Todos os capítulos do Herança maldita: o lobo e a feiticeira: Capítulo 11 - Capítulo 20
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Amanda
Sair um pouco daquele lugar me faria bem, mesmo que fosse com Djovig filho. Ainda via em meus sonhos o seu olhar dirigido a mim no cemitério e no salão onde foi realizado o velório o que sempre me perturbava e eu não imaginava o porquê. Cogitei algumas vezes em ligar para a Djovig Softwares, mas sempre acabei me convencendo de que Ricardo não era como o pai e que eu não tinha nenhuma obrigação com seu bem-estar, então simplesmente não ligava.Fiquei grata por ele ter chegado mais tarde no velório, eu não me sentiria bem em me despedir de Jerrrilly com sua presença ali. O homem era como um tio, eu recebi muitos conselhos dele e sabia que ele jamais aprovaria a mentira que espalharam sobre minha mãe. Perdê-lo ao mesmo tempo em que a perdi foi um baque forte para mim, pois sempre pensei que quando ela não estivesse mais por mim, ele estaria.Alguma parte em meu interior dizia que eu deveria ir ao menos agradecer a Ricardo, dar minhas condolências ou ao menos perguntar como ele estava, ma
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Amanda
Pensei em agradecer por ele mover o processo, mas poderia fazer isso depois. Ainda estava cedo para abordar um assunto tão pesado quando Ricardo estava fazendo de tudo para manter o clima agradável.— Eu acho que gosto disso. — Entrei no carro e coloquei o cinto. — Nada de seguranças? — perguntei ao olhar ao redor e não ver nenhum carro suspeito por perto.— Eu sou o chefe agora — ele respondeu colocando a chave na ignição.Me perguntei se ele sabia mesmo dirigir. Em toda a minha vida, tudo o que eu sabia sobre Ricaro era o que minha mãe e ocasionalmente Jerrilly falavam. Era como se o mundo soubesse que o homem tivesse um filho, um herdeiro, e ao mesmo tempo ninguém soubesse onde encontrá-lo. O homem ao meu lado era como uma lenda, onde a gente duvida mesmo se existe ou não. Na verdade, pelo que a mídia insistia em falar, ainda havia muitas desconfianças de que ele era quem dizia ser.— Então, para onde estamos indo? — perguntei quando saímos do estacionamento.— Com medo de ser seq
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Amanda
— Não, ela não está comigo — falou assim que parou de rir. — E sim, ela sabe que eu existo, mas aparentemente prefere viver com qualquer um, menos comigo.Lá estava a amargura de novo em seu tom, mas ele não deixou de parecer que achava a situação engraçada, ou dolorida demais para não rir. Eu não sabia o que pensar. Que ele era louco? Talvez. Mas se a irmã dele não queria morar com ele, por que eu deveria? Mais uma vez as desconfianças sobre ele e suas intenções comigo martelavam em minha cabeça, mas eu não podia tomar decisões baseadas no achismo ou mesmo em emoções passageiras, antes deveria observar as coisas com mais atenção.Talvez fosse apenas um problema de família no qual eu não tinha nada a ver com isso, afinal, irmãos brigam, não é mesmo? — Sabe — eu falei após me recompor de meus pensamentos aleatórios —, talvez devesse dar um tempo a ela. Quem sabe assim não reconsidera?— Estou fazendo isso — ele voltou a ficar sério. — Sei que pressioná-la não vai surtir efeito nenhum
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Amanda
À tarde fomos para um parque onde conversamos mais sobre a vida em geral e sério, gostei muito.Terminamos o dia com um sorvete. Então notei os olhares das pessoas ao redor, a maioria maldosos e não pude evitar me incomodar. — Está tudo bem — disse Ricardo quando nos sentamos um em frente ao outro em uma pequena mesa. — É da natureza humana olhar, criar fantasias e depois fofocar. Resta a você decidir como isso vai afetar a sua vida.— E o que vai acontecer — perguntei, abordando o assunto que tanto estávamos empenhados em ignorar, embora ele pairasse no ar toda vez que conversávamos —, se eu aceitar sua proteção?— Provavelmente a mídia vai falar demais quando souber, iremos ignorar alguns, processar outros e a vida vai continuar. O importante é que eu e você sabemos o que um representa na vida do outro.Suas palavras tiveram um importante peso. Eu nem o conhecia, mas sabia que ele era importante para minha sobrevivência de alguma forma. Minha mãe sempre dizia que sua vida estava li
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Amanda
Subi, peguei uma roupa qualquer e fui para o banheiro. Tomei um banho demorado, pois lavei bem meus cabelos e me arrumei. Queria estar apresentável no jantar, já que nunca me dei o trabalho de comparecer à refeição.Aguardei Ricardo na sala de espera, depois fomos para o salão de refeições onde separei uma mesa apenas para nós. Por mais incrível que pareça, o jantar estava comestível, ou era apenas eu que estava mais suscetível a engolir a comida. Ricardo não elogiou, mas também não reclamou, limpando seu prato, o que o imitei por educação.Quando terminamos, o acompanhei em uma caminhada para um dos pátios abertos para termos nossa conversa decisiva.— Foi bom passar o dia com você — falei, quebrando o silêncio da caminhada.— Também gostei de te conhecer, Amanda. — Ele enfiou as mãos nos bolsos, coisa que durante o dia, notei, ele não havia feito.— Apenas diga — falei dirigindo minha total atenção à lua, que estava cheia. — Qual é a sua proposta, senhor Djovig?— Faça um teste, ven
