A tempestade castigava Sant’Elisa, trovões ecoavam no céu enquanto a chuva batia contra as janelas do convento. Valentina não conseguia dormir. Desde que Gabriel surgira em seu quarto na noite anterior, ela sentia um nó apertado no peito.As ameaças eram reais.A presença dele era real.E o desejo que crescia entre os dois também.Ela tentou rezar, tentou encontrar alguma clareza, mas sua mente estava consumida por Gabriel. Pelos olhos dele, pelo perigo que o envolvia, pela forma como seu toque a incendiava.Então, ouviu uma batida na porta.Seu corpo gelou.Ela se aproximou devagar, hesitante, e perguntou baixinho:— Quem é?— Sou eu.A voz dele. Grave, baixa, carregada de algo que Valentina não soube definir.Ela abriu a porta.Gabriel estava encharcado da chuva, os cabelos grudados na testa, os olhos ainda mais sombrios sob a pouca luz.— O que está fazendo aqui?
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Capítulo 42 – A Escolha de Valentina
A chuva caía como um véu sobre Sant’Elisa, ocultando segredos e silenciando pecados. Valentina sentia o gosto amargo da tempestade em seus lábios, ainda trêmulos do beijo que compartilhara com Gabriel. Ela recuou um passo, mas ele permaneceu ali, imóvel, os olhos negros cravados nos dela. — Você precisa decidir — repetiu ele, a voz grave, carregada de algo que Valentina não queria nomear. Medo. Desejo. Perdição. — Eu já decidi — ela sussurrou, mas suas palavras não carregavam a convicção que deveriam. Gabriel inclinou a cabeça, analisando-a. — Então por que está tremendo? Ela apertou os punhos ao lado do corpo, como se isso pudesse conter a avalanche dentro de si. — Porque você me confunde. Porque me faz questionar tudo que eu sempre acreditei. Ele sorriu de um jeito sombrio, quase predador. — Então pare de lutar contra isso.
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Capítulo 46: o Jogo De Leonardo
A noite caía sobre Sant’Elisa, e Valentina sentia seu mundo se despedaçando. O convento já não lhe parecia um refúgio, e Gabriel… Gabriel despertava nela algo que ia além do desejo — um abismo perigoso e viciante. Mas ela não era a única a sentir o cheiro de sua hesitação. Leonardo sabia. E ele estava pronto para agir. ••• Valentina caminhava pelas ruas silenciosas, os pensamentos um turbilhão. Quando ouviu passos atrás de si, instintivamente acelerou, mas era tarde demais. — Irmã Valentina. A voz a fez estremecer. Leonardo estava ali, encostado contra um poste, com um sorriso que nunca chegava aos olhos. — O que você quer? — perguntou, mantendo-se firme. — Apenas conversar. Ele se aproximou, e Valentina sentiu um arrepio de alerta percorrer seu corpo. — Você parece… diferente. Um pouco menos santa do que antes. O tom zombeteiro fez seu sangue ferver. — Vá direto ao ponto, Leonardo. Ele riu. — Está brincando com fogo, Valentina. E Gabriel… Bem, ele não
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Capítulo 48 – O Pecado da Verdade
A noite em Sant’Elisa era um convite à perdição. O vento arrastava consigo murmúrios de segredos não ditos, e Valentina sentia o peso de um deles queimando sua pele. A dúvida ainda latejava em seu peito desde o encontro com Leonardo. As imagens de Gabriel e Isabella juntos não saíam de sua mente, mas agora não se tratava apenas de ciúmes. Se tratava da verdade. E Valentina estava determinada a encontrá-la, custasse o que custasse. A primeira pista veio de um descuido. Naquela manhã, Gabriel saiu apressado. Não a beijou, nem a olhou nos olhos como antes. Havia algo nele… uma tensão no maxilar, um receio mal disfarçado. Valentina esperou até a porta fechar e, pela primeira vez, fez algo que nunca havia feito: procurou por respostas nas coisas dele. Seu coração martelava enquanto revirava gavetas, pastas, bolsos de casacos. Até que encontrou. Uma chave. Pequena, prateada, com uma inscrição no metal: C.V. 267. Seu estômago revirou. Aquilo parecia a chave de um cofre.
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