Durante séculos, lobos e vampiros lutaram uns contra os outros pela supremacia de raça.
Enquanto os lobos guerreavam de forma justa, seus inimigos eram ardilosos e cheios de artimanhas, as quais utilizavam para se sobressair, sem se importar com honra ou mesmo piedade.
Há vinte anos nascera uma criança, uma loba de pelagem vermelha como sangue e olhos brancos como neve. Segundo a lenda, seria esta criança que colocaria um fim à guerra, diferente de seus ancestrais, a loba de pelagem vermelha era a mais poderosa de todas as criaturas, nascida da união entre uma loba e um feiticeiro.
Contudo, antes de completar seu primeiro ano de vida, a criança foi levada pelas sombras sem deixar nenhuma pista, procuravam avidamente em todos os cantos possíveis, até que se encontrou o corpo jogado sobre a neve, completamente seco e sem vida.
Sem esperanças, os lobos se refugiaram em um único lugar, uma fortaleza onde se mantém protegidos dos ataques dos vampiros, que a cada dia ganhavam mais membros de forma desenfreada.
No entanto, uma chama de esperança surgiu quando decidiram que era a hora de contra atacar, com a ajuda dos feiticeiros, a grande alcateia planejou um golpe de vingança...
A carruagem seguia em alta velocidade, já que era guiada pelos cavalos vampiros do rei Enrico Dartagnan, um dos mais temidos e cruéis seres já existentes. Dentro da mesma, estava apenas uma única vampira, Penélope, a filha caçula e bem protegida, a qual não se tinham muitos registros, nem sobre sua aparência, nem sobre sua força de destruição. Ao redor, os guardas de Dartagnan estavam atentos, ao todo vinte e oito vampiros montados em seus cavalos, sedentos por sangue. Mais longe, pelos lados, um grupo de lobos se esgueirava, à espreita, prontos para atacar antes que chegassem perto das terras do rei onde seria impossível atacar sem chamar atenção. Num aval silencioso, o segundo grupo que esperava logo adiante, se mostrou na pista atraindo a atenção de metade dos guardas, que os seguiram sem pestanejar, crentes de que sairiam vitoriosos. Há muito não se tinha notícias da presença dos lobos, essa era uma cena rara, porém, garantiria prestigio diante de Dartagnan, quem matasse um in
Na manhã seguinte, Penélope abria os olhos com a sensação de estranheza. Não estava mais na cela, pelo contrário, se encontrava em um quarto grande, limpo e completamente tomado pelo cheiro de Darlan... como ela sabia é que era a incógnita. As peles fofas e quentinhas se amontoavam ao seu redor e um colchão muito macio a amparava, se sentia tão bem, calma... — Dormiu bem? Darlan estava a sua frente, com uma bandeja cheia de frutas, caldos quente e pães frescos. Involuntariamente um enorme sorriso se formou em seu lábio, seu coração estava aquecido e feliz, ele se importava com ela afinal, ou não teria todo esse trabalho em tirá-la da cela e agora alimentá-la. Colocando a bandeja sobre o criado mudo, sentou-se ao lado dela. — Dormi maravilhosamente bem. — responde. Darlan lhe devolve um sorriso, o mais lindo que ela já vira, instantaneamente se aproximou e o abraçou forte. — Darlan, o que você fez comigo? — questionou em sussurros. — O mesmo que fizera comigo. — sussurrou de
Após uma semana, Penélope sentia-se um pouco mais segura junto a alcateia, porém acreditava não se encaixar entre lobos guerreiros e feiticeiros poderosos. O que ela era? Uma garota assustada que mal conseguira sobreviver até aquele momento, portanto, nem um pouco útil a eles. — Sei que está muito frio, mas precisa aprender a se defender. — Darlan lhe entrega um bastão longo — Ficarei menos preocupado dessa maneira. Ela o apanhou com as mãos vacilantes, durante todos esses anos, Dartagnan tinha cuidado para que não aprendesse qualquer tipo de auto defesa ou ataque, queria que fosse totalmente submissa a ele. — Eu não tenho certeza se estou pronta... — Por que acha isso? — questionou confuso. Abaixando levemente a cabeça, sentiu-se constrangida em ter que repetir seus pensamentos em voz alta. — Perderá parte do seu tempo comigo, quando poderia fazer algo mais importante. — Se eu pudesse, não sairia de seu lado, e
Haviam acordado bem cedo, Darlan não contara sobre Zara, mas esperava que ela aparecesse. — Está bem mais frio do que ontem. — Penélope resmungou. Ele se aproximou afagando os braços dela, mesmo com os casacos, sentiam uma mudança drástica no clima, como o presságio de algo, sem indícios se seria bom ou ruim. — O clima irá amenizar em breve. Entregou o bastão a ela, que o pegou com certa dificuldade por causa das luvas grossas. — Iremos continuar de onde paramos, você ainda está com receio de atacar. Escutaram passos lentos na neve, olhando para os lados, Darlan enxergou Zara, parecia sóbria e bem mais disposta do que o normal. — Zara... — Sem comentários, Darlan. — disse se aproximando — Então, esta deve ser Penélope. Chegou mais perto, parando abruptamente enquanto encarava a moça. Os olhos cor de creme com círculos azuis eram idênticos aos de sua falecida filha, não tinha como negar a imensa coincidência.
