Todos os capítulos do Cicatrizes e Demônios — Trilogia Jornadas do coração: Capítulo 11 - Capítulo 20
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Capítulo 10
Melissa está deitada do meu lado e mesmo que seus olhos estejam fechados, sei que não está dormindo, dado que ao me levantar consigo sentir seu olhar me queimando a nuca.Não me dou o trabalho de vestir o resto das minhas roupas, por isso, ando em direção ao Matteo usando apenas a cueca boxer preta. Me sento no sofá do seu lado e viro a cabeça em sua direção. Ele está com a cabeça recostada no encosto do sofá e com um charuto aceso entre os dedos.— Está em cima da mesa — fala, antes que eu mal abra a boca para perguntar.Ele já me conhece.Não me dou ao trabalho de rebater, apenas me viro para a mesa de centro e não preciso procurar muito para achar a capsula de cocaína, ao lado do cartão dele. Me agachei, apoiando os joelhos no chão e me reclino em direção à mesa, abro a capsula e jogo um pouco do pó em cima do vidro, formando com o cartão uma fileira da grossura do meu dedo mindinho e aspiro de uma única vez só.Tombo para trás, me recostando no sofá e aperto os olhos, respirando
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Capítulo 11
Após trocados, resolvemos descer para o bar da casa. Olho o relógio em meu pulso e nem me preocupo quando vejo que já passa das 3h, mesmo sabendo que terei aula no dia seguinte.Pego novamente a guia e a afivelo em sua coleira, entregando o sobretudo que pego com o barman, ela veste e se coloca atrás de mim. Antes de me sentar no bar, entrelaço as mãos em seus cabelos e a puxo com força até mim, chocando meus lábios nos dela num beijo ávido.Tenho ciência de que ela prefere o Caleb sob efeito de drogas e álcool, sei que fico muito mais receptivo para o mundo, mesmo ficando devastado depois que o efeito passa. Não posso julgar, também me prefiro assim. Não ligo para o efeito que o famoso “demônio da droga” me causava depois. A droga adormece o peso que carrego há muitos anos em meus ombros, agarrado a culpa que me atormenta. Dia após dia.Afundo os demônios novamente para dentro do baú, trancando-os e jogando a chave fora. Me acomodo na banco do bar e peço uma garrafa de whisky para o
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Capítulo 12
Abro o pino e jogo todo o conteúdo dele na mesa, uso novamente o dedo para alinhar o pó numa linha reta, sem me importar que tenha despejado o dobro da quantidade que estou habituado a ingerir. Preciso inalar duas vezes para conseguir acabar com tudo, fecho os olhos enquanto sinto minhas narinas arderem e tombo a cabeça para trás, no encosto da cadeira enquanto sinto pó se misturando com a saliva e descendo pela garganta. Puxo a carteira do bolso e retiro algumas notas de alto valor, entregando-as para Matteo que agradece com um sorriso no rosto e enfia o dinheiro no bolso da calça. — Pode dobrar a quantidade na próxima semana — falo, estico o braço e dou alguns tapinhas em suas costas. Seu sorriso aumenta e ele apenas confirma com a cabeça, então, foco minha atenção na dançarina que caminha para o centro da pista e se aproxima do pole dance. A morena começa a se esfregar na barra de ferro, ao som da música que toca ao fundo, a dança totalmente sincronizada com a melodia. Meus ol
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Capítulo 13
Permaneci mais alguns dias no hospital, em observação e sendo monitorado a todo momento como se fosse um maldito criminoso.— É sério isso? — questiono incrédulo ao mesmo tempo em que sigo até o banheiro.O segurança permanece recostado na porta, me encarando, de braços cruzados e em silêncio.— Não confiamos em você ao ponto de te deixar sozinho!A rispidez em sua voz já me é familiar.— E você alguma vez já confiou? — murmuro — Ao menos sabe o que significa confiança?David cerra os punhos e trinca a mandibula, se afastando da janela e caminha em minha direção.— Não me teste, Caleb! O olhar que me direciona é tão gélido que até o inverno do Alasca deve ser mais caloroso que isso. — Nesse jogo só existe um ganhador… — provoca, a voz tão baixa que se torna dificultoso de entender.Ele aproxima o rosto do meu de tal maneira que sinto seu hálito em minha pele arrepiando cada célula em meu corpo. Ele sorri, mas não chega aos olhos, é um sorriso diabólico.— E você sabe bem quem é!É
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Capítulo 14
Só percebo que estou puxando os fios soltos da toalha quando sinto o calor das mãos dela sob as minhas e foi o ápice para mim. Foi como abrir a porta e deixar sair todos os sentimentos que estavam presos dentro de mim por tanto tempo, e com apenas esse mísero toque, eles foram libertos e não foi bonito. As lágrimas escorriam em abundância, como se fizessem anos que não chorava de verdade e me senti novamente uma criança abandonada, outra vez com apenas três anos, indefeso em uma casa.— Sério que… — David começa a falar, mas é interrompido pela minha mãe.— Cala a boca, David! — o tom firme não deixa brechas para objeções da parte dele.Só percebo que está saindo do quarto porque ouço o barulho dos sapatos sob o piso. Ele sai do quarto, pisando forte e soltando palavrões pelo caminho. Às vezes, parece adolescente. Não que eu seja a pessoa mais sensata para falar isso. Não possuo moral alguma para reclamar do comportamento dele.— Vai ficar tudo bem. — diz, me puxando para mais perto.
