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44 chapters
Renata Willians Bertizzollo
Linda mansão, imensa, digna de um artista de cinema. As paredes com partes forradas de pedras grandes, em outras pintadas de branco. Telhas vermelhas novas que quando o sol incidia mostravam sua cor mais viva. Caramanchões de primaveras, uma de cada cor, espalhadas em cada lado da varanda da casa.Os jardins gramados viçosos, com vegetação exuberante. A mansão era em frente ao mar de águas azuis-esverdeadas que se misturavam com uma praia de areia quase branca.Renata estava na grande sala, andando de um lado para o outro. A ansiedade remexia seu estômago. Lorenzo não voltara para casa. Já passava das três horas da manhã. Se fossem uma família “normal”, ela não estaria preocupada, mas não era o caso dos Bertizzollo...1990, Miami BeachRenata Willians BertizzolloSilêncio constrangedor encheu a sala quand
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Las Vegas -Vincent
Las VegasVincentNossa família dependia das drogas para obter a maior parte de nossa renda. O complexo cassino e hotel era parte do império da família. Muitas pessoas vinham jogar todas as noites e, apesar de haver muitos perdedores, eram sempre os que ganhavam que atraíam atenções.Junto ao cassino, um restaurante. Eu comia tranquilamente meu jantar, embora fosse de madrugada, sozinho, perto da escadaria que descia até o cassino no pavimento inferior. Dali, eu podia avistar toda a área onde as pessoas jogavam.— Vincent. Más notícias.Ergui meus olhos limpando a boca com o guardanapo.— Lorenzo está morto.Eu o encarei sem ar. Senti o sangue fugindo do meu rosto.— Morto? — repeti, para ver se eu tinha ouvido errado.A dor estava mexendo com a minha lógica, com minhas emoções.— Sim, sinto muito.To
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É meu irmão nesse caixão! Eu já me culpo o suficiente por todos.
RenataApesar dos melhores esforços de Don Henrico tentando banir os abutres, como era de se esperar, ficamos expostos à imprensa, que havia se deleitado com o frenesi provocado pelas revelações, que o filho de Salvatore Bertizzollo fora morto de forma tão brutal. Metralhado em frente à porta de uma boate onde teria uma reunião de negócios.Escondendo meus sentimentos atrás de uma parede de silêncio, com um lenço negro escondendo meus cabelos, óculos escuros, toda de preto, cercada por seguranças – “soldados” – eu recusei quaisquer entrevistas, evitando os jornalistas quando eles me abordaram ao sair do carro. Passei por eles, de forma até altiva, e entrei na mansão de Don Henrico onde estava o corpo de meu marido. Um calafrio me percorreu ao me aproximar da sala, onde estava o caixão. Meus lábios tremeram, minhas pernas fraquejara
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Depois do enterro, todos os funcionários da Corporação Bertizzollo se reuniram.
Depois do enterro, todos os funcionários da Corporação Bertizzollo se reuniram. Pouco antes das cinco horas da tarde, todos estávamos na biblioteca que ficou totalmente cheia. Encontravam-se Todos os filhos (Chefes), os Capos, e todos os Soldados. Juntamente com as famílias associadas e o Consigliere, Antony.Todos estavam diante de um homem, Don Salvatore.VincentEu fiquei em um canto. Meu pai, ainda muito abalado iniciou a reunião:— Como todos sabem, estamos com um problema nas mãos. Renata deixou essa casa sem ser vista. Enzo e Enrico foram até a casa dela. O mordomo disse que a viu saindo com uma mala. Numa varredura da casa, encontramos o cofre vazio. Conclusão, Renata fugiu.— Ela foi esperta! — Vitor disse baixo com ira nos olhos. — Ontem o detetive Madson a procurou. Ao contrário do que pensamos, ela logo quis falar com ele.
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Vincent o novo Don?