Penélope levantou próximo a hora do almoço. Estava faminta, não tinha feito o desjejum e nem ao menos sabia a hora que Darlan iria acordar. Mesmo sabendo que Aisha estava à espreita, preferiu se arriscar indo até o refeitório, tinha plena certeza de que ela não a atacaria em um lugar cheio. Saiu do quarto, fechando a porta lentamente, indo rumo as escadas, quando saíra ao lado de fora, o clima estava bem frio, o sol quase não se fazia presente aquele dia, mesmo sendo quase meio-dia. Caminhou pela neve, que parecia mais espessa do que mais cedo. O refeitório já estava quase lotado, uma fila se formava enquanto tentavam se servir e o habitual falatório, resmungos, gritos e risadas. Era estranho para ela, os vampiros não se juntavam para “comer”, tendo em vista que se alimentavam de sangue humano, na fortaleza de Dartagnan tudo era frio e silencioso, um cenário triste e pouco convidativo. Aguardou um pouco do lado de fora, esperav
Quando Darlan retornou na manhã seguinte, Penélope já estava acordada o esperando com um enorme sorriso no rosto, parecia extremamente disposta, mais leve, como se um peso enorme tivesse sido tirado de suas costas. Conrado retirou a faixa com ervas, mostrando que os braços dela estavam bem melhores, as manchas escuras haviam sumido, restaram pequenos pontinhos envolto em uma leve coloração avermelhada. — Mais uma noite e não restará veneno algum. — Conrado informa. — Já estou me sentindo muito melhor, eu agradeço! Darlan não podia negar que estava feliz por vê-la bem mais comunicativa e sorridente. — Melhor irmos, deve estar cansado. — o encarou se aproximando. Não demorou muito para chegarem ao quarto, onde Darlan nem conseguiu preparar o banho, simplesmente jogou-se sobre a cama. Rindo, Penélope o cobriu e verificou se ele estava confortável, antes de se dirigir a varanda. O dia estava amanhecendo, porém o sol decidiu
No dia seguinte, após a cerimônia de Aisha, parte da alcateia, e alguns feiticeiros, se puseram em momento de luto, o qual deveria durar o dia todo, a outra parte, iria se revezar ao anoitecer, assim não ficavam desprotegidos. O tempo estava fechado, um vento frio soprava forte do lado de fora do refúgio, e a parte interna se encontrava insuportavelmente fria, muitos estavam em suas formas de lobo, por não aguentarem mais o ar gélido lhes castigando. Darlan não sabia que horas eram, estava escuro desde cedo, o tempo parecia não passar. Um barulho alto e forte se escutou vindo da entrada, o fazendo correr até o local, onde presenciou a cena mais inconveniente que poderiam ter naquele momento, vampiros invadindo, dezenas deles entravam sem medo. Rapidamente pôs-se a atacar quantos conseguiu. O luto fora interrompido, todos deviam ajudar a defender seu lar e suas famílias, o susto inicial os tinha deixado letárgico, por um tempo, mas logo a ferocidade lhes tomou conta, estraçalhavam
Conrado entregou a Penélope o caldo quente, com as ervas anestésicas, a moça bebeu sem muito esforço, estava com tanta dor, que nem se importava em queimar a língua no processo. — Virei amanhã cedo, para trazer mais. — informou antes de se retirar. Havia anoitecido há pouco, mas não fazia diferença, estava tudo escuro. Uma grande tempestade de neve caíra sobre eles, não tinham como sair das casas, a ordem dos alfas era de que todos permaneces em seus lares, aquecidos e protegidos. Penélope ainda estava muito sonolenta, mas a dor estava passando, apenas isso importava. Conseguia respirar normalmente e falar sem sentir pontadas de dor, Darlan tinha colocado pelo menos três grossas peles sobre ela, para garantir que iria aguentar o frio, ascendeu a lareira e se transformou em lobo, deitando próximo, para lhe fornecer calor. Estava quentinho e confortável, quis encolher-se, mas suas pernas ainda não respondiam. Não sentia sua língua, por c