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Etore
— E você teria a Malia, do jeito que quer. Mesmo que ela não queira.Alex tinha razão. Era uma solução fria e calculista, mas eficaz. E, no fundo, sabia que Malia, mesmo relutante, não teria outra escolha. Em nosso mundo, decisões assim eram comuns, e resistir significava perigo e incerteza.— Vamos fazer isso, — decidi finalmente. — Prepare uma reunião com Nicolai. Vamos discutir os termos da paz e do casamento.Ele assentiu, já pegando o telefone para fazer os arranjos.— Não, deixe-me fazer a ligação. Depois, você resolve o resto.Peguei o telefone e disquei o número de Nicolai. Ele atendeu de forma abrupta, sem dar espaço para formalidades.— Quem fala? — perguntou, sem me dar chance de introduzir a conversa.— Sou Etore Monti, Don da Camorra. Você quer paz, Nicolai? Quer acabar com a matança dos dois lados? Então, eu tenho um preço para isso...Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, seguido de um tom intrigado.— Qual seria seu preço, Etore Monti? — Ele perguntou de
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Malia
O choro que saía dos meus pulmões era doloroso. Quando eu finalmente pensei que estava livre, quando comecei a sentir a liberdade, tudo foi tirado de mim. Nunca havia passado pela minha cabeça que um simples jogo acabaria com tudo que eu tinha construído nesses 7 meses. Tudo isso por quê? Porque um velhote não soube levar um "não", porque ele... não soube ser rejeitado.Minha cabeça estava uma confusão. Eu só queria gritar e sumir dali, mas não importava para onde eu fosse, eles me encontrariam.Resolvi ligar para Zarina, que atendeu logo em seguida.— Oi, Mali. Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou.— Onde você está? — Estava em uma festa na praia, mas já estou chegando em casa.— Eu preciso sair para beber. Sei que está tarde, mas eu preciso beber até esquecer que o dia de hoje aconteceu. Eu preciso beber até esquecer do meu nome, beber até esquecer que sou uma Mikhailov.— Mali, o que aconteceu? Pelo amor de Deus, me diz o que aconteceu! Vamos só nós duas? — Ela perguntou, preoc
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Zarina
O sol se põe, tingindo o céu de laranja e rosa, enquanto a água gelada do mar nos envolve.Liam me abraça por trás, e sinto uma segurança que nunca havia experimentado em toda minha vida. O som das ondas é um pano de fundo perfeito para este momento íntimo.Ele beija meu pescoço suavemente, descendo sua mão pelo meu corpo, provocando arrepios que percorrem minha pele.— Você é linda, Zarina. Nunca pensei que conheceria alguém como você — diz ele, com um sorriso sincero que, apesar de meus receios, me faz sentir especial.— Obrigada. Você também não é nada mal — respondo, tentando parecer confiante, embora uma parte de mim tema ser apenas mais uma em sua vida.A conversa entre nós flui naturalmente, como se já nos conhecêssemos há muito tempo. Derepente, ele me vira para si e me beija. O beijo, embora me pegue de surpresa, é calmo e envolvente, como se ele quisesse guardar cada minúscula parte de mim dentro de si.— Zarina, eu... — Ele para de falar, mas sinto sua mão na minha bunda,
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Malia
A tensão no ambiente é palpável. Sinto o olhar penetrante de Etore queimando em minha direção enquanto me movo ao som da música. Cada movimento é calculado para provocar, para mostrar que ele não tem poder sobre mim.Zarina está ao meu lado, claramente preocupada, mas também fascinada pela ousadia da situação. Ela sabe que estou jogando um jogo perigoso, mas não tenta me parar.Antes que a música chegue ao fim, Etore retira a mulher de seu colo, se levanta e vem até mim. Seus olhos são duas chamas negras de raiva e desejo. Ele começa a caminhar em minha direção, e o silêncio no bar é quase ensurdecedor.Quando ele chega perto o suficiente, sinto seu hálito quente em meu rosto.— Que merda você está fazendo aqui? Você gosta de jogar, não é? — Ele murmura, sua voz baixa e ameaçadora. — Mas você não sabe com quem está brincando, Malia.Eu me aproximo mais, sem recuar, enfrentando-o de frente.— Acho que quem não sabe com quem está brincando é você, Etore. — Minha voz é firme, apesar do t
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Etore
É incrível o poder que ela tem de me levar ao limite. Com a Malia, vou de 0 a 100 numa velocidade surpreendente.Sei que peguei pesado; não devia ter matado o segurança do pai dela, mas só de imaginar que ela o beijaria ali na minha frente, meu corpo se enfurece e já tenho vontade de matar alguém novamente.Pelo que meu soldado me contou naquela noite, nem Zarina nem Malia voltaram para o apartamento. Na saída do bar, as duas foram colocadas em um carro preto e levadas, possivelmente, para a casa que Nicolai deve ter comprado para ficar aqui.Mas algo me deixou mais curioso do que nunca. Se a fedelha sempre bate no peito dizendo que não se importa com quem vive ou morre, por que aquela reação?Eu senti seu corpo trêmulo, seus olhos ficaram marejados. Será que ela se importava com aquele soldado?A ideia de que Malia pudesse ter sentimentos por outro homem me deixava louco. Eu não conseguia suportar a ideia de que ela pudesse se importar com alguém que não fosse eu. Cada vez que pensav
