A noite chegara e Penélope continuava inerte, sobre a cama.
Darlan caminhava de um lado para o outro, inquieto, porém, silencioso, esperava que a moça acordasse em breve, queria muito estar junto, abraçar e sentir o calor do corpo, ver o sorriso e os olhos curiosos.
Zara estava sentada, ao lado do corpo da filha, aparentemente paciente, mas em seu interior um turbilhão de emoções se formava, já sentia a angustia se multiplicando, tinha esperança de uma nova chance com Pérola, entretanto, preparava-se para o pior, simplesmente ter perdido a oportunidade que lhe fora dada.
— Irei buscar algo quente para bebermos... — levantou se virando — Não irei demorar.
Ele assentiu e permaneceu onde estava, ansioso.
Do lado de fora, a tempestade ainda assolava o refúgio, uma situação bastante preocupante, os lobos já eram poucos, em relação a quantidade de vampiros, caso perdessem membros da alcateia, a desvantagem seria ainda mais absurda!
Penélope
Zara retornara como prometido, tinha contado as horas até poder ver sua filha de novo, era como se tivessem tirado um enorme peso das costas. A tempestade finalmente dera uma trégua, após tanto tempo os assolando, Darlan aproveitou para ir ajudar Conrado e os Alfas, tudo estava um caos, muita neve por todos os lados, soterrando as casas e a entrada do refúgio. A cada passo, Pérola afundava mais na neve, Zara apenas ria. — Tem certeza que podemos treinar agora? — questionou. — Com certeza, você está bem agasalhada, não preciso me preocupar. Enquanto sua mãe usava apenas uma calça grossa, botas de cano alto e camisa de botões, ela estava com dois casacos, luvas e toca. — Tenho certeza que não precisava de tudo isso. — Pérola resmungou. — Ainda está muito frio. — Pra mim, não é? Zara se aproximou retirando um dos casacos dela. — Eu estou aprendendo a ser mãe. — rebateu — Melhor? — Posso mexer os bra
Pérola abriu os olhos lentamente, então, em um grande impulso, se jogou para fora da cama, levantando em seguida rumo a porta do quarto. Antes mesmo de dar dois passos à frente, Dartganan a agarrou prendendo-a contra o seu corpo. Os olhos dele exalavam fúria, não deixaria ela escapar novamente, fora uma grande sorte a alcateia estar desprotegida em um momento tão oportuno. — Sentiu saudades? — questionou com um sorriso maquiavélico. — Não vai conseguir me levar dessa vez. — engoliu em seco. — Ah, e quem vai me impedir? — sua voz esbanjava sarcasmo — Soube que descobriram sobre você, mas isso não importa mais... Ninguém vai te salvar, Penélope, nem mesmo Zara! Ela observou o quarto freneticamente a procura de sua mãe, mas não teve um vislumbre sequer. — O que fez com ela? — Nada que não fosse merecido... Antes que Pérola conseguisse revidar, Dartagnan crava seus dentes no pescoço dela, sugando todo o seu sangue, sem deix
As paredes da cela eram totalmente feitas de pedras, como tudo na construção, então Pérola teve a grande ideia de usar as unhas para ir cavando ao redor de uma pedra em um canto da parede, que provavelmente dava para o lado de fora. O dia estava perto de amanhecer quando ela conseguiu abrir um buraco pequeno na parede, como muito esforço foi capaz de retirar duas pedras para que conseguisse passar. Do outro lado não conseguia ver muita coisa, então julgou ser seguro sair. Lentamente foi se espremendo pela estreita passagem saindo em um corredor mal iluminado, ainda estava dentro da fortaleza, Dartagnan devia tê-la prendido em uma das celas afastadas por precaução contra fugas. Levantou com cuidado dando lentos passos, permaneceu encostada a parede enquanto observava bem o seu redor, estava ansiosa demais, a mente agitou-se. Tentou controlar sua respiração, ao chegar no final e se depara com dois caminhos, esticou o pescoço levemente para poder ver qua
O plano de Conrado era simples, parte dos lobos iriam armar uma distração pelo lado oposto ao qual os outros iriam entrar cautelosos para não serem vistos. Foram poucos segundos para se organizarem, primeiro o grupo designado a distração iria chamar atenção ao caminhar pela neve de forma que os vampiros os vissem e ficassem atentos, e assim o fizeram, caminhavam como se não percebessem que eram seguidos, para então atacar um grupo de vampiros parados em uma das extremidades do alto muro. Ao escutar o barulho da confusão, Darlan guiou os outros cautelosamente pelo lado oposto, adentraram a fortaleza com facilidade, até demais, eles pensavam antes de encontrar o motivo. Havia uma “barreira” de vampiros entre eles e um mausoléu. Centenas de vampiros atentos, como se algo grande estivesse perto de acontecer, nenhum deles parecia reparar na presença dos lobos em sua retaguarda, estavam concentrados demais a sua frente. Antes que pudessem pensar em fazer algo ou de
