Todos os capítulos do O ÚLTIMO FILHO _ RITOS DO ENTARDECER I: Capítulo 21 - Capítulo 25
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HELENA
Havia uma enorme garagem ao lado da casa, onde havia um Fusca velho e um Neon cinza.Não havia vizinhos próximos. Apenas uma casa no alto de uma colina próxima a mansão dos Morgan, mas eu não fazia ideia de quem poderia morar lá. E sinceramente, eu não estava com o mínimo interesse de descobrir. Uma densa camada de árvores enormes enfeitava a rua até ali, mas o especo ao redor da casa era mais limpo, ainda que não completamente.Parei em frente a enorme porta marrom e entalhada em desenhos retorcidos. De repente, eu me sentia pequena diante de tudo.Com os dedos trêmulos, apertei a campainha. Meu coração disparou quando meus ouvidos detectaram o som de passos se aproximando da porta, e no mesmo instante, tive o desejo infantil de me esconder atrás do enorme vaso de plantas que ficava ao lado da porta. Mas eu não estava mais no jardim de infância. Precisava agir com uma adolescente.Antes que eu pudesse sair correndo, o trinco mexeu, e a porta se abriu.Uma velha envolta em um xale de
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DESIQUILIBRADOS
Cinco minutos depois, eu estava descendo as escadas receosa, me perguntando por quanto tempo eu aguentaria aquilo.Todos já estavam em volta da mesa redonda quando apareci na sala de jantar, o que me fez parecer ainda mais sem graça do que pensava. Me sentei à mesa, num assento que havia sido reservado para mim. Havia um prato de porcelana posto a frente da cadeira, ao lado de talheres milenares e um guardanapo florido.Havia uma teve parecida com uma caixa marrom no balcão atrás de mim, ligada no noticiário das oito, de onde a voz chata e quase eletrônica da jornalista era a única a soar no silêncio perfurado apenas pelo tilintar dos talheres batendo na porcelana._Sirva-se, _vovó Stela ordenou, afagando o enorme gato cinzento que me encarava com os olhos bem abertos e rosnados ferozes.O ignorei. Não havia almoçado e meu estômago estava doendo de fome. Observei a refeição, sentindo meu estômago se revirar. Uma coisa gosmenta e molhada se mexia na única panela posta na mesa, como se
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ODIADA
Com uma tossida catarrenta e mais nojenta que até a própria sopa, ela se arqueou para frente, socando o próprio peito com pressa, sem conseguir puxar o ar. Vovô Brutus imediatamente se levantou, tentando em vão socorrê-la. Quando me dei conta, ela se jogou para trás, caindo com cadeira e tudo e virando a mesa com os pés. Pulei para trás, saindo da cadeira, por pouco, não tomando um banho de sopa quente.O barulho de vidro e porcelana se quebrando invadiu o ambiente, cortando o som da voz da jornalista da TV.O osso saltou de sua garganta, e ela puxou o ar em abundância, quando já estava ficando roxa.Levei as mãos à boca, me condenando mentalmente. Mais uma tragédia. Por minha culpa novamente. Quando é que eu ia parar de machucar as pessoas?Dei com o olhar maciço e duro de Helena sobre mim, me fulminando com raiva como se soubesse exatamente o que eu havia feito. Brutus Levantou Stela do chão, que gemia como se houvesse tentando engolir um pinheirinho de natal ou algo assim._Vou dei
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MAÇÃ ENVENENADA
Chiei para ela, tentando alcançar as barras. Mas meu outro pé deslizou, se desprendendo da grade, e fiquei pendurada apenas pelas mãos. Helena balbuciou, e o peso de meu corpo foi demais para meus dedos já doloridos, que também se desprenderam. Por uma fração de segundos, o vento balançou meus cabelos, e no próximo segundo, um estalo surdo acertou minhas costas, e senti meus pulmões se deslocarem._Inferno... _gaguejei lutando para puxar o ar novamente, e quando abri os olhos, o rosto de Helena estava a centímetros do meu, me observando com curiosidade, sua cabeça contornada pelo brilho da lua atrás dela._Você é uma vergonha para a natureza, sabia?_Esqueci de mencionar que nunca precisei fugir de casa depois do toque de recolher..._usei todo o sarcasmo que pude _Ainda mais morrendo de sono! Ela levantou uma sobrancelha bem desenhada._Está me atrasando, sabia? _ela lembrou, me oferecendo a mão. Com um protesto baixo, aceitei, e ela me ajudou a levantar.Olhei o Neon estacionado sob
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ODIADA
_Dã... e acordar todo mundo? Você não pensa mesmo, não é?Segundos depois, ambas estávamos correndo rua abaixo, escapando da mira da casa velha. Mesmo naquela hora, as ruas monótonas e cercadas de árvores velhas estavam tomadas por carros de todos os tipos com som alto ligado e pessoas de todos os tipos transitando por entre as calçadas ou escondidas fazendo coisas ilícitas nos becos quando cheguemos à cidade._Onde, exatamente, estamos indo? _perguntei depois de quinze minutos de caminhada._Você vai ver... _ela simplesmente disse, encerrando o assunto.Minha curiosidade aumentou quando ela me puxou para as portas abertas de um prédio abandonado de manutenção de máquinas, mas quando eu ia abrir a boca para falar qualquer coisa, tipo, o que aquele absurdo todo significava, ela pôs o dedo indicador à frente a boca, pedindo silêncio.O ar de coisas velhas, metal, ferrugem e graxa inundou minhas narinas quando entremos, e franzi a testa, mas Helena me puxou novamente para um canto em esp
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