Sílvio caminhava pelas ruas.As ruas estavam tão cheias de pessoas como sempre, com inúmeros casais passando por ele de mãos dadas, entrelaçados e abraçados. Um dia, ele e Lúcia também tinham sido assim, tão felizes. Mas agora, ela havia desaparecido.De repente, começou a cair neve do céu, cobrindo sua cabeça e ombros. Ele estendeu a mão, e os flocos de neve pousaram em sua palma larga e quente, derretendo-se instantaneamente em uma poça de água fria.Lúcia costumava dizer que amava a neve mais do que qualquer outra coisa, porque, para ela, a neve era a coisa mais pura deste mundo, capaz de lavar todas as impurezas.No prédio do outro lado da rua, um telão continuava a exibir a notícia: [Abelardo faleceu, cerimônia de despedida amanhã na funerária.]Com uma cobertura tão ampla, Sílvio não acreditava que Lúcia não soubesse.A única explicação era que ela sabia, mas não se importava mais. Desde que pudesse escapar do controle dele, da sua tortura, nada mais importava para ela.A idei
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