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O retorno de Ayla...
Sarah…Filipe saiu do consultório em silêncio, seu rosto estava um pouco pálido e sua mente parecia imersa em pensamentos, queria questionar-lhe a respeito da consulta, mas não consegui encontrar as palavras corretas para tocar no assunto e acabamos ficando ambos calados. No fim, optei por apenas levá-lo de volta ao carro, estava quase no horário do almoço e imaginei que poderíamos ter uma conversa mais tranquila em um ambiente mais descontraído.Decidi levá-lo a um restaurante que costumava ir nos encontros com minhas antigas colegas da faculdade, ficava próximo à clínica, coincidência que geralmente resultava em piadinhas bobas, o espaço era enorme e possuía boa ventilação natural, e era administrado por uma família, um casal de imigrantes chineses que trabalhavam junto com suas três filhas.– Ela não me disse, mas imagino que seja uma psiquiatra... – Filipe resmungou quando encontramos uma mesa livre, havia uma expressão de incômodo em seu rosto, mas não parecia estar pensando em de
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O estúdio assombrado...
Ayla... Fitei minha mãe afastando-se e senti uma súbita vontade de rir, não podia acreditar que ela simplesmente despediu-se, explicando vagamente sobre algum imprevisto e apenas fugiu deixando-nos sob a responsabilidade dos meus avós. Contudo não reclamei, pelo contrário, chequei o horário notando que ainda faltava muito para anoitecer e uma ideia me veio à mente.– Deveríamos aproveitar o resto do dia... – comentei sentando-me no banco de trás, Filipe estava sentado ao meu lado, ouvindo-me em silêncio, então vi uma deixa para nos distrairmos um pouco antes do retorno das aulas. – Podemos patinar, esse horário geralmente o ginásio não está muito cheio. Filipe fitou-me por alguns instantes, parecendo incerto, imaginei que não estivesse muito disposto a sair com a “prima”, mas para a minha surpresa, o vi concordar balançando a cabeça positivamente depois de parecer refletir um pouco. Liguei para o meu pai, murmurei que sentia saudade, sentindo meu rosto corar,
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Distração...
Ayla..Era incômodo vê-los indecisos simplesmente sobre conversarem, quis gritar com ambos, bater neles, mas respirei fundo juntando as mãos em frente ao rosto e pensei no que poderia fazer para contornar aquela situação sem ferir o ego masculino dos dois. No final, sem muitas alternativas, acabei optando pela mais louca e precipitada. Gritei o nome de Allen fazendo-o virar-se em minha direção, nossos olhos se encontraram e notei seu rosto pálido corando, quase nunca conversávamos na época que estudamos juntos, mas lembrava do quanto ele era tímido, ainda mais quando se tratava de garotas. – Como tem passado? – perguntei fazendo sinais com a mão para que se aproximasse, e sorri ao vê-lo comentar algo com os outros rapazes que sorriram incentivando-o a se aproximar de mim. – Você foi transferido, que colégio é esse? – Estou numa preparatória... – ele respondeu, sua voz soando baixa e comedida, exatamente como me lembrava da época do ginásio. – Onde você está estudando?– Continuo na
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Laços incondicionais...
Ayla..O rosto de Allan não saia da minha mente, apertei as mãos no volante pensando nele e senti o aperto no meu peito aumentar, a disparidade entre nossas realidades era dolorosamente gritante. A situação de sua família nunca foi um segredo, ele não escondia, e por consequência, víamos com clareza seus grandes esforços para ser diferente. Porém, não tive muito tempo para refletir sobre aquela questão, pois, minha atenção voltou-se a um rapaz de rosto familiar caminhando tropegamente pelas calçadas, estreitei os olhos tentando o reconhecer e quando consegui, quase não pude acreditar.Era Felipe. Seu semblante era estranho e aparentava estar desnorteado ao ponto de sequer me reconhecer ou o carro, seus olhos fixos na tela do celular. Parei o carro em uma vaga vazia e o seguia a pé, tendo o cuidado de não me deixar ser vista, pelo canto do olho notei que meu pai também o seguia ao longe, parecia tão preocupado quanto eu, e totalmente alheio a minha presença.O que está acontecendo?Fe
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Família...
