uma curandeira antes de ficar brincando de líder durão — murmurei, pegando um pano limpo e um frasco de tintura de ervas. Caelum ergueu os olhos para mim, um brilho de diversão neles. — Eu e
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Capitulo 66
O som das risadas e da música se espalhava pela clareira, um contraste marcante com a tensão e a destruição que haviam enfrentado há pouco tempo. Os guerreiros do Clã Eclipse, junto dos novos aliados de Lis, estavam reunidos ao redor de fogueiras que lançavam um brilho quente na noite escura. O aroma de carne assada e ervas se misturava ao ar, e pela primeira vez em dias, o peso da guerra parecia um pouco mais leve. Isadora caminhava entre os guerreiros, observando a alegria genuína estampada nos rostos de cada um. As crianças corriam descalças entre os adultos, suas risadas misturando-se ao crepitar da madeira queimando. Alguns anciões contavam histórias antigas sobre batalhas passadas, enquanto os mais jovens brindavam a vitória. Ela sentia-se cansada, mas não quis se afastar. Precisava ver com seus próprios olhos que seu povo estava bem. — Não está aproveitando a comemoração? — A voz grave de Caelum soou ao seu lado. Ela virou-se para ele e encontrou seus olhos dourados bri
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Capítulo 67
Os meses passaram como folhas levadas pelo vento, rápidos e imprevisíveis. A paz temporária que nosso clã conquistou nos permitiu respirar, mas a ameaça ainda pairava sobre nós como uma tempestade prestes a desabar. Lis tornou-se minha mentora, uma guia nesse novo mundo que se desenrolava dentro de mim. Desde que a conheci, algo em seu olhar me dizia que ela via além do que qualquer um poderia enxergar. Talvez fosse sua conexão com a magia, talvez fosse seu olhar experiente, ou talvez ela simplesmente compreendesse o fardo de carregar um poder que não pedimos para ter. — De novo — sua voz soou firme, mas paciente. Eu estava no meio da clareira, os pés descalços tocando a terra fria, o corpo coberto de suor. Lis me treinava com disciplina, moldando minha magia como se ela fosse uma extensão de mim, não um poder descontrolado esperando para escapar. Fechei os olhos e tentei sentir o fluxo da energia ao meu redor. O vento sussurrou nos meus ouvidos, o cheiro das árvores e da terr
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Capítulo 68
O som do vento cortando pelas folhas altas era quase meditativo. O ar cheirava a terra úmida e flores silvestres, com o toque sutil de uma tempestade que ainda se formava no horizonte. Estávamos na clareira mais afastada do Clã, onde o silêncio reinava e a natureza parecia respirar junto conosco.Lis estava à minha frente, com os cabelos prateados presos em uma trança simples e os olhos fixos nos meus. Ela segurava um bastão de madeira negra que usava como canalizador, embora eu soubesse que ela não precisava daquilo. Era mais simbólico. Uma lembrança de que até os mais poderosos às vezes precisavam de raízes para se manterem firmes.— De novo — disse ela, firme, mas paciente.Eu respirei fundo, sentindo o peso do cansaço acumulado. A gravidez avançava, e meu corpo começava a dar sinais claros de que não podia manter o mesmo ritmo de antes. Mas havia uma urgência latente em tudo. O tempo corria, e o mundo não esperaria por mim.— Está tudo bem se desacelerar — Lis comentou, como se ad
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Capítulo 69
O frio da manhã beirava o gélido, mesmo com o céu limpo e o sol já subindo preguiçosamente no horizonte. Eu estava na varanda da mansão, envolta em um manto grosso, com as mãos pousadas sobre meu ventre arredondado, sentindo os primeiros raios de luz aquecerem minha pele. A gravidez já avançava o suficiente para que os movimentos do bebê fossem constantes, e às vezes, imprevisíveis.Mas hoje... havia algo diferente no ar.Freiren se revirava inquieta dentro de mim, os sentidos aguçados, como se uma presença invisível se arrastasse pelas sombras da floresta. Ela ainda não dizia nada — não com palavras — mas havia uma tensão no modo como rosnava em silêncio, como se esperasse algo surgir do nada.“Fique alerta”, ela murmurou por fim. “A magia se mexe em lugares que não vemos.”Respirei fundo, tentando me concentrar, mas algo em mim se agitou. Não era exatamente medo. Era uma sensação antiga, instintiva, que crescia com o mesmo ritmo que minha ligação com a terra, com a magia, e com o fi
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