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Malia
Meu pai me tirou de lá enquanto meus olhos se inundavam em lágrimas. O soldado Yuri estava morto, não que eu o conhecesse bem, mas ele morreu por minha culpa. Nicolai não disse mais nada, apenas me colocou dentro do carro e beijou meus cabelos.Fecho os olhos, sentindo a seriedade da confusão em minha cabeça. A cada momento que passa, mais eu odeio Etore, e isso nunca vai mudar.Acabei dormindo no carro, mas sinto meu corpo sendo levado para dentro. Conforme vamos andando, ouço a voz da minha mãe.— O que aconteceu? — Ela pergunta, preocupada.— Malia confrontou Etore. Yuri foi morto na frente dela e... lembre-se, o noivado deles será no domingo.— Você por algum momento pensou na felicidade de nossa filha? — Agora já estou acordada, mas finjo estar dormindo para ouvir a conversa entre eles.Levanto da cama com lágrimas nos olhos, cansada de tudo o que aconteceu hoje. Mais cansada ainda de tudo que tenho vivido nos últimos meses.— Mãe, chega, já deu. Nada do que você falar vai mudar
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Etore
Malia saiu do noivado transformada. Não entendi ao certo o motivo, mas algo me deixou inquieto. Pela primeira vez nesses meses, ela não quis bater boca como sempre gostava, não quis brigar e nem me xingar.Assim que ela saiu, voltei para dentro e fiquei conversando com alguns membros da máfia.Nikolai veio até mim. — Acho que temos alguns assuntos a tratar, não? — Ao seu lado estava uma linda mulher, com olhos inquietos, provavelmente a mãe da Malia.Um pouco mais atrás deles havia um menino, aproximadamente com a mesma idade de Malia. Eles tinham alguns traços parecidos, então deduzi que ele fosse seu irmão.— Sim, temos. Vamos até o escritório. — Falei, mostrando o caminho para eles.Conduzi a família de Malia pelo corredor, até uma sala privada que havia sido preparada para a ocasião. O ambiente era luxuosamente decorado, com móveis de mogno escuro e uma lareira que projetava sombras dançantes pelas paredes.Sentamos ao redor da mesa, e eu podia sentir a tensão no ar. A mãe de Mali
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Zarina
Fiquei aliviada de não ver meus pais ali, aliviada que o tio Nic não tivesse contado a eles o que eu estava fazendo em Paris. Ainda bem que ele estava focado em Malia, mas meu medo persistia, pois ainda havia a possibilidade de ele lembrar da minha existência.A semana passou voando e o único lugar que eu estava autorizada a ir era a faculdade, e olhe lá, nem passava pela minha cabeça desobedecer a ordem. Querendo ou não, minha vida também estava em risco.Malia não saiu do quarto em momento algum, nem mesmo para falar comigo. As refeições eram sempre entregues em seu quarto e, quando iam buscar, estavam praticamente intactas.No domingo de manhã, fui ao quarto dela e, assim que olhei em seus olhos, vi que estavam opacos e sem brilho. Não conseguia reconhecer minha prima ali. Pela primeira vez na vida, Malia não tinha a vontade de viver refletida em seus olhos.Tia Zoya entrou no quarto e começou a arrumá-la. Em momento algum Malia deu sua opinião ou se moveu de maneira brusca; pareci
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Malia
Acordei no outro dia, mas minha vontade era continuar dormindo. No entanto, estava na hora de levantar. Minha cabeça estava girando, mas eu sabia que nada do que eu fizesse mudaria meu futuro. Não daria o gostinho nem ao meu pai, e muito menos a Etore, de achar que podem me controlar.Levantei da cama, tomei um banho e me vesti poderosa como sempre. Peguei minha mochila da faculdade e saí do meu quarto, chamando a atenção de todos que estavam na mesa tomando o café da manhã.— Bom dia, família amada. — Disse, com o deboche estampado em meu rosto.Antes que alguém pudesse responder, Nicolai respondeu ríspido: — Aonde você pensa que vai?— Não que seja de sua conta, mas vou para a faculdade.Ele riu na minha cara, como se eu tivesse falado a coisa mais engraçada do mundo. — Acho que você não entendeu a posição em que está agora, Malia. Tudo o que quiser fazer a partir de agora, precisa de autorização de seu noivo. A faculdade já não está mais na sua lista de afazeres, e a partir de hoje
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Etore
Era estranho vê-la desarmada, parecendo tão frágil. Tirei-a do carro, pegando-a em meu colo. Ela se aconchegou em meu peito como se eu fosse sua pessoa predileta no mundo, mesmo que eu soubesse que não era bem assim. Mas, naquele instante, parecia que eu era.Entrei em casa e minha mãe veio logo ao nosso encontro.— Ela está bem? — perguntou, já preocupada.— Só está cansada e acabou dormindo no carro — respondi, dando as costas para ela e subindo com Malia para o quarto onde ela ficaria hospedada.Fazia anos que eu não dormia nesta casa, que ficou para minha mãe e minha irmã depois da morte do meu pai. Eu havia comprado uma mansão mais sofisticada e moderna, com segurança impecável. Mas, como ainda não estávamos casados, não podíamos ir para minha casa. Precisávamos seguir as leis das duas máfias. Na lei russa, os noivos podem ficar na mesma casa, mas a família do noivo precisa estar presente.Acho que eles têm medo de que os noivos se matem antes mesmo da aliança estar pronta.Coloq
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