Sara…Ayla desde muito nova, mostrava-se uma garota forte, e raramente chorava, mesmo quando era judiada por outras crianças ou se machucava fazendo alguma travessura, as reuniões entre mães do bairro sempre resultavam em questionamentos a respeito de como nós a criamos já que nunca presenciaram minha menininha fazendo uma das famigeradas birras nos mercados.E era justamente por motivos como aqueles que seu desabafo nos chocou tanto, ela era uma moça de mente muito racional, nunca havia nos dado problemas, então, quando seu emocional vinha à tona com tanta violência, causava uma sensação agonizante de desespero.Quando nos casamos, eu decidi que teríamos apenas uma criança, independe do sexo, pois, acreditava que somente assim, poderia ter um maior controle sobre seu comportamento, era um pensamento um tanto totalitarista, mas que na época, parecia o melhor a se fazer. Contudo, enquanto a via crescer, percebi o quanto se isolava em sua própria solidão, preocupando-me muito no início,
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Compartilhado...
 Foi impossível não me engasgar ao ouvir aquelas palavras, tossi algumas vezes tentando me recompor e ergui as mãos em frente ao rosto dizendo a mim mesma que poderia lidar com aquela situação, mesmo que longos arrepios escorressem por minha coluna enquanto pensava na gravidade daquela situação. Cecilia estava praticamente adulta, então vê-la tão assustada, fazia com que meus instintos gritassem.– Eu parei de vê-los depois que você nasceu, agora eu apenas os sinto. – Expliquei fingindo calma depois de refletir um pouco procurando pelas palavras corretas.– Eu estou vendo-as desde ontem... – Ela choramingou sussurrando e fazendo uma expressão de desanimo, chegando inclusive a formar um beicinho fofo. – A Susan disse que o estúdio de patinação era assombrado então achei que elas fossem de lá
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Reconciliação...
 Filipe...            Percebi o quanto estava sendo egoísta quando pensei a respeito da minha estadia naquela casa, obviamente, a sensação de fazer parte daquela família era muito aconchegante, mas ao vê-los conversando animadamente entre si, entendi que de certa forma, eu estava tomando o “lugar” da filha deles.            Eu era um problema, um aborrecimento que não lhes pertencia e quando me dei conta disso, compreendi o porquê de me sentir tão introvertido, tive certeza de que precisava me esforçar ainda mais para retomar os rumos da minha vida, e esses eram os meus planos a partir daquele momento.            Dessa vez estava sério quanto ao que faria
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Retornam as aulas...
             Mark, assim como eu imaginava, não trouxe o filho para dormir em minha casa naquela noite, dando indícios de que estavam em bons termos, e sorri, feliz comigo mesma por ver aquele desenvolvimento, no fim, nossas famílias estavam entrando nos eixos e o futuro parecia um pouco menos incerto.            Recoloquei o telefone fixo no suporte e continuei meu caminho pelos corredores, trazia comigo um grande cesto de roupas limpas, distribuindo-as pelos quartos, não poderia guarda-las naquele momento, então apenas as deixava sobre as camas, e esperava que seus respectivos donos as guardassem. Parei em frente a porta do quarto de Cecilia, e notei que estava sentada em frente à escrivaninha anotando algo em seu diário, aquele caderno era tão escondido que mais parecia um tesour
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Brincadeiras macabras...
 Cecília...Não havia palavras possíveis para descrever a sensação de finalmente poder dirigir tão livremente e com a permissão dos meus pais, suspirei sentindo a brisa fria bater em meu rosto, balançando meus cabeços e sorri, enquanto estacionava com cuidado numa das vagas disponíveis no estacionamento da editora, minha mãe pegou a grande bolsa de couro preto e ergueu o rosto fitando-me com um sorriso, despedindo-se antes de seguir seu caminho.No caminho para o colégio, o radialista explicava sobre uma forte tempestade que se aproximava, aparentemente, havia a possibilidade de desabar um temporal sobre as nossas cabeças a qualquer momento, mas não pensei muito a respeito, um congestionamento começava a se forma à minha frente e precisava me apressar para não perder a primeira aula.Quando parei em
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Espíritos...
 — Cecília, socorro! Me ajuda! Ela pediu sufocando quase ser ar, suas mãos tateavam o próprio pescoço em desespero, tentando se desvencilhar do que quer que estivesse a prendendo.Quando a mim, olhava ao redor, chorando sem saber o que fazer, tentei lembrar de algumas orações, pensando nas palavras da minha mãe e embolando os trechos, engasgando em meu próprio choro a cada grito dela. Ouvi passos se aproximando e quando me virei, notei que eram os r
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