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Todos os capítulos do UM ESTRANHO DIÁLOGO: Capítulo 11 - Capítulo 20
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CAPÍTULO 10
      Por incrível que possa parecer, acabara de avistar o falso médico!      O famigerado falso médico!      O desgraçado estava ali — no palco —, quieto, sério, concentrado, sentado na enorme mesa que eles sempre instalavam. Ao lado dele, mais nove pessoas sentadas, provavelmente pastores à espera, prontos para proferirem suas patéticas pregações.      Sentiu seu coração bater mais forte, no peito. Aquele olhos azuis-cerúleos! O gel nos cabelos.      Não teve dúvidas.      E logo na sua quarta tentativa. Fácil, fácil. Por que ele deveria se esconder? Por que passaria na cabeça dele a ideia de que alguém pudesse procurá-lo? Afinal, não c
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CAPÍTULO 11
      Foi para casa.      Passou o resto da tarde e início da noite vendo TV, pensando nas ações que iria realizar. Tomou banho. Vestiu bermuda azul e camiseta branca, ambas de algodão.      Jantou frango frito, com arroz e salada, no restaurante “Alvix”, seu preferido, localizado ali perto. Ingeriu um copo de suco de laranja como acompanhamento.      De volta ao apartamento, ligou seu notebook e navegou na internet. Leu os e-mails recebidos, assistiu alguns vídeos engraçados e jogou freecell.      Às oito e meia tomou outro banho e vestiu bermuda jeans e camisa verde-escura, meia-manga, esta de algodão.      Saiu de casa às 21 horas em ponto. Levou meia hora para chegar até a res
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CAPÍTULO 12
      Às duas horas da madrugada, após ter tomado duas latinhas de refrigerante e ter dado pelo menos seis voltas na quadra, para não dormir, viu, enfim, o falso médico sair da boate, abraçado com um homem.      “O quê?!?”      Atônito, escondeu-se atrás de um carro e bateu as primeiras fotos. A imagem do nome da boate, atrás do falso médico, era visível. Depois, passou a filmar, enquanto os dois se dirigiam para o estacionamento.      Diante do Siena vermelho, aconteceu a cena inusitada, que não esperava fosse acontecer. O pastor Gutemberg — com certeza achando-se protegido pela privacidade do local —, beijou o parceiro na boca. Na boca, sim senhor!      Nossa!      Foi um
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CAPÍTULO 13
      No domingo, depois que voltou da igreja católica, sentou-se no sofá e deu uma minuciosa e analítica olhada nas fotos e imagens.      Horríveis! Nojentas!      Porém nítidas.      Sabia que qualquer pessoa que as visse e conhecesse (pessoalmente ou por fotos) o pastor Gutemberg, o reconheceria.      E qualquer pessoa entenderia o significado delas. Como se dizia por aí, eram realmente fotos e imagens comprometedoras.      → É o fim de sua carreira, babaca → murmurou, os olhos brilhando de ódio.      Almoçou somente com os pais. Sua irmã havia ido à praia, com o noivo.      → Tudo bem, filho? → sua mãe, curios
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CAPÍTULO 14
      A semana demorou a passar.      Na quarta-feira, Kleber o abordou:      → E aí? Encontrou o falso médico?      Seguindo seu instinto, decidiu não contar nada a ele. Seria seu segredo. Depois ele saberia de tudo, assim que o escândalo estourasse.      → Não. Acho que irei desistir.      → Isso! Eu sabia que ele não pertencia à nossa igreja. Não temos criminosos em nossos quadros. Largar isso de mão é a melhor coisa que você faz, amigo. Não se esqueça: Deus te ajudará a superar essas maledicências. Ore e serás recompensado.      “Você é que pensa que ele não é da tua igreja, amigo. Logo terás um
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CAPÍTULO 15
      No sábado à tarde, foi até a igreja.      O pastor Gutemberg estava sentado à mesa, esperando a sua vez de pregar. Não quis ouvi-lo. Não valeria à pena ouvir tantas bobagens.      Decidiu esperar no carro.      Uma hora depois, a multidão começou a sair da igreja. Também saiu do carro e esperou, o coração aos saltos. Não demorou para ver a figura do pastor Gutemberg, elegante num terno azul-marinho, que acabara de sair.      Nos degraus da igreja, ele conversou com algumas pessoas, enquanto cumprimentava as que passavam; sorrindo, a simpatia em carne-e-osso. Notou que algumas garotas o encaravam com admiração. Com certeza achavam ser ele um bom partido. Óbvio!      Os car
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CAPÍTULO 16
      Naquela noite, jantou bife com fritas no restaurante “Alvix”, seu preferido — localizado ali perto —, assistiu TV (ou tentou), navegou na internet (colocou os e-mails em dia) e, lá pelas onze horas, deitou-se na sua adorável e aconchegante cama de casal.      Antes de desligar o aparelho, realizou uma importante tarefa.      Pegou o celular e transferiu as fotos e imagens do pastor Gutemberg para o notebook. Alguns segundos e pronto. Para a pasta escolheu o título “Igreja Geral da Ressurreição”.      Um título conveniente e objetivo.      Deveria enviar as fotos e imagens para alguém? Por enquanto não. Acreditou que, no momento, não seria necessário.      Desl
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CAPÍTULO 17
      No domingo, fez o de sempre: assistiu à missa — como era bom estar num lugar sereno, em que a ausência de gritos e choros dava um ar celestial ao ambiente — e almoçou com os pais, a irmã e o noivo dela. Carne assada no forno.      Delícia!      Foi um almoço bem tranquilo, onde conseguiu disfarçar a ansiedade que o dominava, por dentro.      → É aí, filho? Conseguiu prender aquele monstro? → sua mãe, que não havia esquecido o assunto do último almoço, o questionou, séria.      → Não foi necessário, mãe → mentiu. → O casal entrou em acordo. Eles se separaram e ela foi embora para outra cidade, levando a filha de seis anos. O ex-marido pediu desculpas pela agress&
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CAPÍTULO 18
      Kleber, o gordo, simpático e calmo Kleber — um verdadeiro poço de tranquilidade —, estava ali, diante dele, segurando uma pistola.      Naquele momento os olhos do gordo brilhavam. Seria ódio? Ou apenas indiferença?      Viu o diabólico e mortífero cano da arma apontado na sua direção.      → Mas… por quê? Por quê? → indagou, atônito, ainda sem sentir medo.      “Sou colega dele. Ele não vai ter coragem de atirar em mim. É calmo, é evangélico, é um homem de Deus. Provavelmente só quer me assustar, para proteger o amigo”, refletiu, esperançoso.      Precisava dizer alguma coisa, para convencê-lo a desistir da ideia:
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CAPÍTULO 19
      Vinte minutos depois, precisamente às 22h32min, dois carros pararam diante da cancela de saída do condomínio: um Siena vermelho e um Uno verde-escuro. Ambos os vidros insulfilm levantados.      O pastor Gutemberg chegou a baixar o vidro — rapidamente —, para cumprimentar, sorrindo, o porteiro.      O porteiro também sorriu e acenou com a mão direita. Já o Uno manteve-se discreto, com os vidros erguidos.      O sonolento e cansado porteiro não viu, portanto, os dois homens no Uno, um deles aparentemente dormindo no banco do lado. Viu apenas o vulto do motorista.      Tudo bem, o porteiro refletiu, era apenas o amigo do pastor, saindo, após uma rápida visita. Mais um de seus inúmeros e esquisitos amigos. 
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