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Ricardo
Nem bem saí do estacionamento, ouvi um som e vi um brilho entre os bancos dianteiros do carro. Encostei e procurei, então encontrei o celular de Amanda. Pensei em devolvê-lo no outro dia, mas sabia que seria muito mais bem visto caso fosse naquela mesma hora. Ou talvez fosse somente a coceira em meu braço e a voz que falava comigo dizendo para retornar imediatamente.“Apresse-se!”, gritou uma voz interior e minha cabeça latejou. Obedeci ao que quer que fosse e voltei o mais rápido que pude. Entrei, a recepcionista do turno disse que eu podia subir. Como se agarrado a uma mão invisível, fui andando o mais rápido possível sem correr, chegando em tempo somente de presenciar a maior tragédia que poderia acontecer em minha vida.Amanda levou uma facada no peito. O grito que saiu de minha garganta foi maior do que o que eu ouvi em minha cabeça. A agitação em meu sangue foi tão grande que não vi quando tiraram a outra garota de lá.Depois eu lidaria com ela pessoalmente, se fosse possível,
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Ricardo
Sem ter uma pessoa com quem conversar, acabei ligando para Augusto, que em pouco tempo estava comigo, esperando.— Como ela está? — perguntou assim que chegou.— Eu não sei. A levaram para a cirurgia, mas até agora não deram notícias.— E o seu braço? O que aconteceu?— Eu forneci um pouco de sangue para ajudar. Eu... eu estou com medo, Augusto.— Acha que foi um caso isolado? —- O velho mudou de assunto para me tirar do meu medo interior. — Eu não sei, mas quero que a responsável seja punida, se não pela justiça, mas pela forma Djovig.— Você tem certeza? — ele perguntou espantado. — Pensei que aboliria todos os atos clandestinos de seu pai.— Eu também. Mas ainda que eu fizesse isso estaria sendo hipócrita. Amanda e eu ainda estamos aqui. Agora eu entendo porque ele os mantinha.— Se eu não te conhecesse, rapaz, diria que sua obsessão pela garota é um tanto obscena.Não era de todo uma mentira, mas eu não me importava. Sempre soube que nossa relação seria particularmente estranha q
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Ricardo
Amanda não tinha namorado, o que julguei ser bom, tinha uma melhor amiga, Ghenos, onde conversavam de tudo, inclusive foi ela quem a alertou sobre o Fake News produzido pelo Basgie e disse que o pai ficaria bem satisfeito em nos processar. Aquela conversa me interessou por vários motivos. Mandei um print para Augusto investigar. Depois disso, percebi, pelas conversas, que a amizade entre elas esfriou.Amanda ainda tinha alguns outros contatos com quem conversava pouco. Resolvi, porque podia, investigar todos eles, mas só depois que eu olhasse suas redes sociais.Ela gostava da praia, estava em alguns clubes de leitura, conversava com vários experts em informática – peguei os contatos de todos – e mantinha o foco nos estudos.“Nada de drogas, amizades ilícitas, exceto alguns hackers, não participa de nenhuma seita obscura e não tem nenhum crush. É, acho que isso é bom.”Apaguei tosos os meus rastros e guardei o aparelho no bolso. Olhei para o relógio na parede, já passava da meia noit
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Ricardo
Fui para casa tomar um banho. Eu sinceramente estava mais do que precisado. Quando cheguei, Laila, a nossa governanta me passou todas as relações da casa.— O quarto da senhorita Amanda já está pronto, a carta de aceitação do colégio Red Academy já chegou...— Explicou que Amanda ainda demorará alguns dias para comparecer e que talvez não precise do quarto, mas que deve ficar sempre à sua disposição? — perguntei subindo as escadas.— Sim, senhor. — O que mais?— O juiz já assinou a guarda permanente, está no seu escritório. E a despensa está pelo meio...— Algo mais sobre Amanda, Laila? — perguntei impaciente.— Não, mas...Eu sabia que o resto da conversa era só frivolidade, então peguei um cartão da empresa e dei a ela. Entrei no meu quarto e fui direto para o banho. Quando terminei de me arrumar, fui ao quarto que mandei decorar para minha garota, depois fui ao escritório revisar seus documentos originais e maquiados e voltei ao hospital com o motorista.Quando cheguei no quarto
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Amanda
Decidir ir com Djovig filho não foi uma decisão ruim no fim das contas. A única coisa que pude dizer é que minha vida mudou drasticamente a partir do momento em que pisei os pés fora do hospital em sua companhia.Quando mencionei a Ricardo que ele poderia me tirar dali e consequentemente aceitei seu pedido para que eu fosse morar com ele, eu já havia tomado uma decisão.Rita, a assistente social, havia me visitado quando Ricardo não estava e, conversando comigo, me convenceu de que uma casa onde eu pudesse ficar tranquila e chamar de lar era com certeza muito melhor do que um abrigo onde eu não teria paz, porque querendo ou não, aquela louca ainda estaria lá quando eu voltasse.A primeira pessoa que conheci ao lado do filho de Jerrilly foi Tony, o motorista. Era um homem já em idade avançada, na faixa de 75 anos e era um amor de pessoa. Já na mansão Djovig, conheci a governanta, Laila, que também me tratou muito bem, a cozinheira Tomázia, que me fazia comer a cada três horas respectiv
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