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Todos los capítulos de Destinada à Fera: Capítulo 101 - Capítulo 110
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Capítulo 101
O mundo ao redor de Ivy parecia se contrair. O ar estava mais denso, pesado, e o fogo que ardia em sua marca pulsava como um aviso silencioso. Mas o pior não era a dor. Era a voz.Aquela voz gélida e antiga que há algum tempo havia se calado dentro dela."Agora você finalmente voltou para o seu lugar. Não te deixarei ir embora jamais."Ivy tentou engolir o pânico. Seus dedos pressionaram a pele latejante de seu pescoço, como se pudesse apagar aquela sensação. Mas ela sabia que era inútil.Porque aquilo não era apenas uma marca. Era uma corrente.Ao seu lado, Alaric caminhava em silêncio, sem perceber a batalha interna que a consumia. O som ritmado dos passos dele ecoava na trilha de terra úmida, e a forma despreocupada com que ele se movia apenas deixava tudo mais sufocante.Ela queria perguntar. Queria exigir respostas que talvez ele teria, já que possuíam aquele maldito vínculo antepassado. Mas como perguntar a explicação de e algo que nem ela mesma entendia o que era esse algo?A d
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Capítulo 102
O ar que Ivy segurava era tão espesso que parecia ter forma.Ela não conseguia se mover. Seus olhos estavam fixos na silhueta escura do outro lado do vidro, o coração batendo alto demais dentro do peito.A figura não se movia. Apenas esperava.Então, a luz fraca da lua atravessou as nuvens, revelando o que estava ali.Um corvo.O alívio veio rápido, mas não durou.Havia algo de errado naquele pássaro.Seus olhos negros pareciam inteligentes demais, quase humanos. Ele a observava como se estivesse esperando por algo. E então, com um movimento súbito, bicou o vidro.Uma. Duas. Três vezes.O som ecoou pelo quarto como um aviso.Ivy respirou fundo, tentando acalmar o tremor em seus dedos. Ela se aproximou com cautela e destravou a janela. O vento gelado entrou de imediato, bagunçando os fios soltos de seu cabelo.O corvo abriu as asas e, com um salto gracioso, pousou no parapeito.— O que você quer, garoto? — Murmurou, mais para si mesmo.Foi só então que Ivy viu.Preso à sua pata havia u
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Capítulo 103
O medalhão queimava na palma da mão de Ivy.O pequeno pedaço de prata escurecida pelo tempo parecia pesar mais do que deveria, como se carregasse todo o peso da verdade que ela nunca quis enxergar.O ar no escritório parecia rarefeito, e sua respiração vinha curta, descompassada.Alaric continuava parado na porta, a luz fraca lançando sombras irregulares sobre seu rosto. Havia algo nele que a fazia sentir um frio na espinha—um olhar que não era de surpresa, nem de culpa.Era um olhar de tédio.— Você não deveria estar aqui. — Ele repete, a voz calma, sem pressa, como se estivesse comentando sobre o tempo.Ivy apertou o medalhão com tanta força que sentiu o metal gelado contra sua pele.— O que isso está fazendo aqui? — Sua voz saiu trêmula, baixa, mas carregada de algo afiado.Alaric inclinou a cabeça levemente, como se estivesse considerando a pergunta. Depois, deu um passo para dentro da sala, fechando a porta atrás de si. O clique do trinco soou alto demais no silêncio.— Achei qu
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Capítulo 104
O mundo virou de cabeça para baixo.O vento cortava o rosto de Ivy como navalhas, empurrando seus cabelos para trás enquanto ela despencava pelo ar. O choque da queda fez seu estômago se revirar, a gravidade puxando-a com uma brutalidade impiedosa. Os estilhaços de vidro ainda dançavam ao seu redor, brilhando como estrelas em meio à escuridão da noite.Por um breve segundo, o tempo pareceu desacelerar.Ela viu flashes. O riso abafado de Ethan enquanto a ensinava a lutar quando eram crianças. O cheiro de terra molhada da floresta onde costumavam brincar. O toque quente da mão dele segurando a dela. "Eu sempre estarei aqui, Ivy."A dor rasgou seu peito antes mesmo de o impacto vir.O chão se aproximava rápido demais.Ivy aterrissou de lado, rolando pelo cascalho do pátio. Uma onda de dor explodiu por seu corpo, cada músculo gritando em agonia. Ela sentiu o gosto metálico do sangue na boca. Seu braço esquerdo latejava violentamente. Talvez estivesse quebrado. Mas ela não podia parar.— I
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Capítulo 105
Tudo ao redor de Ivy se tornou um borrão.Os olhos dela estavam fixos no homem diante dela, mas era como se seu cérebro recusasse a processar o que via. Sua respiração vinha curta, entrecortada, como se o próprio ar tivesse se tornado pesado demais para ser puxado para dentro dos pulmões. O som dos soldados ao redor—armas sendo erguidas, passos firmes sobre a terra seca—parecia abafado, distante, como se ela estivesse submersa em um mar de confusão e descrença.Não podia ser real.Alaric…O mesmo Alaric que por tanto tempo fora seu amigo, confidente. O homem que caçava os rebeldes com uma determinação impiedosa, que falava sobre ordem, poder, paz como se fossem inquebrantáveis. O mesmo Alaric que prometera acabar com qualquer ameaça ao seu território.E agora… ele era a ameaça.O exército não estava ali para derrubá-lo. Estava ali para segui-lo.Líder.A palavra ainda pairava no ar, como uma lâmina suspensa prestes a se cravar em seu peito.— Não… — a voz dela saiu rouca, quase inaudí
