O vidro do copo tilintou contra o mármore quando Valentina o pousou na mesa. Seu olhar perdido se fixava na escuridão além da grande janela, onde a cidade se estendia abaixo dela, iluminada por milhares de luzes que pareciam tão distantes quanto sua própria sanidade.
A pasta de couro preta ainda estava sobre a mesa. As palavras escritas nela queimavam seus olhos como chamas invisíveis. Gabriel era culpado. Mas culpado de quê exatamente? As palavras nos documentos eram claras. Conexões com Rodrigo De La Vega. Transferências de dinheiro. Nomes riscados em vermelho. Mas onde estava a prova de que ele realmente participou do crime? A dúvida corroía sua mente como um veneno lento. E então, como um predador sentindo o cheiro do sangue, Leonardo apareceu. — Você está diferente, Valentina. A voz dele era suave, perigosa, como um veneno revestido de mel.