Na manhã seguinte, Penélope abria os olhos com a sensação de estranheza. Não estava mais na cela, pelo contrário, se encontrava em um quarto grande, limpo e completamente tomado pelo cheiro de Darlan... como ela sabia é que era a incógnita. As peles fofas e quentinhas se amontoavam ao seu redor e um colchão muito macio a amparava, se sentia tão bem, calma... — Dormiu bem? Darlan estava a sua frente, com uma bandeja cheia de frutas, caldos quente e pães frescos. Involuntariamente um enorme sorriso se formou em seu lábio, seu coração estava aquecido e feliz, ele se importava com ela afinal, ou não teria todo esse trabalho em tirá-la da cela e agora alimentá-la. Colocando a bandeja sobre o criado mudo, sentou-se ao lado dela. — Dormi maravilhosamente bem. — responde. Darlan lhe devolve um sorriso, o mais lindo que ela já vira, instantaneamente se aproximou e o abraçou forte. — Darlan, o que você fez comigo? — questionou em sussurros. — O mesmo que fizera comigo. — sussurrou de
Após uma semana, Penélope sentia-se um pouco mais segura junto a alcateia, porém acreditava não se encaixar entre lobos guerreiros e feiticeiros poderosos. O que ela era? Uma garota assustada que mal conseguira sobreviver até aquele momento, portanto, nem um pouco útil a eles. — Sei que está muito frio, mas precisa aprender a se defender. — Darlan lhe entrega um bastão longo — Ficarei menos preocupado dessa maneira. Ela o apanhou com as mãos vacilantes, durante todos esses anos, Dartagnan tinha cuidado para que não aprendesse qualquer tipo de auto defesa ou ataque, queria que fosse totalmente submissa a ele. — Eu não tenho certeza se estou pronta... — Por que acha isso? — questionou confuso. Abaixando levemente a cabeça, sentiu-se constrangida em ter que repetir seus pensamentos em voz alta. — Perderá parte do seu tempo comigo, quando poderia fazer algo mais importante. — Se eu pudesse, não sairia de seu lado, e
Haviam acordado bem cedo, Darlan não contara sobre Zara, mas esperava que ela aparecesse. — Está bem mais frio do que ontem. — Penélope resmungou. Ele se aproximou afagando os braços dela, mesmo com os casacos, sentiam uma mudança drástica no clima, como o presságio de algo, sem indícios se seria bom ou ruim. — O clima irá amenizar em breve. Entregou o bastão a ela, que o pegou com certa dificuldade por causa das luvas grossas. — Iremos continuar de onde paramos, você ainda está com receio de atacar. Escutaram passos lentos na neve, olhando para os lados, Darlan enxergou Zara, parecia sóbria e bem mais disposta do que o normal. — Zara... — Sem comentários, Darlan. — disse se aproximando — Então, esta deve ser Penélope. Chegou mais perto, parando abruptamente enquanto encarava a moça. Os olhos cor de creme com círculos azuis eram idênticos aos de sua falecida filha, não tinha como negar a imensa coincidência.
