Eu precisava desabafar de alguma forma. Talvez por isso eu tenha convidado minha cunhada para vir até minha casa, ainda com o filho no colo, e contar para ela a loucura que fiz. Foi impulso. Ela me pegou desprevenida em um momento de fragilidade, quando minha cabeça estava uma confusão, mas, no fundo, a culpa era minha. Não podia culpar ninguém, nem o destino, nem as circunstâncias. Foi minha escolha, e as consequências também eram minhas. Todas as culpas, na verdade.Samanta me olhava com aquele olhar dela. Não era ameaçador, mas carregava algo que me fazia tremer por dentro: aquele olhar de mãe. Desde que meu sobrinho nasceu, ela ficou ótima nisso. Ele, aliás, é a luz desta casa. Algo que eu não esperava, mas que trouxe um calor que eu nem sabia que sentia falta. As cores frias e o silêncio que antes pareciam um abrigo, agora me incomodavam. Percebi que eu me acostumei a viver com alguém. Quando não eram meus pais, era uma colega de quarto. Quando não era uma colega de quarto, era u
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