Enrico Dartagnan corria desesperado para salvar sua vida, saíra da estrada na noite anterior, para evitar ser encontrado por Pérola, mesmo ferido realmente conseguira despistar a loba vermelha. Pensou no primeiro momento em ir para a fortaleza de Silas Aquiles ou a de Irina Samhain, porém não acreditou que seriam capazes de parar a loba de pelagem vermelha, já que ela estava furiosa e não pararia até conseguir matá-lo. O tempo fechado e o vento forte que iniciara há pouco dificultava seu progresso, mas ele não iria desistir de chegar ao Templo de Sangue, próximo a cidade dos vampiros, onde seria mais seguro para ele, pois tanto a cidade quanto o templo possuíam enormes e afiadas estacas cheias de espinhos, feitas de aço negro. Esse material nada mais era do que o aço misturado com o sumo da raiz lúpus negra, de uma árvore muito antiga a qual era venenosa e mortal para os lobos, o simples toque queimava a pele, fazia os pelos caírem e impedia que crescesse de
A tempestade dera uma trégua, ainda ventava forte, mas a neve parara de cair e já conseguiam ver a lua alta no céu. A semana da lua cheia sempre fora um motivo de comemoração, onde podiam se transformar e permanecer em suas formas de lobo por quanto tempo quisessem, mas sempre tinham aqueles que enlouqueciam por um tempo e esqueciam de sua parte humana. Com o tempo retornavam, mas o medo deles naquele momento era se Pérola estava passando por essa experiência, seria bem difícil tentar se aproximar, quanto mais tempo transformada, mais dificuldade. Darlan sentou em uma das cadeiras da mesa da cozinha, onde Conrado servia a sopa para eles, os outros lobos já haviam se alimentando e estavam se preparando para partir. — Estou surpreso que tenham te deixado voltar sozinha, nessas condições. — Darlan a encarou. — Não deixaram. — Respondeu — Leonor me soltou, disse que eu não chegaria nem a metade do caminho. — Como ela pôde fazer algo assim? — Conrado quest
— O que exatamente quer dizer com isso? — Zara questionou. Pérola suspirou se levantando, soltou as peles aos seus pés permanecendo apenas com a camisola. Podia-se perceber alguns poucos músculos nos braços da garota, assim o olhar diferente, não mais inocente e calmo, mas sim forte, decidido e observador. — Não sei bem, mas não sinto medo dos vampiros, por mim poderiam vir aqui agora. — sorriu se virando para a porta. Zara a encarou em silencio. — Pela primeira vez me sinto viva, como se tivesse acordado de um sono profundo, tudo parece mais claro e parte do que aconteceu há duas noites, antes da transformação, eu sabia bem o que estava fazendo, não foi como nas outras vezes que perdi a memória. — olhou para Zara antes de sentar-se de frente a ela — É como se o que faltava na minha vida fosse a transformação, posso não lembrar tudo o que fiz, mas posso dizer que estava parcialmente consciente e não quis ir contra minha raiva. — Essa é uma mudança inesperada! — Sim, quem poderia
Darlan verificou se água ainda estava quente antes de adentrar a banheira. Pérola sentou ao lado dele, apenas observando com o rosto ruborizado, não podia negar que estava com uma enorme vontade de estar ali dentro com ele, mas se limitou apenas a olhar. Como que lendo seus pensamentos, Darlan a puxou, mesmo que ela inda estivesse vestida, e sentou-a sobre seu colo com as penas abertas. O ar lhe faltou naquele momento. — Não se preocupe... — passou as mãos pela cintura dela — Zara me mataria se eu te tocasse agora. — Por causa da tal cerimonia? — Apesar de parecer bobeira, ela está certa, é importante para os lobos, uma forma de demonstrar o nosso amor e o quanto estamos dispostos a fazer tudo um pelo outro. — disse em tom baixo. — Você não tinha mencionado isso antes... — Porque eu sou um cara mal, queria me aproveitar de você. Pérola gargalhou alto. — No dia que você se tornar um “cara mal”, o mundo vai acabar