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Capítulo 15
Já é noite quando acordo e por mais tarde que possa ser, a luz da lua adentrando a janela me ajuda a visualizar o ambiente. Olho em volta e avisto minha mãe na poltrona, com a cabeça no recosto. Seus olhos estão fechados e seu peito sobe e desce com tranquilidade, a feição calma me tranquiliza. Ao menos ela conseguiu descansar um pouco.Ela não sai do meu lado por nada e isso me dói. Ela não merecia passar por isso.Desvio os olhos dela, já sentindo as lágrimas arderem em minhas pupilas e foco a atenção para a luz da lua. Questiono-me se algum dia tudo isso terá fim e acabo adormecendo novamente enquanto me perco em meus devaneios.Um barulho me desperta e ao abrir os olhos constato serem meus pais discutindo próximos à porta. Antes que consiga identificar sobre o que estão falando, minha mãe vira a atenção para mim, como se percebesse meu despertar. Mas, não preciso ser muito inteligente para saber o motivo da discussão.— Bom dia, meu amor. — Ela se aproxima de mim e para ao meu lad
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Capítulo 16
Doutor Thomas me observava, impassível e sem esboçar nenhuma reação, afinal, ele deve passar por isso todos os dias. Calmamente ele veio até mim, colocando uma mão em meu ombro e esticando a outra mão para mim, pedindo a mala, sem precisar verbalizar nada. — Eu sei que tudo isso é difícil… — Sua voz era calma e ele falava tranquilamente, com um pequeno sorriso. — Ver sua mãe sofrendo por isso deve ser avassalador para você. — Aquiesci, olhando em seus olhos, devido a sua estatura ser menor do que a minha, tive que olhar para baixo. — Mas pense que é para o bem de todos! Você, infelizmente, nesse momento apresenta o risco para si caso permaneça em sociedade sem o devido tratamento para o seu vício e consequentemente um risco para todos que lhe amam. Só então notei que ele me levava para dentro da clínica enquanto conversava comigo, me tranquilizando e informando como seria o tratamento. Teria que passar por consultas com psicólogo, psiquiatra, dentre outros médicos, conforme o trat
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Capítulo 17
Nunca imaginei que chegaria a esse ponto da minha vida, enfiado em um completo abismo cheio de dor, vícios, surtos e culpa. Logo eu, que sempre fui tão controlador com a minha vida e minhas escolhas, me afundei nelas sem ao menos perceber. Meu psicólogo, o Robert, dizia ser muito comum isso acontecer, devido aos inúmeros traumas que passei desde a infância, ter o controle nas mãos era o que me deixava são e longes de todos os surtos, só que eu mal percebia que quanto mais controle tinha, mas descontrolado eu ficava, sem ao menos notar os sintomas que meu próprio corpo estava me dando. Falta de sono, de apetite, alto consumo de álcool, humor instável e pesadelos quando dormia. Meu corpo estava me pedindo socorro e ao invés de escutá-lo, o que eu fiz? Me afundei ainda mais nos vícios, tentando dopar toda a dor. — Sem vícios, Caleb. — Robert falava calmamente, enquanto fazia anotações no costumeiro bloco dele, como em todas as nossas consultas. — Não tem como você se afastar de um
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Capítulo 18
Seis meses depois. — Está pronto para ir para casa? — Carmem me perguntou, enquanto entrava no meu quarto. Sua voz sempre me fazia sorrir, seu timbre era calmo e acalentador, igual de uma avó feliz em ver o neto. A voz dela me tranquilizava, mesmo que por pouco tempo. — Não vejo a hora! — Respondi eufórico e só então percebi o quão ansioso estava para sair dali. — Precisa de ajuda? — Ela perguntou enquanto se colocava ao meu lado. Levantei levemente a cabeça e neguei, sorrio para ela que sorri de volta, assentindo. Voltei a atenção ao que estava fazendo; arrumar minhas malas. Havia uma série de coisas espalhadas pela cama; roupas, livros, meus medicamentos e com calma organizava tudo na mala, tentando conter a excitação por antecipação para sair dali. Sabia que do outro lado do portão em menos de 1 hora minha mãe estaria me esperando e isso enchia meu peito de um misto de sentimentos, dentre eles; alegria e saudade. — Terminei! — Falei mais animado do que o normal, colocand
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Capítulo 19
Me levantei e segui até ao estacionamento do restaurante, onde certamente Albert me aguardaria. E foi exatamente isso que aconteceu, quase suspirei de alívio ao ver meu carro estacionado ali, era uma Bugatti Grand Sport Vitesse, pertencia ao meu irmão e quando ele morreu ficou comigo, era de longe o maior bem que o Jason já teve. Meu irmão morria de ciúmes desse carro e não deixava absolutamente ninguém dirigi-lo. Quando ele morreu, nossa mãe quis se desfazer do carro, mas quase implorei para que não fizesse isso e ela acabou dando-o para mim — contra a vontade do meu pai, — mas como foi ela que deu o carro para o Jason, nada ele poderia fazer. — Sabe quanto custou esse carro Scarlett? — Meu pai esbravejava, andando de um lado para o outro na sala e passando as mãos furiosamente pelos cabelos, mais um pouco e ele ficaria careca. — Sei, até porque fui eu que comprei o carro e se eu quiser desmontá-lo todinho e jogar no lixo, eu faço! — Minha mãe era um poço de calma e me a surpreen
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