Penélope levantou próximo a hora do almoço. Estava faminta, não tinha feito o desjejum e nem ao menos sabia a hora que Darlan iria acordar. Mesmo sabendo que Aisha estava à espreita, preferiu se arriscar indo até o refeitório, tinha plena certeza de que ela não a atacaria em um lugar cheio. Saiu do quarto, fechando a porta lentamente, indo rumo as escadas, quando saíra ao lado de fora, o clima estava bem frio, o sol quase não se fazia presente aquele dia, mesmo sendo quase meio-dia. Caminhou pela neve, que parecia mais espessa do que mais cedo. O refeitório já estava quase lotado, uma fila se formava enquanto tentavam se servir e o habitual falatório, resmungos, gritos e risadas. Era estranho para ela, os vampiros não se juntavam para “comer”, tendo em vista que se alimentavam de sangue humano, na fortaleza de Dartagnan tudo era frio e silencioso, um cenário triste e pouco convidativo. Aguardou um pouco do lado de fora, esperav
Quando Darlan retornou na manhã seguinte, Penélope já estava acordada o esperando com um enorme sorriso no rosto, parecia extremamente disposta, mais leve, como se um peso enorme tivesse sido tirado de suas costas. Conrado retirou a faixa com ervas, mostrando que os braços dela estavam bem melhores, as manchas escuras haviam sumido, restaram pequenos pontinhos envolto em uma leve coloração avermelhada. — Mais uma noite e não restará veneno algum. — Conrado informa. — Já estou me sentindo muito melhor, eu agradeço! Darlan não podia negar que estava feliz por vê-la bem mais comunicativa e sorridente. — Melhor irmos, deve estar cansado. — o encarou se aproximando. Não demorou muito para chegarem ao quarto, onde Darlan nem conseguiu preparar o banho, simplesmente jogou-se sobre a cama. Rindo, Penélope o cobriu e verificou se ele estava confortável, antes de se dirigir a varanda. O dia estava amanhecendo, porém o sol decidiu
No dia seguinte, após a cerimônia de Aisha, parte da alcateia, e alguns feiticeiros, se puseram em momento de luto, o qual deveria durar o dia todo, a outra parte, iria se revezar ao anoitecer, assim não ficavam desprotegidos. O tempo estava fechado, um vento frio soprava forte do lado de fora do refúgio, e a parte interna se encontrava insuportavelmente fria, muitos estavam em suas formas de lobo, por não aguentarem mais o ar gélido lhes castigando. Darlan não sabia que horas eram, estava escuro desde cedo, o tempo parecia não passar. Um barulho alto e forte se escutou vindo da entrada, o fazendo correr até o local, onde presenciou a cena mais inconveniente que poderiam ter naquele momento, vampiros invadindo, dezenas deles entravam sem medo. Rapidamente pôs-se a atacar quantos conseguiu. O luto fora interrompido, todos deviam ajudar a defender seu lar e suas famílias, o susto inicial os tinha deixado letárgico, por um tempo, mas logo a ferocidade lhes tomou conta, estraçalhavam
Conrado entregou a Penélope o caldo quente, com as ervas anestésicas, a moça bebeu sem muito esforço, estava com tanta dor, que nem se importava em queimar a língua no processo. — Virei amanhã cedo, para trazer mais. — informou antes de se retirar. Havia anoitecido há pouco, mas não fazia diferença, estava tudo escuro. Uma grande tempestade de neve caíra sobre eles, não tinham como sair das casas, a ordem dos alfas era de que todos permaneces em seus lares, aquecidos e protegidos. Penélope ainda estava muito sonolenta, mas a dor estava passando, apenas isso importava. Conseguia respirar normalmente e falar sem sentir pontadas de dor, Darlan tinha colocado pelo menos três grossas peles sobre ela, para garantir que iria aguentar o frio, ascendeu a lareira e se transformou em lobo, deitando próximo, para lhe fornecer calor. Estava quentinho e confortável, quis encolher-se, mas suas pernas ainda não respondiam. Não sentia sua língua, por c
A noite chegara e Penélope continuava inerte, sobre a cama. Darlan caminhava de um lado para o outro, inquieto, porém, silencioso, esperava que a moça acordasse em breve, queria muito estar junto, abraçar e sentir o calor do corpo, ver o sorriso e os olhos curiosos. Zara estava sentada, ao lado do corpo da filha, aparentemente paciente, mas em seu interior um turbilhão de emoções se formava, já sentia a angustia se multiplicando, tinha esperança de uma nova chance com Pérola, entretanto, preparava-se para o pior, simplesmente ter perdido a oportunidade que lhe fora dada. — Irei buscar algo quente para bebermos... — levantou se virando — Não irei demorar. Ele assentiu e permaneceu onde estava, ansioso. Do lado de fora, a tempestade ainda assolava o refúgio, uma situação bastante preocupante, os lobos já eram poucos, em relação a quantidade de vampiros, caso perdessem membros da alcateia, a desvantagem seria ainda mais absurda! Penélope