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Capítulo 106
O silêncio que se seguiu à chegada de Lucian foi sufocante. Tudo ao redor parecia carregado de eletricidade, como se o próprio mundo prendesse a respiração diante da cena.Os olhos de Ivy, ainda arregalados pelo choque da traição de Alaric, encontraram os de Lucian. Algo profundo e instintivo se acendeu dentro dela. Um reconhecimento imediato.Ali, ele parecia um lobo entre cordeiros.E, naquele momento, ele era sua única chance.— Soltem-a. — Lucian diz outra vez.A voz dele cortou o ar como um açoite, baixa, mas impregnada de uma ameaça tão crua que os soldados ao redor hesitaram.Alaric, no entanto, apenas ergueu uma sobrancelha, o canto dos lábios se curvando em um sorriso preguiçoso.— Ah, Lucian… Sempre tão dramático.Lucian não se moveu. Seu olhar, predatório e implacável, permaneceu fixo em Alaric.— Não vou repetir.O sorriso de Alaric se ampliou, e ele deu um passo à frente, as mãos para trás, como se estivesse avaliando um jogo de tabuleiro cujo desfecho já conhecia.— Vo
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Capítulo 107
O tempo parou.Não como uma metáfora para o medo, não como um devaneio do subconsciente. Mas sim, de forma literal.O vento cessou. Os ecos da batalha morreram. As lâminas que se cruzavam ficaram suspensas no ar como se a própria realidade hesitasse.E então, veio a voz.— Chegou o momento.Não era apenas um som. Era algo mais profundo. Algo que se infiltrava sob a pele, que vibrava nos ossos, que penetrava a mente como dedos invisíveis arrancando cada lembrança, cada sentimento.Os olhos de Ivy estavam fixos nas sombras que se erguiam ao seu redor. Elas eram uma presença viva, pulsante, como se o próprio vazio tivesse encontrado forma.Mas o que realmente fez seu corpo paralisar, o que fez seu coração bater dolorosamente contra suas costelas, foi o olhar de Lucian.Terror.Não medo. Terror.Lucian, o homem que enfrentou exércitos, que cortou gargantas sem hesitação, que nunca recuou diante da morte, estava aterrorizado.E isso significava que ela deveria estar também.— Não... — a vo
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Capítulo 108
O silêncio daquela vozes, seguida da proposta de Lucian, foi pior do que qualquer grito.Ivy sentiu a garganta fechar, o pavor subindo por sua espinha como garras afiadas. As sombras ao redor deles pulsavam, quase como se estivessem saboreando aquele momento.Ela lutou contra a sensação de estar presa, os olhos fixos em Lucian, que se mantinha de joelhos, inabalável, esperando a resposta das vozes.— Você está louco? — sua voz saiu trêmula, a respiração entrecortada pelo desespero. — Você não pode fazer isso, Lucian!Ele não respondeu.Ele não olhou para ela.Não moveu um músculo sequer.Lucian só aguardava.— Lucian, pelo amor da Deusa Solene. — Ivy insistiu, a voz se tornando um grito sufocado. — Isso é suicídio! Você acha mesmo que vou permitir?Ainda, ele se manteve em silêncio.As sombras se moviam como serpentes ao redor deles, murmurando entre si, contemplando a oferta.Ivy sentiu as lágrimas queimarem seus olhos.— Fale comigo! Me olhe, droga!E então, ele olhou.E o que Ivy v
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Capítulo 109
Tudo ao redor vibrava, como se estivesse prestes a desmoronar. As sombras sussurravam, ansiosas. O ar pulsava com uma energia ancestral, sufocante.Lucian segurava o olhar da mãe, os olhos ardendo com uma súplica muda. Ivy sentia o peito rasgar de dentro para fora, cada fibra do seu ser gritando contra aquilo. Mas então...— Isso não pode acontecer. — A voz de Alaric cortou o espaço, firme, inabalável.As sombras estremeceram. Grace virou a cabeça, surpresa. Lucian fechou os punhos.— Você não entende, Alaric… — Grace começou, mas ele já estava caminhando para frente, a mandíbula travada.— Não é assim que funciona! — ele rugiu, o tom carregado de autoridade. — Vocês não podem interferir dessa maneira!O silêncio que se seguiu foi como a calmaria antes da tempestade. As vozes sussurraram entre si, irritadas. Grace franziu o cenho.— Cale-se, Alaric. — Uma das vozes falou, cortante.Ele não recuou.— Isso não pode ser decidido dessa forma. Vocês sabem disso!As sombras se agitaram, imp
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Capítulo 110
O que sobrou daquele ambiente mais parecia como uma enorme lápide.O silêncio absoluto. Implacável.Lucian permaneceu imóvel, o olhar vidrado no vazio onde sua mãe estivera segundos antes. Seu peito subia e descia em respirações irregulares, curtas demais, como se o ar simplesmente se recusasse a entrar.Ivy sentiu o mundo se inclinando ao seu redor. Suas pernas falharam, e ela teria caído se Lucian não estivesse ali, sustentando-a. Mas, ironicamente, ele próprio tremia tanto que parecia que seria ele quem desabaria a qualquer instante.Os dedos de Ivy se fecharam com força ao redor da manga da camisa dele, buscando um ponto de ancoragem.— Lucian… — sua voz saiu falha, quase um sussurro.Ele não respondeu.Um soluço tremeu em seus lábios antes de ser sufocado. O peito dele se contraiu de maneira violenta, e então ele finalmente caiu de joelhos.— Ela… se foi. — Sua voz quebrou.Ivy sentiu os olhos arderem.— Eu sei.A dor que pesava sobre ele era tão palpável que parecia um peso real
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