Logo todos estávamos reunidos na biblioteca. Antony explicou novamente a situação. Vitor, pensativo, perguntou para nós:— Onde está papai?— Ele deixou tudo nas mãos de Vincent.Vitor me encarou por um momento, sério, e depois saiu da biblioteca.Ele estava aborrecido com seu pai. Era sabido de todos que ele almejava estar à frente da família. Mesmo que soubesse esse tempo todo que Vincent ficaria com o posto. Mas aquele resquício de esperança ele sempre guardava no peito: que seu pai mudasse de ideia.Mas agora, com a atitude de Don Salvatore, a contrariedade gritou mais alto. Além de achar muito cedo que Vincent assumisse tudo sozinho.Ele considerava isso um fracasso nos negócios. Especialmente quando tudo indicava que a carga fora roubada. Esperava agora que tais erros fos
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Enquanto isso, em Isle of Palms
Enquanto isso, em Isle of Palms, uma cidade localizada no estado norte-americano de Carolina do Sul, no Condado de Charleston. Uma cidadezinha tranquila. Parecia intocada pela visitação de turistas. Com pouquíssimos hotéis. Um refúgio perfeito para Renata Willians Bertizzollo.Com Lorenzo morto, ela agora era dona de seu destino.O dinheiro que pegara do cofre tinha acabado, por isso estava trabalhando em uma grande boate no período noturno como bartender. Seu emprego era recente, completava hoje quinze dias. Isso a preocupava, pois ela deixara seu anonimato e o refúgio do seu lar para se expor mais. Renata sempre sentia uma pontada de medo ao pensar nos Bertizzollo. Quando isso acontecia, ela sempre balançava a cabeça para afastar seus pensamentos pessimistas.Estava feliz. Era independente e não precisava agradar ninguém a n&a
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Como sabe meu nome?
RenataNo dia seguinte...Eu fazia todo tipo de misturas estranhas que me pediam. Os drinks não eram muito elaborados, isso facilitava na minha agilidade de servir ao público. Muitas bebidas já eram pré-definidas. Era só seguir a receita e pronto. Afinal, eu não era nenhuma expert no assunto.Era bom trabalhar. Quando minha mente estava ocupada, conseguia deixar o passado, pois toda a minha atenção se voltava para as misturas que eu fazia. Mas era só eu relaxar, meus olhos passavam pelos clientes com puro medo.Agora por exemplo, estava sentindo os olhos de um homem o tempo todo em mim. Eu chamava a atenção, eu sabia disso. Mas os homens geralmente me olhavam diferente, geralmente me davam um sorriso, tentavam puxar uma conversa, mas estavam sempre descontraídos. Esse homem n&ati
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Enquanto isso, do outro lado, em Miami Beach...
Enquanto isso, do outro lado, em Miami Beach... 4 horas da madrugada...O cômodo estava mergulhado na penumbra, nenhuma luz acesa. Vincent tentava pegar no sono. Estava deitado na cama, imóvel. Seu antebraço cobria o os olhos.A sua guerra contra os Sebastians não era vitoriosa ainda. Ramon estava vivo e Renata ainda era uma fugitiva. Mas, mesmo diante de tudo isso, ainda era considerado um homem que não podia ser subestimado, apesar dos infortúnios da sua Família.Uma batida na porta o fez acender o abajur. Com seus volumosos cabelos negros desarrumados, sua barba crescida e estilizada, seus lábios cheios, olhos verdes quase azuis, ele virou o rosto para a porta.Vincent— Entre!Quando eu vi quem era, eu logo me sentei na cama.Eles a acharam!Pondo-me de pé, vi o so
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Ela seria manipulada e atraída para mim – a aranha no centro da teia, pronto a dar o bote. E depois, por fim, eu a mataria.
O sol incidiu no quarto de Vincent. Ele acordou se sentindo bem. Depois de tanto tempo, finalmente tinha dormido sem aquele maldito peso pela impunidade daqueles que haviam tirado a vida de seu irmão.VincentEu tomei um banho demorado e depois, só de cueca, com o sol da manhã incidindo sobre o meu corpo, acendi um cigarro e, deitado na cama, comecei a pensar.Não demoraria muito, a notícia da morte de Ramon chegaria aos meus ouvidos. Aí viria a segunda etapa. Renata.Eu seria o monstro sedutor sorrindo para ela. Ela não entenderia a escuridão em meus olhos, pois isso a aterrorizaria. Eu a seduziria em teias de mentiras com meu charme. Logo ela se veria presa. Aos poucos tomaria o controle da situação sem que ela percebesse... ou resistisse.Eu iria despi-la de seu controle. Ela seria manipulada e atraída para mim – a aranha
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As palavras dele me abraçaram.
RenataDentro da boate moderna e enorme, os andares estavam repletos de pessoas que se inclinavam sobre o parapeito e observavam os frequentadores abaixo. A enorme pista de dança no meio do ambiente estava lotada.Luzes tremeluziam, salpicando de roxo, branco e dourado a multidão na pista de dança e deixando os cantos na penumbra. Bolas metálicas pendiam no teto, iluminando as pessoas de prata no centro da pista de dança. Tocava agora uma música do momento, “Bette Davis Eyes”, de Kim Carnes. Parecia que todos tinham resolvido dançar. Uns dançavam sozinhos com as mãos para cima. Outros, em suas mesas, acompanhavam a música vendo os casais dançarem.Era fim de noite, eu estava para ir embora, mas antes ia dar uma passadinha no banheiro. Tirei meu avental preto customizado com o nome da boate e, depois de passar por uma portinhola, segui a
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